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Professor: Dr. Duraid Bazzi
DA EXECUÇÃO
1. Duas técnicas de execução:
Antigamente, o processo civil era separado em processos estanques, onde os atos
de cognição se prestavam a formar a convicção do juiz e os atos de execução se
destinavam a tornar material o direito que se gozava com certo grau de certeza.
Ainda que transitada em julgado a sentença condenatória não se cumpria
automaticamente, caso o devedor não cumprisse a obrigação, era necessário
ajuizar outra ação para os atos satisfativos do credor. Também não havia
distinções significativas entre a execução por título judicial e extrajudicial.
O Código Civil passou por sucessivas transformações que alteraram por completo o
sistema inicialmente adotado.
As sentenças condenatórias de obrigação de fazer ou não fazer receberam cunho
mandamental, sendo expedido uma ordem ao devedor para que a cumpra e caso isto
não ocorra, desnecessário processo autônomo de execução. Basta que se postulem
as providências previstas nos parágrafos 4º, 5º e 6º do artigo 461 para
efetivação da determinação judicial.
“Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou
não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação, ou, se procedente
o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático
equivalente ao do adimplemento.
…
§ 4º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor
multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou
compatível com a obrigação, fixandolhe prazo razoável para o cumprimento do
preceito.
§ 5º Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático
equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas
necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e
apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de
atividade nociva, se necessário com requisição de força policial.
§ 6º O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa,
caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva.”
Continua existindo o processo de execução autônomo de obrigação de fazer e não
fazer (artigos 632 e seguintes do CPP), mas este ficou reservado àquelas
obrigações que figurem título executivo extrajudicial.
Antes, num processo de cobrança, por exemplo, poderíamos identificar até três
processos distintos: o de conhecimento, o de liquidação e o de execução. Após a
introdução da Lei 11.232/05, essa sistemática foi modificada e passou a
considerar todo o procedimento, desde o aforamento da demanda até a satisfação
da execução como um processo único, onde os processos antigos passaram a
configurar fases deste. A doutrina denomina esta sistemática como processo
sincrético que contém fases cognitivas e executivas. Desta forma, a nomenclatura
correta para esta fase é cumprimento de sentença e não processo de execução.
O conceito de sentença no processo de conhecimento que era o fim do processo
naquele determinado grau de jurisdição foi reformulado. A sentença somente
findará o processo se extinguir o mesmo sem resolução de mérito. A sentença que
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resolve o mérito põe fim apenas a fase cognitiva em primeiro grau e não mais ao
processo. O processo deverá prosseguir com a fase de liquidação (se o valor da
condenação não for líquido) e a fase de execução, para só então encerrarse.
Por integrar o processo sincrético, a liquidação deixou de existir como processo
autônomo. O tema passou a ser tratado nos artigos 475A a 475H, e não mais no
livro II – Do processo de execução.
“Art. 475A. Quando a sentença não determinar o valor devido, procedese à sua
liquidação.
§ 1º Do requerimento de liquidação de sentença será a parte intimada, na pessoa
de seu advogado.
§ 2º A liquidação poderá ser requerida na pendência de recurso, processandose
em autos apartados, no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o
pedido com cópias das peças processuais pertinentes.
“Art. 475H. Da decisão de liquidação caberá agravo de instrumento.”
Considerando esta sistemática (processo sincrético), desnecessário nova citação
do devedor, haja vista que esta ocorrera na fase do processo de conhecimento,
bastando a intimação do advogado.
“Art. 475I. O cumprimento da sentença farseá conforme os arts. 461 e 461A
desta Lei ou, tratandose de obrigação por quantia certa, por execução, nos
termos dos demais artigos deste Capítulo.
§ 1º É definitiva a execução da sentença transitada em julgado e provisória
quanto se tratar de sentença impugnada mediante recurso ao qual não foi
atribuído efeito suspensivo,
§ 2º Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é
lícito promover simultaneamente a execução daquela e, em autos apartados, a
liquidação desta.”
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alienação de propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado
dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada
nos próprios autos.
§ 1º No caso do inciso II do caput deste artigo, se a sentença provisória for
modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito a
execução.
§ 2º A caução a que se refere o inciso III do caput deste artigo poderá ser
dispensada:
I – quando, nos casos de crédito de natureza alimentar ou decorrente de ato
lícito, até o limite de sessenta vezes o valor do saláriomínimo, o exequente
demonstrar situação de necessidade;
II – nos casos de execução provisória em que penda agravo de instrumento junto
ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça (art. 544),
salvo quando da dispensa possa manifestamente resultar risco de grave dano, de
difícil ou incerta reparação.
