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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUÍZ (A) DE

DIREITO DA __ª VARA CÍVEL DO FORO REGIONAL DO TATUAPÉ –


SÃO PAULO

Tramitação Prioritária

Estatuto do Idoso

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, através
de seus advogados e bastante procuradores (doc. 01), vem, mui
respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, com fundamento na
Lei 8.245/91, vem propor a presente

AÇÃO DE DESPEJO COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, inscrito no CPF/MF sob nº


xxxxxxxxxxxxxxx09, residente e domiciliado na xxxxxxxxxxxxxxx, São
Paulo-SP, pelos fatos e fundamentos seguintes:

PRELIMINARMENTE

DO ESTATUTO DO IDOSO

Excelência, “ab initio” o Locador roga,


Respeitosamente, prioridade na tramitação processual em virtude de ser
pessoa idosa – 91 (noventa e um) anos de idade, conforme o disposto no
artigo 3º, da Lei nº 10.741/2008 (Estatuto do Idoso)

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É o locador pessoa com mais de 60 (sessenta)
anos (doc.em anexo), portanto seus direitos devem ser abarcados pelo
Estatuto do Idoso, que prevê:

"Art. 71. É assegurada prioridade na


tramitação dos processos e
procedimentos e na execução dos atos
e diligências judiciais em que figure
como parte ou interveniente pessoa
com idade igual ou superior a 60
(sessenta) anos, em qualquer instância.

§ 1o O interessado na obtenção da
prioridade a que alude este artigo,
fazendo prova de sua idade, requererá
o benefício à autoridade judiciária
competente para decidir o feito, que
determinará as providências a serem
cumpridas, anotando-se essa
circunstância em local visível nos
autos do processo."

[...]

E ainda nessa diapasão

"Art. 83. Na ação que tenha por objeto


o cumprimento de obrigação de fazer
ou não-fazer, o juiz concederá a tutela
específica da obrigação ou determinará
providências que assegurem o
resultado prático equivalente ao
adimplemento.

§ 1o Sendo relevante o fundamento da


demanda e havendo justificado receio
de ineficácia do provimento final, é
lícito ao juiz conceder a tutela
liminarmente ou após justificação
prévia, na forma do art. 273 do Código
de Processo Civil.

§ 2o O juiz poderá, na hipótese do § 1o


ou na sentença, impor multa diária ao
réu, independentemente do pedido do
autor, se for suficiente ou compatível
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com a obrigação, fixando prazo
razoável para o cumprimento do
preceito.

§ 3o A multa só será exigível do réu


após o trânsito em julgado da sentença
favorável ao autor, mas será devida
desde o dia em que se houver
configurado."

DOS PAGAMENTOS EM ABERTO

Excelência, mister destacar que por vezes o


Locador tentou uma maneira de resolver a situação de forma amistosa;
No entanto, o locatário vem se furtando e não atende mais as ligações
telefônicas, razão pela qual não restou outra alternativa a não ser
recorrer a essa Justiça Efetiva

Excelência, o que agrava a situação e


Respeitosamente desde já Requer a tutela é o fato de que o Locador
nesse momento depende única e exclusivamente dos recebimentos dos
alugueis para o seus sustento, razão pela qual o Locador foi residir com
seu irmão, para que assim pudesse com os valores do alugueis arcar
com o custo de um plano de saúde bem como de seus medicamentos.

Tal como autoriza o inciso I do art.62 da Lei


8245/91, veicula-se a pretensão à cobrança das obrigações vincendas.
No momento, a dívida, devidamente discriminada na memória de cálculo
em anexo que para os fins do mencionado preceito integra a presença
peça, repita-se, perfaz o valor R$ 4595,99 (Quatro mil quinhentos e
noventa e cinco reais e noventa e nove centavos)

DOS FATOS

O imóvel, de propriedade do Locador, sito à


xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxão Paulo-SP, a objeto da presente
retomada, encontra-se alugado para fins residenciais do Locatário, pelo
valor atualizado de R$ 1.200,00 (Mil e duzentos reais) mensais, conforme

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contrato firmado na data de 10 de agosto de 2021 pelo prazo de 30
(trinta) meses. ( doc. 02)

O imóvel, portanto, foi locado a pouco tempo,


sendo que o Locatário sempre trouxe dissabores ao Locador justamente
em virtude da inadimplência dos aluguéis.

