Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Requisitos da execução:
Apresentação de um título executivo que comprove existência de um direito a uma
prestação líquida, certa e exigível;
Afirmação de que o executado está inadimplente na obrigação vinculada a esse
direito de prestação, o que automaticamente demanda também a apresentação de
uma planilha que irá atualizar o valor devido contido no título.
A execução de alimentos é uma execução de pagar quantia certa, que em razão da especial
natureza do direito tutelado é tratada como execução especial. A especialidade da execução de
alimento dá-se principalmente em razão da previsão de atos materiais específicos a essa espécie
de execução, sempre com o objetivo de facilitar a obtenção da satisfação pelo exequente.
Há divergência a respeito da espécie de direito de alimentos que pode ser executada pela
via especial. Parcela da doutrina entende que a via especial é limitada aos alimentos legítimos,
decorrentes em razão de parentesco, casamento ou união estável, excluindo-se da proteção
especial os alimentos indenizatórios, decorrentes de ato ilícito. No entanto, acaba predominando
o entendimento de que não se deve fazer nenhuma distinção, porque a necessidade especial do
credor de alimentos não se altera em razão da natureza desse direito, não havendo sentido criar
um procedimento mais protetivo limitando sua aplicação a somente uma espécie de direito
alimentar (a própria redação do art. 531 do CPC reforça este entendimento).
Nos termos do § 8º do art. 528 do Novo CPC, a escolha entre os diferentes meios
executivos previstos em lei para a execução de alimentos é sempre livre, dependendo
exclusivamente da vontade do exequente. Cabe ressaltar também não haver nenhuma distinção a
ser feita se a obrigação alimentar esta contida em um título executivo judicial ou extrajudicial,
apenas que no caso de execução de uma sentença que contenha a obrigação alimentar, teremos a
extensão do processo através da fase de cumprimento de sentença, enquanto com a obrigação
contida num título executivo extrajudicial, será preciso inaugurar uma relação jurídica processual
para promover a execução dos valores pretendidos (arts. 911-913, CPC).
Enquanto o art. 528, caput, do CPC prevê a intimação pessoal do executado para pagar o
débito em três dias, provar que o fez ou justificar sua impossibilidade de efetuá-lo, o art. 911,
caput, do CPC apenas modifica a intimação por citação e especifica que o pagamento deve
abranger as parcelas anteriores ao início da execução e das que se vencerem no seu curso.
O art. 529 do CPC trata da penhora de salário do funcionário público, militar, diretor ou
gerente de empresa ou empregado sujeito à legislação do trabalho, com o tradicional desconto
em folha de pagamento. O art. 912 do CPC trata do mesmo tema, inclusive com as mesmas regras,
sendo apenas curiosa a não repetição no art. 912 do § 3º do art. 529 do CPC, que versa sobre a
possibilidade de se prestar o desconto em folha de pagamento à quitação de parcelas vencidas e
vincendas. Apesar da omissão, uma análise sistêmica da execução de alimentos exige a conclusão
da aplicação de tal regra ao processo autônomo de execução.
O art. 532 do CPC traz uma interessante novidade quanto à ciência do Ministério Público
pelo juiz para apuração do crime de abandono material. Embora prevista apenas no Capítulo
referente ao cumprimento de sentença da obrigação alimentar, entende-se que a regra também
seja aplicável ao processo autônomo de execução. Não há, contudo, um esclarecimento no texto
legal acerca de quais os indícios que levarão o juiz a tomar tal providência. Fala-se em postura
procrastinatória do executado, mas, naturalmente, não há como imaginar um abandono material
se os alimentos estiverem sendo pagos, ainda que o executado assuma postura procrastinatória.
Por outro lado, mesmo que não haja qualquer postura nesse sentido, a resistência em pagar os
alimentos poderia, em tese, configurar o crime de abandono material.
