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AO DOUTO JUÍZO DE DIREITO DO____JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

DA COMARCA DE RECIFE DO ESTADO DE PERNAMBUCO/PE

JOÃO, brasileiro, viúvo, arquiteto, portador da cédula de identidade nº...,


expedida pelo..., inscrito no CPF sob o nº..., e-mail: ......., telefone: ....,
residente e domiciliado na .........., nº ..., bairro ......., Recife, Pernambuco,
CEP: ........, vem, em causa própria, com espeque na Lei 8.078/90 e demais
dispositivos pertinentes, perante a V. Exa. formular a presente:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZATORIA POR DANOS


MORAIS COM DE TUTELA DE URGENCIA

em face de XYZ, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ


nº......., a ser citada na pessoa do seu representante legal, situada na .............
nº ........, bairro ........, cidade......, estado........., Cep: ............. mediante os
pressupostos fáticos e jurídicos que passa a expor:

I – DOS FATOS

João é cliente do plano de saúde XYZ, há 20 anos, na modalidade


individual, sob contrato nº 4568542132.
Ocorre que em 13/07/2020 João ao realizar exames de rotina, fora
descoberto que necessitaria fazer procedimento mais detalhado de seu
abdômen, assim, seu médico solicitou uma tomografia computadorizada
urgente, para realizar um diagnóstico mais preciso.
Ato contínuo, na data de 13/07/2020 João entra em contato com o plano
de saúde, solicitando o agendamento para realizar tal exame, sob protocolo nº
20202356874845, porém, o plano de saúde informou a João que tal
procedimento não estaria incluso em seu plano de saúde e, para realizá-lo
deveria pagar.
Na data de 14/07/2020 João entrou em contato via telefonema com a
ANS (Agência Nacional de Saúde), sob protocolo nº 20204578987787,
indagando a respeito de tal posicionamento do plano de saúde em cobrar para
proceder com o exame de tomografia.
Na ocasião João fora informado pelo atendente que tal procedimento
seria de caráter obrigatório pela prestadora, conforme rol de procedimentos
mínimos que os planos de saúde devem realizar em favor de seus clientes.
Não se pode olvidar que tais fatos acarretaram abalos emocionais e
psicológicos a parte autora, rompendo ao extremo com sua honra subjetiva, o
que de forma cristalina e incontestável ultrapassa e extrapola o limite da moral,
razoabilidade e proporcionalidade da dignidade da pessoa humana.
Por fim, cristalino o abalroamento ao Princípio da Confiança e do
Consumidor, tendo em vista que, a aparte autora é vulnerável a tal relação
jurídica consumerista, sendo a parte mais frágil da relação de consumo.
Pelos fatos e fundamentos acima expostos, não restou à parte autora
alternativa a não ser recorrer a este D. Juízo a fim de obter a tutela
jurisdicional.

II – DA INCIDËNCIA DO CODECON

Hodiernamente, é inconteste a natureza da relação jurídico-material que


se estabelece entre as partes, qual seja: relação jurídica de consumo. A
aplicabilidade, portanto, das disposições do Código de Defesa do Consumidor
para o caso concreto, é inevitável, senão vejamos:
  “Art. 4º - A Política Nacional das Relações de Consumo tem por
objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito
à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses
econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os
seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995).

I – reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no


mercado de consumo

É oportuno ainda, observarmos que ficou evidente que através de seus


atos, a empresa demandada não prestou o serviço de forma adequada, sendo
totalmente responsável pelos danos advindos da má prestação do serviço, nos
termos do artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078 de
11/09/1990), que diz:

“Art.14- O fornecedor de serviços responde, independentemente


da existência de culpa, pela reparação dos danos causados
aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos
serviços, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua fruição e riscos”.
 
Eminente Julgador, estando patente a configuração de prática
abusiva cometida pela requerida, em cobrar e não instalar os serviços
contratados pelo autor. Portanto, não restam dúvidas quanto a sua
responsabilidade pela reparação dos danos causados, pois nesse ponto, o
Código de Defesa do Consumidor foi taxativo, sem dar margem a qualquer
outro tipo de interpretação.
Portanto, nos contratos de prestação de serviço, a responsabilidade do
prestador de serviços, pelos vícios ou defeitos do serviço, ressalvado as
hipóteses excludentes da responsabilidade (art. 14, §3º do CDC), hipóteses
que não se enquadram no caso em tela, é sempre objetiva. Não é necessário
se provar dolo ou culpa.
Corroborando com o acima exposto sobre o caso em tela, trata-se este
de evidente falha na prestação de serviços, previsto no CDC, em seu art. 22, in
verbis:
“Art. 22. – Os órgãos públicos, por si ou suas empresas,
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de
empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados,
eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial,
das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas
compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma
prevista neste código”.

