EXCELENTÍSSIMO (a) SENHOR (a) DOUTOR (a) JUIZ (a) DE DIREITO DO JUIZADO
ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE (...)
(nome), (nacionalidade), (estado civil), (profissã o), inscrito no CPF sob o nº (informar) e no RG nº (informar), residente e domiciliado à (endereço), na cidade de (informar), por seus procuradores legalmente constituídos (doc. De procuraçã o anexo), vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor AÇÃO INDENIZATÓRIA contra (nome da empresa), pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº (informar), com sede à (endereço), na cidade de (informar), o que faz pelas razõ es fá ticas e jurídicas a seguir expostas: 01 - DOS FATOS O requerente foi cliente da empresa requerida como assinante da linha telefô nica (informar). Entretanto, devido a dificuldades financeiras, nã o pode sustentar os custos do serviço e tentou cancelar a linha apó s os primeiros meses em atraso, o que somente conseguiu apó s o acú mulo das seguintes faturas: (especificar). Como resultado, o nome do requerente foi inserido nos registros do SPC e SERASA como inadimplente pelos mencionados débitos. O fato gerou dificuldades de toda ordem ao requerente, mas simplesmente nã o havia condiçõ es financeiras para realizar os pagamentos. Algum tempo depois, já em (data), o requerente recebeu uma carta da requerida com uma proposta para a quitaçã o da sua dívida. A carta (anexa – “Proposta para Quitaçã o”) lista as faturas em atraso, que mencionados acima, e informa que o valor total é de R$ XXX, XX (valor por extenso). Mas a proposta é da quitaçã o com desconto, por apenas R$ XXX, XX (valor por extenso). A carta é também um boleto bancá rio no referido valor, com vencimento para (data). Inclusive, consta na carta a seguinte informaçã o: “Apó s o pagamento o seu nome será regularizado junto ao SPC/SERASA em relaçã o a este débito e retirado dos escritó rios de cobrança. Caso o pagamento já tenha sido efetuado, por favor, desconsiderar esta correspondência.” O requerente decidiu entã o aceitar a proposta, devido ao desconto concedido, e realizou o pagamento do boleto bancá rio em (data), conforme comprovante anexo. No (data), como seu nome ainda se encontrava inscrito nos serviços de proteçã o ao crédito, o requerente entrou em contato com a requerida informando o pagamento, sendo gerado o protocolo nº (informar). O atendente disse que a situaçã o seria averiguada e uma soluçã o seria dada em breve. Cerca de 10 dias depois, na mesma situaçã o, o requerente novamente entrou em contato com a requerida, tendo sido gerado o protocolo nº 2012151669438. A informaçã o entã o era de que seu nome seria excluído dos cadastros restritivos logo, diante do pagamento efetuado. Fato é que o nome do requerente nunca foi limpo, permanecendo até o momento nos registros do SERASA e SPC, pelas faturas vencidas que fizeram parte do acordo, como faz prova a certidã o anexa. O requerente vem tentando sem sucesso que a requerida limpe seu nome, excluindo-o dos cadastros de inadimplentes, mas nã o obteve sucesso. Como resultado dos contatos, sempre a mesma situaçã o. Informaçõ es desencontradas e nenhuma soluçã o. Com essas restriçõ es o requerente está tendo sua credibilidade fortemente abalada perante a sociedade e o comércio local, passando por mal pagador e nã o podendo realizar uma simples compra a prazo ou obter qualquer tipo de crédito bancá rio. Em razã o de todos esses fatos, como o requerente até o momento nã o conseguiu sanar o problema, suportando prejuízos de toda ordem em razã o da atitude da requerida, decidiu buscar uma soluçã o recorrendo à tutela jurisdicional do Estado por meio da presente açã o. 02 - DA APLICABILIDADE DO CÓ DIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR O Có digo de Defesa do Consumidor define, de maneira bem nítida, que o consumidor de produtos e serviços deve ser agasalhado pelas suas regras e entendimentos, senã o vejamos: "Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pú blica ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produçã o, montagem, criaçã o, construçã o, transformaçã o, importaçã o, exportaçã o, distribuiçã o ou comercializaçã o de produtos ou prestaçõ es de serviços.