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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR RELATOR DO TRIBUNAL

DE JUSTIÇA DE GOIÁS

Pedido de urgência:
Greve. Paralisação de
todos os servidores
efetivos do Município de
Águas Lindas de Goiás

O MUNICÍPIO DE ÁGUAS LINDAS DE GOIÁS – GO, pessoa jurídica de direito


público interno, inscrito no CNPJ sob o nº 01.616.520/0001-96, cuja sede situa-se
na Área Especial nº 04, Avenida 02, Jardim Querência, Águas Lindas de Goiás –
GO, CEP: 72.910-733, por intermédio de sua Procuradora Geral devidamente
constituída, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com base nos
artigos 325 c/c 497 do Código de Processo Civil, em caráter de urgência, propor a
presente

AÇÃO DECLARATÓRIA DE ILEGALIDADE DA GREVE CUMULADA COM


OBRIGAÇÃO DE FAZER E NÃO-FAZER
CUMULADA COM AÇÃO CONDENATÓRIA
C/C pedido de liminar

em face de:

SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO MUNICÍPIO DE ÁGUAS


LINDAS DE GOIÁS inscrito no CNPJ sob o nº. 02.293.417/0001-15 e no MTB sob
o nº. 46.000.000.111-98, estabelecido na Quadra 15, Conjunto A, Lote 2ª, Loja 02,
Setor 08, Águas Lindas de Goiás/GO, CEP: 72.910-000 cuja representante é
Eliene Braga, consoante as razões que passa a aduzir.

I. DA COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO E PROCESSAMENTO DO FEITO

A Constituição Federal garante aos servidores públicos o


direito de greve, que será exercido nos termos e nos limites definidos em lei
específica. Entretanto, o Poder Legislativo ainda não editou norma sobre o tema,
situação que o Supremo Tribunal Federal estabeleceu, diante da ausência

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legislativa, a aplicação análoga, com respaldo, conforme se verificará na presente
inicial, da Lei Federal n.º 7.783/89 que regulamenta o exercício do direito de greve
dos trabalhadores em geral.

Foi reiterado em 15.03.2016, Rcl 13845 AgR / SP - São


Paulo, que a partir do julgamento do Mandado de Injunção n.º 708, de relatoria do
Min. Gilmar Mendes, julgado em 25.10.2007, a Corte Suprema determinou, a
competência para julgamento de questões relativas à greve de servidores públicos
municipais a este Egrégio Tribunal de Justiça.

EMENTA RECLAMAÇÃO. DIREITO DE GREVE. SERVIDORES


PÚBLICOS MUNICIPAIS. DELIBERAÇÃO ACERCA DE DESCONTO
DOS DIAS PARADOS. COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS LOCAIS.
AUSÊNCIA DE AFRONTA À POSIÇÃO FIRMADA NO JULGAMENTO
DO MANDADO DE INJUNÇÃO 708. 1. A jurisprudência desta Casa
consolidou-se no sentido de que, sendo o cerne da decisão proferida no
MI 708 a aplicação aos servidores públicos da Lei de Greve concernente
ao setor privado até que o Poder Legislativo discipline o direito de greve
no âmbito da Administração Pública, há afronta a esse julgado quando o
ato reclamado nega o direito de greve aos servidores públicos por falta de
normatização. 2. Garantido o exercício aos servidores públicos do direito
de greve consagrado constitucionalmente, a partir da aplicação adequada
da Lei nº 7.783/89, ao julgamento do MI 708, restou cometida aos
tribunais locais competentes a deliberação acerca da legalidade do
desconto dos dias parados e das demais questões decorrentes do
exercício do direito de greve. Agravo regimental conhecido e não
provido. Rcl 13845 AgR / SP - SÃO PAULO AG.REG. NA RECLAMAÇÃO
Relator(a): Min. ROSA WEBER Julgamento: 15/03/2016 Órgão
Julgador: Primeira Turma Publicação PROCESSO ELETRÔNICO DJe-
072 DIVULG 15-04-2016 PUBLIC 18-04-2016

Mandado de Injunção n.º 708:

6. DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DE COMPETÊNCIA


CONSTITUCIONAL PARA APRECIAÇÃO DO TEMA NO ÂMBITO DA
JUSTIÇA FEDERAL E DA JUSTIÇA ESTADUAL ATÉ A EDIÇÃO DA
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA PERTINENTE, NOS TERMOS DO ART. 37,
VII, DA CF. FIXAÇÃO DO PRAZO DE 60 (SESSENTA) DIAS PARA QUE
O CONGRESSO NACIONAL LEGISLE SOBRE A MATÉRIA. MANDADO
DE INJUNÇÃO DEFERIDO PARA DETERMINAR A APLICAÇÃO DAS
LEIS Nos 7.701/1988 E 7.783/1989. 6.1. Aplicabilidade aos servidores
públicos civis da Lei no 7.783/1989, sem prejuízo de que, diante do caso
concreto e mediante solicitação de entidade ou órgão legítimo, seja
facultado ao juízo competente a fixação de regime de greve mais severo,
em razão de tratarem de "serviços ou atividades essenciais" (Lei no
7.783/1989, arts. 9o a 11). 6.2. Nessa extensão do deferimento do
mandado de injunção, aplicação da Lei no 7.701/1988, no que tange à
competência para apreciar e julgar eventuais conflitos judiciais referentes
à greve de servidores públicos que sejam suscitados até o momento de
colmatação legislativa específica da lacuna ora declarada, nos termos do
inciso VII do art. 37 da CF. 6.3. Até a devida disciplina legislativa, devem-

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se definir as situações provisórias de competência constitucional para a
apreciação desses dissídios no contexto nacional, regional, estadual e
municipal. Assim, nas condições acima especificadas, se a paralisação
for de âmbito nacional, ou abranger mais de uma região da justiça
federal, ou ainda, compreender mais de uma unidade da federação, a
competência para o dissídio de greve será do Superior Tribunal de
Justiça (por aplicação analógica do art. 2o, I, "a", da Lei no 7.701/1988).
Ainda no âmbito federal, se a controvérsia estiver adstrita a uma única
região da justiça federal, a competência será dos Tribunais Regionais
Federais (aplicação analógica do art. 6o da Lei no 7.701/1988). Para o
caso da jurisdição no contexto estadual ou municipal, se a controvérsia
estiver adstrita a uma unidade da federação, a competência será do
respectivo Tribunal de Justiça (também por aplicação analógica do art. 6o
da Lei no 7.701/1988). As greves de âmbito local ou municipal serão
dirimidas pelo Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal com
jurisdição sobre o local da paralisação, conforme se trate de greve
de servidores municipais, estaduais ou federais. (...)”

Assim incontestável a legitimidade deste Tribunal para apreciação do


feito.

II – DOS FATOS

Os servidores públicos de Águas Lindas de Goiás são


representados pelo Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Águas
Lindas de Goiás - SINDSMAL.

Todo ano, o Sindicato envia ao Município uma pauta com


reivindicações para discussão no ano posterior chamada Data Base, onde se
inclui a revisão geral da segunda parte do artigo 37, X da CF.