Os títulos executivos judiciais deixaram de ser tratados no Livro do Processo de
Execução e agora, eles estão enumerados no artigo 475N, e são aptos a
desencadear a fase executiva.
“Art. 475N. São títulos executivos judiciais:
I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de
obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia;
II – a sentença penal condenatória transitada em julgado;
III – a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua
matéria não posta em juízo;
IV – a sentença arbitral;
V – o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente;
VI – a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;
VII – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao
inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal.
Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado inicial (art.
475J) incluirá a ordem de citação do devedor, no juízo civil, para liquidação
ou execução, conforme o caso.”
Na execução por título judicial, o devedor terá a oportunidade de oferecer uma
impugnação em 15 dias a contar da data que é intimado, na pessoa de seu
advogado, ou na falta deste, de seu representante legal, se o credor não
preferir que ela seja pessoal.
Esta impugnação não tem natureza jurídica de nova ação, como os embargos, mas de
mero incidente processual. Por isso, salvo se for acolhida, resultando na
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extinção do processo (caso em que caberá apelação), será julgada por decisão
interlocutória, contra a qual caberá agravo de instrumento. A amplitude
cognitiva dessa impugnação também é limitada. Somente as matérias indicadas no
artigo 475L, em caráter taxativo, serão examinadas.
“Art.475L. A impugnação somente poderá versar sobre:
I – falta ou nulidade da citação se o processo correu à revelia;
II – inexigibilidade do título;
III – penhora incorreta ou avaliação errônea;
IV – ilegitimidade das partes;
V – excesso de execução;
VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como
pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que
superveniente à sentença.
§1º Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considerase
também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados
inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou
interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como
incompatíveis com a Constituição Federal.
§2º Quando o executado alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia
quantia superior à resultante da sentença, cumprirlheá declarar de imediato o
valor que entende correto, sob pena de rejeição liminar dessa impugnação.”
“Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais:
I – a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicada, a debênture e o cheque;
II – a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o
documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o
instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria
Pública ou pelos advogados dos transatores;
III – os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem
como os de seguro de vida;
IV – o crédito decorrente de foro e laudêmio;
V – o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem
como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;
VI – o crédito de serventuário de justiça, perito, de intérprete, ou de
tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por
decisão judicial.
VII – a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos
inscritos na forma da lei;
VIII – todos os demais títulos a que por disposição expressa, a lei atribuir
força executiva.
§2º Não dependem de homologação pelo Supremo Tribunal Federal, para serem
executados, os títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país estrangeiro.
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Quadro Sinótico:
Panorama das principais inovações recentes da execução civil
Sentença Ilíquida: fase de liquidação.
A liquidação é declarada por decisão
interlocutória, sujeita a agravo de
instrumento.
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Processo de execução e cautelar, v.12 / Marcus Vinicius Rios Gonçalves. 13ª. ed. reform. São Paulo: Saraiva, 2010
2. Da atividade executiva:
A técnica para a atividade executiva será:
• imediata – sem processo autônomo, cumprimento de sentença;
• autônoma – prescinde o prévio processo de conhecimento, processo autônomo.
3. Modalidades da execução:
• Cumprimento de sentença: constitui apenas uma fase de um processo maior,
sempre precedida de atividade cognitiva. A técnica aplicada será sempre
imediata. Utilizada para títulos judiciais (art. 475N CPC).
A execução por título judicial, nos termos do artigo 475I, §1º do CPC, é
definitiva quando houver sentença transitada em julgado, e provisória quando foi
impugnada mediante recurso sem efeito suspensivo. Também é provisória a execução
das decisões de antecipação de tutela (art. 273, §3º CPC).
“Art. 475I. O cumprimento da sentença farseá conforme os arts. 461 e 461A
desta Lei ou, tratandose de obrigação por quantia certa, por execução, nos
termos dos demais artigos deste Capítulo.
§ 1º É definitiva a execução da sentença transitada em julgado e provisória
quanto se tratar de sentença impugnada mediante recurso ao qual não foi
atribuído efeito suspensivo,”
A execução fundada em título extrajudicial é, em regra, definitiva. Entretanto,
poderá ser provisória se houver oposição de embargos recebidos com efeito
suspensivo enquanto pender apelação da sentença que os julgou improcedentes.