(...)§ 2º. Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneraçã o, inclusive as de natureza bancá ria, financeira, de crédito e securitá ria, salvo as decorrentes das relaçõ es de cará ter trabalhista." Com esse postulado o Có digo de Defesa do Consumidor consegue abarcar todos os fornecedores de produtos ou serviços – sejam eles pessoas físicas ou jurídicas – ficando evidente que devem responder por quaisquer espécies de danos porventura causados aos seus tomadores. Com isso, fica espontâ neo o vislumbre da responsabilizaçã o da requerida sob a égide da Lei nº 8.078/90, visto que se trata de um fornecedor de serviços que, independentemente de culpa, causou danos efetivos a um de seus consumidores. 03 - DA INVERSÃ O DO Ô NUS DA PROVA Percebe-se, outrossim, que o requerente deve ser beneficiado pela inversã o do ô nus da prova, pelo que reza o inciso VIII do artigo 6º do Có digo de Defesa do Consumidor, tendo em vista que a narrativa dos fatos encontra respaldo nos documentos anexos, que demonstram a verossimilhança do pedido, conforme disposiçã o legal: "Art. 6º. Sã o direitos bá sicos do consumidor:(...) VIII - a facilitaçã o da defesa de seus direitos, inclusive com a inversã o do ô nus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegaçã o ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordiná rias de experiências;" O requerimento ainda encontra respaldo em diversos estatutos de nosso ordenamento jurídico, a exemplo do Có digo Civil, que evidenciam a pertinência do pedido de reparaçã o de danos. Além disso, segundo o Princípio da Isonomia, todos devem ser tratados de forma igual perante a lei, mas sempre na medida de sua desigualdade. Ou seja, no caso ora debatido, o requerente realmente deve receber a supracitada inversã o, visto que se encontra em estado de hipossuficiência, uma vez que disputa a lide com uma empresa de grande porte, que possui maior facilidade em produzir as provas necessá rias para a cogniçã o do Excelentíssimo magistrado. 04 - DO DANO MORAL A requerida, ao manter o nome do requerente nos serviços de proteçã o ao crédito como inadimplente, mesmo apó s a quitaçã o da dívida, atingiu seu patrimô nio e sua moral. A dor, o sofrimento e a angú stia do requerente por ter sua credibilidade abalada em virtude do fato inesperado, foi imensa. A sensaçã o de impotência ao tentar solucionar o problema junto à requerida, sendo tratado por esta com descaso e negligência mesmo diante da explanaçã o do problema, atingiu de pronto sua alma. Dessa forma, a esfera patrimonial e emocional foram plenamente atingidas pela manutençã o das restriçõ es que retiram seu acesso ao crédito, sendo que os efeitos do ato ilícito praticado pela requerida alcançaram a vida íntima do requerente, que se vê violentado perante o sistema financeiro, o comércio em geral e a sociedade, restado quebrada a paz, a tranquilidade, a harmonia e originando sequelas que lhe causaram sérios danos morais. É notó ria a responsabilidade objetiva da requerida, a qual independe do seu grau de culpabilidade, uma vez que incorreu em uma lamentá vel falha, gerando o dever de indenizar, pois houve defeito relativo à prestaçã o de serviços. O Có digo de Defesa do Consumidor consagra a