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EXMO. SR. DR.

JUIZ RELATOR DA TURMA RECURSAL CÍVEL DA


COMARCA DE CURVELO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

CASO IDÊNTICO AO RE 902664

Recurso nº. 0011364-52.2021.8.13.0209

Processo nº. 0014043-95.2018.8.13.0058

ALISSON JORGE DE REZENDE, vem na forma do art. 1.029, do


Novo Código de Processo Civil, bem como verificando-se o cumprimento dos
requisitos de admissibilidade por infringência ao disposto em lei federal,
conforme permissivo do artigo 102, inciso III, letras "a" da Constituição da
República, apresentar, tempestivamente CONTRARRAZÕES AO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO junto ao Supremo Tribunal Federal – STF, fazendo-o
amparado nas razões que se seguem.

Requer seja positivo o juízo de admissibilidade, com consequente envio dos


autos ao Colendo Supremo Tribunal Federal, a fim de que a matéria seja
apreciada e, verificada a infringência, seja reformada a R. Decisão.

Termos em que pede e espera por deferimento.

Curvelo, 12 de fevereiro de 2021.

Luiz Frederico Paulino Cunha do Nascimento

OAB/MG 183.180
AO EGRÉGIO SUPREMO TRIBNAL FEDERAL

CONTRARRAZÕES DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO

ÍNCLITOS MINISTROS

Data vênia, merece ser mantido o Acórdão prolatado, que não deu provimento
ao recurso interposto pela parte Recorrida, encontrando guarida na ordem
jurídica nacional, vez que a Recorrente violou a Constituição Federal, conforme
se demonstrará.

DOS FATOS

A PRESENTE AÇÃO FOI DISTRIBUÍDA PELA PARTE AUTORA, ORA


PARTE RECORRIDA, COM O INTUITO DE VER ASSEGURADO O SEU
DIREITO EM RECEBER OS VALORES REFERENTES AO SEU FGTS –
FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO, POR TODO O PERÍODO
LABORADO PARA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM REGIME DE
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS, RENOVADOS ININTERRUPTAMENTE,
OBSERVADA À PRESCRIÇÃO QUINQUENAL.

A parte Recorrida interpôs Recurso Inominado com o objetivo de atacar


sentença dos autos cujo Juízo primeiro grau julgou improcedentes os pedidos
iniciais.

Ocorre que, com o devido respeito à decisão do Egrégia Turma, que não deu
provimento ao Recurso Inominado interposto mostra-se em concordância com
o nosso ordenamento jurídico
DA INADMISSÃO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO:

Trata-se de ação objetivando à percepção de Fundo de Garantia por


Tempo de Serviço, decorrente de nulidade contratual oriunda de
contratação temporária, eivada de nulidade, ante a inobservância de
concurso público, nos termos do art. 37, §§2º da Constituição Federal.

Assevera-se que em caso idêntico o Recurso Extraordinário foi admitido, qual


seja, o RE 902664, que determinou:

EMENTA Agravo regimental no recurso extraordinário. Direito Administrativo.


Contratação temporária. Descaracterização. Prorrogações sucessivas. Direito
ao recebimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. Repercussão
geral reconhecida. Precedentes. 1. O Plenário da Corte, no exame do RE nº
596.478/RR-RG, Relator para o acórdão o Ministro Dias Toffoli, concluiu que,
mesmo quando reconhecida a nulidade da contratação do empregado
público, nos termos do art. 37, § 2º, da Constituição Federal, subsiste o
direito do trabalhador ao depósito do FGTS quando reconhecido ser
devido o salário pelos serviços prestados. 2. Essa orientação se aplica
também aos contratos temporários declarados nulos, consoante
entendimento de ambas as Turmas. 3. A jurisprudência da Corte é no sentido
de que é devida a extensão dos diretos sociais previstos no art. 7º da
Constituição Federal a servidor contratado temporariamente, nos moldes do
art. 37, inciso IX, da referida Carta da República, notadamente quando o
contrato é sucessivamente renovado. 4. Agravo regimental não provido. (RE
902664 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em
22/09/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-224 DIVULG 10-11-2015 PUBLIC
11-11-2015). (grifos nossos)

Logo, perceptível a necessidade da admissão do presente Recurso


Extraordinário ante a similitude do julgado supramencionado com o presente
caso.