Neste caso é preciso atender a dois requisitos: o juiz deverá atribuir aos
embargos o efeito suspensivo (exceção), e que tenha havido apelação da sentença
que os julgou improcedentes, ficando a execução suspensa até o julgamento dos
embargos. Como foram considerados improcedentes, a execução poderá prosseguir,
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haja vista que a apelação não tem efeito suspensivo, porém será provisória e não
definitiva.
A execução provisória corre por conta e risco do exequente, que deverá indenizar
os prejuízos que der causa se a sentença for reformada. A principal diferença
entre ela e a definitiva é a necessidade de caução, a ser prestada pelo credor,
para garantir ao devedor o ressarcimento em caso de modificação do julgado. A
caução será exigida em três situações: quando houver levantamento de dinheiro,
prática de atos que importem alienação de domínio ou prática de atos dos quais
possa resultar grave dano ao executado. Se o crédito for de natureza alimentar
ou decorrente de ato ilícito, até o valor de sessenta salários mínimos, a caução
será dispensada se o exequente demonstrar situação de necessidade. Também será
dispensada a caução quando a execução for provisória porque pende agravo de
instrumento no STF ou STJ (art. 544 CPC), salvo quando a dispensa puder causar
grave dano, de difícil ou incerta reparação.
No caso de execução de alimentos, caso haja alteração no julgado, o prejuízo do
devedor será irreversível, pois os alimentos são por sua natureza irrepetíveis.
Para obter a satisfação do credor, o legislador faz uso de dois tipos de
mecanismos (meios da função executiva): os de coerção, onde o Estadojuiz impõe
meios de pressão (ex.:imposição de multa diária pelo atraso) para que o próprio
devedor cumpra a obrigação que lhe foi imposta e os de subrogação onde o
Estadojuiz substituise ao devedor no cumprimento da obrigação. Exemplificando:
o credor não paga, o Estado apreende os seus bens e os vende em hasta pública e,
com o produto paga o credor.
4. Princípios da execução:
Desta forma, não se aplica mais este princípio às execuções em geral, mas tão
somente àquelas fundadas em título executivo extrajudicial, onde haverá a
formação de novo processo.
Em regra, os princípios estão indicados em dispositivos do Livro do Processo de
Execução, entretanto aplicamse também às execuções imediatas, tratadas no Livro
do Processo de Conhecimento.
a) Princípio da patrimonialidade – a garantia do débito é o patrimônio e não a
pessoa do devedor, conforme dispõe o artigo 591 CPC.
“Art.591. O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos
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os seus bens presentes e futuros, salvo restrições estabelecidas em lei.”
São exceções apenas as dívidas de alimentos, que permitem a prisão civil em caso
de inadimplemento.
b) Princípio do exato adimplemento – a execução fazse no interesse do credor
(art. 612 CPC) e deve garantirlhe o resultado que decorreria do adimplemento da
obrigação (execução específica), ressalvada a excepcional conversão em pecúnia.
Por isso, a execução não atingirá o patrimônio do devedor, senão naquilo que for
necessário para satisfação do credor.
O artigo 659 do CPC determina que serão penhorados tantos quantos bens bastem
para o pagamento do principal, juros, custas e honorários advocatícios, sendo
suspensa logo que o produto da alienação for suficiente (art. 692, parágrafo
único CPC).
“Art. 659. A penhora deverá incidir em tantos bens quantos bastem para o
pagamento do principal atualizado, juros, custas e honorários advocatícios.”
“Art. 692. Não será aceito lanço que, em segunda praça ou leilão, ofereça preço
vil.
Parágrafo único. Será suspensa a arrematação logo que o produto da alienação
dos bens bastar para o pagamento do credor.”
O credor tem plena disponibilidade do processo podendo desistir de toda execução
ou de algumas medidas executivas a qualquer tempo, pois a execução é realizada
no seu interesse. Porém, a desistência dependerá da anuência do devedor se ele
tiver oposto embargos à execução ou tiver apresentado impugnação, na execução
por título judicial, e eles não versarem apenas questões processuais (art. 569 e
§ único). Sempre que desistir da execução embargada ou impugnada e a desistência
for homologada, o credor deve suportar as custas, despesas processuais e
honorários advocatícios (CPC, arts. 26 e 569, parágrafo único, a).
“Art. 569. O credor tem a faculdade de desistir de toda a execução ou de apenas
algumas medidas executivas.
Parágrafo único. Na desistência da execução, observarseá o seguinte:
a) serão extintos os embargos que versarem apenas sobre questões processuais,
pagando o credor as custas e os honorários advocatícios;
b) nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do embargante.”
“Art. 26. Se o processo terminar por desistência ou reconhecimento do pedido,
as despesas e os honorários serão pagos pela parte que desistiu ou reconheceu.”
