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Conforme o acima exposto, incontestá vel é a relaçã o de consumo existente entre as partes,
figurando a autora como consumidora, que injustamente foi prejudicada pela
inobservâ ncia dos réus nos mínimos deveres legais. Especialmente com relaçã o aos valores
cobrados indevidamente.
IV. 4 - DO DEVER DE INDENIZAR OS DANOS MATERIAIS E MORAIS CAUSADOS A
AUTORA
Diante da falha na prestaçã o do serviço, que culminou com a cobrança de valores indevidos,
está demonstrada a responsabilidade objetiva e solidá ria dos demandados e,
consequentemente, o dever de repararem os danos sofridos pela autora.
Nesse sentido, destacamos também o que diz o Có digo Civil:
Art. 186 - Aquele que, por açã o ou omissã o voluntá ria, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 113 - Os negó cios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do
lugar de sua celebraçã o.
Art. 422 - Os contratantes sã o obrigados a guardar, assim na conclusã o do contrato, como
em sua execuçã o, os princípios de probidade e boa-fé.
Ressalte-se que os requeridos praticaram em face da requerente comportamento
claramente violador da boa-fé objetiva, uma vez que cobraram quantia indevida, mesmo
apó s o cancelamento do Plano da Claro – Controle Fá cil Nacional, recusando-se a restituir o
valor recebido, mesmo apó s acordo realizado perante DECON. Logo, nã o agiram com a
lealdade esperada para o negó cio.
O DANO MATERIAL sofrido pela requerente é o equivalente à soma dos valores debitados
em cartã o de crédito, R$ 150,96 (cento e cinquenta reais, noventa e seis centavos), o qual
deve ser restituído em dobro, conforme entendimento demonstrado pela jurisprudência
abaixo colacionada:
RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. AÇÃ O INDENIZATÓ RIA. COBRANÇA INDEVIDA DE
VALORES APÓ S O CANCELAMENTO DA COMPRA DO PRODUTO E DO SEU RESPECTIVO
CREDIÁ RIO. INSCRIÇÃ O NEGATIVA INDEVIDA. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. 1. A parte
autora narra que efetuou compra de produto na loja da primeira requerida e, no dia
seguinte, requereu o cancelamento da compra e do seu respectivo crediá rio (fls. 13/20).
Nesse sentido, informou os nú meros de protocolo dos cancelamentos, bem como juntou
cobranças referentes ao produto, cuja compra havia sido cancelada (fls. 21/25) e o
comprovante de inscriçã o em ó rgã o de proteçã o ao crédito (fl. 26), pela recorrente. Assim,
a autora cumpriu com o ô nus de demonstrar o direito alegado, nos termos do art. 373 , I, do
CPC . 2. De outra banda, competia à s requeridas provar fato impeditivo, modificativo ou
extintivo do direito da autora, consoante artigo 373 , inciso II, do CPC , ô nus do qual nã o se
desincumbiram, na medida em que apenas se limitaram a negar, genericamente, os fatos
alegados pela parte autora, sem trazer aos autos qualquer elemento probató rio. 3. Assim,
evidenciada a abusividade da conduta das rés, ao inscreverem o nome da autora junto aos
ó rgã os de proteçã o ao crédito, em decorrência de débito irregular. 4. Alegaçã o de
ilegitimidade passiva que nã o se sustenta, na medida em que a operadora de cartã o de
crédito efetuou a cobrança referente à negociaçã o feita com a loja, sendo sua a inclusã o
indevida da parte autora nos cadastros negativadores.... Responsabilidade solidá ria,
prevista no CDC . 5. A inclusã o indevida do nome da autora em ó rgã o restritivo de crédito
configura o dano moral "in re ipsa", que prescinde de comprovaçã o efetiva. Quantum fixado
em R$ 5.000,00(...) que resta mantido, eis que fixado em valor inferior aos parâ metros das
Turmas Recursais Cíveis em casos aná logos, ausente recurso da parte autora, a ensejar sua
majoraçã o. RECURSO DESPROVIDO. UNÂ NIME. (Recurso Cível Nº 71005533336, Segunda
Turma Recursal Cível, Turmas Turma Recursal Cível. Julgamento29 de Junho de 2016.