Sendo assim, em novembro/22 o Município enviou para a


Diretoria Colegiada do Sindicato as minutas dos projetos de lei de reformulação
dos Estatutos dos Servidores Municipais e dos Planos de Carreira dos Servidores
Efetivos do Município com suas respectivas Tabelas Remuneratórias.

Foi solicitado ao Sindicato que, após análise dos


documentos, enviasse resposta ao Município acerca da aceitação ou não da
proposta do Poder Executivo, a qual trouxe uma série de benefícios para a
valorização dos servidores públicos municipais.

Ao longo dos meses de novembro e dezembro/22, o


Sindicato realizou diversas assembleias com as categorias profissionais do
município a fim de apresentar e obter a aprovação das Tabelas Remuneratórias e
das adequações legislativas, no que se referem aos servidores, apresentadas.

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Em dezembro/22, o SINDSPMAL apresentou contraproposta
de correção das tabelas remuneratórias que haviam sido propostas pelo
Município.

Ainda em dezembro/2022 a Procuradoria Geral do Município


esclareceu ponto a ponto o porquê da impossibilidade de se conceder os itens
apresentados na contraproposta do Sindicato.

Assim, o Município solicitou ao Sindicato que apresentasse


outros valores, adequados a realidade municipal, para que fosse feita análise da
readequação das tabelas remuneratórias, como também pediu que apontassem
de forma específica as alegadas perdas salariais.

Assim, sucessivamente veio ocorrendo reuniões com o


Sindicato respectivamente nos dias 17/02, 23/02, 08/03, 22/03 e 29/03 (PAUTAS -
ANEXO__) do corrente ano.

No ínterim da realização das reuniões, várias reinvindicações


foram deferidas, conforme a Decreto nº 3.881/2017 proferida pelo Chefe do Poder
Executivo (Decreto - Anexo __) que regulamenta a substituição dos professores
no contraturno, como havia sido solicitado.

Foi ainda concedido em vale alimentação a todos os


servidores que permaneçam à disposição da Administração 8 (oito) horas diárias
ou 12 (doze) horas no regime de revezamento, tendo em vista que a natureza
jurídica do auxílio alimentação é de ajuda de custo e não salarial. Tudo isso foi
esclarecido ao SINDSPAL-GO, por meio do ofício 99/2017 (Anexo__).
O único item que está nos limites discricionários do município
proposto pelo sindicato e que não foi deferido é a concessão da revisão geral,
pleiteado pelo sindicato os índices de 11,36% e 15% respectivamente para
servidores da Educação e demais servidores.

Destaca-se que tais Índices estão bem acima dos praticados


no Brasil, bem como os sugeridos pela Confederação Nacional de Municípios e
pelo Governo Federal que indicam 8,32% para Educação (Anexo __).

Assim, por se tratar de índice de revisão geral de salários


que impactará no limite de gasto com pessoal e na regularidade fiscal do
Município, o Prefeito determinou que o setor de planejamento do município
apresentasse para a reunião de data base do último dia 22/03/17, estudo técnico
com base na receita corrente liquida do município, bem como nos instrumentos
orçamentários e especialmente baseados nos artigos 19, III c/c 20, I, “c”, da Lei de

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Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar Federal nº 101/00). Com esta
apresentação, foi demonstrado e comprovado que o Município se encontra em
situação crítica e que, no presente momento, não teria como conceder o reajuste
pleiteado (apresentação slides - Anexo __)

A diretora do SINDSPMAL e todos os demais representantes


das categorias, inconformados com a situação apresentada, se retiraram no meio
da reunião de negociação do dia 22/03. É lamentável que, em meio a uma
discussão de grande magnitude, onde o município esperava a sensibilidade dos
servidores para a atual realidade financeira que atravessa o município, a Diretora
do SINDSPMAL, em atitude completamente egoísta e centralizadora, convidasse
os representantes das categorias presentes na reunião a se retirarem da última
reunião da Data Base, antes mesmo da conclusão dos trabalhos,
desconsiderando toda a conjuntura apresentada, relegando a situação geral do
município.

Logo após, encaminharam um ofício de nº 026/2017 para o


Município no dia (circular sobre a greve - Anexo __), nos seguintes termos:
“(...) vem por meio deste, comunicar a Vossa Excelência que estará
realizando Assembleia Extraordinária com PARALISAÇÃO GERAL com
todos os Servidores Públicos Municipal, para demonstrar o
descontentamento das categorias...”.

E, no dia 04 de abril de 2017, o ofício de nº 039/2017 para o


Município (ofício- anexo __), nos termos:
“(...) A partir do dia 07/04 (Sexta-feira) os servidores iniciarão a redução
de horário, tendo 01 dia na semana de PARALISAÇÃO GERAL em prol
do índice de data base...”

Ignorando as leis vigentes, convocou e realizou reunião no


dia 04 de abril de 2017, momento em que foi apresentada contraproposta em que
foi decidido que a partir do dia 07 de abril os servidores iniciarão a REDUÇÃO
DE HORÁRIO, tendo 01 dia da semana de PARALISAÇÃO GERAL.

Insta corroborar que o Município teme que a


paralisação/greve se prolongue por tempo determinado, tendo em vista a atitude
radical adotada pelo sindicato. Mesmo sabendo da importância dos serviços
essenciais e o que a sua paralisação possa reverter ao município, bem como de
todos os requisitos das Leis Federm k, ais 7.701/88 e 7.738/89, a Senhora
Diretora do SINDSPMAL simplesmente declarou instalada a greve em Assembleia
do dia 04/04/2017 e em ato desmedido, vem persuadindo servidores a deixarem
seus postos de trabalho e até mesmo movimentando pais de alunos contra o
executivo, referindo-se de forma caluniosa sobre o assunto, sem explicar a
situação financeira do Município.

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Desta feita, entende o Município que a greve é ilegal e deve
ser declarada por este Tribunal.

III. DO DIREITO

III. A) CRISE NACIONAL E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Cabe informar a V. Excelência que não há possibilidade de


reajuste salarial aos empregados em relação à data-base com fundamento
na Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101/2000), uma vez
que a despesa com pessoal ultrapassou o limite legal.
O artigo 22 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)
veda qualquer aumento de despesas se a despesa total com pessoal
exceder o limite.
Em julgamento proferido pelo TST, a cerca da
preponderância da aplicabilidade da Lei de Responsabilidade Fiscal em
detrimento do reajuste da data-base, o vice-presidente do TST, ministro
Emmanoel Pereira, afirmou nos seguintes termos: “Existem diversas
entidades públicas completamente quebradas, sem dinheiro para pagar
desde oxigênio nos hospitais até salários dos trabalhadores. Não podemos
ser insensíveis e alheios a essa dura realidade”.
Conforme afirmado pelo referido Ministro, no dia 13 de
março de 2017, no RO-296-96.2015.5.10.0000, a Justiça não pode ser
responsável por abrir uma brecha “que não se tem parâmetros para
mensurar o tamanho e a proporção a ser alcançada”.
Desta forma, no âmbito Municipal, a arrecadação no ano de
2023 foi menor que no mesmo período em 2022, e, afetando inclusive os repasses
federais FPM e FUNDEB. Desta forma, é prioridade que os salários sejam pagos
em dia, mais do que ser acordado um reajuste que não tem a mínima condição de
ser cumprido.
Com o descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal e
com a crise financeira enfrentada pelos Municípios é de todos conhecido que o
pagamento dos funcionários públicos tem sido afetado, e, para solucionar os
atrasos a maioria dos municípios/estados têm adotado medidas, tais como a
suspenção do reajuste dos funcionários públicos por 2 (dois), 3 (três) anos e
parcelamento de salários.
Graças a presente gestão, tais medidas ainda não
precisaram ser tomadas, estando os salários em dia. Mas a categoria entrando em
greve o prejuízo é exorbitante.