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“Art. 659. A penhora deverá...
§ 2º Não se levará a efeito a penhora, quando evidente que o produto da
execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das
custas da execução.”
d) Princípio da menor onerosidade – deve ser conjugado com os demais. A execução
fazse no interesse do credor, porém, quando por vários meios puder ser obtida a
satisfação do credor, o juiz mandará que a execução se faça do modo menos
gravoso ao devedor (art. 620 CPC). Assim, evitamse gravames desnecessários,
quando o credor tem outros meios para tornar concretos os seus direitos.
“Art. 620. Quando por vários meios o credor puder promover a execução, o juiz
mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o devedor”.
É frequente que o credor tenha de antecipar o pagamento de tais despesas, sob
pena de não haver como prosseguir a execução. No entanto, feita a antecipação,
as despesas serão incluídas no débito e suportadas pelo devedor.
A doutrina da inexistência do contraditório na execução foi sustentada muitas
vezes com o argumento de que não há julgamento de mérito, como no processo de
conhecimento. Efetivamente, inexiste julgamento de mérito na execução,
entretanto, nem por isso deixou de ser fartamente lardeado que o réu está sendo
processado na fase do conhecimento e o contraditório tenha existido.
5. As partes na execução:
Legitimidade ativa:
A execução há de ser promovida por quem figure no título executivo como credor,
portanto a legitimidade das partes é aferida pelo que consta do título
executivo.
O credor deve ter capacidade processual. Caso não tenha, deverá ser representado
ou assistido.
“Art. 566. Podem promover a execução forçada:
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I o credor a quem a lei confere título executivo;
II – o Ministério Público, nos casos prescritos em lei.”
Não se admite no processo ou fase de execução qualquer das formas de intervenção
de terceiro, mesmo que o tenha havido na fase do processo de conhecimento não se
estenderá à execução.
O art. 567 do CPC, que se aplica também às execuções por títulos judiciais (art.
475R), elenca situações em que é atribuída legitimidade ativa a pessoas que não
participaram da formação do título, mas tornaramse sucessoras do credor, por
ato inter vivos ou mortis causa.
“Art. 567. Podem também promover a ação ou nela prosseguir:
I – o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte
destes, lhes for transmitido o direito resultante do título executivo;
II – o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe foi
transferido por ato entre vivos;
III – o subrogado, nos casos de subrogação legal ou convencional.”
O legislador atribui legitimidade ativa ao subrogado, nos casos de subrogação
legal ou convencional (subrogado aquele que paga a dívida alheia, assumindo
os direitos, ações e privilégios que eram atribuídos ao credor primitivo). A
subrogação pode decorrer de lei como nas hipóteses do art. 346 CC, ou da
vontade dos interessados, como nas situações do art. 347 CC.
O artigo 595, parágrafo único do CPC, faculta ao fiador que pagar a dívida
prosseguir nos próprios autos a execução do afiançado.
Embora a norma refirase especificamente ao fiador, toda vez que houver sub
rogação, poderá o subrogado prosseguir nos mesmos autos.
“Art. 595. O fiador, quando executado, poderá nomear à penhora bens livres e
desembargados do devedor. Os bens do fiador ficarão, porém, sujeitos à
execução, se os do devedor forem insuficientes à satisfação do direito do
credor.
Parágrafo único. O fiador, que pagar a dívida, poderá executar o afiançado nos
autos do mesmo processo.”
CC – “Art. 346. A subrogação operase, de pleno direito, em favor:
I – do credor que paga a dívida do devedor comum;
II – do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem
como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre
imóvel;
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III – do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser
obrigado, no todo ou em parte.”
CC – “Art. 347. A subrogação é convencional:
I – quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe
transfere os direitos;
II – quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a
dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante subrogado nos direitos do
credor satisfeito.”
Legitimidade passiva:
Em regra a execução é ajuizada contra o devedor, reconhecido como tal em título
executivo.
A sentença penal que condena o preposto, não enseja a propositura de execução
contra o preponente.
Conforme súmula 341 do STF, o patrão responde pelos danos civis causados por
seus empregados, entretanto não há título executivo contra o patrão. Para que o
seu patrimônio seja atingido, é necessária a propositura de ação de conhecimento
contra ele, sendo desnecessária a prova de culpa do empregado se este tiver
condenação criminal.
“Súmula 341 do STF. É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo
do empregado ou preposto.”
