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AGRAVO

PEDRO, brasileiro, solteiro, jogador de futebol profissional, residente Belém/Pa, legítimo proprietário
de um imóvel situado em Fortaleza/CE, celebrou, em 1º de outubro de 2021, contrato por escrito de LOCAÇÃO
com JOÃO, brasileiro, solteiro, professor, pelo prazo de 48 meses (quarenta e oito), ficando acordado que o valor
do aluguel seria de R$ 3.000,00 (três mil reais) e que, dentre outras obrigações, João não poderia lhe dar
destinação diversa da residencial. Ofertou fiador idôneo. Após um ano de regular cumprimento da avença, o
locatário passou a enfrentar dificuldades financeiras. Pedro, depois de quatro meses sem receber o que lhe era
devido, ajuizou ação de despejo cumulada com cobrança de aluguéis perante a 2ª Vara Cível da Comarca de
Fortaleza/CE, requerendo, ainda, antecipação de tutela para que o réu/locatário fosse despejado liminarmente,
uma vez que desejava alugar o mesmo imóvel para Francisco. O magistrado recebe a petição inicial, regularmente
instruída e distribuída, e defere a medida liminar pleiteada, concedendo o prazo de 72 (setenta e duas) horas para
João desocupar o imóvel, sob pena de multa diária de R$ 2.000,00 (dois mil reais). Desesperado, João o procura
para que, na qualidade de seu advogado, interponha o recurso adequado (excluídos os embargos declaratórios)
para se manter no imóvel, abordando todos os aspectos de direito material e processual pertinentes.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE Comarca de Fortaleza/CE.

João, brasileiro, solteiro, professor e inscrito no CPF XXX, vem por meio de seu
procurador jurídico, com escritório no endereço Trav. We-25, 392, Cidade Nova.
Ananindeua-PA, nesta Comarca, onde recebe intimações, nos termos dos artigos 524,
522 c/c 558 do CPC e seguintes, interpor

AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO

Contra decisão interlocutória proferida que deferiu medida liminar de despejo


cumulada com cobrança de aluguéis e antecipação de tutela pleiteada pelo agravado,
nos autos em epigrafe em face do agravante, pelas razões de fato e de direito
esposadas a seguir.

DOS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE

A) Do Cabimento: Dispõe o caput do art. 522 do Código de Processo Civil - Das


decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias.

b) O seguinte Agravo esta em conformidade com aos requisitos de admissibilidade do


art. 524 do Código de Processo Civil, apresentado as seguintes informações:

c) O advogado do agravante: Nilson Ribamar Salvador dos Santo, brasileiro, casado,


advogado (OAB/PA 10.690);

d) O advogado da Agravada: Deixa de indicar, porquanto ainda não formada a relação


processual;

e) Documentos Juntados: O presente recurso com cópia integral dos autos nº


111.222.333.04.00.- 05;

f) Declaração de Autenticidade: As cópias que instruem o presente agravo de


instrumento são autênticas. (art. 544, § 1º, Código de Processo Civil);
g) Instrui o agravante o presente recurso com cópias dos documentos obrigatórios
indicados nos artigos 524 e 525 do Código de Processo Civil, dos quais contam:

- Copia da decisão agravada


- Certidão da respectiva intimação
- Procuração outorgada do advogado do agravante
- Comprovante do pagamento das respectivas custas

DA TEMPESTIVIDADE DO PRESENTE RECURSO


O procurador do agravante foi intimado no dia 27/10/2022, conforme lavrado na
Certidão de Intimação (copias em anexo) de fl. 057 que instrui as razões deste recurso.

Destarte, o prazo de 10 dias para interposição de agravo, constado no caput do artigo


522 do Código de Processo Civil, terminará no dia 10/11/2022.

Diante do expostro, requer


Que o E. Tribunal, reconheça a tempestividade deste recurso.
Segue em anexo guia de recolhimento do preparo.
Nestes termos,

pede deferimento.