Quanto à competência para o cumprimento de sentença, o art. 528, § 9º do CPC incluiu
mais um foro além daqueles previstos no art. 516, parágrafo único, do CPC: o foro do domicílio do
exequente. Portanto, fica o exequente livre para escolher entre o juízo que prolatou a decisão
exequenda, o foro do local dos bens do executado, o foro do domicílio do executado e o foro de
seu domicílio. A previsão consagra entendimento jurisprudencial no sentido de poder o exequente
de alimentos executar a sentença no foro de seu domicílio, independentemente do foro que
proferiu a decisão exequenda.
Principalmente em razão da natureza dos bens públicos – de uso comum, de uso especial
ou dominicais – considerados inalienáveis e, por consequência lógica, impenhoráveis, o
procedimento da execução de pagar quantia certa contra a Fazenda Pública demanda uma forma
diferenciada daquela existente para a execução contra o particular. Também se costuma afirmar
que a especialidade do procedimento está relacionada ao princípio da continuidade do serviço
público, já que os bens não poderiam ser afastados de sua utilização pública, sob pena de prejuízo
à coletividade. Por fim, o procedimento especial também é justificado no princípio da isonomia,
sendo o pagamento por precatórios a única maneira apta a garantir que não haja preferências na
ordem de pagamento aos credores da Fazenda Pública.
Da mesma forma que vimos acima quanto à obrigação alimentar, na execução contra a
Fazenda Pública, haverá cumprimento de sentença quando o título executivo for judicial (arts.
534-535, CPC) e processo autônomo de execução, quando o título executivo for extrajudicial (art.
910, CPC). Ainda que haja diferenças procedimentais entre as duas formas executivas, é inegável a
existência de diversas regras comuns a ambas, o que é confirmado pela previsão do art. 910, § 3º
do CPC, no sentido de serem aplicáveis ao processo de execução, no que couber, as regras do
cumprimento de sentença.
O dispositivo tem em sua maioria de incisos a repetição das regras formais previstas no art.
524 do Novo CPC, que regulamenta o requerimento inicial do cumprimento de sentença que
reconheça a exigibilidade de pagar quantia certa contra devedores em geral. Por óbvio, não
haverá a necessidade de se qualificar precisamente a Fazenda Pública, apenas a indicação do ente
federativo executado, assim como o credor não deverá nomear bens do executado a penhorar.
Segundo o art. 535, caput, do CPC, a intimação da Fazenda Pública será realizada na pessoa
de seu representante legal, mediante carga, remessa ou meio eletrônico, abrindo-se prazo de 30
dias para a impugnação, que será apresentada nos próprios autos. Tratando-se de execução de
título judicial, naturalmente não pode a Fazenda Pública – bem como qualquer outro executado –
voltar a discutir o direito exequendo fixado em sentença, sob pena de ofensa à coisa julgada
material ou à eficácia preclusiva da coisa julgada.
Sendo a impugnação apenas parcial, a parte incontroversa será, nos termos do art. 535, §
4º, do CPC, objeto de cumprimento.
O § 2º do art. 534 do CPC expressamente exclui a multa prevista no art. 523, § 1º, do CPC,
o que significa que, mesmo não pagando o valor devido em 15 dias, a Fazenda Pública não
suportará a aplicação de multa de 10% do valor exequendo. O dispositivo guarda lógica com o
caput do art. 535 do CPC, que determina a intimação da Fazenda Pública para impugnar a
execução, e não para pagar.
Os arts. 536 e 537 do CPC buscam assegurar ao credor a tutela específica referente à
obrigação de fazer ou não fazer pretendida. De acordo com o art. 536 do CPC, não há um
procedimento executivo para o cumprimento da sentença, limitando-se a indicar aqui os meios
materiais à disposição do juízo para efetivar o direito do credor. O art. 537 do CPC se limita a
tratar dos aspectos procedimentais da multa (astreintes), forma executiva que mereceu uma
posição de destaque em razão de sua relevância para a efetivação das decisões judiciais e de sua
frequência na praxe forense. Por opção de política legislativa deixou-se de prever um
procedimento específico para o cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de
obrigação de fazer e de não fazer para libertar o juiz na criação, caso a caso, do procedimento que
melhor se adequar às exigências do caso concreto.