Em caso de morte do devedor, serão legitimados o espólio, enquanto não efetivar
a partilha ou após esta os herdeiros e sucessores, respondendo cada herdeiro na
proporção da parte que lhe coube na herança. Em caso de solidariedade entre
devedores e na morte de um destes, os herdeiros somente serão obrigados a pagar
a cota que corresponder a seu quinhão hereditário, exceto se a obrigação for
indivisível.
Também poderá ser legitimado passivo o novo devedor que assumiu o débito, com o
consentimento do credor. Esta anuência é necessária porque, feita a cessão, será
o patrimônio do cessionário que responderá pelo débito.
O fiador judicial e o responsável tributário podem ser demandados na execução,
ainda que não figurem no título executivo.
A fiança pode ser convencional ou judicial. Convencional é aquela que resulta de
contrato enquanto judicial provém de ato processual. Assim, o fiador judicial,
no curso do processo, presta garantia pessoal ao cumprimento da obrigação de uma
das partes, podendo ser executado pela obrigação afiançada. Para iniciar a
execução, basta a prova da existência de título executivo contra uma das partes
e a demonstração de que esse débito é garantido por fiança judicial.
6. Competência:
A execução fundada em título judicial será processada perante o juízo na qual o
título se formou, podendo ainda o exequente optar pelo juízo do local onde se
encontram bens sujeitos à expropriação (o que pode facilitar a penhora,
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Quando o título executivo for sentença penal condenatória, sentença estrangeira
ou sentença arbitral, a execução correrá perante o juízo civil competente, pois
haverá execução autônoma.
Para execução de título extrajudicial, é competente o foro da praça de pagamento
do título, se outro não houver sido eleito. Se não houver indicação da praça de
pagamento, a execução deverá ser proposta no foro de domicílio do devedor.
Quadro Sinótico:
Execução
Princípios:
Princípio da patrimonialidade: Garantia do débito – patrimônio do devedor.
Exceção: dívida de alimentos.
Princípio do exato adimplemento: A execução deve ser específica e suficiente
para satisfação do credor e não mais do que isso.
Princípio da menor onerosidade: Na possibilidade de mais de um meio de
satisfação do interesse do credor, o juiz mandará que ocorra da forma menos
gravosa ao devedor.
Princípio da responsabilidade do devedor: Responsabilidade pelas custas,
despesas do processo, honorários.
Princípio do contraditório: Assegurado pela CF a todos os processos judiciais.
Título Judicial:
Fundamento:
Emanados do Poder Judiciário (enumerados no art. 475N do CPC)
Não formam um novo processo, mas apenas uma fase, razão pela qual dispensam a
citação do réu, salvo se fundadas em sentença penal, arbitral ou estrangeira.
Caráter:
Natureza: imediata – sem processo autônomo, o que pressupõe prévia atividade
cognitiva, sem o qual o direito não adquire a certeza necessária para que se
possa invadir, coercitivamente, o patrimônio do devedor.
Execução definitiva: se a sentença já houver transitado em julgado.
Execução provisória: se a sentença tiver sido impugnada por recurso, sem efeito
suspensivo; ou nos casos de execução das decisões de antecipação da tutela.
Prestações:
Obrigação de fazer ou não fazer (art. 461 do CPC e seus parágrafos);
Obrigação de entrega de coisa (art. 461A e parágrafos);
Obrigação por quantia certa (artigos 475I e 475R).
Título extrajudicial
Fundamento:
Títulos executivos extrajudiciais, documentos não provenientes do Judiciário,
aos quais a lei atribui eficácia executiva. Estão enumerados no artigo 585 do
CPC. Constituem um novo processo em que o réu deverá ser citado.
Caráter:
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Natureza: autônoma – é prescindível o prévio processo de conhecimento, porque a
lei outorga eficácia executiva a certos títulos, atribuindolhes a certeza
necessária para desencadear o processo de execução.
Regra: Execução definitiva.
Exceção: A execução será provisória pendente a apelação da sentença de
improcedência dos embargos do executado, desde que eles tenham sido recebidos
no efeito suspensivo (art. 587 do CPC).
Prestações:
Obrigação de fazer ou não fazer (artigos 632 e seguintes do CPC);
Obrigação de entrega da coisa (artigos 621 e seguintes);
Obrigação por quantia certa (artigos 646 e seguintes – contra devedor solvente
e artigos 748 e seguintes – contra devedor insolvente)
Legitimidade Ativa
Credor que figure como tal no título executivo (art. 566, I, do CPC): deve ter
capacidade processual, e a petição inicial há de vir firmada por quem tenha
capacidade postulatória.