Juiz de Fora, 05 de novembro de 2022

______________________________

Nilson Ribamar Salvador dos Santos

OAB/PA nº 10.6090
1. BREVE RELATO DOS FATOS

Em suas razões, aduz o agravante que em data de 01/10/2021 celebrou contrato de locação de imóvel
com o agravado conforme copias do contrato em anexo, com vigência de 48 meses, com término
previsto para data de 01/10/2023 e, portanto, em vigor. Afirma que durante o primeiro ano de contrato,
cumpriu rigorosamente com os pagamentos mensais em relação ao aluguel, porém nos últimos tempos
vem passando por dificuldades financeiras o que o levou ao inadimplemento do referido contrato de
locação.

O agravado entrou com ação de despejo c/c pedido de antecipação de tutela contra o agravante, o qual
foi aceito e determinado pelo legislador “a quo”, eis a razão deste recurso.

2. DO DIREITO

Ocorre que o nobre magistrado “a quo” deferiu liminarmente a tutela pretendida em Ação de despejo,
impondo ao locatário que o mesmo desocupe o imóvel no prazo de 72 horas sob pena de multa diária
no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais).

Destarte clarividente a necessidade de reforma da decisão agravada, uma vez que o parágrafo primeiro
do artigo 59 da Lei do Inquilinato determina que na concessão de liminar, será dado prazo 15 para
desocupação do mesmo, vejamos:

Art. 59. Com as modificações constantes deste capítulo, as ações de despejo terão o rito ordinário.

§ 1º Conceder - se - á liminar para desocupação em quinze dias, independentemente da audiência da


parte contrária e desde que prestada a caução no valor equivalente a três meses de aluguel, nas ações
que tiverem por fundamento exclusivo:

Com a devida vênia ao julgador “a quo”, em sua r. Decisão de fls. 057, não merece prevalecer, em razão
do contrato de locação prever garantia para o caso de não pagamento do alugueis, bem como também
pelo fato do autor não ter oferecido caução correspondente a três meses de aluguel, como estabelece o
referido artigo da lei do Inquilinato.
A caução é garantia contratual oferecida em dinheiro, por prazo convencionado entre as partes, e que
na prática, é utilizada com 3 (três) meses de garantia, possibilitando que o locador fique resguardado
pelo prazo caucionado.

A caução é quando em sentença favorável ao locatário, garantia de eventuais danos sofridos por este,
seja (materiais/morais) quando do despejo coercitivo, vejamos:

§ 1º "Conceder-se-á liminar para desocupação em quinze dias, independentemente da audiência da


parte contrária e desde que prestada a caução no valor equivalente a três meses de aluguel, nas ações
que tiverem por fundamento exclusivo.

Importante ressaltar que a caução, sinônimo de garantia, é a cautela, precaução e, juridicamente,


submissão de um bem ou uma pessoa a uma obrigação ou dívida pré-constituída.

Nesse sentido, necessário se faz mencionar o entendimento do Tribunal de Justiça de Santa Catarina,
vejamos:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. LOCAÇÃO. AÇÃO DE DESPEJO cumulada com cobrança de aluguéis.


INDEFERIDO PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. Ação de despejo cumulada com cobrança de
aluguéis. Caso em que a concessão da tutela antecipatória acarretaria a decretação, de plano, do
despejo, sem a vinda aos autos da parte adversa, que ainda não foi citada, para viabilizar a purga da
mora ou para defender-se, em manifesta ofensa ao princípio do contraditório.”

Dessa forma, quando se trata de ação de despejo por falta de pagamento, a concessão da tutela
antecipatória, liminarmente decretaria, de plano, do despejo, sem a oitiva da parte adversa, pois essa
ainda não terá sido citada para se defender, o que acarretaria em manifesta ofensa ao princípio do
contraditório.

2.1. DO NÃO CABIMENTO DA LIMINAR.

Conforme já esposado, os requisitos para a concessão da tutela antecipada são evidentes. O seu
deferimento é prejudicial para o agravante, haja vista que encontra-se impossibilitado de exercer seus
direitos de forma plena, não dispondo de tempo hábil para tal resolução.
Existindo controvérsia ou disparidade sobre o direito apontado, não há como se conceder a liminar de
despejo. Hipótese em que tal entendimento se reafirma em razão da ampla defesa e do contraditório,
uma vez que o contrato de locação prevê garantias para o caso de não pagamento do alugueis, bem
como na ação de despejo a obrigatoriedade do autor da ação não ter oferecido caução correspondente
a três meses de aluguel conforme artigo 59, § 1 da Lei do Inquilinato nº. 8.245/91.