Na hipótese de manifestação do demandante pleiteando o início da fase de cumprimento
de sentença, basta um mero requerimento com os dados mínimos para que o juiz compreenda a
sua pretensão. A petição inicial é dispensável porque não se está criando um novo processo, mas
somente dando-se início a uma fase procedimental de satisfação do direito já reconhecido em
sentença. Convém ao juiz determinar um prazo para que a obrigação seja cumprida, levando em
conta as particularidades do caso concreto, em especial a complexidade da obrigação.
Não há dúvida de que a tutela específica tenha mais qualidade do que a tutela pelo
equivalente em dinheiro, a execução é mais bem-sucedida quando entrega ao credor exatamente
o que o cumprimento voluntário da obrigação lhe entregaria. Todas as formas executivas previstas
exemplificativamente no art. 536, § 1º, do CPC se prestam justamente para instrumentalizar a
obtenção da tutela específica.
Ocorre, entretanto, que a tutela específica nem sempre é obtida no caso concreto, sendo
possível a obrigação de fazer e não fazer ser convertida em prestação pecuniária quando essa for a
vontade do exequente ou pela impossibilidade material ou jurídica de obtenção da tutela
específica.
Sendo a conversão fruto da vontade do exequente, basta uma mera petição informando o
juízo para que se passe à fixação do valor das perdas e danos, o que será feito por meio de
liquidação de sentença incidental. Como a mera vontade do exequente já é suficiente para
legitimar a conversão da obrigação em perdas e danos, não há necessidade de intimação do
executado para a decisão sobre o pedido de conversão, até mesmo porque a oitiva seria inútil,
considerando-se que o juiz está vinculado ao pedido do exequente.
A decisão que defere o pedido ou determina de ofício a conversão em perdas e danos tem
natureza interlocutória, sendo recorrível por agravo de instrumento. Na liquidação incidental, por
arbitramento ou pelo procedimento comum, a depender do caso concreto, além de todos os
prejuízos advindos ao exequente pelo não cumprimento da obrigação por tutela específica,
também se calculará o valor da multa fixada para pressionar o executado a cumprir a obrigação
(art. 500 do CPC), sempre que tiver sido aplicada pelo juiz. A decisão judicial que fixa o quantum
debeatur é título executivo judicial, seguindo-se a ela a execução de obrigação de pagar quantia
certa pelo procedimento do cumprimento de sentença.
Prevê o art. 536, § 1º, do CPC que o juiz poderá, de ofício ou a requerimento do exequente,
determinar as medidas necessárias para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do
resultado prático equivalente, enumerando exemplificativamente a aplicação de multa por tempo
de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas ou coisas, desfazimento de obras e
impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial.
Aduz o art. 538, § 3º, do CPC que se aplicam ao cumprimento de sentença de obrigação de
entregar coisa as disposições sobre o cumprimento de obrigação de fazer e não fazer.
Segundo o art. 498, caput, do CPC, o juiz, ao conceder tutela específica de entregar coisa,
fixará o prazo para o cumprimento da obrigação, não sendo a omissão quanto a esse prazo um
vício suscetível de anular a decisão. Uma vez descumprida a regra prevista no dispositivo legal,
caberá ao juiz, no início do cumprimento de sentença, fixar o prazo para a entrega da coisa,
levando em conta as particularidades do caso concreto, em especial a complexidade da obrigação.
O parágrafo único do art. 498 do CPC prevê que, sendo a coisa incerta – determinada pelo
gênero e quantidade –, o autor a individualizará na petição inicial se lhe couber a escolha; e sendo
do devedor a escolha, este a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz. Não cabe ao
devedor apenas individualizar a coisa sem entregá-la, de forma que a mera individualização não
impede que o direito de escolha passe a ser do credor. Apesar da omissão legal, não sendo
entregue a coisa pelo devedor, a escolha será devolvida ao credor, e diante de sua inércia o
cumprimento de sentença será extinto sem a resolução de mérito.