matéria em seu artigo 14, dispondo que: "Art. 14. O fornecedor de serviço responde, independentemente da existência de culpa, pela reparaçã o dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestaçã o dos serviços, bem como por informaçõ es insuficientes ou inadequadas sobre sua fruiçã o e riscos" Com relaçã o ao dano moral puro, resta igualmente comprovado que a requerida, com sua conduta negligente, violou diretamente direito do requerente, qual seja, de ter sua paz interior e exterior inabalada por situaçõ es com ao qual nã o concorreu. Trata-se do direito da inviolabilidade à intimidade e à vida privada. A indenizaçã o dos danos puramente morais deve representar puniçã o forte e efetiva, bem como, remédio para desestimular a prá tica de atos ilícitos, determinando, nã o só à requerida, mas também a outras empresas, a refletirem bem antes de causarem prejuízo a outrem. A jurisprudência é pacífica quanto à obrigaçã o de indenizaçã o por danos morais em decorrência da inscriçã o indevida do nome do consumidor nos serviços de proteçã o ao crédito, senã o vejamos: “DANO MORAL - ABALO DE CRÉ DITO - INCLUSÃ O DO NOME DO AUTOR EM CADASTRO DE RESTRIÇÃ O AO CRÉ DITO. A indevida inclusã o do nome do consumidor no cadastro de inadimplentes do SPC acarreta dissabor, porquanto afeta sua idoneidade financeira. Perfeitamente caracterizado o dano moral em decorrência do abalo de crédito, estando a se impor a sua compensaçã o (JE Cív.-RJ - Ac. Unâ n. Da 1.ª T. Recursal julg. Em 12-6-2003 - Rec. 2003.700.008681-1-Capital - Rel.ª Juíza Claudia Fernandes Bartholo Suassuna - Advs.: Andrea Monteiro Gameleiro e Juliana Gonçalves de Souza; in ADCOAS 8220332).” “DANO MORAL - INCLUSÃ O INDEVIDA DE NOME NO SERVIÇO DE PROTEÇÃ O AO CRÉ DITO - INDENIZAÇÃ O - CRITÉ RIO. Considera-se ato ilícito e ofensivo ao nome, honra e crédito do cidadã o a inserçã o errô nea ou indevida de seus dados no Serviço de Proteçã o ao Crédito. A indenizaçã o por danos morais deve ser fixada em valor razoá vel (TJ-DF - Ac. Unâ n. Da 2.ª T. Cív. Publ. No DJ de 7-2-2001, p. 51 - Ap. 2000.01.5.002616-0 - Rel. Des. Getú lio Moraes Oliveira; in ADCOAS 8195142).” “DANO MORAL - ABALO DE CRÉ DITO - APONTE EM CADASTRO RESTRITIVO. O apontamento do nome do consumidor em cadastro de restriçã o ao crédito, nos dias de hoje, o impede de comprar produtos com pagamento parcelado do preço. Perfeitamente caracterizado o dano moral em decorrência do abalo de crédito, estando a se impor a sua compensaçã o (JE Cív.-RJ - Ac. Unâ n. Da 1.ª T. Recursal julg. Em 19-12-2002 - Rec.2002.700.017981-1-Capital - Rel. Juiz Arthur Narciso de Oliveira Neto - Advs.: Paulo Roberto de Carvalho Gomes e Walter Wigderowitz Neto; in ADCOAS 8218726).” Imperativo, portanto, que o requerente seja indenizado pelo abalo moral em decorrência do ato ilícito, em razã o de ter sido vítima de completa e total falha e negligência da demandada, assim como seja indenizado pelo abalo moral em decorrência do ato ilícito. A aná lise quando da fixaçã o do quantum indenizató rio deve observar ainda outros parâ metros, destacando-se o poderio financeiro da parte culpada, com o objetivo de desestimular a prá tica dos atos abusivos e ilegais. A vítima por sua vez, será ressarcida de forma que amenize o prejuízo, considerando-se o seu padrã o só cio-econô mico. O dano moral prescinde de prova, dada a sua presunçã o, isto é, a simples ocorrência do fato danoso, já traduz a obrigaçã o em indenizar. O fato que originou todo este constrangimento nã o tem nenhuma justificativa plausível por parte da requerida, trazendo toda sorte de transtornos ao requerente, que se sente lesado e humilhado. O desgaste imposto ao requerente, como já relatado, é ainda maior pelo fato de ter que procurar a requerida por diversas vezes nas tentativas sempre falhas de solucionar a questã o. Além de nã o ter o problema solucionado pela requerida, o requerente ainda sofre com novos apontamentos nos serviços de restriçã o ao crédito e com a ameaça de protesto em cartó rio. Em suma, toda forma de opressã o exercida pela requerida. 