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O judiciário tendo conhecimento da atual situação do país, já
tem adotado medidas para impedir um colapso econômico, autorizando o
desconto dos dias de paralisação decorrentes da greve pelos servidores públicos,
em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre. Vejamos:

“A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de


paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos
servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que
dela decorre. É permitida a compensação em caso de acordo. O
desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi
provocada por conduta ilícita do Poder Público. Com base nesse
entendimento, o Plenário conheceu, em parte, do recurso extraordinário
e, por maioria, a ele deu provimento. Na espécie, discutia-se a
possibilidade de desconto nos vencimentos dos servidores públicos dos
dias não trabalhados em razão do exercício do direito de greve — V.
Informativo 797. O Tribunal assentou que: a) a deflagração de greve por
servidor público civil corresponde à suspensão do trabalho e, ainda que a
greve não seja abusiva, como regra geral, a remuneração dos dias de
paralisação não deve ser paga; e b) somente não haverá desconto se a
greve tiver sido provocada por atraso no pagamento aos servidores
públicos civis ou se houver outras circunstâncias excepcionais que
justifiquem o afastamento da premissa da suspensão da relação funcional
ou de trabalho. RE 693456/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, 27.10.2016. (RE-
693456).”

Desta forma, a deflagração da greve é considerada


suspensão do trabalho. Como já afirmado, o pagamento dos servidores estão
em dia, assim a greve é ilegal e cada dia parado será descontado.

Importante salientar que atualmente o déficit do regime


próprio é R$ 32 milhões de reais no Município, o que é um ponto a ser
considerado já que o fundo estava quebrado. E esta dívida está sendo paga,
assim não existe a mínima condição de reajuste.
Ademais, por diversas vezes foram atendidas demandas
apresentadas pelo Sindicato, demonstrando a boa fé do Município em apreciar os
servidores que aqui trabalham. Todavia, percebe-se que, conforme fatos narrados,
umas séries de fatores externos impedem o atendimento de todas as solicitações
requeridas pois trata-se de um Município extremamente carente.

A) A ILEGALIDADE DA PARALISAÇÃO/GREVE

Cumpre salientar que o Requerente não pretende, com a


presente demanda, se manifestar sobre a (in)justiça ou (des)necessidade do
movimento, não possuindo atribuição para analisar os pleitos formulados pelo

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Sindicato. Pretende-se, pois, única e exclusivamente, a garantia de que os
serviços essenciais indispensáveis para uma Administração não podem ser
obstados pelo exercício ilegal/abusivo do direito de greve dos servidores públicos.

O Supremo Tribunal Federal já pacificou o entendimento de


que a Lei n.º 7.783/89 é plenamente aplicável aos servidores públicos.

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE DECLARAÇÃO DE ILEGALIDADE DE


GREVE. PRELIMINAR: INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA. REJEITADA.
PRELIMINAR: PERDA SUPERVENIENTE DO INTERESSE DE AGIR.
REJEITADA. MÉRITO: DIREITO DE GREVE. SERVIDORES PÚBLICOS
CIVIS. SERVIÇOS ESSENCIAIS. LEI Nº 7.783/89. LEGALIDADE.
IMPROVIDO. 1) Se ao tempo do ajuizamento da demanda ainda não
existia o posicionamento do Supremo Tribunal Federal fixando a
competência originária do Tribunal de Justiça para julgamento de
dissídios envolvendo o direito de greve, deve ser rejeitada a preliminar de
incompetência absoluta do juízo singular, sob pena de restar violado o
princípio da segurança jurídica e da razoável duração do processo.
Preliminar rejeitada. Precedente no TJES. 2) Não há perda superveniente
do interesse de agir quando a suspensão do movimento grevista deu-se
em razão do deferimento de medida liminar judicial e ainda resta presente
o interesse na declaração de legalidade da paralisação. Preliminar
rejeitada. 3) Ao direito de greve dos servidores públicos, inclusive
relativo aos serviços essenciais, se aplica a Lei nº 7.783/1989
enquanto a omissão não for devidamente regulamentada por lei
específica para os servidores públicos civis (inciso VII do art. 37 da
CF). Precedente do STF. Vitória, 17 de abril 2012. DESEMBARGADOR
PRESIDENTE DESEMBARGADOR RELATOR PROCURADOR DE
JUSTIÇA (TJES, Classe: Remessa Ex-officio, 24980036933, Relator :
JOSÉ PAULO CALMON NOGUEIRA DA GAMA, Órgão julgador:
SEGUNDA CÂMARA CÍVEL, Data de Julgamento: 17/04/2012, Data da
Publicação no Diário: 24/04/2012)(TJ-ES - Remessa Ex-officio:
24980036933 ES 24980036933, Relator: JOSÉ PAULO CALMON
NOGUEIRA DA GAMA, Data de Julgamento: 17/04/2012, SEGUNDA
CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 24/04/2012)

Ademais, ressalta-se que o STF admitiu a possibilidade de


aplicação da Lei n.º 7.783/89 aos servidores públicos. No entanto, a Corte
Suprema também estabeleceu que algumas categorias de servidores
públicos, diante da extrema essencialidade das funções exercidas, não
poderiam realizar greve – relativização do direito –, devendo prevalecer a
prestação adequada e contínua dos serviços públicos.

RECLAMAÇÃO. SERVIDOR PÚBLICO. POLICIAIS CIVIS. DISSÍDIO


COLETIVO DE GREVE. SERVIÇOS OU ATIVIDADES PÚBLICAS
ESSENCIAIS. COMPETÊNCIA PARA CONHECER E JULGAR O
DISSÍDIO. ARTIGO 114, INCISO I, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL.
DIREITO DE GREVE. ARTIGO 37, INCISO VII, DA CONSTITUIÇÃO DO
BRASIL. LEI N. 7.783/89. INAPLICABILIDADE AOS SERVIDORES

