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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
2ª Câmara

PROCESSO nº 0010551-74.2023.5.15.0136 (ROT)


RECORRENTE: HAROLDO JOSE STRABELLI
RECORRIDO: MUNICIPIO DE PIRASSUNUNGA
ORIGEM: VARA DO TRABALHO DE PIRASSUNUNGA
JUIZ SENTENCIANTE: ANDRÉ LUIZ TAVARES DE CASTRO PEREIRA

RELATOR: HELIO GRASSELLI


als

Relatório

Da r. sentença de fl. 11, que decretou a incompetência absoluta da Justiça


do Trabalho para a apreciação do pleito em questão, recorre ordinariamente o reclamante, alinhando os
fundamentos de sua discordância através das razões de fl. 16.

O reclamante insurge-se, em suma, contra a r. decisão de origem, ao


fundamento de que é empregado contratado sob a égide da CLT o que faz com que a competência para a
apreciação da matéria posta em juízo seja desta especializada e que, mesmo que assim não fosse, não
houve a conclusão do julgamento do RE 1288440 (Tema 1143), pelo E. STF., não havendo se falar em
incompetência. No mérito, apoiado no princípio da causa madura, pugna pela condenação da reclamada
ao pagamento do adicional por tempo de serviço.

Contrarrazões apresentadas.

Isento de preparo.

Representação processual regular.

Parecer do MPT fls .256/258 , opinando pelo conhecimento e não


provimento do recurso.

É o breve relatório.

Assinado eletronicamente por: HELIO GRASSELLI - 14/08/2023 18:56:37 - b84a31a


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Número do processo: 0010551-74.2023.5.15.0136 ID. b84a31a - Pág. 1
Número do documento: 23071112585916100000102802719
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Fundamentação

VOTO

ADMISSIBILIDADE

Conheço do recurso, eis que preenchidos os seus pressupostos de


admissibilidade.

DA INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO

O reclamante insurge-se, em suma, contra a r. decisão de origem, ao


fundamento de que é empregado contratado sob a égide da CLT o que faz com que a competência para a
apreciação da matéria posta em juízo seja desta especializada e que, mesmo que assim não fosse, não
houve a conclusão do julgamento do RE 128840 (Tema 1143), pelo E. STF., não havendo se falar em
incompetência.

Razão não lhe assiste.

O Juízo de origem, assim decidiu a matéria:

A Lei Municipal 765/1964 instituiu o adicional por tempo de serviço aos servidores
públicos municipais. Disponível no sítio eletrônico da Câmara de Vereadores de
Pirassununga: (http://www.camarapirassununga.sp.gov.br).

A Lei Municipal 1.358/1978 dispôs sobre o Estatuto dos Funcionários do Município de


Pirassununga/SP. Disponível no sítio eletrônico da Câmara de Vereadores de
Pirassununga: (http://www.camarapirassununga.sp.gov.br).

A Lei Municipal 1.695/1986 dispôs sobre o Quadro de Pessoal, Reenquadramento de


Servidores, Atualização Salarial e outras providências. Disponível no sítio eletrônico da
Câmara de Vereadores de Pirassununga: (http://www. camarapirassununga.sp.gov.br).

A Lei Municipal 2.633/1995 dispôs que o Regime Jurídi co dos Servidores da


Administração Municipal, Direta e Indireta, seria regido pela CLT, mantendo inalterada
a Estrutura de Cargos, Empregos e Carreira dispostas na Lei Municipal 1.695/1986,
revogadas às disposições em contrário Disponível no sítio eletrônico da Câmara de
Vereadores de Pirassununga: (http://www. camarapirassununga.sp.gov.br).

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Assim, com a alteração do regime jurídico estatutário para o celetista, todas as


disposições legais anteriores aplicáveis a estatutários foram revogadas, passando a
prevalecer as disposições legais celetistas e aquelas dispostas nas Leis Municipais 2.633
/1995 e 1.695/1986, cujo conteúdo não prevê o pagamento do quinquênio em questão.

Veja que a LOM (1990) previa em seu artigo 95 o pagamento do ATS aos servidores,
porém, tal benefício foi excluído por meio da Emenda 02/1993.

Disponível no sítio eletrônico da Câmara de Vereadores de Pirassununga: (http://www.


camarapirassununga.sp.gov.br).

Contudo, embora no meu entendimento pessoal este juízo seja o natural e competente
para conhecer desta demanda, a teor do art. 114, da CF, curvo-me a decisão prolatada
pelo STF no julgamento do RE 1288440 (Tema 1143) em que definiu a Justiça Comum
como juízo competente para julgar demanda entre servidores regidos pelas normas da
CLT e o Poder Público, quando postulado benefício de natureza administrativa (19/12
/2022).

