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PRÁTICA NO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

AULA 07
ANDRÉ MOTA

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PRÁTICA NO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
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ANDRÉ MOTA

Na aula passada (aula 06) deste nosso curso de Prática no cumprimento de


sentença, pudemos relembrar o panorama das execuções e, nele, localizar as
execuções das quais a fazenda pública faça parte, em especial a fase de cumprimento
de sentença.

Hoje, em nossa última aula do curso, conversaremos acerca o cumprimento


das sentenças que fixam obrigações de pagar alimentos, bem como acerca do
cumprimento provisório de sentença.

DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE


DE OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALIMENTOS

1. Considerações iniciais

O cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação


alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos tem rito executivo especial,
previsto nos artigos 528 a 533, CPC.

A obrigação de “prestação alimentícia” tratada aqui é aquela que envolve os


alimentos “legítimos”, ou seja, os decorrentes do direito de família (parentesco,
casamento e união estável), não se aplicando aos alimentos decorrentes de ato ilícito
(alimentos indenizatórios) ou remuneração de trabalho.

Inclusive, o STJ reafirmou sua posição neste sentido através de julgado de


HC pela quarta turma, realizado em 2020, com relatoria da Min. Isabel Gallotti, mas
cuja numeração não foi divulgada em razão do feito tramitar em segredo de justiça.

Assim, embora existam diversas regras executivas que facilitem a execução


de alimento indenizatório (ex: penhora de salários- artigo 833, § 2º, CPC; precatório
em prioridade de tramitação- artigo 100, § 1º, CF/88), o rito que admite prisão do
devedor (arts. 528 e seguintes do CPC) NÃO será ao mesmo aplicado.

2. Procedimento

A sistemática procedimental será a seguinte:

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a) Requerimento

Aqui, à semelhança do que já ocorre com o procedimento comum de


cumprimento de sentença que fixa quantia, será necessária a elaboração de
requerimento pelo credor de alimentos, solicitando a intimação do devedor para
proceder ao cumprimento da obrigação.

O requerimento será dirigido, em regra, ao juízo que proferiu a sentença.


Mas, com o objetivo de beneficiar o credor de alimentos, o legislador possibilita que o
exequente promova o cumprimento da sentença perante o juízo de seu domicílio.
Ademais, ele também poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado ou,
finalmente, pelo juízo onde atualmente se encontrem os bens do devedor
passíveis de penhora (artigos 516, parágrafo único, e 528, § 9º, CPC). Nestas
hipóteses em que o credor tenha optado por juízo diverso daquele que proferiu a
sentença, será solicitada a remessa dos autos ao juízo escolhido.

O procedimento que ora tratamos aplica-se tanto aos alimentos provisórios


quanto definitivos.

A diferença é que a execução dos alimentos provisórios (aqueles fixados em


decisão interlocutória ou em sentença ainda não transitada em julgado) se processa
em autos apartados, ao passo que o cumprimento definitivo da obrigação de prestar
alimentos será processado nos mesmos autos em que tenha sido proferida a
sentença.

b) Intimação

Feito o requerimento pelo exequente, o juízo mandará intimar o executado


pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a
impossibilidade de efetuá-lo.

c) Posturas do executado

Uma vez intimado, o executado poderá adotar uma dentre as seguintes posturas:

→ Inércia: caso o executado, no prazo referido, não efetue o pagamento, não


prove que o efetuou ou não apresente justificativa da impossibilidade de efetuá-lo, o
juiz mandará protestar o pronunciamento judicial, aplicando-se, no que couber, o
disposto no artigo 517, CPC.

→ Justificar a impossibilidade: caso haja motivo relevante, o qual impossibilite o


executado de quitar a dívida, este a apresentará de forma fundamentada perante o
juízo. Neste contexto, é bom ressaltar que o fato de estar desempregado, por si só,

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não justifica a ausência de pagamento. Somente a comprovação de fato que gere a


impossibilidade absoluta de pagar justificará o inadimplemento.

d) Decretação de prisão

Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o


juiz, além de mandar protestar o pronunciamento judicial, decretar-lhe-á a prisão pelo
prazo de 1 (um) a 3 (três) meses. A prisão será cumprida em regime fechado, devendo
o preso ficar separado dos presos comuns.

O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que


compreende até as 3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as
que se vencerem no curso do processo.

Vale ressaltar que o cumprimento da pena não exime o executado do


pagamento das prestações vencidas e vincendas.

A prisão não consiste em sanção penal em virtude da prática de delito, mas,


sim, medida executiva de caráter coercitivo, com o objetivo de constranger o devedor
ao pagamento da dívida. Tanto o é que, paga a prestação alimentícia, o juiz
suspenderá o cumprimento da ordem de prisão.

3. Cumprimento de sentença que fixa os alimentos pelo procedimento comum

Para evitar o constrangimento da prisão do devedor de alimentos, o legislador


deixou à disposição do credor a possibilidade de optar pelo cumprimento de sentença
pelo rito comum executivo (artigos 523 e seguintes, CPC).

Nestas hipóteses, remeto à leitura das considerações que fizemos quando


abordamos o tema da fase de cumprimento de sentença que fixa obrigação de quantia
certa.