Relator: Elaine Maria Canto da Fonseca. Publicado no Diá rio da Justiça do dia 04/07/2016.)
Vedar o aludido reembolso é violar frontalmente outro princípio geral do direito, aquele
que veda o enriquecimento ilícito, que nada mais é do que o acréscimo de bens que se
verifica no patrimô nio de um sujeito em detrimento de outrem.
Trata-se de postulado prestigiado no nosso Có digo Civil. Vejamos:
Art. 876 - Todo aquele que recebeu o que lhe nã o era devido fica obrigado a restituir;
obrigaçã o que incumbe à quele que recebe dívida condicional antes de cumprida a condiçã o.
Art. 884 – Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a
restituir o indevidamente auferido, feita a atualizaçã o dos valores monetá rios
Art. 885 – A restituiçã o é devida, nã o só quando nã o tenha havido causa que justifique o
enriquecimento, mas também se esta deixou de existir.
Diante do exposto, fica claro que a requerente faz jus ao reembolso do valor pago, assim as
requeridas devem restituir à autora a importâ ncia que esta lhes pagou, de imediato, sob
pena de enriquecimento ilícito e retençã o indevida de valores.
O Dano moral sofrido pela autora foi causado pela cobrança indevida que continuou sendo
realizada apó s o cancelamento do plano, mesmo sem a prestaçã o do serviço, bem como
pela recusa a restituiçã o dos valores pagos.
Além disso, ressalte-se todo o constrangimento e transtorno causado à requerente pelo fato
de ficar ligando para a Claro, a fim solucionar logo o problema, todavia, sem êxito, o que
demonstra também a perda de tempo ú til, caracterizando o dever de indenizar, conforme o
entendimento de nossos tribunais, ilustrado pela jurisprudência abaixo colacionada:
Direito do Consumidor. Autora que teve seu aparelho de celular danificado e que foi
informada de que os valores pagos durante a nã o utilizaçã o do serviço seriam revertidos
em créditos quando adquirisse novo aparelho. Recusa da ré em reativar a linha. Ausência
de impugnaçã o específica dos fatos narrados pela autora. Alegaçã o genérica de inexistência
de ato ilícito. Presunçã o de veracidade das alegaçõ es autorais. Cará ter reprová vel da
conduta da ré. Perda do tempo ú til. Dano moral configurado. Anulaçã o, de ofício, do
capítulo da sentença que rescindiu o contrato existente entre as partes. Violaçã o ao
princípio da congruência. Ajuste da verba honorá ria descabido, tendo em vista a singeleza
do caso em aná lise. Desprovimento do recurso da ré e parcial provimento do apelo da
autora. (APL 2444442020098190001 RJ 0244444-20.2009.8.19.0001. SEGUNDA CÂ MARA
CIVEL. Relator: DES. ALEXANDRE CÂ MARA. Julgamento: 6 de Junho de 2011. Publicaçã o:
08/06/2011.)
Cumpre observar que a reparaçã o do dano moral é assegurada na Constituiçã o Federal de
1988. Vejamos:
Art. 5º- Todos sã o iguais perante a lei, sem distinçã o de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
X - Sã o inviolá veis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito à indenizaçã o por dano material ou moral decorrente de sua violaçã o.
O Có digo de Defesa do Consumidor também se preocupou em garantir a reparaçã o de
danos sofridos pelo consumidor, conforme se observa em seu artigo 6º, inciso VI:
Art. 6º. Sã o direitos bá sicos do consumidor:
VI – a efetiva prevençã o e reparaçã o de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos
e difuso.
Em relaçã o ao quantum indenizató rio, Caio Rogério Costa, citando Maria Helena Diniz,
afirma que:
Na reparaçã o do dano moral o juiz determina, por equidade, levando em conta as
circunstâ ncias de cada caso, o quantum da indenizaçã o devida, que deverá corresponder à
lesã o, e nã o ser equivalente, por ser impossível a equivalência. (COSTA, Caio Rogério apud
DINIZ, Maria Helena, 2005).
