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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª UNIDADE DO JUIZADO ESPECIAL

CÍVEL DA COMARCA DE ---------(cidade)

AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS E MATERIAIS


Maria A. , brasileira, casada, do lar, portadora da carteira de identidade RG nº xxxxxxxx e
inscrita no CPF sob nº xxxxx, residente e domiciliado na Rua x, nº x , bairro, cidade , e
XXXXX. , brasileira, casada, do lar, portadora da carteira de identidade RG nº xxxxxxxx e
inscrita no CPF sob nº xxxxx, residente e domiciliado na Rua x, nº x , bairro, cidade, vêm,
com o devido acatamento, por intermédio da Defensoria Pú blica Estadual, perante vossa
excelência, propor AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS E MATERIAIS contra
CLARO TELECOM PARTICIPAÇÕES S.A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no
CNPJ: xxxxx, com endereço na Rua xxxxx nº 0000, cidade ,estado, CEP, consubstanciado nos
motivos fá ticos e de direito a seguir aduzidos:
I - DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
O requerente nã o tem recursos para prover as despesas processuais e honorá rios
advocatícios, uma vez que declara seu estado de pobreza na forma da lei, e portanto
fazendo jus ao benefício da justiça gratuita, como prova a declaraçã o de hipossuficiência
em anexo, motivo pelo qual, requer o benefício da gratuidade da justiça, nos termos da Lei
nº. 1.060/50 e com fundamento nos arts. 98 e 99 do CPC.

II - DA QUALIFICAÇÃO DAS PARTES


Tratando-se de assistidos desta Defensoria Pú blica e, consequentemente, indivíduos
econô mica e juridicamente hipossuficientes e vulnerá veis, nã o possuem endereço
eletrô nico, por essa razã o nã o informado esse dado, nos termos do que preconiza o art.
319, do CPC. Nã o obstante, de acordo com o disposto § 2º e 3º do art. 319 CPC, tais
informaçõ es nã o podem ensejar a emenda, tampouco o indeferimento da inicial, sob pena
de se restar configurado intransponível ó bice ao acesso à justiça.

III - DOS FATOS


A requerente realizou a compra de um aparelho de celular da marca, em data/mês/ano, na
filial da loja Magazine Luiza localizada .
No ato da compra a vendedora do estabelecimento informou a consumidora que, caso
aderisse ao plano da prestadora de serviço telefô nico Claro – Controle Fá cil Nacional, teria
um desconto no valor total do aparelho, ficando este pelo preço de R$ 788,70 (setecentos e
oitenta e oito reais, setenta centavos) dividido em 10 parcelas de R$ 78,87 (setenta e oito
reais, oitenta e sete centavos).
Ainda segundo a atendente, o plano oferecido à requerente tinha mensalidade
correspondente a R$ 37,74 (trinta e sete reais, setenta e quatro centavos) e poderia ser
cancelado apó s 30 dias da celebraçã o do contrato.
Seguindo as orientaçõ es fornecidas no ato da compra, no dia 27/01/2017 a Sra. XXXXXX
entrou em contato com a empresa Claro S.A, gerando o protocolo nº xxxxx, para efetuar o
cancelamento da prestaçã o de serviço, visto que o mesmo vinha sendo prestado de forma
precá ria.
Contudo, mesmo apó s a rescisã o contratual, a cobrança referente ao serviço telefô nico
continuou a ser efetuada no valor de R$37,74 (trinta e sete reais, setenta e quatro
centavos), no cartã o de crédito tendo como titular a senhora Maria XXXX durante os meses
de fevereiro, março, abril, maio, somando o valor de R$150,96 (cento e cinquenta reais
vírgula noventa e seis centavos).
A fim de reaver o valor retido pela empresa, a requerente entrou em contato com a
requerida (Claro S/A), no dia 14 de março de 2017, gerando o protocolo de nº XXXX,
restando mais uma vez infrutífera a tentativa.
Diante dos fatos, a requerente dirigiu-se ao DECON, ocasiã o a qual ficou definida uma
audiência de conciliaçã o com o representante da Claro, na pessoa da Sr (a) XXXXXX, para o
dia/mês/ano. Na referida data, as partes comparecem ao DECON, oportunidade em que
ficou estabelecido que a mesma seria ressarcida do valor cobrado indevidamente em até
duas faturas subsequentes a data do acordo, conforme atesta có pia anexa.
Entretanto, até o dia/mês/ano o estorno nã o foi efetuado no cartã o da requerente Maria A.,
titular do cartã o de crédito utilizado para na contrataçã o do serviço pela requerente XXXX.
Ressalte-se que X utilizou o cartã o de crédito de Maria,visto nã o possuir cartã o de crédito
em seu nome. Contudo, os pagamentos eram feitos regularmente em dia, restando desta
forma, evidentes o dano moral e material, como provam as có pias das faturas e dos
respectivos comprovantes de pagamento.
Destaque-se também o dispêndio de tempo por parte da requerente tentando solucionar o
caso, o que torna mais visível ainda o abalo emocional e o constrangimento em buscar
reaver a quantia cobrada indevidamente, vez que sempre efetuou o pagamento de suas
contas de forma correta.
Contudo, torna-se claro que os promovidos agiram de má -fé, conduta esta que trouxe
enorme desconforto e prejuízo à promovente, que pagou por um serviço que nã o fez uso,
desta forma, requer que os requeridos restituam o valor cobrado indevidamente no valor
de R$ 150,96 (cento e cinquenta reais, noventa e seis centavos), bem como á titula de
indenizaçã o por danos morais paguem o valor de R$ 3.000,00(três mil reais), pelos motivos
acima expostos.
IV - DO DIREITO
IV. 1 – DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