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PÚBLICOS. DIREITO NÃO ABSOLUTO. RELATIVIZAÇÃO DO DIREITO
DE GREVE EM RAZÃO DA ÍNDOLE DE DETERMINADAS
ATIVIDADES PÚBLICAS. AMPLITUDE DA DECISÃO PROFERIDA NO
JULGAMENTO DO MANDADO DE INJUNÇÃO N. 712. ART. 142, § 3º,
INCISO IV, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. INTERPRETAÇÃO DA
CONSTITUIÇÃO. AFRONTA AO DECIDIDO NA ADI 3.395.
INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO PARA DIRIMIR
CONFLITOS ENTRE SERVIDORES PÚBLICOS E ENTES DA
ADMINISTRAÇÃO ÀS QUAIS ESTÃO VINCULADOS. RECLAMAÇÃO
JULGADA PROCEDENTE. 1. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o MI
n. 712, afirmou entendimento no sentido de que a Lei n. 7.783/89, que
dispõe sobre o exercício do direito de greve dos trabalhadores em geral,
é ato normativo de início inaplicável aos servidores públicos civis, mas ao
Poder Judiciário dar concreção ao artigo 37, inciso VII, da Constituição do
Brasil, suprindo omissões do Poder Legislativo. 2.Servidores públicos que
exercem atividades relacionadas à manutenção da ordem pública e à
segurança pública, à administração da Justiça --- aí os integrados nas
chamadas carreiras de Estado, que exercem atividades indelegáveis,
inclusive as de exação tributária --- e à saúde pública. A conservação do
bem comum exige que certas categorias de servidores públicos
sejam privadas do exercício do direito de greve. Defesa dessa
conservação e efetiva proteção de outros direitos igualmente
salvaguardados pela Constituição do Brasil. 3. Doutrina do duplo
efeito, segundo Tomás de Aquino, na Suma Teológica (II Seção da II
Parte, Questão 64, Artigo 7). Não há dúvida quanto a serem, os
servidores públicos, titulares do direito de greve. Porém, tal e qual é lícito
matar a outrem em vista do bem comum, não será ilícita a recusa do
direito de greve a tais e quais servidores públicos em benefício do
bem comum. Não há mesmo dúvida quanto a serem eles titulares do
direito de greve. A Constituição é, contudo, uma totalidade. Não um
conjunto de enunciados que se possa ler palavra por palavra, em
experiência de leitura bem comportada ou esteticamente ordenada. Dela
são extraídos, pelo intérprete, sentidos normativos, outras coisas que não
somente textos. A força normativa da Constituição é desprendida da
totalidade, totalidade normativa, que a Constituição é. Os servidores
públicos são, seguramente, MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO
MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
titulares do direito de greve. Essa é a regra. Ocorre, contudo, que entre
os serviços públicos há alguns que a coesão social impõe sejam
prestados plenamente, em sua totalidade. Atividades das quais
dependam a manutenção da ordem pública e a segurança pública, a
administração da Justiça --- onde as carreiras de Estado, cujos membros
exercem atividades indelegáveis, inclusive as de exação tributária --- e a
saúde pública não estão inseridos no elenco dos servidores alcançados
por esse direito. Serviços públicos desenvolvidos por grupos armados: as
atividades desenvolvidas pela polícia civil são análogas, para esse efeito,
às dos militares, em relação aos quais a Constituição expressamente
proíbe a greve [art. 142, § 3º, IV]. 4. No julgamento da ADI 3.395, o
Supremo Tribunal Federal, dando interpretação conforme ao artigo 114,
inciso I, da Constituição do Brasil, na redação a ele conferida pela EC
45/04, afastou a competência da Justiça do Trabalho para dirimir os
conflitos decorrentes das relações travadas entre servidores públicos e
entes da Administração à qual estão vinculados. Pedido julgado

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procedente. (RCL n.º 6.568, relator Min. Eros Grau,j.21.05.2009)
(Destacou-se)

Este entendimento foi novamente reforçado no dia 05 de abril


de 2017, em que foi afirmado que o direito de greve não é um direito absoluto,
não podendo ser superior a ordem pública e nem a continuidade do serviço
público, devendo este direito ser submetido a apreciação prévia do Poder
Judiciário, observadas as restrições fixadas pelo STF no julgamento do MI 670,
conforme Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 654432, cujo o redator é o
ministro Alexandre de Moraes.

Desta forma, considerando que o direito de greve para


servidores públicos não é absoluto e os fatos narrados, o movimento grevista
flagra de ilegalidade. Senão vejamos, não foi comprovado que o Sindicato
efetivamente realizou assembleia para deliberação da greve como determina os
arts. 3° e 4° da Lei n° 7783/89.

“Art. 4º Caberá à entidade sindical correspondente convocar, na forma


do seu estatuto, assembléia geral que definirá as reivindicações da
categoria e deliberará sobre a paralisação parcial da prestação de
serviços” ;

Desta forma, nos termos do Estatuto do Sindicato:


“Art.13 – As Assembleias Gerais serão soberanas em suas resoluções e
constituem o órgão máximo de deliberação da categoria.
Art. 14 – As Assembleias Gerais poderão ser Ordinárias e Extraordinárias;
Art. 14 – São Assembleias Gerais Ordinárias as de apreciação de balanço
financeiro e patrimonial realizadas anualmente no mês de Agosto e as de
previsão orçamentaria realizadas anualmente no mês de Dezembro.
Paragrafo Único – As Assembleias Gerais Ordinárias, esgotado o prazo legal de
sua realização, poderão ser convocadas pelos associados em número de 1/5
(um quinto) dos filiados, os quais especificarão os motivos de convocação e
assinarão o respectivo edital.
Art. 16 - As Assembleias Gerais Extraordinárias acontecerão sempre que
necessário e poderão ser convocadas pela Coordenação Executiva Colegiada,
pela Diretoria Colegiada ou por 1/5 ( um quinto) dos sindicalizados, os quais
especificarão os motivos da convocação.
§ 1° - O abaixo-assinado que garante a realização da Assembleia deverá ser
depositado na sede do Sindicato com antecedência mínima de 07 (sete) dias
uteis da data da Assembleia.
§ 2 ° A coordenação executiva colegiada terá o prazo de 72 horas, a partir da
entrega do respectivo abaixo-assinado, para convocar a Assembleia Geral
solicitada.
Art. 17 – Nenhum motivo poderá ser alegado pelos administradores da entidade
para frustrar a realização da Assembleia convocada nos termos deste Estatuto.

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1768 - CNPJ: 01.616.520/0001 – 96.
Art. 18 – No caso de convocação por associado, o Edital de Convocação a ser
publicado poderá ser assinado apenas por um associado fazendo-se menção
do número de assinaturas apostos no documento.
Art. 19 – A convocação das Assembleias Gerais far-se-á através da afixação de
convocação na Sede e divulgação nos locais de trabalho.
Art. 20 – O quórum para dar inicio a Assembleia Geral deverá ser :
a) em primeira convocação, dois terço (2/3) dos sindicalizados;
b) em segunda convocação, uma hora após a primeira, com o número de
sindicalizados presentes;
Art. 21- Serão consideradas aprovadas em Assembleias Gerais a s propostas
que obtiverem maioria simples entre os sindicalizados presentes. ”

É de suma importância, que não foi comprovado junto a


Administração Pública que a assembleia foi realizada conforme o Estatuto.
Devendo ser considerada ilegal até que seja comprovada sua realização nos
termos do Estatuto do Sindicato.
Neste ponto, fica evidente que a deflagração de greve fica
condicionada a frustração da negociação. Veja, Nobre Julgador, que o sindicato
ainda diz tem o condão de cumprir com o artigo 3º da Lei 7.783/85 como se uma
declaração de greve, principalmente na administração pública fosse uma decisão
sem repercussão, sem considerar que uma greve deflagrada coloca em risco a
qualidade da prestação de uma gama de serviços públicos, pois repercute
principalmente nas pastas da saúde, educação, entre outras de igual necessidade.