Por fim é vá lido citar o seguinte julgado que trata de caso semelhante ao tema:
RECURSO INOMINADO. TELEFONIA MÓ VEL. AÇÃ O DECLARATÓ RIA DE INEXISTÊ NCIA DE
DÉ BITO CUMULADA COM INDENIZAÇÃ O POR DANOS MORAIS. COBRANÇA INDEVIDA DE
VALORES APÓ S O CANCELAMENTO DO CONTRATO. INSCRIÇÃ O IRREGULAR NO Ó RGÃ O
DE PROTEÇÃ O AO CRÉ DITO POR DÉ BITO QUITADO. DANOS MORAIS CONFIGURADOS.
MANUTENÇÃ O DO QUANTUM ARBITRADO NA ORIGEM. - Cinge-se o recurso da parte ré no
tocante à condenaçã o ao pagamento de reparaçã o por danos morais, requerendo a reforma
da sentença com a improcedência do pedido ou a minoraçã o do quantum arbitrado na
origem. - Deflui dos autos que a empresa ré, além de efetuar a cobrança pelo serviço de
telefonia celular pó s-paga apó s o cancelamento do contrato, inscreveu o nome da
demandante no ó rgã o restritivo de crédito (fls. 13 e 40) por débito indevido e quitado (fl.
15), o que comprova a irregularidade da anotaçã o, já configurada em sentença (fls. 77-82),
inclusive com a declaraçã o da inexigibilidade do débito, e que nã o foi objeto de recurso. - O
apontamento indevido em ó rgã o restritivo de crédito (fls. 13 e 40) configura, por si só ,
dano moral in re ipsa e, como tal, enseja a fixaçã o de indenizaçã o extrapatrimonial em
razã o dos nefastos efeitos que causa na relaçã o creditícia. - O quantum arbitrado na origem
(R$ 7.240,00) nã o comporta modificaçã o (reduçã o), posto que, em que pese nã o haver
tarifaçã o do dano, atende aos postulados da proporcionalidade e da razoabilidade, como
referido na sentença (fl. 81), bem como observa os elementos que devem ser...
considerados na quantificaçã o dos danos imateriais, tais como a gravidade da conduta
ilícita, a intensidade e a duraçã o das consequências, a condiçã o econô mica da ofensora de
suportar a indenizaçã o e o dú plice cará ter da medida (pedagó gico e compensató rio).
SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓ PRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO IMPROVIDO.
(Recurso Cível Nº 71005270244, Terceira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais,
Relator: Lusmary Fatima Turelly da Silva, Julgado em 25/06/2015)
Ante o exposto, requer-se à titulo de DANO MORAL o valor de R$ 3.000,00 (três mil reais).
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:
1. O deferimento da gratuidade judiciá ria integral para todos os atos processuais, bem
como a inversã o do ô nus da prova, conforme regra insculpida no art. 6º, VIII, do CDC,
determinando-se à s demandadas a comprovaçã o de que os fatos nã o ocorreram como
foram descritos nesta inicial;
2. A citaçã o das demandadas, através de seus representantes legais, para comparecimento
à audiência e, querendo, responderem aos termos da presente açã o, no prazo legal, ciente
de que os fatos alegados e nã o contestados serã o havidos por verdadeiros;
3. Ao final julgar procedente a açã o, condenando as promovidas:
3.1. A realizarem a restituiçã o à autora da importâ ncia de R$150,96 (cento e cinquenta
reais e noventa e seis centavos);
3.2. A pagarem, solidariamente, a título de indenizaçã o por danos morais sofridos pela
autora a quantia de R$ 3.000,00 (três mil reais), pelos fundamentos já esmiuçados;
Protesta pela produçã o de todas as provas admissíveis em direito, depoimento pessoal dos
autores e do representante legal das demandadas, pela oitiva de testemunhas, bem como
tudo que se fizer necessá rio ao deslinde do feito.
Dá à causa o valor de R$ 3.150,96 (três mil, cento e cinquenta reais, noventa e seis
centavos).
Nestes Termos,
Pede e Espera Deferimento.
Cidade, data/ mês / ano
_______________________________________
Nome da autora
[1] NERY JR., Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Leis Civis Comentadas. 2ª ed. Sã o
Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. p. 268/269
[2] Gonçalves, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 4 : responsabilidade civil – 9.
ed. Saraiva – SP, 2014. Pag. 40