A atividade desenvolvida pelas demandadas encontra-se plenamente tipificada, estando a


requerente e as requeridas enquadradas respectivamente como “consumidor” e
“fornecedor” no Có digo de Defesa do Consumidor. Senã o vejamos o disposto nos arts. 2º e
3º de citado Có digo, in verbis:
Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatá rio final.
Pará grafo ú nico. Equipara-se o consumidor a coletividade de pessoas, ainda que
indeterminá veis, que haja intervindo nas relaçõ es de consumo.
Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pú blica ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de
produçã o, montagem, criaçã o, construçã o, transformaçã o, importaçã o, exportaçã o,
distribuiçã o ou comercializaçã o de produtos ou prestaçã o de serviços. (...)
§ 2º SERVIÇO É QUALQUER ATIVIDADE FORNECIDA NO MERCADO DE CONSUMO,
mediante remuneraçã o, inclusive as de natureza bancá ria, financeira, de crédito e
securitá ria, salvo as decorrentes das relaçõ es de cará ter trabalhista.
Configurada a relaçã o de consumo, haja vista que a requerente e as requeridas se
enquadram respectivamente nas definiçõ es de consumidor e fornecedor, segundo o
dispositivo dos artigos supracitados, deve-se aplicar o Có digo de Defesa do Consumidor-
CDC.
Logo, há de se ressaltar que é aplicá vel ao caso em liça a norma protetiva prevista no art. 20
do CDC, a qual considera impró prios "os serviços que se mostrem inadequados para os fins
que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que nã o atendam as normas
regulamentares de prestabilidade". Senã o vejamos:
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem
impró prios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da
disparidade com as indicaçõ es constantes da oferta ou mensagem publicitá ria, podendo o
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a reexecuçã o dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo
de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
§ 1º A reexecuçã o dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados,
por conta e risco do fornecedor.
§ 2º São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que
razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas
regulamentares de prestabilidade.
Diante do exposto, está evidenciada a relaçã o de consumo, logo, é aplicá vel o CDC ao
presente caso.
IV.2 - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
Dada a condiçã o de hipossuficiência da promovente em face das promovidas, faz-se
necessá rio a inversã o do onus probandi, conforme se aufere do dispositivo consumerista
abaixo transcrito, in verbis:
“Art. 6º.
(...)
VIII- a facilitaçã o da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova,
a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegaçã o ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordiná rias de experiência.”
Ao tecer comentá rio sobre o citado inciso, lecionam Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de
Andrade Nery[1]:
“O CDC permite a inversã o do ô nus da prova em favor do consumidor, sempre que for ou
hipossuficiente ou verossímil sua alegaçã o. Trata-se de aplicaçã o do princípio
constitucional da isonomia, pois o consumidor, como parte reconhecidamente mais fraca e
vulnerá vel na relaçã o de consumo, tem de ser tratado de forma diferente, a fim de que seja
alcançada a igualdade real entre os partícipes da relaçã o de consumo (...).”
Desta forma, cabe as promovidas demonstrar provas em contrá rio as que foram expostas
pelas autoras.