2.2. DO NÃO CABIMENTO DA MULTA DO ART. 461 CPC

Não há falar-se em incidência da multa que trata o artigo 461, do Código de Processo Civil, em se
tratando de ação de despejo. O prazo para desocupação, em caso de despejo por falta de pagamento de
alugueis e demais encargos, é de 15 (quinze) dias, conforme artigo 63, § 1º, da Lei do inquilinato, nº.
8.245/91.

O fato é que a execução provisória visa, em qualquer caso, a satisfação do anseio daquele que é credor.
Entretanto, a doutrina entende que em alguns casos não há como antecipar a tutela pleiteada, pois
seriam irreversíveis. Na decisão que ordena o despejo imediato do devedor, ao findar o processo, e este
venha a ser o vencedor, a pergunta é: Como ele poderia ser reintegrado ao imóvel?

Vide princípio da proibição do abuso, verifica-se o excesso do r. Julgador “a quo” ao impor multa diária
no valor de R$2.000,00 reais (dois mil reais) ao agravante, caso este não saia do imóvel no prazo
imposto.

Esses critérios não podem jamais serem confundidos. Admitir tal erro poderá trazer inúmeros prejuízos
àquele que se valer de um direito já pacificado no judiciário.

2.3. DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA PARA ATRIBUIÇÃO DO EFEITO SUSPENSIVO DA DECISÃO


INTERLOCUTÓRIA

Restou devidamente demonstrado não estarem presentes os requisitos que autorizam a concessão de
liminar de ação de despejo. Verifica-se que o agravante foi ferido em seu direito de defesa, uma vez que
o juízo “a quo” determinou a desocupação do imóvel no prazo de 72 horas, contrariando a lei especifica
que estipula o prazo de 15 dias.
Não bastasse essa injustiça, o MM. Juízo a” quo” ainda aceitou o pedido de liminar de ação de despejo
sem mesmo o autor da ação ter efetuado a caução que trata o parágrafo primeiro do artigo 59 da Lei do
Inquilinato, requisito essencial para tal concessão, vejamos;

§ 1º Conceder - se - á liminar para desocupação em quinze dias, independentemente da audiência da


parte contrária e desde que prestada a caução no valor equivalente a três meses de aluguel, nas ações
que tiverem por fundamento exclusivo:

Assim, flagrante é o prejuízo causado ao agravante que, não sendo sustada a liminar, ficará sem local
para morar.

Diante do acima exposto, o agravante requer seja concedido o efeito suspensivo da liminar pleiteado
pelo agravado, com fundamento nos artigos 527, III c/c 558 do Código de Processo Civil, visto que a r.
Decisão agravada, se cumprida, resultará em lesão grave e de difícil reparação ao agravante; seja, ao
final, dado integral provimento ao presente recurso, cassando-se a liminar concedida pelo MM. Juízo “a
quo”.

3. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

a) A intimação da parte agravada, na pessoa do seu advogado para no prazo de 10 dias contrarrazoar
esse recurso, conforme artigo 527 do CPC;

b) Que sejam requisitadas as informações junto ao juízo a quo;

c) A concessão da tutela antecipada recursal para suspender a decisão judicial do juízo “a quo” a qual
determina o despejo no prazo de 72 horas;

d) A juntada de comprovantes de preparo em sede de julgamento do Tribunal de Recursos;

e) Requer a ratificação ou confirmação da tutela antecipada ora pleiteada, e o provimento do recurso,


com a reforma da decisão agravada;

Requer ainda seja anulada a r. Sentença na parte que determinou aplicação de multa cominatória, e se
eventualmente não aceito, seja reformada a sentença, determinando a não incidência da multa
cominatória ou arbitrada em valor consideravelmente menor.

Nestes termos,
pede deferimento.
Juiz de Fora, 9 de março de 2015
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Eder Trombelli
OAB/MG nº 1.2345

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