DO NÃO CABIMENTO DO RECURSO INTERPOSTO:


O Recurso Extraordinário encontra previsibilidade no art. 102, III, “a” e “c” da
Constituição Federal, destinando-se a garantir a autoridade da Constituição
Federal.

Salienta-se que o Acórdão ora atacado, além de não conter ofensa direta à
Constituição Federal, retificou ato do governo (não pagamento de FGTS) que
ofendia a Carta Magna ensejando assim o não enquadramento tanto na alínea
“a” quanto na alínea “c”.

DA NULIDADE CONTRATUAL - VIOLAÇÃO AOS DISPOSITIVOS E AOS


PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS:

As contratações temporárias, que são autorizadas em casos de excepcional


interesse público, renovadas sucessivamente, caracterizam a nulidade dos
contratos de acordo com a Constituição Federal:

Art. 37. § 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a


nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos da lei.

Em que pese os atos administrativos gozarem de presunção de legalidade,


esta é relativa. A nulidade contratual é medida que se impõe ante a visível
violação ao Princípio da Inafastabilidade de Concurso Público, nos termos do §
2º, do art. 37 da Constituição Federal.

Neste diapasão, salienta-se que a admissão de uma possível nulidade


contratual em virtude da afronta, tão somente, do art. 37, IX/CF, não merece
prosperar, senão vejamos:

A exceção do concurso público é permitida desde que presentes,


concomitantemente, quatro requisitos, quais sejam: excepcional interesse
público, temporariedade da contratação, hipóteses expressamente previstas
em lei e prazo para contratação predeterminado.
Salienta-se que no caso dos autos houve sucessivas renovações contratuais,
maculando assim o requisito de temporariedade da contratação e por
consequência a legalidade da contratação, eis que evidente a necessidade
perene da Administração, que deveria ser suprida a por meio de provimento de
cargo efetivo após a realização do concurso público.

A circunstância supracitada ofende também o Princípio da Razoabilidade, ora,


não é razoável que a necessidade temporária do ente público perdure por tanto
tempo. Conforme consta nos autos, a Parte Recorrida, em sua defesa,
sequer refuta as afirmativas quanto à contratação ininterrupta, sucessiva
e por prazo excedente ao que prevê a lei.

Cabe ressaltar que a contratação efetuada pela parte Recorrida viola,


nitidamente, o Princípio da Motivação dos atos administrativos vez que a
Administração Pública sequer cuidou de fundamentar a contratação da parte
Recorrente e muito menos as renovações vindouras, se limitando a aplicar a
Lei e sua prorrogação, contudo, sem ao menos justificar, por meio de decisões
a utilização dos dispositivos legais da Lei 18.185/09.

Insta salientar que a inobservância do Princípio da Motivação também acarreta


a nulidade contratual, é o que preconiza Diogenes Gasparine:

A motivação é necessária para todo e qualquer ato administrativo, pois a


falta de motivação ou indicação de motivos falsos ou incoerentes torna o
ato nulo devido a Lei n.º 9.784/99, em seu art. 50, prevê a necessidade de
motivação dos atos administrativos sem fazer distinção entre atos vinculados e
os discricionários, embora mencione nos vários incisos desse dispositivo
quando a motivação é exigida.? (Gasparini, Diogenes. Direito Administrativo –
10. ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2005. p. 23) (grifamos)

A renovação sucessiva dos contratos viola também a lei nº 18.185/09, que


institui o regime jurídico único do servidor público civil do Estado de Minas
Gerais e assim prevê:

Art. 4º As contratações de que trata esta Lei serão feitas com a observância
dos seguintes prazos máximos:

(...)
IV - três anos, no caso do inciso V do caput do art. 2º, nas áreas de
segurança pública, defesa social, vigilância e meio ambiente.

§ 1º É admitida a prorrogação dos contratos:

(...)

III - no caso do inciso V do caput do art. 2º, por até um ano nas áreas de
saúde e educação e por até três anos nas áreas de segurança pública,
defesa social, vigilância e meio ambiente; e IV - no caso do inciso VI do caput
do art. 2º, desde que o prazo total não exceda três anos.