IV.3 - DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA E SOLIDÁRIA DOS FORNECEDORES


Considerando que é aplicá vel o Có digo de Defesa do Consumidor, a responsabilidade das
demandadas é objetiva e solidá ria, conforme preveem os arts. 14, 18 e 20 do CDC, cujo teor
abaixo transcrevemos:
Art. 14. “O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa,
pela reparaçã o dos danos causados aos seus consumidores por defeitos relativos à
prestaçã o dos serviços, bem como por informaçõ es insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruiçã o e riscos.”
Art. 18. “Os fornecedores de produtos de consumo durá veis ou nã o durá veis respondem
solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impró prios ou
inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por
aqueles decorrentes da disparidade, com as indicaçõ es constantes do recipiente, da
embalagem, rotulagem ou mensagem publicitá ria, respeitadas as variaçõ es decorrentes de
sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituiçã o das partes viciadas.
§ 1º Nã o sendo o vício sanado no prazo má ximo de trinta dias, pode o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:
I - a substituiçã o do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condiçõ es de uso;
II - a restituiçã o imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.”
Art. 20- “O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem
impró prios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da
disparidade com as indicaçõ es constantes da oferta ou mensagem publicitá ria, podendo o
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I – a reexecuçã o dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;
II – a restituiçã o imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos;
III – o abatimento proporcional do preço.”
Segundo Carlos Roberto Gonçalves[2], a responsabilidade objetiva surge quando a lei
impõ e a certas pessoas, em determinadas situaçõ es, a reparaçã o de um dano cometido, nã o
importando a existência ou inexistência de culpa, bastando apenas a demonstraçã o do dano
e do nexo de causalidade.
Fundamenta-se a responsabilidade objetiva na teoria do risco. Para esta teoria, toda pessoa
que exerce alguma atividade cria um risco de dano para terceiros, sendo obrigada a repará -
lo, ainda que sua conduta seja isenta de culpa.
Essa teoria do risco decorre da interpretaçã o do art. 927, caput, e pará grafo ú nico, do
Có digo Civil, cuja aplicaçã o é subsidiá ria ao Có digo de Defesa do Consumidor. Vejamos o
mencionado artigo:
“Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187) causar dano a outrem, fica obrigado a indenizá -
lo. Pará grafo ú nico: Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de
outrem.”