05 - DA ANTECIPAÇÃ O DE TUTELA Os pressupostos para antecipaçã o dos efeitos da tutela pretendida, segundo previsã o do artigo 273 do Có digo de Processo Civil, encontram-se presentes, conforme passamos a analisar. O fumus boni iuris encontra respaldo na documentaçã o anexa, que demonstra a manutençã o irregular do nome do requerente dos serviços de proteçã o ao crédito, a dívida já foi paga mediante a promessa de que seu nome seria excluídos destes cadastros. A lascívia e a má conduta utilizada pela requerida tornam-se absolutamente evidentes ao se verificar que o requerente inclusive, buscando uma soluçã o pacífica para o problema, foi tratado com extremo descaso. Omitiu-se a requerida em apresentar soluçã o para o caso, dando apenas explicaçõ es esparsas que em nada contribuíram para o deslinde do problema, restando inequívoca a verossimilhança das alegaçõ es ora elencadas. O periculum in mora é demonstrado pela natureza do dano imposto ao requerente, pois a permanência de seu nome nos registros de proteçã o ao crédito, como inadimplente, lhe traz grande instabilidade e limitaçõ es em suas atividades do cotidiano, assim como à sua família, sendo imperiosa sua exclusã o imediata sob pena de sofrer prejuízos ainda mais graves e de difícil reparaçã o. Comprovado, portanto, o fundado receio de dano irrepará vel ou de difícil reparaçã o oriundo da atitude da requerida, ao extirpar do requerente seu acesso ao crédito, sem o qual encontra-se impossibilitado de realizar qualquer tipo de negó cio a prazo. Dessa forma, como ú nico meio de resguardar os direitos do requerente, que já se encontra sofrendo prejuízos e passando por dificuldades de toda ordem, e impedir que suporte lesã o de mais difícil reparaçã o até a prolaçã o da sentença, é necessá ria a antecipaçã o dos efeitos da tutela no que se refere à exclusã o de seu nome dos registros do SPC e SERASA, com a imposiçã o de multa diá ria pelo descumprimento da obrigaçã o. 06 - DO REQUERIMENTO Ante o exposto, requer: a) Seja concedida a antecipaçã o dos efeitos da tutela para determinar a exclusã o imediata no nome do requerente dos registros do SERASA e SPC (todas as restriçõ es feitas pela requerida), com a imposiçã o de multa diá ria pelo descumprimento da obrigaçã o; b) A citaçã o da requerida, na pessoa do seu representante legal, para comparecer a audiência conciliató ria e, querendo, oferecer sua defesa na fase processual oportuna, sob pena de revelia e confissã o ficta da matéria de fato, com o consequente julgamento antecipado da lide; c) Seja declarada a inexistência de débitos do requerente para com a requerida; d) A condenaçã o da requerida a pagar ao requerente um quantum a título de danos morais, em valor nã o inferior a 40 (quarenta) salá rios mínimos, em atençã o à s condiçõ es das partes, principalmente o potencial econô mico-social do lesante, a gravidade da lesã o, sua repercussã o e as circunstâ ncias fá ticas; e) A condenaçã o da requerida em custas judiciais e honorá rios advocatícios, no importe de 20%, caso haja recurso. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas e cabíveis à espécie, especialmente pelos documentos acostados. Dá -se à presente o valor de R$ XX. XXX, XX (valor por extenso). Termos em que, Pede deferimento. (localidade), (dia) de (mês) de (ano). (assinatura)(nome) Advogado Fonte: Central Jurídica