Ministério Público: promoverá a execução nos casos autorizados em lei. Quando
atuar como parte, sempre lhe será dado promover a execução. Quando atuar como
fiscal da lei, a legitimidade dependerá da autorização legal.
Espólio, sucessores ou herdeiros do credor: podem promover a execução por ato
mortis causa. Antes da partilha dos bens, a legitimidade será do espólio. Após,
a legitimidade será dos herdeiros ou sucessores.
Se a morte do credor ocorrer depois do ajuizamento da execução, a sucessão no
polo ativo farseá na forma do artigo 43 do CPC.
Cessionário: decorrente da cessão de crédito (artigo 286 do CC). Promoverá a
execução por ato inter vivos. Mesmo que iniciada a execução, o cessionário pode
assumir o polo ativo sem anuência do devedor, pois inaplicável o artigo 42, §1º
do CPC.
Subrogado: a subrogação pode ser legal (artigo 346 do CC) ou convencional
(artigo 347 do CC). Permitese ao subrogado dar início à execução, ou nela
prosseguir. Assim, se um terceiro pagar a dívida, subrogandose nos direitos
do credor, será possível requerer o prosseguimento nos próprios autos, sem a
necessidade de extinguirse a execução originária.
Legitimidade Passiva
Devedor que figure como tal no título executivo: só cabe execução contra quem
figura no título. Por isso, havendo condenação do preposto por sentença penal,
não é possível executar o preponente, já que ele não foi parte no processo
criminal.
Espólio, sucessores ou herdeiros do devedor: até o momento da partilha de bens,
o espólio deverá ser demandado. Consumado tal ato, a legitimidade passiva para
os herdeiros ou sucessores, sendo que respondem na proporção de cada parte que
lhes couber na herança. Na hipótese de solidariedade passiva, os herdeiros ou
devedores respondem apenas no limite da cota que corresponder o seu quinhão
hereditário, salvo se a obrigação era indivisível.
Novo devedor: nova pessoa assume o débito com o consentimento do credor. Sem a
anuência deste, a cessão não vale.
Fiador Judicial e responsável tributário: podem ser demandados, embora não
figurem no título executivo. Fiador judicial é aquele que, no curso do
processo, presta garantia pessoal ao cumprimento da obrigação de uma das
partes. Responsável tributário é aquele que não pratica o fato gerador do
tributo, mas é obrigado ao cumprimento da obrigação por disposição legal.
Litisconsórcio / Intervenção de Terceiros
Aluna: Paula Cristina Carvalho
Direito Processual Civil Processo de Execução – 1º Semestre – 4º ano
Professor: Dr. Duraid Bazzi
Litisconsórcio: é admitido na execução, tanto no polo ativo quanto no passivo.
É em regra facultativo, e cada credor poderá livremente executar a parte que
lhe caiba, ou até a totalidade da dívida, na hipótese de solidariedade. Só será
necessário quando versar sobre obrigação de fazer incindível, ou entrega de
coisa indivisível.
Intervenção de terceiros: Não são admissíveis na execução as formas de
intervenção de terceiro previstas no Livro I: denunciação da lide, chamamento
ao processo, oposição e nomeação à autoria. Nem mesmo a assistência, uma vez
que na execução não haverá sentença favorável a uma das partes, mas sim a
satisfação de um crédito consubstanciado em um título executivo.
Competência
Regra: São três os foros competentes (CPC, art. 475P), cabendo a escolha ao
credor. Somente se a execução for proposta fora de qualquer dos três, o juiz
pode declararse incompetente de ofício:
• juízo no qual o título se formou;
• foro em que o executado tiver bens;
• foro de domicílio atual do executado.
Exceção: sentença penal condenatória, sentença estrangeira e sentença arbitral,
por implicarem formação de novo processo, correrão perante o juízo cível
competente.
Foro da praça do pagamento do título, se outro não houver sido eleito.
Não havendo praça definida de pagamento, a execução deverá ser proposta no foro
do domicílio do devedor.
Competência relativa, portanto cabível a exceção de incompetência por parte do
devedor.
Processo de execução e cautelar, v.12 / Marcus Vinicius Rios Gonçalves. 13ª. ed. reform. São Paulo: Saraiva, 2010
7. Requisitos necessários para a execução:
Inadimplemento do devedor
Para que o credor tenha interesse de agir, é necessário que o devedor não tenha
satisfeito espontaneamente obrigação líquida, certa e exigível, consubstanciada
em título executivo.