Conforme o acima exposto, incontestá vel é a relaçã o de consumo existente entre as partes,
figurando a autora como consumidora, que injustamente foi prejudicada pela
inobservâ ncia dos réus nos mínimos deveres legais. Especialmente com relaçã o aos valores
cobrados indevidamente.
IV. 4 - DO DEVER DE INDENIZAR OS DANOS MATERIAIS E MORAIS CAUSADOS A
AUTORA
Diante da falha na prestaçã o do serviço, que culminou com a cobrança de valores indevidos,
está demonstrada a responsabilidade objetiva e solidá ria dos demandados e,
consequentemente, o dever de repararem os danos sofridos pela autora.
Nesse sentido, destacamos também o que diz o Có digo Civil:
Art. 186 - Aquele que, por açã o ou omissã o voluntá ria, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 113 - Os negó cios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do
lugar de sua celebraçã o.
Art. 422 - Os contratantes sã o obrigados a guardar, assim na conclusã o do contrato, como
em sua execuçã o, os princípios de probidade e boa-fé.
Ressalte-se que os requeridos praticaram em face da requerente comportamento
claramente violador da boa-fé objetiva, uma vez que cobraram quantia indevida, mesmo
apó s o cancelamento do Plano da Claro – Controle Fá cil Nacional, recusando-se a restituir o
valor recebido, mesmo apó s acordo realizado perante DECON. Logo, nã o agiram com a
lealdade esperada para o negó cio.
O DANO MATERIAL sofrido pela requerente é o equivalente à soma dos valores debitados
em cartã o de crédito, R$ 150,96 (cento e cinquenta reais, noventa e seis centavos), o qual
deve ser restituído em dobro, conforme entendimento demonstrado pela jurisprudência
abaixo colacionada:
RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. AÇÃ O INDENIZATÓ RIA. COBRANÇA INDEVIDA DE
VALORES APÓ S O CANCELAMENTO DA COMPRA DO PRODUTO E DO SEU RESPECTIVO
CREDIÁ RIO. INSCRIÇÃ O NEGATIVA INDEVIDA. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. 1. A parte
autora narra que efetuou compra de produto na loja da primeira requerida e, no dia
seguinte, requereu o cancelamento da compra e do seu respectivo crediá rio (fls. 13/20).
Nesse sentido, informou os nú meros de protocolo dos cancelamentos, bem como juntou
cobranças referentes ao produto, cuja compra havia sido cancelada (fls. 21/25) e o
comprovante de inscriçã o em ó rgã o de proteçã o ao crédito (fl. 26), pela recorrente. Assim,
a autora cumpriu com o ô nus de demonstrar o direito alegado, nos termos do art. 373 , I, do
CPC . 2. De outra banda, competia à s requeridas provar fato impeditivo, modificativo ou
extintivo do direito da autora, consoante artigo 373 , inciso II, do CPC , ô nus do qual nã o se
desincumbiram, na medida em que apenas se limitaram a negar, genericamente, os fatos
alegados pela parte autora, sem trazer aos autos qualquer elemento probató rio. 3. Assim,
evidenciada a abusividade da conduta das rés, ao inscreverem o nome da autora junto aos
ó rgã os de proteçã o ao crédito, em decorrência de débito irregular. 4. Alegaçã o de
ilegitimidade passiva que nã o se sustenta, na medida em que a operadora de cartã o de
crédito efetuou a cobrança referente à negociaçã o feita com a loja, sendo sua a inclusã o
indevida da parte autora nos cadastros negativadores.... Responsabilidade solidá ria,
prevista no CDC . 5. A inclusã o indevida do nome da autora em ó rgã o restritivo de crédito
configura o dano moral "in re ipsa", que prescinde de comprovaçã o efetiva. Quantum fixado
em R$ 5.000,00(...) que resta mantido, eis que fixado em valor inferior aos parâ metros das
Turmas Recursais Cíveis em casos aná logos, ausente recurso da parte autora, a ensejar sua
majoraçã o. RECURSO DESPROVIDO. UNÂ NIME. (Recurso Cível Nº 71005533336, Segunda
Turma Recursal Cível, Turmas Turma Recursal Cível. Julgamento29 de Junho de 2016.
Relator: Elaine Maria Canto da Fonseca. Publicado no Diá rio da Justiça do dia 04/07/2016.)
Vedar o aludido reembolso é violar frontalmente outro princípio geral do direito, aquele
que veda o enriquecimento ilícito, que nada mais é do que o acréscimo de bens que se
verifica no patrimô nio de um sujeito em detrimento de outrem.
Trata-se de postulado prestigiado no nosso Có digo Civil. Vejamos:
Art. 876 - Todo aquele que recebeu o que lhe nã o era devido fica obrigado a restituir;
obrigaçã o que incumbe à quele que recebe dívida condicional antes de cumprida a condiçã o.
Art. 884 – Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a
restituir o indevidamente auferido, feita a atualizaçã o dos valores monetá rios
Art. 885 – A restituiçã o é devida, nã o só quando nã o tenha havido causa que justifique o
enriquecimento, mas também se esta deixou de existir.
Diante do exposto, fica claro que a requerente faz jus ao reembolso do valor pago, assim as
requeridas devem restituir à autora a importâ ncia que esta lhes pagou, de imediato, sob
pena de enriquecimento ilícito e retençã o indevida de valores.