Por estes motivos, baseando-se na verossimilhança das alegações e na


hipossuficiência do consumidor, aplica-se à demanda as disposições do Código
de Defesa do Consumidor, inclusive no que tange à inversão do ônus
probatório, nos termos do artigo 6º, VIII, da Lei nº 8.078/90 e dispositivos
constitucionais pertinentes.

Ill – DA REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS

Cabe ressaltar além do que foi exposto que toda essa situação causada
pela empresa ré causou ao autor um dano psicológico.
  A falta de lealdade em sede de negócio jurídico enfraquece, sem a
menor sombra de dúvida, a crença do particular nas grandes pessoas jurídicas,
que violam em tempo integral toda a sorte de direito dos consumidores, que se
sentem impotentes diante dos referidos abusos.
Nesse diapasão, todo esse ocorrido veio causar a parte autora grandes
transtornos e aborrecimentos, diante da evidente falha na prestação no serviço
da empresa demandada, devido ao descaso e desrespeito da empresa ré para
com sua pessoa, pois prevaleceu-se da sua hipossuficiência.
Toda vez que um incidente altere o equilíbrio emocional crie
constrangimento ou atrapalhe a rotina do consumidor, in casu, a lei autoriza a
se pleitear a indenização por dano moral. 

CDC - Lei nº 8.078 de 11 de setembro de 1990.


Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências.

“Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:


VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e
morais, individuais, coletivos e difusos”.

Refletindo-se sobre os aspectos, os elementos que devem ser utilizados


quando da fixação de condenação a título de danos morais, sugere-se neste
momento que se pense no porte econômico da empresa demandada e na
qualificação pela mesma sustentada.

  A Constituição Federal garante a indenização por dano moral em seu


art. 5º, inciso X – “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação”.

Destarte, a função do critério pedagógico, é estimular o ofensor a rever o


seu modus operandi, visando não mais causar danos a outrem, sendo certo
que o critério compensatório deve se restringir ao impacto gerado pela angústia
sofrida pelo ofendido.

IV- DA TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA

Tratando-se de decisão que V.Exa. pode tomar independentemente da


citação ou intimação da demandada, requer a TUTELA DE URGÊNCIA para
determinar que a empresa ré AUTORIZE a realização do exame de
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA, solicitado pelo médico do autor em 24h
sob critério de URGÊNCIA, diante da existência dos requisitos do fumus boni
juris e periculun in mora, bem como preenchidos os requisitos do artigo 300
do CPC/15 C/C artigo 84, § 3º do CDC, seja liminarmente e INAUDITA
ALTERA PARTE, sob pena de multa diária de R$ 500,00 (quinhentos reais)
face ao descumprimento.
Obviamente, isso põe em risco a própria vida do autor, levando-se em
conta que o diagnóstico tardio de uma moléstia pode obviamente causar dano
irreparável, ante à natureza do bem jurídico que se pretende preservar, a
saúde e em última análise, à vida.
V – CONCLUSÃO E PEDIDO

Em face do exposto de forma cristalina, torna-se demonstrada a


indiscutível a conduta abusiva e irresponsável da parte ré. Nessas condições, e
confiando na sensibilidade jurídica e experiência profissional que notabilizam V.
Exa., espera e requer a parte autora, à luz da Lei e do melhor direito, o
seguinte:

a) Seja julgado procedente o pedido para que a empresa ré AUTORIZE a


realização da tomografia computadorizada a pedido do autor, de suma
importância, visando sua saúde e consequentemente sua vida, sob pena de
multa diária de R$ 500,00 (quinhentos reais) face ao descumprimento da
tutela de urgência

b) A citação da demandada no endereço preambularmente declinado para


comparecer à audiência de conciliação, sob pena de revelia e confissão ficta da
matéria de fato e julgamento antecipado da lide;

c) Que determine a inversão do ônus da prova em favor da parte autora,


conforme preconiza o artigo 6o, inciso VIII, do Código de Defesa do
Consumidor;

d) Seja julgado procedente o pedido para INDENIZAR a parte autora o valor


de R$ 10.000,00 (dez mil reais) pelos danos morais que a ré causou diante de
todos os fatos aqui narrados.

e) Seja julgado procedente a confirmação da tutela de urgência ao final da lide.

VI – DAS PROVAS
Requer a produção de todos os meios de provas em direito admitido,
especialmente documentais suplementares.

Vll – DO VALOR DA CAUSA


Atribui-se a causa, para efeito de alçada o valor de R$ 10.000,00 (dez
mil reais).

Nestes termos, pede deferimento.


Local e data.
Advogado
OAB
1- C 2- A 3- E 4- D 5- B

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