Em razão dos alugueis vencidos, o Locatário se


comprometeu a entregar as chaves para que a soma não perfizesse um
montante expressivo, mas o fato é que o dia da entrega nunca ocorre,
ocasionando para o Locador uma grande apreensão em não conseguir
reaver o imóvel, ainda mais pelo fato do Autor ser idoso, uma pessoa de
91(NOVENTA E UM) anos de idade e estar necessitando fazer uso do
imóvel para poder pagar o seu plano de saúde

A isso, soma-se o inadimplemento dos


alugueres, correspondentes aos meses vencidos em 30 de dezembro de
2021, 30 de janeiro de 2022 e 28 de fevereiro de 2022, que não foram
pagos e que serão oportunamente cobrados em ação própria.

Não desejando o Locador manter a locação por


e cessar imediatamente os prejuízos ora ocasionados pelo Locatário,
impõe-se o presente requerimento de prestação jurisdicional,
objetivando-se o decreto de despejo do Locatário.

DO DIREITO

DA AÇÃO DE DESPEJO FUNDADO EM INADIMPLEMENTO DE


ALUGUERES

O pretendido despejo assenta-se em um distinto


fundamento, ou seja, a falta de pagamento de alugueres (prevista nos
incisos II e III do artigo 9º da mesma norma).

Ainda que pese o fato dos alugueres vencidos


serão cobrados em ação própria, prescrevem os incisos II e III do art. 9º
da Lei 8245/1991:
Art.9º A locação também poderá ser
desfeita:
(...)

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II- em decorrência da prática de
infração legal ou contratual;

III- em decorrência da falta de


pagamento do aluguel e demais
encargos;

´Portanto, o inadimplemento dos alugueres,


fixados na cláusula do contrato. O montante da dívida atualizado até
FEVEREIRO de 2022, perfaz a quantia de R$ 4595,99 (Quatro mil
quinhentos e noventa e cinco reais e noventa e nove centavos). Essa
causa petendi, a teor dos supracitados incisos II e II do art. 9º é,
também, de per si, bastante e suficiente para assegurar procedência da
presente demanda.

DA PURGA DA MORA

Em relação ao inadimplemento dos alugueres,


faculta o inciso II do art.62 a purga da mora, e a consequente elisão
desse fundamento somente:

II- o locatário e o fiador poderão evitar


a rescisão da locação efetuando, no prazo de 15 (quinze)
dias, contado da citação, o pagamento do débito
atualizado, independentemente de cálculo e mediante
depósito judicial, incluídos:
a) os aluguéis e acessórios da locação
que vencerem até a sua efetivação;

b) as multas ou penalidades
contratuais, quando exigíveis;

c) os juros de mora;

d) as custas e os honorários do
advogado do locador, fixados em
dez por cento sobre o montante
devido, se do contrato não constar
disposição diversa;

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DA TUTELA ANTECIPADA

Na situação fática, mister faz-se a


aplicabilidade do artigo 303 e seguintes do Código de Processo Civil:

Art. 300. A tutela de urgência será


concedida quando houver elementos
que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.

A tutela pleiteada pelo Locador compreende


todos os expedientes de ordem processual que, amparados pelo direito
material e atendidas às condições da ação e os pressupostos
processuais, possibilitam que a prestação jurisdicional evite o dano ou o
agravamento do dano a um direito.

Conforme exposto, o Locatário está na posse


injusta do imóvel referido, eis que não cumpre com as suas obrigações a
muito tempo, sendo necessário a concessão de liminar para determinar a
desocupação do imóvel.

Aduz o artigo 59 da referida da Lei 8245/1991 e


seguintes:

Art. 59. Com as modificações


constantes deste capítulo, as ações de
despejo terão o rito ordinário.

§ 1º Conceder – se – á liminar para


desocupação em quinze dias,
independentemente da audiência da
parte contrária e desde que prestada a
caução no valor equivalente a três
meses de aluguel, nas ações que
tiverem por fundamento exclusivo:

[…] IX – a falta de pagamento de


aluguel e acessórios da locação no
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vencimento, estando o contrato
desprovido de qualquer das garantias
previstas no art. 37, por não ter sido
contratada ou em caso de extinção ou
pedido de exoneração dela,
independentemente de motivo.