Coaduna a jurisprudência de que é necessário o


esgotamento das negociações para enfim ser declarada a greve e que decisão
judicial deve fixar as condições para que os beneficiários do serviço não sejam
afetados:

“A interpretação da legislação aplicável (Lei 7.783/1989) conforme à


Constituição levaria à conclusão de que as relações obrigacionais entre
agente público e administração deveriam ser regidas e sindicalizadas por
decisão judicial, dada a impossibilidade de acordo, convenção ou laudo
arbitral. Isso não implicaria falta de consequências aos grevistas, que
deveriam compensar as horas não trabalhadas ao fim da greve. Dessa
forma, a suspensão do pagamento de servidores grevistas exigiria ordem
judicial, que reconhecesse a ilegalidade ou abusividade da greve em
concreto. Do mesmo modo, a decisão judicial deveria fixar condições
para o exercício desse direito, nos termos da lei mencionada, com o
menor prejuízo possível aos beneficiários do serviço público
afetado. O ministro Edson Fachin ficou vencido quanto à fixação da tese
e os ministros Marco Aurélio e Rosa Weber não a endossaram. RE
693456/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, 27.10.2016. (RE-693456)

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. DIREITO DE GREVE.


LEGITIMIDADE ATIVA DO SINDICATO. REQUISITOS DA LEI 7.783/89.
NÃO PREENCHIMENTO. ILEGALIDADE DO MOVIMENTO. 3. Uma vez
que o exercício do direito de greve não é irrestrito, deve a categoria,
ao deflagrar o movimento, observar os requisitos previstos na Lei

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7.783/89, a fim de que não seja dada à paralisação a feição de
abusividade, entre os quais se destacam: (a) o esgotamento das
tentativas de negociação coletiva, (b) a garantia de atendimento às
necessidades inadiáveis da população atingida pela paralisação, (c)
a comunicação prévia ao empregador e (d) a não ocorrência de
excessos no movimento, como a utilização de meios violentos para
aliciar servidores ou para provocar danos materiais. 4. Não
demonstrada a frustração da negociação coletiva, ou o esforço da
categoria profissional para a obtenção de uma solução amistosa para o
conflito coletivo, tampouco alertada a autoridade administrativa ou
avisada à população em geral que a greve seria deflagrada em
determinada, nem mesmo atestada a manutenção do contingente mínimo
de servidores operando, cumpre reconhecer a ilegalidade da paralisação.
5. Reputada abusiva a greve, são cabíveis as sanções de anotação de
faltas aos servidores grevistas no período da paralisação no ano de 2007,
inclusive no que se refere aos servidores em estágio probatório, com o
respectivo desconto dos dias parados, devendo a anotação das
ausências, todavia, ser objeto, se for o caso, de devido processo
administrativo em que assegurados o contraditório e ampla defesa, com
os meios e recursos a ela inerentes, inclusive no que se refere a
alteração unilateral de período de férias. (TRF-4 - APELREEX: 41333 RS
2007.71.00.041333-0, Relator: FERNANDO QUADROS DA SILVA, Data
de Julgamento: 05/04/2011, TERCEIRA TURMA, Data de Publicação:
D.E. 12/04/2011).

É notória a inobservância da garantia de atendimento às


necessidades inadiáveis da população atingida pela paralisação. O direito de
greve não possui soberania para ser exercido acima dos direitos da população e
da própria dignidade da pessoa humana.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) já
estabeleceu como essenciais todos os serviços o qual a interrupção possa
eclodir qualquer circunstância tendente a por em perigo a vida, a segurança
ou a saúde da pessoa, seja ela em toda ou parte da população, conforme afirma
Sérgio Pinto Martins.

!!! Cabe assinalar ainda que a Diretora do Sindicato se


prestou a diligenciar em cada escola para determinar que os professores saíssem
da sala de aula e aderissem ao movimento grevista. !!!

Determina os Tribunais pátrios da necessidade de


comunicação prévia da greve, como também a determinação de um percentual
mínimo de servidores em exercício nos moldes do art. 3°, parágrafo único da Lei
n° 7.783/89:
DIREITO CONSTITUCIONAL, DIREITO PROCESSUAL CIVIL E
DIREITO ADMINISTRATIVO - AÇÃO DECLARATÓRIA DE
ILEGALIDADE DE GREVE - SERVIDORES EM EDUCAÇÃO DO
MUNICÍPIO DE CAMPO MAGRO - GREVE DE SERVIDORES
PÚBLICOS - AUSÊNCIA DE LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA - APLICAÇÃO,
POR ANALOGIA, DA LEI FEDERAL Nº 7.738/1989, QUE DISCIPLINA A

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GREVE NA INICIATIVA PRIVADA - AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO DO
EMPREGADOR NO PRAZO DE 72 H (SETENTA E DUAS HORAS) QUE
ANTECEDERAM O INÍCIO DA GREVE - MOVIMENTO GREVISTA QUE
DEIXOU DE ASSEGURAR A MANUTENÇÃO DE PERCENTUAL
SUFICIENTE DE SERVIDORES PARA ATENDER A POPULAÇÃO -
INTELIGÊNCIA DOS ARTIGOS 11 E 13 DA LEI Nº 7.783/1989 -
ILEGALIDADE DO MOVIMENTO GREVISTA - AÇÃO CIVIL ORIGINÁRIA
CONHECIDA E PROVIDA. 1. Consoante entendimento firmado pelo
Excelso Supremo Tribunal Federal, o direito de greve dos servidores
públicos estatutários ainda não foi regulamentado por lei específica, de
forma que a eles deve ser aplicado, por analogia, o disposto na Lei nº
7.738/1989, que disciplina a greve na iniciativa privada. 2. O movimento
grevista deveria ter respeitado as disposições dos artigos 11 e 13 da
Lei nº 7.738/1989, os quais determinam a necessidade de
comunicação ao empregador, no prazo de 72 h (setenta e duas
horas) que antecedem seu início, a manutenção de percentual
suficiente de servidores para atender a população. (TJ-PR - CO:
9010300 PR 901030-0 (Acórdão), Relator: José Marcos de Moura, Data
de Julgamento: 23/10/2012, 5ª Câmara Cível em Composição Integral,
Data de Publicação: DJ: 988  null)

Reitera que o Sindicato declarou greve a todos os


servidores públicos municipais, ou seja, os serviços essenciais como saúde,
educação e transporte estão sendo prejudicados, flagrando ainda mais de
ilegalidade o movimento paredista prova disto é o Oficio Circular 026/2017
emitido pelo Sindicato, (ANEXO___)

Insta salientar o disposto no art. 11 da Lei n° Lei 7.783/89:

 Art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os


empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum
acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços
indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da
comunidade.

