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Regra geral:
O art. 516, II, CPC, confirma a regra de que a execução deve ocorrer perante o juízo
que processou a causa em primeiro grau de jurisdição. O juízo da execução é o juízo da
sentença. Ainda que a sentença tenha sido objeto de recurso e, por isso, seja
substituída por acórdão, a competência para o sucessivo cumprimento será do juízo de
primeiro grau.
Essa regra de competência é bem tradicional e segue as características já examinadas:
a) é funcional, pois se relaciona ao exercício de função dentro de um mesmo processo -
portanto, o desrespeito a esse comando implica incompetência absoluta; b) decorre
também de uma conexão por sucessividade. É caso de competência funcional absoluta.
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A execução da sentença de alimentos e a mudança de domicílio do alimentando
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A regra tem a função de proteger o credor da prestação alimentícia, facilitando o seu acesso à
justiça. Garante-se que, também no momento de executar a sentença, possa o alimentando,
agora residindo em outra comarca, optar pelo seu novo domicílio. Ao credor de alimentos é
preferível promover a execução no juízo do foro de seu domicílio, sem a necessidade de deslocar-
se a outro foro ou de despender recursos - de que não dispõe - com esse eventual deslocamento
por parte de seu advogado.
A competência funcional absoluta do juízo que prolatou a sentença de alimentos para executá-la
(art. 516, II, CPC) só se firma se o alimentando escolher o seu foro para promover a execução.
Feita essa escolha, ali se perpetua a jurisdição executiva.
Há que se observar, também, a hipótese de, já iniciado o cumprimento da sentença perante o
juízo que julgou a causa no primeiro grau de jurisdição, sobrevir mudança do domicílio ou da
residência do alimentando.
Essa mudança acarretaria a alteração da competência do juízo, afastando a perpetuatio
jurisdictionis?
A resposta deve ser positiva. Alterada a residência ou o domicílio o alimentando, cumpre
modificar a competência do juízo da execução. A execução de alimentos é processada num
processo itinerante, pelas mesmas razões que fazem do cumprimento de sentença uma causa
igualmente itinerante, consoante já demonstrado no item anterior.
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Cumprimento de sentença para pagamento de quantia
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O procedimento executivo da prestação de pagar quantia calcada em título
judicial apresenta, tal como ocorre com o procedimento executivo calcado em
título extrajudicial, duas fases bem definidas: (I) a primeira, denominada de
fase inicial ou fase de cumprimento voluntário, por meio da qual se defere ao
devedor um determinado prazo para que cumpra, espontaneamente, o dever
que lhe foi imposto; (II) a segunda, denominada de fase de execução forçada,
em que se praticam atos tendentes à satisfação compulsória do direito de
prestação do credor.
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FASE INICIAL DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA E A MULTA LEGAL PELO
INADIMPLEMENTO
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A provocação do exequente é única: serve tanto para fase inicial quanto para a
fase de execução forçada. Ou seja: o exequente pede a instauração do
cumprimento de sentença; o devedor é intimado para pagar a dívida em
quinze dias e não paga; a fase subsequente, de execução forçada, se inicia sem
a necessidade de nova provocação do exequente (art. 523, § 3º, CPC),
observadas as regras da execução por pagamento de quantia (arts. 824 e
segs., CPC).
O requerimento do exequente deve observar o disposto no art. 524 do CPC.
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c) Aplica-se, nesse caso, o disposto no art. 231, § 3º, do CPC. O pagamento é
ato que deve ser praticado diretamente pela parte, sem a intermediação
necessária de representante judicial. Assim, o prazo tem início a partir da
própria intimação, e não da juntada do respectivo aviso de recebimento ,
quando a comunicação for feita desse modo.
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f) Havendo litisconsórcio passivo, o prazo para cumprimento voluntário é
contado individualmente, a partir da respectiva intimação (art. 231, § 2º, CPC).
Por se tratar de prazo para cumprimento, e não para manifestação, ele não se
conta em dobro mesmo quando há litisconsortes acompanhados por distintos
procuradores (art. 229, CPC).
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h) O legislador instituiu uma multa legal com o objetivo de forçar o
cumprimento voluntário da obrigação pecuniária. Trata-se de medida de
coerção indireta6 prevista em lei, que dispensa manifestação judicia. Além de
medida de coerção, a imposição de multa revela-se como medida punitiva: é
hipótese de sanção legal pelo inadimplemento da obrigação.
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Quanto à finalidade, a multa do art. 523, § lQ, do CPC difere da multa do art.
536, § 1º c/c art. 537, do CPC. Enquanto esta última tem caráter coercitivo,
apenas, a multa do art. 523, § 1º, tem caráter coercitivo e, também, punitivo,
uma vez que, tendo a mesma natureza do objeto da prestação cujo
cumprimento visa impor (em ambos os casos, dinheiro), a multa do art. 523, §
1º, tem o efeito de aumentar o valor da dívida cobrada.
Essa multa não tem origem em decisão judicial, diferentemente do que ocorre
com a multa coercitiva fixada nos termos do art. 537 do CPC. Assim, é
desnecessário que haja pedido da parte ou mesmo imposição expressa na
decisão.
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j) A lei fixa o prazo de quinze dias para o adimplemento voluntário da
obrigação. Trata-se de prazo legal criado com o objetivo de determinar o
momento a partir do qual o devedor será considerado inadimplente. O
inadimplemento é um dos pressupostos para o início da atividade executiva. O
devedor que não cumprir voluntariamente a obrigação nesse prazo será
considerado inadimplente. O inadimplemento pressupõe a prévia intimação
do executado, nos termos do art. 513 do CPC.
k) Para que incida o caput do art. 523, é preciso que a dívida seja líquida;
enquanto não for liquidado o valor da obrigação pecuniária devida, não se
pode falar em inadimplemento, muito menos de multa sobre um montante
que não se sabe qual é. Eis a razão do trecho do caput: condenado o devedor
"ao pagamento de quantia certa, ou já fixada em liquidação".
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l) De acordo com o § 2º do art. 523 do CPC, efetuado o pagamento parcial no
prazo previsto no caput deste artigo, a multa de dez por cento e os honorários
advocatícios fixados nos termos do § 1º do art. 523 incidirão sobre o restante.
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