O pedido liminar está devidamente instruído e


fundamentado, visto que presentes estão o Fumuns e o periculum in
mora. O Fumuns está presente no direito que tem o Locador em ter seu
imóvel desocupado, ante o fato de o Locatário estar inadimplente há 03
(tres) meses de aluguéis. O Periculum está na urgência em que o
Locador tem para com o imóvel, tendo em vista que o mesmo precisa
dos recebimentos para pagar o seu plano de saúde bem como comprar
os seus medicamentos e ainda corre o risco de lesão grave e de difícil
reparação, visto que a Locatário se encontra no imóvel e pode provocar
danos ao mesmo.

Evidente pois, que o Locador cumpre com os


requisitos necessários para concessão da medida liminar, que desde já
se requer.

Ainda há que se observar o estabelecido no


Art. 83, § 1º da Lei 10.741/03, no que se refere ao pedido de despejo por
descumprimento contratual, já que prejuízos econômicos e psicológicos
são sistematicamente vivenciados pelo Locador, sendo inviável que a
atual situação permaneça inalterada por mais um dia sequer.
Ressalta-se a aplicabilidade de tal instituto na presente demanda, neste
sentido o acórdão a seguir transcrito:

“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE DESPEJO POR


FALTA DE PAGAMENTO EM CUMULAÇÃO COM
COBRANÇA. LOCAÇÃO RESIDENCIAL POR
PRAZO DETERMNADO OBJETO DE CESSÃO SEM
A EXPRESSA AUTORIZAÇÃO DO LOCADOR.
INADIMPLEMENTO DOS ALUGUERES A PARTIR
DE ENTÃO. INFRAÇÃO CONTRATUAL
VERIFICADA. DESPEJO DECRETADO.
INVIABILIDADE DA COBRANÇA DE MULTA POR
RESCISÃO ANTECIPADA. ART 4º, CAPUT, DA LEI

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DE LOCAÇÕES. MOLDURA NESTES ESTRANHA.
APLICABILIDADE DA MULTA POR INFRAÇÃO
CONTRATUAL. ART. 13, CAPUT, DA LEI DE
INQUILINATO – Que não se confunde com a multa
moratória desencadeada pelo inadimplemento dos
alugueres, posto distintos os fatos geradores.
Cumulação autorizada. Precedentes. Sentença
apenas no ponto reformada. Recurso parcialmente
provido”

(TJSP; APL 1009469-17.2014.8.26.0114, Relator:


Tercio Pires, Data de Julgamento: 18/09/2015, 12ª
Câmara Extraordinária de Direito Privado, Data de
Publicação: 21/09/2015).

Doutrinadores são unânimes ao assertivamente


afirmarem que é função da tutela antecipada tornar a prestação
jurisdicional efetiva, sendo tendência ao longo do tempo, principalmente
nos últimos 30 anos de criar meios para que os processos possam gerar
resultados o mais rapidamente possível, já que o tempo de trâmite do
processo pode inviabilizar o atendimento das necessidades do litigante.

O direito no caso em questão é patente e


precisa ser resguardado, há a verossimilhança, as provas são cabais e
vem o Locador sofrendo diariamente desgaste emocional.

DO PEDIDO E DOS REQUERIMENTOS

Ante o exposto, requer-se a Vossa Excelência:

A concessão da medida liminar pleiteada,


expedindo a ordem para desocupação do imóvel de imediato, “inaudita
altera pars“;

Requer se digne Vossa Excelência de


determinar a citação do Locatário na modalidade AR (aviso de
recebimento) para, atendidos os prazos legais e as formalidades de
estilo, querendo, venha contestar a presente ação, acompanhando-a até
final sentença que, espera, acolherá a procedência do pedido, decretará
o despejo e o condenará nos ônus de sucumbência.

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Desejando elidir a causa de pedir consistente no
inadimplemento dos alugueres;

Que seja condenado, o Locatário, ao pagamento


das custas processuais e honorários advocatícios.

Que seja, ao final, julgada procedente a


presente demanda para decretar a rescisão do contrato de locação e
determinar o consequente despejo do Locatário, bem como de eventuais
ocupantes do imóvel, fixando-lhes prazo mínimo para a desocupação
voluntária do bem, com base na causa de pedir inadimplemento dos
alugueres;

Requer-se, por fim, a produção de todos os


meios de prova admissíveis a documental, a testemunhal e os
depoimentos pessoais da Locatária.

Dá-se à causa o valor o valor de R14.400,00


(Quatorze mil e quatrocentos reais)

Termos em que,

Pede deferimento.

SÃO PAULO, 16 de março de 2022.

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