Entretanto, quatro observações importantes precisam aqui serem feitas:

A primeira é que, recaindo a penhora em dinheiro, a concessão de efeito


suspensivo à impugnação não obsta a que o exequente levante mensalmente a
importância da prestação.

A segunda regra é que, quando o executado for funcionário público, militar,


diretor ou gerente de empresa ou empregado sujeito à legislação do trabalho, o
exequente poderá requerer o desconto em folha de pagamento da importância da
prestação alimentícia. Ao proferir a decisão, o juiz oficiará à autoridade, à empresa ou
ao empregador, determinando, sob pena de crime de desobediência, o desconto a

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partir da primeira remuneração posterior do executado, a contar do protocolo do ofício.


O ofício conterá o nome e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do
exequente e do executado, a importância a ser descontada mensalmente, o tempo de
sua duração e a conta na qual deve ser feito o depósito.

A terceira regra é que, sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos


(segunda regra acima), as parcelas vencidas também podem ser descontadas dos
rendimentos ou rendas do executado, de forma parcelada, contanto que, somado à
parcela devida, não ultrapasse cinquenta por cento de seus ganhos líquidos. Perceba,
portanto, que diferentemente das execuções em geral (art. 833, IV, CPC), aqui o
legislador permite a penhora de salários e rendimentos para pagamento de dívidas de
alimentos, sejam elas vencidas e/ou vincendas.

Finalmente, a quarta peculiaridade é que, verificada a conduta


procrastinatória do executado, o juiz deverá, se for o caso, dar ciência ao Ministério
Público dos indícios da prática do crime de abandono material (art. 244, Código
Penal).

DO CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DE SENTENÇA

1. Considerações gerais

É possível que, pendente recurso sem efeito suspensivo, tenha o credor o


intento de promover a execução provisória do julgado.
A execução provisória, capitulada nos arts. 520 a 522, do CPC, far-se-á, no
que couber, do mesmo modo que a definitiva, observadas as seguintes regras:
a) corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exequente, que se obriga,
se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido;
b) fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a sentença
objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidados eventuais
prejuízos nos mesmos autos, por arbitramento;
c) o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem
alienação de propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado

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dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos
próprios autos;

d) se a sentença provisória for modificada ou anulada apenas em parte,


somente nesta ficará sem efeito a execução.

2. Procedimento

Ao requerer a execução provisória, o exequente instruirá a petição com cópias


autenticadas da sentença ou acórdão exequendo, da certidão de interposição do
recurso não dotado de efeito suspensivo, das procurações outorgadas pelas partes
da decisão de habilitação, se for o caso e, facultativamente, com outras peças
processuais que o exequente considere necessárias.

Ressalte-se que a autenticação das peças poderá ser dispensada quando o


advogado declarar a autenticidade, sob sua responsabilidade pessoal.

No cumprimento provisório da sentença, o executado poderá apresentar


impugnação. Neste caso, a multa de 10% e os honorários serão devidos no
cumprimento provisório de sentença condenatória ao pagamento de quantia certa.

Urge ressaltar que, se o executado comparecer tempestivamente e depositar


o valor, com a finalidade de isentar-se da multa, o ato não será havido como
incompatível com o recurso por ele interposto.

Pois bem, querido (a) advogado(a), preciso me despedir. E o farei da


mesma forma que tenho feito nos demais cursos de prática aqui de nossa
plataforma:

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Em primeiro lugar, agradecendo a Deus, Senhor de tudo, pela


oportunidade de ministrar este curso e poder, de alguma forma, colaborar para
o desenvolvimento de sua carreira.
Em segundo lugar, sendo grato a você pela confiança depositada em
nosso trabalho, ao decidir matricular-se neste curso. Espero, de coração, que
essa jornada tenha atendido às suas expectativas.
Finalmente, em terceiro lugar, desejo muito sucesso em sua caminhada!
Sei que muitos serão os desafios e, por isso, aconselho a calma e serenidade
necessárias nestes tempos difíceis.
Lembre-se do que diz a passagem de Mateus 6:25 e seguintes:

"Portanto eu lhes digo: não se preocupem


com suas próprias vidas, quanto ao que comer ou
beber; nem com seus próprios corpos, quanto ao que
vestir. Não é a vida mais importante do que a comida,
e o corpo mais importante do que a roupa?

Observem as aves do céu: não semeiam nem colhem


nem armazenam em celeiros; contudo, o Pai celestial
as alimenta. Não têm vocês muito mais valor do que
elas?

Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode


acrescentar uma hora que seja à sua vida?
"Por que vocês se preocupam com roupas? Vejam
como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham
nem tecem.
Contudo, eu lhes digo que nem Salomão, em todo o
seu esplendor, vestiu-se como um deles.
Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe
e amanhã é lançada ao fogo, não vestirá muito mais a
vocês, homens de pequena fé?

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Portanto, não se preocupem, dizendo: ‘Que


vamos comer? ’ ou ‘que vamos beber? ’ ou ‘que
vamos vestir? ’
Pois os pagãos é que correm atrás dessas coisas;
mas o Pai celestial sabe que vocês precisam delas.

Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de


Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão
acrescentadas.”

Portanto, faça apenas a sua parte. No mais, procure descansar e deixar


que tudo ocorra na conformidade da vontade de Deus. Afinal, ela é boa, perfeita
e agradável!

Abraço fraterno,

André Mota.

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