Segue o teor da decisão:

"Decisão: Após o voto do Ministro Roberto Barroso (Relator), que, apreciando o tema
1.143 da repercussão geral, negava provimento ao recurso extraordinário, propunha a
fixação da seguinte tese de julgamento: "1. A Justiça Comum é competente para julgar
ação ajuizada por servidor celetista contra o Poder Público, em que se pleiteia parcela de
natureza administrativa", e modulava os efeitos da decisão para manter na Justiça do
Trabalho, até o trânsito em julgado e correspondente execução, os processos em que
houver sido proferida sentença de mérito até a data de publicação da presente ata de
julgamento, no que foi acompanhado pelos Ministros Ricardo Lewandowski, Alexandre
de Moraes, Edson Fachin, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Nunes Marques, Gilmar Mendes
e André Mendonça, pediu vista dos autos a Ministra Rosa Weber (Presidente). Impedido
o Ministro Luiz Fux. Falaram: pelo recorrente, a Dra. Natalia Kalil Chad Sombra,
Procuradora do Estado de São Paulo; e, pelo amicus curiae Estado do Rio Grande do Sul,
o Dr. Nei Fernando Marques Brum, Procurador do Estado. Plenário, Sessão Virtual de
9.12.2022 a 16.12.2022."No referido julgamento RE 1288440 (Tema 1143) foram
tratadas como parcelas de o sistema remuneratório natureza administrativa e benefícios /
adicional de tempo de serviço e base de cálculo, eis que previstos em Lei Estadual.

Ou seja a Suprema Corte definiu que questões previstas em leis municipais ou estaduais
que regulam o contrato de trabalho de empregados públicos devem ser dirimidas pela
Justiça Comum e não pela Justiça do Trabalho, restando nesta especializada apenas
questões relativas à legislação federal sobre Direito do Trabalho, uma vez que a só a
União pode legislar sobre matéria trabalhista (art. 22, I, da C.F.), as legislações estaduais
e municipais só se aplicam aos seus próprios empregados, portanto consideradas como
"administrativas" pelo E. STF e, por consequência, de competência da Justiça Comum.

Dessa forma, ressalvando meu entendimento divergente, declaro a incompetência


material da Justiça do Trabalho para dirimir a questão, declinando o feito ao juízo
competente (Justiça Estadual de Pirassununga/SP) nos termos do art. 109, I, da CF c.c
art. 64, §§ 1º e 3º, do CPC/2015, conforme precedente RE 1288440 (Tema 1143). do E.
STF.

Em face do acima decidido, torna-se prejudicada a análise das demais matérias.

Entendo por correta a decisão de origem, pois a decisão proferida pelo


STF, no Tema 1143, in verbis, é cristalina no sentido de que, mesmo nos casos de funcionário celetista,
quando o pleito é inerente a questões previstas em Leis Municipais ou Estaduais e não na legislação do
trabalho, ele deve ser dirimido perante a justiça comum.

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Decisão: O Tribunal, por maioria, apreciando o tema 1.143 da repercussão geral, negou
provimento ao recurso extraordinário, vencida a Ministra Rosa Weber (Presidente). Em
seguida, por unanimidade, foi fixada a seguinte tese: 1. A Justiça Comum é competente
para julgar ação ajuizada por servidor celetista contra o Poder Público, em que se pleiteia
parcela de natureza administrativa, modulando-se os efeitos da decisão para manter na
Justiça do Trabalho, até o trânsito em julgado e correspondente execução, os processos
em que houver sido proferida sentença de mérito até a data de publicação da presente ata
de julgamento. Tudo nos termos do voto do Relator. Impedido o Ministro Luiz Fux.
Plenário, Sessão Virtual de 23.6.2023 a 30.6.2023. Ata de Julgamento Publicada em 12
/07/2023.

Não se aplica a modulação da decisão proferida no julgamento do RE


1288440 (Tema 1143), onde ficou consignado que os processos que tivessem sentença de mérito até a
publicação de referida ata, permaneceriam na Justiça do Trabalho, visto que o mérito da presente não foi
apreciado.

Nada a reformar.

Dispositivo

Diante do exposto, decido conhecer do recurso interposto por


HAROLDO JOSE STRABELLI E NÃO O PROVER, mantendo incólume a r. decisão de origem.

Em sessão realizada em 08 de agosto de 2023, a 2ª Câmara do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª


Região julgou o presente processo.

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Presidiu o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho Susana Graciela Santiso.

Tomaram parte no julgamento os(as) Srs. Magistrados:

Desembargador do Trabalho Helio Grasselli (relator)

Desembargadora do Trabalho Susana Graciela Santiso

Juíza do Trabalho Dora Rossi Goes Sanches.

Julgamento realizado em Sessão Virtual, conforme os termos da Portaria Conjunta GP-VPA-VPJ-CR n.º
003/2020 deste E. TRT (artigo 3º, §1º) e art. 6º, da Resolução 13/2020, do CNJ.

RESULTADO:

ACORDAM os Magistrados da 2ª Câmara - Primeira Turma do Tribunal Regional do Trabalho da


Décima Quinta Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pelo (a) Exmo (a). Sr (a).
Relator (a).

Votação unânime.

Procurador ciente.

HELIO GRASSELLI
Relator

Votos Revisores

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