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A petição inicial não se confunde com a demanda, mas é a forma pela qual a
demanda se materializa no mundo jurídico, como se a petição inicial fosse um
recipiente e a demanda o líquido que o preenche.
Desse modo verifica-se que a demanda expressa por meio da petição inicial
é a delimitação daquilo que poderá ser objeto da tutela jurisdicional. Desta
forma, a decisão proferida futuramente só poderá alcançar os limites
daquele direito que foi contemplado na petição inicial, sem poder aumentar
ou reduzir o seu alcance.
(ii) a qualificação das partes, composta pelos nomes, prenomes, estado civil,
a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no CPF
ou no CNPJ, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e
do réu
(vi) as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos
alegados
O juízo a que a petição é dirigida é o foro identificado como competente para julgar
aquela demanda, e deve ser indicado no cabeçalho da petição inicial designando-se
a unidade territorial (comarca ou seção judiciária), bem como a qualidade do
magistrado que receberá originariamente a demanda. Como exemplo: Exmo. Sr.
Juiz de Direito da __ Vara da Fazenda Pública da Comarca de Florianópolis/SC; ou
Exmo. Sr. Juiz Federal da Vara Cível da Seção Judiciária de São Paulo/SP.
c) contra indeferimento total ou parcial feito por decisão do relator, caberá agravo
interno;
2.1 Conceito
2.2 Requisitos
Os requisitos estão previstos nos artigos 322 e 324 do CPC, que estabelecem
que o pedido deve ser certo e determinado.
Por certo, tem-se a ideia de expresso, claro e definido. À exceção das regras
previstas no § 1º do artigo 322 do CPC, o ordenamento jurídico não admite
pedido implícito (o pedido implícito será estudado no subtópico
correspondente).
Nos dizeres de Roque (2016, p. 23) “tal exigência serve para que o juiz possa
delimitar o âmbito de sua atuação”.
Ainda, o pedido deve ser determinado, traduzindo-se em liquidez, qualidade
e/ou quantidade. Tal como ocorre com a certeza do pedido, o artigo 324, §
1º, CPC, traz as hipóteses legais em que o pedido pode ser genérico (que será
abordado em tópico específico).
O pedido deve estar expresso na petição inicial e definido quanto à
quantidade e à qualidade, ou seja, deve ser uma pretensão precisa, porém
isso não determina a necessidade de uma expressão econômica definida.
2.3 Cumulação de Pedidos
Como narrado anteriormente, é lícito ao autor cumular os pedidos, desde
que eles sejam compatíveis entre si, o juiz da causa seja competente para
julgar todos os pedidos formulados, e o procedimento escolhido seja
compatível para todos os pedidos formulados. Essa autorização está prevista
no artigo 327 do CPC.
Nessa esteira, a compatibilidade entre os pedidos implica necessariamente
que eles sejam coexistentes no mundo jurídico, ou seja, que não se excluam
nem se anulem (com exceção do pedido alternativo que será analisado mais
à frente). Podemos citar como exemplo uma ação revisional de aluguel
cumulada com ação de despejo, em que o autor busca a revisão do valor do
aluguel e, ao mesmo tempo, quer despejar o inquilino. Neste caso, ou o autor
pretende a revisão do aluguel ou o despejo do inquilino: as duas situações
juntas não se mostram cabíveis.
Caso os pedidos sejam incompatíveis, o juiz não deve indeferir a petição
inicial de plano, mas deve determinar a intimação do autor para que
opte por um dos pedidos, em nome da economia processual.
Ainda, o juiz deve ser competente para apreciar todos os pedidos. Isso
significa que um pedido de competência estadual não pode ser cumulado
com um pedido de competência federal. Ou, ainda, um pedido cível não pode
estar junto de um pedido criminal.
No entendimento da súmula 170/STJ quando o juízo for competente
apenas para apreciar alguns dos pedidos formulados, ele deverá decidir
a causa no limite da sua jurisdição, sem prejuízo do ajuizamento de uma
nova ação, no juízo competente, para apreciação dos demais pedidos.
Por fim, o fato de um procedimento ser compatível com os pedidos implica
em dizer que uma ação de rito especial somente pode conter pedidos
pertinentes ao seu rito. Caso o autor busque cumulação de pedidos que
possuem ritos incompatíveis, deve optar pela ação de rito ordinário. Por
exemplo: uma ação declaratória de paternidade não pode ser cumulada com
uma ação de despejo, na qual o autor pretende que seja declarada a
paternidade do réu e ao mesmo tempo que este também desocupe um
imóvel que pertence ao autor.
Atendidos os requisitos da cumulação de pedidos, cumpre analisar as
espécies de cumulação, que são divididas em: simples; sucessiva;
subsidiária/eventual; e alternativa.
As cumulações simples e sucessivas são consideradas cumulações próprias,
pois exigem a compatibilidade entre os pedidos. Por sua vez, as cumulações
subsidiárias/eventuais, bem como as alternativas, são classificadas como
impróprias, pois permitem a cumulação de pedidos incompatíveis uma vez
que apenas um deles será acolhido.
A cumulação simples de pedido é a formulação de tanto pedidos quanto o
autor desejar (desde que atendidos os requisitos para tal cumulação), sendo
que um é independe do outro, ou seja, é possível deferir apenas um deles,
todos eles, ou alguns deles, sem que um afete o outro. Por exemplo:
requerer a condenação do autor em danos morais, materiais e estéticos.
Com previsão no artigo 325 do CPC, o pedido será alternativo quando, pela
natureza da obrigação a ser cumprida, poderá o devedor cumpri-la de mais
de uma forma, ou seja: a obrigação poderá ser extinta de diversas maneiras
sem que se altere o resultado.
O parágrafo único do mesmo dispositivo legal traz a possibilidade de o juiz
assegurar ao devedor o direito de escolha na forma de cumprimento da
obrigação, ainda que não formulado o pedido alternativo pelo credor,
quando tratar-se de previsão legal ou contratual.
Importante mencionar que o pedido alternativo não se confunde com a
cumulação alternativa. Nos dizeres de Roque (2016, p. 31):
“Essa hipótese não se confunde com a prevista no art. 326, parágrafo único, em que
o autor formula mais de um pedido para que o juiz acolha um deles, sem
estabelecer qualquer preferência (cumulação alternativa de pedidos). Aqui, a
origem da alternatividade está no próprio direito material, que admite o
adimplemento da obrigação de mais de um modo. É exemplo de pedido alternativo
a hipótese do art. 500 do Código Civil, em que se admite que, não sendo possível o
complemento da área na venda de imóvel cujo preço foi estipulado por medida de
extensão, o comprador exija do vendedor a resolução do contrato ou o abatimento
proporcional do preço.”