Enfim, não demonstrada a frustração da negociação coletiva,


ou o esforço da categoria profissional para a obtenção de uma solução amistosa
para o conflito coletivo ou avisada à população em geral que a greve seria
deflagrada, nem mesmo atestada a manutenção do contingente mínimo de
servidores operando, cumpre reconhecer a ilegalidade da paralisação.

No mesmo sentido, segundo posicionamento do Superior


Tribunal de Justiça, a greve de servidores públicos deve garantir, de comum
acordo com a Administração Pública, a prestação de serviços inadiáveis cuja
paralisação pode resultar prejuízo à população, devendo prevalecer os serviços
essenciais a população (STJ, REsp 1557189, relator Min. ASSUSETE
MAGALHÃES, j. 20.02.2017).

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III.B) DA ILEGALIDADE DA GREVE PELA PARALISAÇÃO DOS SERVIÇOS
ESSENCIAIS

O Sindicato informou que todos os servidores a partir do dia


07/04/2017, inclusive os que exercem atividades essenciais ao governo, deveriam
parar, contrariando o disposto no art. 9° da Lei n° 7783/89:

Art. 9º Durante a greve, o sindicato ou a comissão de negociação,


mediante acordo com a entidade patronal ou diretamente com o
empregador, manterá em atividade equipes de empregados com o
propósito de assegurar os serviços cuja paralisação resultem em
prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de bens,
máquinas e equipamentos, bem como a manutenção daqueles
essenciais à retomada das atividades da empresa quando da
cessação do movimento.

Vale constar que a greve prejudica não só a Administração


como também toda uma população que é punida em prol de interesse particular.
Nessa hipótese, não é dado a ninguém interromper o desempenho da função
pública sob qualquer alegação. Contudo, o desempenho das secretarias
municipais está irremediavelmente comprometido pelo movimento grevista.

Duas importantes balizas para definir os limites do direito de


greve dos servidores públicos são o princípio da supremacia do interesse público
e o princípio da continuidade do serviço público que regem a atividade estatal.

Os servidores públicos efetivos estão lotados em todas as


secretarias municipais, tanto de saúde, quanto administração, finanças, educação,
obras, transporte, transito, serviços urbanos, ação social, meio ambiente e
habitação, que paralisando parcialmente suas atividades, toda uma coletividade
está sendo prejudicada sobremaneira pela suspensão repentina dos serviços
essenciais à população.

Com isso, há inevitável prejuízo ao interesse público com a


paralisação da Administração Pública, que prejudica a continuidade da atividade
jurisdicional, suspendendo todas as atividades de relevante interesse público. A
jurisdição é monopólio estatal, essencial à resolução de conflitos dentro da lei, por
isso, ao prejudicar o seu funcionamento, a greve atenta contra o direito de toda
população aguaslindense.

O exercício da greve pelos Servidores Municipais não pode


prejudicar de forma irreversível os direitos individuais e coletivos garantidos à
população, sob pena de se configurar a ilegalidade de seus atos. Por exercerem
atividade pública considerada essencial pela própria Constituição Federal, a greve
deflagrada deve ser declarada ilegal por contrariar o interesse público. A vida em

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sociedade não permite o exercício de atos sem a necessária análise prévia das
suas consequências.

Desse modo, ao servidor público é vedado aderir ao


movimento paredista, sob pena de infringência aos deveres preconizados no
artigo 112 da Lei 385/2003, entre os quais se destacam o exercício com zelo e
dedicação das atribuições do cargo (inciso I), a observância às normas legais e
regulamentares (inciso III), o cumprimento às ordens superiores (inciso IV), o
atendimento com presteza ao público em geral (inciso V, “a”), tratar com
urbanidade as pessoas (inciso XI), a assiduidade e pontualidade ao serviço (inciso
X).

Em especial, cumpre constatar que o movimento paredista


que vem sendo anunciado pelo Sindicato, além de abusivo, já que se trata de
verdadeira represália do movimento que prejudica diretamente a população,
caracteriza conduta proibida ao servidor público, plenamente enquadrada no artigo
113, inciso VIII, da Lei 385/2003 (“Ao servidor é proibido: opor resistência
injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço”),
podendo ser caracterizada até mesmo como abuso de autoridade.

Para corroborar os pensamentos exarados e demonstrar a


destreza do movimento grevista, verifica-se que a Saúde e Educação que
expressam a indignação e o caos gerado pelo Sindicato quando determinou a
paralisação das atividades por todos os servidores públicos. Na Educação, já
ocorreu de professores serem retirados das salas de aula por ato coercitivo do
Sindicato sem qualquer respeito com os alunos, na saúde, programas de
vacinação tiveram um alcance menor do que o esperado pela falta de médicos e
enfermeiros no atendimento, demonstrando um descaso e desrespeito gritante do
Sindicato pela população e pela Administração Pública.

Em suma, tratando-se de servidores que executam função


essencial a Fazenda Pública Municipal, mostra-se flagrantemente ilegal e abusivo
o movimento grevista, que está sendo realizado em prejuízo direto e imediato à
ordem pública e administrativa considerando que, os salários estão em dia, e,
também, como demonstrado a pauta de reivindicação vem sendo atendida e está
sob negociação.
Considerando que diante da redução de horário e 1 (um) dia
de paralisação geral sem que haja condição de reajuste no momento. E, ainda,
que o Município não se negou em negociar, o movimento torna-se ilegal, conforme
oficiado ao SINDSPMAL, no ofício nº 099/2017 (ANEXO ___).

III.C) DA OBRIGAÇÃO DE FAZER E DE NÃO-FAZER

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1768 - CNPJ: 01.616.520/0001 – 96.
Na hipótese dos autos, revela-se a necessidade do
provimento judicial no sentido de que cesse a violação à ordem jurídica, mediante
a imposição de obrigação de fazer e não-fazer ao Requerido, de modo que seja
recomposto o status quo ante, com a normalidade na prestação dos serviços
públicos pelos Servidores Públicos Municipais, já que a greve comandada pelo
Requerido representa uma ilegalidade, porquanto está sendo transgredida norma
proibitiva à participação do servidor no movimento paredista.

De igual modo, estão sendo violados pelos grevistas os


deveres do servidor público fixados no artigo 112 da Lei 385/2003. Também está
sendo transgredida a proibição insculpida no artigo 113, inciso VIII, da Lei
385/2003, segundo a qual é vedado ao servidor opor resistência injustificada ao
andamento de documento e processo ou execução de serviço.

A conduta dos grevistas atenta contra os deveres de


impessoalidade, legalidade e lealdade às Instituições, configurando atos de
improbidade administrativa, pelos quais respondem não só os agentes como
também o Requerido e sua Diretora, na forma do artigo 3º, da Lei 8.429/92 (Lei de
Improbidade Administrativa), que responsabiliza quem “mesmo não sendo agente
público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se
beneficie sob qualquer forma direta ou indireta”.

A responsabilidade civil do Requerido e dos grevistas, por


outro lado, também se impõe nos termos da Constituição Federal (art. 37, §6º) e
do Código Civil Brasileiro (arts. 186 e 187 do CCB).