O Dano moral sofrido pela autora foi causado pela cobrança indevida que continuou sendo
realizada apó s o cancelamento do plano, mesmo sem a prestaçã o do serviço, bem como
pela recusa a restituiçã o dos valores pagos.
Além disso, ressalte-se todo o constrangimento e transtorno causado à requerente pelo fato
de ficar ligando para a Claro, a fim solucionar logo o problema, todavia, sem êxito, o que
demonstra também a perda de tempo ú til, caracterizando o dever de indenizar, conforme o
entendimento de nossos tribunais, ilustrado pela jurisprudência abaixo colacionada:
Direito do Consumidor. Autora que teve seu aparelho de celular danificado e que foi
informada de que os valores pagos durante a nã o utilizaçã o do serviço seriam revertidos
em créditos quando adquirisse novo aparelho. Recusa da ré em reativar a linha. Ausência
de impugnaçã o específica dos fatos narrados pela autora. Alegaçã o genérica de inexistência
de ato ilícito. Presunçã o de veracidade das alegaçõ es autorais. Cará ter reprová vel da
conduta da ré. Perda do tempo ú til. Dano moral configurado. Anulaçã o, de ofício, do
capítulo da sentença que rescindiu o contrato existente entre as partes. Violaçã o ao
princípio da congruência. Ajuste da verba honorá ria descabido, tendo em vista a singeleza
do caso em aná lise. Desprovimento do recurso da ré e parcial provimento do apelo da
autora. (APL 2444442020098190001 RJ 0244444-20.2009.8.19.0001. SEGUNDA CÂ MARA
CIVEL. Relator: DES. ALEXANDRE CÂ MARA. Julgamento: 6 de Junho de 2011. Publicaçã o:
08/06/2011.)
Cumpre observar que a reparaçã o do dano moral é assegurada na Constituiçã o Federal de
1988. Vejamos:
Art. 5º- Todos sã o iguais perante a lei, sem distinçã o de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
X - Sã o inviolá veis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito à indenizaçã o por dano material ou moral decorrente de sua violaçã o.
O Có digo de Defesa do Consumidor também se preocupou em garantir a reparaçã o de
danos sofridos pelo consumidor, conforme se observa em seu artigo 6º, inciso VI:
Art. 6º. Sã o direitos bá sicos do consumidor:
VI – a efetiva prevençã o e reparaçã o de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos
e difuso.
Em relaçã o ao quantum indenizató rio, Caio Rogério Costa, citando Maria Helena Diniz,
afirma que:
Na reparaçã o do dano moral o juiz determina, por equidade, levando em conta as
circunstâ ncias de cada caso, o quantum da indenizaçã o devida, que deverá corresponder à
lesã o, e nã o ser equivalente, por ser impossível a equivalência. (COSTA, Caio Rogério apud
DINIZ, Maria Helena, 2005).
Por fim é vá lido citar o seguinte julgado que trata de caso semelhante ao tema:
RECURSO INOMINADO. TELEFONIA MÓ VEL. AÇÃ O DECLARATÓ RIA DE INEXISTÊ NCIA DE
DÉ BITO CUMULADA COM INDENIZAÇÃ O POR DANOS MORAIS. COBRANÇA INDEVIDA DE
VALORES APÓ S O CANCELAMENTO DO CONTRATO. INSCRIÇÃ O IRREGULAR NO Ó RGÃ O
DE PROTEÇÃ O AO CRÉ DITO POR DÉ BITO QUITADO. DANOS MORAIS CONFIGURADOS.
MANUTENÇÃ O DO QUANTUM ARBITRADO NA ORIGEM. - Cinge-se o recurso da parte ré no
tocante à condenaçã o ao pagamento de reparaçã o por danos morais, requerendo a reforma
da sentença com a improcedência do pedido ou a minoraçã o do quantum arbitrado na
origem. - Deflui dos autos que a empresa ré, além de efetuar a cobrança pelo serviço de
telefonia celular pó s-paga apó s o cancelamento do contrato, inscreveu o nome da
demandante no ó rgã o restritivo de crédito (fls. 13 e 40) por débito indevido e quitado (fl.
15), o que comprova a irregularidade da anotaçã o, já configurada em sentença (fls. 77-82),
inclusive com a declaraçã o da inexigibilidade do débito, e que nã o foi objeto de recurso. - O
apontamento indevido em ó rgã o restritivo de crédito (fls. 13 e 40) configura, por si só ,
dano moral in re ipsa e, como tal, enseja a fixaçã o de indenizaçã o extrapatrimonial em
razã o dos nefastos efeitos que causa na relaçã o creditícia. - O quantum arbitrado na origem
(R$ 7.240,00) nã o comporta modificaçã o (reduçã o), posto que, em que pese nã o haver
tarifaçã o do dano, atende aos postulados da proporcionalidade e da razoabilidade, como
referido na sentença (fl. 81), bem como observa os elementos que devem ser...
considerados na quantificaçã o dos danos imateriais, tais como a gravidade da conduta
ilícita, a intensidade e a duraçã o das consequências, a condiçã o econô mica da ofensora de
suportar a indenizaçã o e o dú plice cará ter da medida (pedagó gico e compensató rio).
SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓ PRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO IMPROVIDO.
(Recurso Cível Nº 71005270244, Terceira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais,
Relator: Lusmary Fatima Turelly da Silva, Julgado em 25/06/2015)
Ante o exposto, requer-se à titulo de DANO MORAL o valor de R$ 3.000,00 (três mil reais).

DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:
1. O deferimento da gratuidade judiciá ria integral para todos os atos processuais, bem
como a inversã o do ô nus da prova, conforme regra insculpida no art. 6º, VIII, do CDC,
determinando-se à s demandadas a comprovaçã o de que os fatos nã o ocorreram como
foram descritos nesta inicial;
2. A citaçã o das demandadas, através de seus representantes legais, para comparecimento
à audiência e, querendo, responderem aos termos da presente açã o, no prazo legal, ciente
de que os fatos alegados e nã o contestados serã o havidos por verdadeiros;
3. Ao final julgar procedente a açã o, condenando as promovidas:
3.1. A realizarem a restituiçã o à autora da importâ ncia de R$150,96 (cento e cinquenta
reais e noventa e seis centavos);
3.2. A pagarem, solidariamente, a título de indenizaçã o por danos morais sofridos pela
autora a quantia de R$ 3.000,00 (três mil reais), pelos fundamentos já esmiuçados;
Protesta pela produçã o de todas as provas admissíveis em direito, depoimento pessoal dos
autores e do representante legal das demandadas, pela oitiva de testemunhas, bem como
tudo que se fizer necessá rio ao deslinde do feito.
Dá à causa o valor de R$ 3.150,96 (três mil, cento e cinquenta reais, noventa e seis
centavos).
Nestes Termos,
Pede e Espera Deferimento.
Cidade, data/ mês / ano

_______________________________________
Nome da autora
[1] NERY JR., Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Leis Civis Comentadas. 2ª ed. Sã o
Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. p. 268/269
[2] Gonçalves, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 4 : responsabilidade civil – 9.
ed. Saraiva – SP, 2014. Pag. 40

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