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ACÓRDÃO
Apelação. Cobrança de cotas condominiais em conjunto
com multa por violação ao regimento interno.
Descabimento no caso concreto. Cerceamento de
defesa.
Não obstante o apelado tenha optado por ajuizar ação de
cobrança de cotas condominiais, baseada nos artigos 12 da
Lei 4.591/64 e 1.315 do Código Civil, possível concluir que
pretende, na realidade, cobrança de multas administrativas
impostas por suposta violação ao da Convenção e do
Regimento Interno do Condomínio. Tal informação, trazida
pela ré na contestação e comprovada pelo documento de
fls. 40, não foi refutada pelo autor que se limitou a afirmar o
cabimento da cobrança. Cinge-se a controvérsia, portanto,
a definir se é cabível a cobrança de multa da forma
realizada no caso concreto. Com efeito, deve-se considerar
a natureza distinta das verbas de que se trata: uma é a
própria cota condominial, destinada à manutenção diária do
edificado, a outra possui caráter punitivo pelo
descumprimento de norma do condomínio, prevista na
Convenção e no Regimento Interno. Inegável a possibilidade
de imputação de multa ao condômino se este viola os
preceitos aos quais está submetido. O cabimento da
aplicação de penalidade está expressamente prevista na Lei
4.591/64 e no Código Civil (art. 1.337). Não se pode permitir,
entretanto, que esta seja cobrada sem possibilitar o
exercício adequado do direito de defesa. Desta forma,
caberá ao condomínio efetuar cobrança autônoma, sendo
descabida a inclusão da penalidade como obrigação
acessória das despesas normais sujeitas a rateio. No caso
concreto tal cobrança aconteceu de forma genérica - como
se fosse quota condominial - sequer tendo sido indicadas as
infrações supostamente cometidas ou o regulamento
violado. Tal fato implica em nítido cerceamento de defesa,
pois impede o condômino de refutar a conduta praticada e a
própria legitimidade da cobrança que deve estar embasada
na convenção ou no regimento interno. Precedentes. Assim,
sendo descabida a cobrança conjunta da cota condominial,
obrigação propter rem, com a multa, de natureza pessoal,
sem possibilitar ao condômino o exercício pleno do direito
de ampla defesa, deve ser reforma a sentença para julgar
improcedente a pretensão inicial. Recurso provido.
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