Por outro lado, ficou comprovado que a Diretora do


SINDSPMAL e outros membros deste sindicato vêm agindo de modo ilegal
quando tumultua o bom andamento das repartições públicas, por vezes utilizando-
se de excessos. Tais como, no dia 29 de abril de 2017, invadiram a prefeitura
apitando dentro do órgão, dificultando o trabalho dos funcionários da prefeitura,
colocando carro de som alto com a finalidade de interromper as atividades da
Administração Pública.
Relevante, também, sob o ponto de vista penal, é a conduta
noticiada, porquanto se trata de retardamento ou omissão de ato de ofício,
praticada para a satisfação de interesse pessoal dos grevistas (prevaricação),
sendo, por tal conduta, responsáveis não só os agentes como quem de qualquer
forma concorre para o crime, sem falar de outras figuras delituosas autônomas ou
conexas.
Diante da situação ilícita noticiada – sob múltiplos aspectos,
é necessária a atuação do Poder Judiciário no sentido de recompor a ordem
jurídica, com fundamento no artigo 498 do CPC.

III.D) A COMINAÇÃO DE MULTA

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A situação dos autos revela a necessidade de que seja
cominada multa diária de modo a compelir o Requerido SINDSPMAL E SUA
DIRETORA E OS DEMAIS GREVISTAS ao cumprimento da tutela específica
obrigação de fazer e não-fazer, ex vi dos artigos 325 c/c 497, do CPC nos termos
da transcrição:

Art. 325. O pedido será alternativo quando, pela natureza da obrigação,


o devedor puder cumprir a prestação de mais de um modo.

Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não
fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela específica ou
determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo
resultado prático equivalente.

Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir


a prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é
irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência de
culpa ou dolo. 

A referida multa não possui caráter de ressarcimento, mas


busca impor ao Requerido medida coativa, tendente ao adimplemento da
obrigação fixada na decisão/sentença, inexistindo limitação de valor.

Desse modo, é indispensável que seja fixada multa diária em


patamar hábil a compelir o Requerido ao cumprimento imediato da obrigação de
fazer e não-fazer ora pleiteada tendo em vista o relevante valor jurídico para a
continuidade do serviços públicos do município, bem como o receio de ineficácia
do provimento, tendo em vista a resistência de algum servidores e do
SINDPSMAL.

III.E) A NECESSIDADE DA TUTELA LIMINAR

Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação


de fazer e não-fazer, o artigo 497, do CPC, autoriza ao Magistrado, presentes os
respectivos pressupostos, deferir a tutela específica liminarmente.

A relevância do fundamento da demanda extrai-se da


ilegalidade do movimento grevista, que está sendo realizado à míngua de
disciplina legal, representando também a violação aos deveres e proibições dos
servidores públicos, além de estar impondo solução de continuidade ao
desempenho de função pública de natureza essencial, pertinente à manutenção
da segurança pública e incolumidade de bens e pessoas.

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Por sua vez, caracteriza-se o justificado receio de ineficácia
do provimento final na medida em que o movimento grevista está gerando
incontáveis prejuízos para a segurança pública e a incolumidade de bens e da
própria população em geral, os quais se agravarão, mais e mais, a cada dia.

E não se pode sequer admitir vagamente que o dano aos


valores essenciais – hoje real e muito concreto – seja intensificado, sendo certo
que sua potencialidade demanda a proteção liminar dos bens jurídicos protegidos
(ordem e segurança públicas), mediante o deferimento da tutela liminar, inaudita
altera pars.

III. F) DA POSSIBILIDADE DE CORTE NOS CARTÕES DE PONTO DOS


SERVIDORES ADERENTES A GREVE E RESPONSABILIZAÇÃO DO
SINDICATO PELA GREVE ILEGAL

A ilegalidade da greve torna o Requerido responsável pelos


possíveis danos causados à Fazenda Pública (artigos 186, 187 e 927 do Código
Civil). O Requerido deve ser responsabilizado por eventuais danos que a
paralisação possa trazer aos cofres públicos, por exemplo, na saúde em virtude da
falta de médicos o Município seja responsabilizado por omissão de socorro.

Cumpre destacar ainda o Supremo Tribunal Federal possui o


entendimento de que é possível o desconto dos servidores que aderirem à greve
ilegal.

“A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de


paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos
servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que
dela decorre. É permitida a compensação em caso de acordo. O
desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi
provocada por conduta ilícita do Poder Público. Com base nesse
entendimento, o Plenário conheceu, em parte, do recurso extraordinário
e, por maioria, a ele deu provimento. Na espécie, discutia-se a
possibilidade de desconto nos vencimentos dos servidores públicos dos
dias não trabalhados em razão do exercício do direito de greve — V.
Informativo 797. O Tribunal assentou que: a) a deflagração de greve por
servidor público civil corresponde à suspensão do trabalho e, ainda que a
greve não seja abusiva, como regra geral, a remuneração dos dias de
paralisação não deve ser paga; e b) somente não haverá desconto se a
greve tiver sido provocada por atraso no pagamento aos servidores
públicos civis ou se houver outras circunstâncias excepcionais que
justifiquem o afastamento da premissa da suspensão da relação funcional
ou de trabalho. RE 693456/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, 27.10.2016. (RE-
693456).

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Exposto isto, flagrante de ilegalidade o movimento paredista
seja apreciado o pedido de desconto dos dias parados dos servidores em razão
da greve.

III. G) DA LEI DA RESPONSABILIDADE FISCAL

Além de todos os fatos já expostos, é importante salientar o


que preconiza a Lei de Responsabilidade Fiscal - Lei Complementar n º 101, de 4
de maio de 2000. A referida Lei regulamentou a Constituição Federal, na parte da
Tributação e do Orçamento (Título VI), cujo Capítulo II estabelece as normas
gerais de finanças públicas a serem observadas pelos três níveis de governo:
Federal, Estadual e Municipal.
O principal objetivo da Lei de Responsabilidade Fiscal, de
acordo com o caput do art. 1º, consiste em estabelecer “normas de finanças
públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal”, estabelecendo, por
exemplo, ação planejada e transparente; prevenção de riscos e correção de
desvios que afetem o equilíbrio das contas públicas; garantia de equilíbrio nas
contas, via cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas, com
limites e condições para a renúncia de receita e a geração de despesas com
pessoal, seguridade, dívida, operações de crédito, concessão de garantia e
inscrição em restos a pagar.
A referida lei estabelece a fixação para os gastos com o
pessoal, para estados e municípios, o limite de 60% da Receita Corrente Líquida
(RCL). Conforme documento em anexo (ANEXO __), o índice de pessoal do
município já ultrapassou o limite estabelecido, alcançando a porcentagem de 64%.
Conforme a Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000:
“Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a
despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada
ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita
corrente líquida, a seguir discriminados:

III - Municípios: 60% (sessenta por cento).”