Em caso de prestações simultâneas, de sorte que nenhum contatante possa exigir a
prestação do outro, antes de ter cumprido a sua, não se procederá a execução, se
o devedor se propuser a cumprir a sua parte, empregando meios idôneos, e o
credor recusarse ao cumprimento da contraprestação. Tal aplicação processual
está prevista nos artigos 476 e 477 do CC. A exceptio só se aplica quando houver
obrigações recíprocas e simultâneas.
CC “Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de
cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento do outro.”
CC “Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes
contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar
duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusarse à prestação
que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia
bastante de satisfazêla.”
Aluna: Paula Cristina Carvalho
Direito Processual Civil Processo de Execução – 1º Semestre – 4º ano
Professor: Dr. Duraid Bazzi
Título executivo
8. Requisitos do título executivo:
“Art. 586. A execução para cobrança de crédito fundarseá sempre em título de
obrigação certa, líquida e exigível.”
A obrigação é certa quando não há controvérsia quanto à existência do crédito. A
certeza decorre, normalmente, da perfeição formal do título.
A obrigação é líquida quando determinado o valor e a natureza daquilo que se
deve. O título é certo quando se sabe que se deve; líquido, quando se sabe
quanto e o que deve.
A obrigação não deixa de ser líquida por não apontar o montante da dívida, desde
que se possa, pelos elementos contidos no título, e por simples cálculo
aritmético, chegar ao valor devido.
Quadro Sinótico:
Requisitos necessários para execução
Título Títulos executivos judiciais; art. 475N
Executivo Títulos executivos extrajudiciais: art. 585
Requisitos Obrigação líquida, certa e exível
Inadimplemento dos títulos Líquida: a natureza do débito predeterminado e o
do devedor executivos valor já fixado. Caso não haja valor fixado,
haverá processo de liquidação de sentença.
Certa: não há controvérsia quanto à existência
do crédito
Exigível: a obrigação já pode ser cobrada.
Processo de execução e cautelar, v.12 / Marcus Vinicius Rios Gonçalves. 13ª. ed. reform. São Paulo: Saraiva, 2010
Aluna: Paula Cristina Carvalho
Direito Processual Civil Processo de Execução – 1º Semestre – 4º ano
Professor: Dr. Duraid Bazzi
9. Responsabilidade patrimonial:
Somente os bens do devedor que está sendo demandado que poderá ser atingido pela
execução, não podendo atingir bens de terceiro. Caso isto ocorra, o terceiro
poderá valerse da ação de embargos de terceiros para livrar seus bens da
constrição indevida.
O artigo 592 do CPC elenca algumas situações excepcionais nas quais terceiros,
que não são parte na execução podem ter seus bens atingidos, sem que haja
possibilidade de opor embargos de terceiros com sucesso. Esses terceiros não
configuram no polo passivo da execução, porém tem responsabilidade patrimonial e
seus bens ficam sujeitos à execução.
“Art. 592. Ficam sujeitos à execução os bens:
I – do sucessor a título singular, tratandose de execução fundada em direito
real ou obrigação reipersecutória;
II – do sócio, nos termos da lei;
III – do devedor, quando em poder de terceiros;
IV – do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua
meação respondem pela dívida;
V – alienados ou gravados com ônus real em fraude de execução.”
A responsabilidade patrimonial estendese aos bens:
• Do sucessor a título singular, tratandose de execução fundada em direito real ou obrigação
reipersecutória.
A alienação de bem, quando sobre ele pender ação fundada em direito real é
fraude à execução e está contemplada no inciso V. Assim, ela é ineficaz
perante o credor, como se não existisse e o bem continuasse a integrar o
patrimônio do devedor. Reconhecida a fraude à execução e decretada a
ineficácia da alienação, o credor poderá fazer a execução recair sobre o
bem alienado em mãos de terceiro, sem que ele possa oporse por meio de
embargos de terceiro, pois o adquirente ou cessionário de coisa litigiosa
fica sujeito aos efeitos da sentença (art. 42, §3º do CPC).
“Art. 42. …
§ 3º A sentença, proferida entre as partes originárias, estende os seus
efeitos ao adquirente ou ao cessionário.”
• Do sócio, nos termos da lei.
Aluna: Paula Cristina Carvalho
Direito Processual Civil Processo de Execução – 1º Semestre – 4º ano
Professor: Dr. Duraid Bazzi
• Do devedor, quando em poder de terceiro.
O bem do próprio devedor, ainda que em mãos de terceiros, estará sujeito à
execução. Há uma redundância, neste artigo, pois a propriedade do bem
continua sendo do devedor e não há que se recorrer às regras da
responsabilidade patrimonial.
• Do cônjuge, no caso em que seus bens responderem pela dívida.