Evidenciada a nulidade dos contratos, ante a violação da Constituição


Federal e da Lei Estadual 18.185/09, em virtude da contratação da parte
Recorrente por período superior a legalmente previsto, conforme
documentos acostados aos autos, imperioso a determinação do direito à
percepção do FGTS.

Logo, mesmo que levássemos em consideração todas as hipóteses elencadas


na Lei 18.185/09, bem como as respectivas hipóteses de renovações, o
período de contratação da parte Recorrente extrapola, e muito, o permitido pela
legislação.

Nota- se ainda que a relação existente entre a parte Recorrente e a parte


Recorrida constitui violação ao art. 10 da referida lei, que assim dispõe:

Art. 10. É vedado ao pessoal contratado nos termos desta Lei:

I - receber atribuições, funções ou encargos não previstos no respectivo


contrato;

II - ser nomeado ou designado, ainda que a título precário ou em substituição,


para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança; e

III - ser novamente contratado, com fundamento nesta Lei, antes de


decorridos vinte e quatro meses do encerramento de seu contrato
anterior, salvo na hipótese prevista no inciso I do caput do art. 2º,
mediante prévia autorização e com amparo de dotação orçamentária
específica, nos termos do art. 5º.
Parágrafo único. A inobservância do disposto neste artigo importará na
rescisão do contrato, sem prejuízo da responsabilização administrativa das
autoridades envolvidas.

Assim, seja pelo período de contratação, superior ao permitido, seja pela


inobservância do termo para nova contratação legalmente fixado, tem-se que
os contratos são nulos em virtude de desrespeito à Lei 18.185/09.

Neste diapasão, elucida-se que a ofensa à lei estadual enseja o


descumprimento do art. 37, IX da Constituição Federal, que
automaticamente configura violação ao art. 37, §2º do mesmo diploma
legal. Ora, se a contratação encontra-se eivada de irregularidade, haja
vista a descaracterização da temporariedade, a nulidade decorre da
ausência de concurso público.

Nota-se que ao descumprir as normas da lei regulamentadora da


contratação temporária, autorizada pela Constituição no art. 37, IX, está
se infringindo a própria Constituição, enquadrando-se na inobservância
do concurso público.

Todavia, ressalta-se que a nulidade contratual foi reconhecida na decisão


recorrida, restando incontroverso apenas o direito à percepção do FGTS,
por entender que a irregularidade não possui o condão de alterar a
natureza jurídico-administrativa do vínculo entre a parte Recorrente e a
parte Recorrida.

DO DIREITO À PERCEPÇÃO AO FGTS:

O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) está previsto na


Constituição em seu art. 7º, inciso III:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa
causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização
compensatória, dentre outros direitos;

II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;

III - fundo de garantia do tempo de serviço; (grifamos)

Os contratos temporários, por sua vez, são autorizados pelo art.37, inciso IX da
CF que determina:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998)

IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado


para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;
(grifamos)

Ocorre que, após constatada a inexistência de necessidade temporária, a


contratação torna-se nula, conforme anteriormente explicitado, por ofensa ao
Princípio da Inafastabilidade do Concurso Público, nos termos do §2º do art. 37
da CF que assim dispõe:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998)

I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que


preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros,
na forma da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação


prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com
a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei,
ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração;
...

§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade


do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos da lei.
(grifamos)

A nulidade contratual enseja a extensão dos direitos sociais previstos no art.7°,


da CF, dentre eles o FGTS.

Ressalta-se que não se pode delimitar os direitos dos contratos, cujos


contratos foram declarados nulos, aos previstos no art. 39, § 3º da Constituição
Federal, haja vista tratar-se de dispositivo legal destinado exclusivamente aos
servidores públicos estatutários, conforme se depreende da leitura do
dispositivo supramencionado:

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão


conselho de política de administração e remuneração de pessoal, integrado por
servidores designados pelos respectivos Poderes.

...

§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no


art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX,
podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a
natureza do cargo o exigir. (grifamos)

Logo, a partir de uma simples análise dos dispositivos constitucionais


mencionados é possível verificar o direito à percepção de FGTS aos
contratados, mediante contratos temporários, renovados sucessivamente, haja
vista a extensão dos direitos sociais, previstos no art. 7º da Constituição
Federal.