Na esfera municipal o limite de 60% é repartido da seguinte


forma: 6% para o Legislativo, incluindo o Tribunal de Contas do Município, e 54%
para o Executivo. Ou seja, somente 54% estaria disponível para o Executivo e, de
acordo com a documentação apresentada, esta porcentagem já ultrapassou o
montante de 10%.
Destaca-se ainda que quando um ente público despende
essa porcentagem de suas receitas líquidas com a folha de pagamento, significa
que restam somente 46% para a realização dos serviços públicos básicos, como
educação, saneamento, saúde e segurança, sem considerar a manutenção de
estradas e vias urbanas, a preservação do patrimônio público, etc. Além disso, o

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crescimento populacional demanda um programa de investimentos crescente por
parte dos governos.
O não cumprimento das regras estabelecidas na Lei de
Responsabilidade Fiscal sujeita o titular do Poder ou órgão a punições que
poderão ser: impedimento da entidade para o recebimento de transferências
voluntárias; proibição de contratação de operações de crédito e de obtenção de
garantias para a sua contratação; pagamento de multa com recursos próprios
(podendo chegar a 30% dos vencimentos anuais) do agente que lhe der causa;
inabilitação para o exercício da função pública por um período de até cinco anos;
perda do cargo público; cassação de mandato; e prisão, detenção ou reclusão. 
Vale destacar que, segundo o Relatório de Gestão Fiscal do
4º Quadrimestre de 2017, apresentado ao TCM, o gasto com pessoal do Poder
Executivo do Município de Águas Lindas representou 62,87% das Receitas
Correntes Líquidas (RCL). Reitera-se, isso significa dizer que a Prefeitura está
comprometendo com o pagamento de servidores um valor maior do que o
limite máximo permitido pela de Responsabilidade Fiscal (LRF) que é de
54%.
Como é possível verificar no GRÁFICO 1, os gastos com
pessoal vem crescendo de forma drástica no decorrer dos anos. Saindo do
patamar de 90 milhões, em 2013, para mais de 140 milhões, em 2016, é um
crescimento de 55% em apenas 3 anos. Por outro lado, a Receita (Corrente
Líquida), saiu do patamar de 159 milhões, em 2013, para 225 milhões, em 2016;
representando um crescimento de 41,57%. Desse modo, o impacto das despesas
com pessoal sobre a receita cresceu de forma vertiginosa, passando de 53,41%
para 62,87% entre 2013 e 2016.
Insta destacar que o impacto do gasto com pessoal efetivo é
consideravelmente maior do que o gasto com as demais categorias. De um total
de R$ 8,7 milhões gastos na folha do mês de janeiro/2017, R$ 7,7 milhões foi
gasto com pessoal efetivo, representando assim 88,42% do total.

Gráfico 1. Evolução dos Gastos com Pessoal do Poder Executivo.

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160,000,000.00

141,531,077.47
140,000,000.00

120,000,000.00
113,901,777.37
106,134,427.66
100,000,000.00
90,800,660.64
86,417,130.85
80,000,000.00

60,000,000.00

40,000,000.00

20,000,000.00

0.00
2012 2013 2014 2015 2016
Fonte: Balanço Geral (2012, 2013, 2014 e 2015) e Relatório de Gestão Fiscal
(2016).

Consoante fatos apresentados é visível o estouro da


porcentagem permitida pela Lei de Responsabilidade Fiscal, o que acarreta na
dificuldade financeira de atender até demandas básicas do Município, em razão da
pobreza existente na localidade.
Desta forma, a Lei de Responsabilidade Fiscal fixa limites
para despesas com pessoal, para dívida e ainda determina que sejam criadas
metas para controlar receitas e despesas. Para evitar que o administrador público
ultrapasse os limites de despesa de pessoal, está tomando tomar providências
para que isso não aconteça. Assim, qualquer aumento concedido será
irresponsabilidade do gestor público, pois comprovadamente não tem como
aumentar os gastos.

IV – DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer o Município, liminarmente, seja
determinado ao Requerido, inaudita altera parts, que:

a) Acolhida a pretensão formulada que SEJA


DECLARADA A ILEGALIDADE DA GREVE e liminarmente seja determinado ao
SINDSPMAL que suste os efeitos da deliberação de Greve e que se abstenham

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de adotar comportamentos que promovam ou de qualquer modo concorram para
esta ou outras paralisações sob mesmo argumento;

b) Considerando que o direito de greve não é absoluto,


que seja determinado o retorno imediato de todos os serviços essenciais;

c) Seja também determinado que o suscitado sindicato


convoque em sua totalidade o retorno dos servidores ao trabalho ou que garanta
no mínimo 70% (setenta por cento) de presença dos mesmos para a continuidade
dos serviços públicos preponderantes;

d) Para garantir o cumprimento da decisão liminar, manter


os serviços públicos essenciais e restabelecer a normalidade na prestação de
serviços públicos, que seja deferido todas as medidas garantidoras do art. 536 do
CPC, especialmente a possibilidade de imposição de multa diária ao Requerido
SINDSPMAL e sua Diretora Eliene no importe de R$60.000,00 (sessenta mil reais)
dia por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas,
desfazimento de obras e impedimento de atividades nocivas, se necessário com
requisição de força policial.

No mérito, ao final, requer o Município que:

a) Seja JULGADO PROCEDENTE O PEDIDO para declarar


a ILEGALIDADE DA GREVE e condenar o Requerido SINDSPMAL e sua Diretora
Eliene a manterem a sustação dos efeitos da deliberação de Greve e que se
abstenham de adotar comportamentos que promovam ou de qualquer modo
concorram para esta ou outras paralisações sob mesmo argumento;

b) Para garantir o cumprimento da decisão final e manter os


serviços públicos essenciais restabelecidos, que seja deferido ao município o
direito de utilizar-se dos instrumentos dispostos no art. 536, § 1º do CPC,
especialmente multa diária ao Requerido SINDSPMAL e sua Diretora Eliene no
importe de R$60.000,00 (sessenta mil reais) dia por tempo de atraso, busca e
apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento
de atividades nocivas, se necessário com requisição de força policial.

c) Seja julgado procedente o pedido para condenar o


Requerido no pagamento de indenização correspondente aos danos causados
aos cofres públicos pela greve, cujo valor deverá ser apurado em liquidação de
sentença;

d) Com reconhecimento da abusividade da greve, que seja


autorizado por este juízo, o direito do município de descontar do contra cheque do

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servidor os dias em que este não laborou por adesão a greve, nos termos da
fundamentação;

e) A citação do Requerido para contestar a presente ação;

f) A intimação do Ministério Público (art.178, I, do CPC).

g) A condenação do Requerido ao pagamento de honorários


advocatícios, estes fixados em 20% sobre o valor atribuído à causa, com fulcro no
artigo 85, § 2º, do Código de Processo Civil.

Requer-se, ainda, a produção de todos os meios de prova


em Direito admitidos, especialmente a oitiva de testemunhas, realização de
perícias e vistoria no local, juntada de documentos em contraprova, além do
depoimento pessoal dos representantes do Requerido, sob pena de confissão
quanto à matéria fática, bem como a oportunidade de comprovação de fatos novos
posteriores.

Dá-se à causa o valor de R$ 60.000,00 (dez mil reais).

Termos em que pede deferimento.

Águas Lindas, 07 de abril de 2017.

_______________________
Dra. Julianna M. Arantes
Procuradora Geral do Município
OAB/GO nº 17.883

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