Se as dívidas de um cônjuge houverem revertido proveito ao casal ou à
família, seja qual for o regime de bens, o outro responder por elas,
podendo a execução atingir os seus bens ou a sua meação. Há uma presunção
relativa de que a dívida contraída por um beneficia o outro, portanto o
cônjuge responde pela dívida do outro até provar que não foi beneficiado.
“Art. 1647. Ressalvado o disposto no art. 1648, nenhum dos cônjuges pode,
sem a autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: …
...III – prestar fiança ou aval;”.
O cônjuge do executado pode opor, alternativa ou cumulativamente, embargos
de terceiro ou de devedor, dependendo do que ele queira alegar. Se houver
sido intimado da penhora e quiser discutir o débito ou a nulidade da
execução será embargos de devedor. Se quiser apenas livrar seus bens da
constrição, ou a sua meação, a via adequada são os embargos de terceiros.
• Alienados ou gravador com ônus real em fraude de execução.
As hipóteses de alienação em fraude à execução estão enumeradas no artigo
593 do CPC.
“Art. 593. Considerase em fraude de execução a alienação ou oneração de
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Direito Processual Civil Processo de Execução – 1º Semestre – 4º ano
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bens:
I – quando sobre eles pender ação fundada em direito real;
II – quando, ao tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor
demanda capaz de reduzilo à insolvência;
III – nos demais casos expressos em lei.”
A alienação de coisa litigiosa não é vedada e nem modifica a legitimidade
das partes originárias, porém ela é ineficaz em relação ao credor.
O STJ tem decidido reiteradas vezes que só a partir da citação é que a
alienação configura fraude de execução. Antes da citação poderá haver
fraude contra credores. Embora tenham semelhanças, são institutos que não
se confundem.
Na fraude contra credores já existe a dívida mas não há ação em andamento,
ao passo que na fraude de execução o credor já demandou o devedor e este
já foi citado.
O legislador criou ainda um mecanismo, aplicável às execuções por título
extrajudicial onde o credor, para evitar eventual fraude, poderá registrar
a distribuição da execução, averbando no registro de imóveis ou de outros
bens sujeitos a registro. Se agir de máfé, o credor terá de indenizar os
prejuízos causados, conforme apurado em incidente que correrá em autos
apartados conforme artigo 18, §2º do CPC. Sem este registro, conforme
súmula 375 do STJ, não haverá presunção de máfé do adquirente.
“Art. 18. …
§ 1º Quando forem dois ou mais os litigantes de máfé, o juiz condenará
cada um na proporção do seu respectivo interesse na causa, ou
solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária.”
Aluna: Paula Cristina Carvalho
Direito Processual Civil Processo de Execução – 1º Semestre – 4º ano
Professor: Dr. Duraid Bazzi
Quadro Sinótico:
Responsabilidade Patrimonial
Quadro Sinótico:
Fraude contra credores e fraude à execução
Título executivo judicial Título executivo
Fraude (execução imediata) extrajudicial (execução
autônoma)
Contra credores Antes da citação no Antes da citação no
processo de conhecimento. processo de execução.
À execução Após a citação no Após a citação no
processo de conhecimento. processo de execução.
Das diferenças entre ambas
Fraude contra credores Fraude à execução
Instituto de direito material. Instituto de direito processual.
Defeito do negócio jurídico. Ato atentatório à dignidade da justiça.
Dívida já existente, contudo não há a O credor já demandou o devedor, e este
ação (de conhecimento, no caso de já foi citado (para ação de
título executivo judicial, ou de conhecimento ou execução, dependendo do
execução, no caso de título executivo caso).
extrajudical) em andamento.
Ineficácia em relação ao credorr, a A ineficácia em relação ao credor é
qual deve ser reconhecida em ação reconhecida nos próprios autos.
própria: ação paulitana.
Semelhanças entre ambas
Fraude contra credores Fraude à execução
Gera a ineficácia do negócio jurídico Gera a ineficácia do negócio jurídico
fraudulento, que pode ser reconhecida fraudulento, conquanto exija ação
na própria execução. paulitana.
Depende de comprovação de máfé do Também exige prova de máfé do
adquirente. adquirente (Súmula 375 do STJ), que só
será presumida se a penhora, a
distribuição da execução (art. 615A)
ou a citação nas ações reais ou
reipersecutórias forem registradas.
Processo de execução e cautelar, v.12 / Marcus Vinicius Rios Gonçalves. 13ª. ed. reform. São Paulo: Saraiva, 2010
Aluna: Paula Cristina Carvalho