Ressalta-se que a declaração de nulidade da contratação não faz com que ela
se torne nada jurídico, ela gera consequências. Neste contexto, assevera-se
que o trabalhador (força de trabalho) é parte hipossuficiente da relação,
facilmente perceptível pela simples análise da própria Constituição que o
valoriza em diversos artigos.
Assim, a nulidade da contratação não pode beneficiar a Administração Pública,
privilegiando-a em detrimento do trabalhador, hipossuficiente na relação.
Visando impedir a proliferação da ilegalidade administrativa o art. 19-A da Lei
8.036/90 concede a estes trabalhadores o direito à percepção do FGTS,
conforme reafirmado no RE 596.478-RR.

Elucida-se que, ainda que seja cogitada uma possível distinção da natureza
jurídica da relação existente entre as partes que integram o presente processo
e as partes que figuraram no paradigma RE 596.478-RR, o direito requerido na
inicial é oriundo da aplicabilidade da própria Lei e que o paradigma constitui
apenas um suporte jurídico da abrangência da norma Art. 19-A da Lei
8.036/90.

Cumpre salientar que o paradigma RE596.478-RR, caso da Srª Maira


Ivaneide Sousa Lima, foi processado e julgado na esfera trabalhista
porque, à época, a relação ainda não estava sob égide da emenda
constitucional nº 45, com interpretação definida pela ADIn. 3395, que
delimitou a abrangência do art. 114 da Constituição Federal,
determinando a competência da justiça comum para o processamento e
julgamento das ações que envolvessem relações de trabalho estatutárias
e, por consequência, as contratuais cujo vínculo não fosse CLT.

Assevera-se que para os órgãos da Administração Direta (Estado, União,


Autarquias, dentre outros), NÃO HÁ CONTRATAÇÃO sob o regime
CELETISTA, mas sim ESTATUTÁRIO, ou por via imprópria, qual seja,
contratos administrativos, conforme narrado.

Logo, o caso paradigma e o presente caso se fundem em consonantes, haja


vista a nulidade contratual e inexistência de vínculo celetista.

Assevera-se que o direito da parte Recorrente não decorre de uma


interpretação extensível da lei, mas da simples aplicabilidade stricto sensu do
art. 19-A da Lei 8.036/90, cuja constitucionalidade já fora reconhecida, que é
claro ao contemplar a matéria bem como do art. 7º, III/CF.

Assim, o que se busca não é transmutar em celetista o vínculo existente entre


a parte Recorrente e a parte Recorrida, mas assegurar a concessão do direito
à percepção de FGTS, legalmente assegurado.
O dispositivo 19-A da Lei nº 8.036/90 resta claro ao prescrever o direito do
Apelante, vejamos:

Art. 19-A. É devido o depósito do FGTS na conta vinculada do


trabalhador cujo contrato de trabalho seja declarado nulo nas hipóteses
previstas no art. 37, § 2o, da Constituição Federal, quando mantido o
direito ao salário. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)

Latente a contrariedade do presente julgado aos dispositivos legais.

DOS PRECEDENTES EXISTENTES NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL:

A r. decisão recorrida vem de encontro ao entendimento jurisprudencial, em


todas as suas esferas. O direito à percepção do FGTS, nos contratos
temporários renovados sucessivamente foi abarcado pela jurisprudência desta
Suprema Corte no julgamento do RE nº 596.478, paradigma da presente ação,
nos seguintes termos:

EMENTA Recurso extraordinário. Direito Administrativo. Contrato nulo. Efeitos.


Recolhimento do FGTS. Artigo 19-A da Lei nº 8.036/90. Constitucionalidade. 1.
É constitucional o art. 19-A da Lei nº 8.036/90, o qual dispõe ser devido o
depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço na conta de
trabalhador cujo contrato com a Administração Pública seja declarado
nulo por ausência de prévia aprovação em concurso público, desde que
mantido o seu direito ao salário. 2. Mesmo quando reconhecida a nulidade
da contratação do empregado público, nos termos do art. 37, § 2º, da
Constituição Federal, subsiste o direito do trabalhador ao depósito do FGTS
quando reconhecido ser devido o salário pelos serviços prestados. 3. Recurso
extraordinário ao qual se nega provimento.

(RE 596478, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Relator(a) p/ Acórdão: Min.


DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 13/06/2012, REPERCUSSÃO
GERAL - MÉRITO DJe-040 DIVULG 28-02-2013 PUBLIC 01-03-2013 EMENT
VOL-02679-01 PP-00068)

Posteriormente, o entendimento foi reafirmado esclarecendo que o direito


a percepção de FGTS é extensível aos contratados temporariamente
cujos contratos tenham sido declarados nulos:
EMENTA Agravo regimental no recurso extraordinário. Direito Administrativo.
Contratação temporária. Descaracterização. Prorrogações sucessivas. Direito
ao recebimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. Repercussão
geral reconhecida. Precedentes. 1. O Plenário da Corte, no exame do RE nº
596.478/RR-RG, Relator para o acórdão o Ministro Dias Toffoli, concluiu que,
mesmo quando reconhecida a nulidade da contratação do empregado
público, nos termos do art. 37, § 2º, da Constituição Federal, subsiste o
direito do trabalhador ao depósito do FGTS quando reconhecido ser
devido o salário pelos serviços prestados. 2. Essa orientação se aplica
também aos contratos temporários declarados nulos, consoante
entendimento de ambas as Turmas. 3. A jurisprudência da Corte é no sentido
de que é devida a extensão dos diretos sociais previstos no art. 7º da
Constituição Federal a servidor contratado temporariamente, nos moldes do
art. 37, inciso IX, da referida Carta da República, notadamente quando o
contrato é sucessivamente renovado. 4. Agravo regimental não provido. (RE
902664 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em
22/09/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-224 DIVULG 10-11-2015 PUBLIC
11-11-2015). (grifos nossos)

No mesmo sentido o STF posicionou, tendo como vencido o Estado de Minas


Gerais:

E M E N T A: RECURSO EXTRAORDINÁRIO – SERVIÇO PÚBLICO –


CONTRATAÇÃO EM CARÁTER TEMPORÁRIO – RENOVAÇÕES
SUCESSIVAS DO CONTRATO – EXTENSÃO DOS DIREITOS SOCIAIS
PREVISTOS NO ART. 7º DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA – DIREITO
AO DEPÓSITO DO FGTS – ORIENTAÇÃO QUE PREVALECE NO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL EM RAZÃO DE JULGAMENTO FINAL, COM
REPERCUSSÃO GERAL, DO RE 596.478/RR – RECURSO DE AGRAVO
IMPROVIDO.
(RE 752206 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma,
julgado em 29/10/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-244 DIVULG 11-12-
2013 PUBLIC 12-12-2013) (grifos nossos).

Logo, a decisão recorrida além de respeitar a Constituição Federal, observou


todos os precedente emanados por esta corte que asseguram o direito à
percepção FGTS ao contratado, cujo contrato tenha sido declarado nulo.

Neste ínterim, assevera-se que a existência de decisões divergentes, em casos


que apresentam similitude fática, ofende o princípio da isonomia, vez que, em
questões meramente de direito, condiciona-se a concessão do direito requerido
ao órgão julgador.
Portanto, necessária o alinhamento do Tribunal de Justiça de Minas ao
preconizado pelo Supremo Tribunal Federal como forma de propiciar a
segurança jurídica.

8 - DO PEDIDO

Sendo inconteste o direito da parte Recorrida e tendo sido contrariada a


Constituição Federal no presente Recurso em comento, requer:

a) O recebimento e a remessa da presente Contrarrazões ao Recurso


Extraordinário;

b) A inadmissão do presente recurso;

c) Que não seja provido o presente Recurso Extraordinário, mantendo,


portanto, o Acórdão que determinou a declaração do direito da parte Recorrida
à receber o Fundo de Garantia Tempo de Serviço [FGTS], com a condenação
da parte Recorrente à realizar o pagamento dos valores devidos de todo o
período trabalhado nos 5[cinco] anos que antecederam a distribuição da
presente demanda, bem como as parcelas vincendas, conforme o
ordenamento jurídico vigente[art. 19-A da Lei 8.036/90] e ainda ao pagamento
da integralidade da verba sucumbencial.

Nestes Temos,

Espera Deferimento.

Curvelo, 01 de dezembro de 2021.

Luiz Frederico Paulino Cunha do Nascimento

OAB/MG 183.180

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