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CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL.

RECURSO
MANEJADO SOB A ÉGIDE DO NCPC. EMBARGOS DE TERCEIRO.
CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE OBRA DE ARTE "A CAIPIRINHA",
DE TARSILA DO AMARAL. NEGÓCIO JURÍDICO SIMULADO.
REENQUADRAMENTO JURÍDICO. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DO
REEXAME DO CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO. INCIDÊNCIA DA
SÚMULA Nº 7 DESTA CORTE. RECONHECIMENTO DE SIMULAÇÃO EM
SEDE DE EMBARGOS DE TERCEIRO. POSSIBILIDADE. CAUSA DE
NULIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA QUE
PODE SER CONHECIDA ATÉ MESMO DE OFÍCIO PELO JUIZ.
HONORÁRIOS RECURSAIS. MAJORAÇÃO. ART. 85, § 11, DO NCPC.
RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO. 1. Aplica-se o NCPC a este
julgamento ante os termos do Enunciado Administrativo nº 3, aprovado pelo
Plenário do STJ na sessão de 9/3/2016: Aos recursos interpostos com
fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de
março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na
forma do novo CPC. 2. Para modificar o entendimento do Tribunal Estadual
sobre o enquadramento jurídico do negócio realizado entre CARLOS e SALIM
(pai e filho), seria necessário o revolvimento do arcabouço fático-probatório
carreado aos autos, procedimento sabidamente inviável nesta instância
recursal em razão da incidência da sua Súmula nº 7. Precedentes. 3. O art.
167 do CC/02 alçou a simulação como motivo de nulidade do negócio jurídico.
Em sendo assim, o negócio jurídico simulado é nulo e consequentemente
ineficaz, ressalvado o que nele se dissimulou (art. 167, 2ª parte, do CC/02). 4.
É desnecessário o ajuizamento de ação específica para se declarar a
nulidade de negócio jurídico simulado. Dessa forma, não há como se
restringir o seu reconhecimento em embargos de terceiro. Simulação que se
configura em hipótese de nulidade absoluta insanável. Observância dos arts.
167 e 168, ambos do CC/02. 5. Recurso especial não provido.

(STJ - REsp: 1927496 SP 2021/0067502-5, Relator: Ministro MOURA


RIBEIRO, Data de Julgamento: 27/04/2021, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de
Publicação: DJe 05/05/2021 REVPRO vol. 319 p. 489 RMDCPC vol. 102 p.
181 RSTJ vol. 261 p. 772)

TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL.


ITBI. DECLARAÇÃO JUDICIAL DE NULIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO
DE COMPRA E VENDA DO IMÓVEL. INSUBSISTÊNCIA O FATO
GERADOR DO TRIBUTO. RESTITUIÇÃO DOS VALORES RECOLHIDOS A
TÍTULO DE IMPOSTO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA DO DISTRITO
FEDERAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. De acordo com os arts. 156,
II da CF, e 35, I, II, e III do CTN, o fato gerador do ITBI ocorre, no seu aspecto
material e temporal, com a efetiva transmissão, a qualquer título, da
propriedade imobiliária, o que se perfectibiliza com a consumação do negócio
jurídico hábil a transmitir a titularidade do bem, mediante o registro do título
translativo no Cartório de Registro de Imóveis. 2. Na hipótese dos autos, o
negócio jurídico que ensejou a transferência de propriedade do imóvel e, por
conseguinte, a tributação pelo ITBI, não se concretizou em caráter definitivo
devido à superveniente declaração de nulidade por força de sentença judicial
transita em julgado. 3. Logo, não tendo havido a transmissão da propriedade,
já que nulo o negócio jurídico de compra e venda de imóvel entabulado pelas
partes, ausente fato gerador do imposto em apreço, nos termos dos referidos
arts. 156, II da CF, e 35, I, II, e III do CTN, sendo devida a restituição do
correspondente valor recolhido pelo Contribuinte a tal título. 4. Nesse
contexto, correto o acórdão embargado ao condenar o Ente Público na
restituição dos valores pagos a título de ITBI, pois a anulação judicial do
negócio jurídico de compra e venda teve por efeito jurídico tornar
insubsistente o fato gerador do tributo. 5. Embargos de Divergência do
DISTRITO FEDERAL não providos.

(STJ - EREsp: 1493162 DF 2014/0279116-0, Relator: Ministro NAPOLEÃO


NUNES MAIA FILHO, Data de Julgamento: 14/10/2020, S1 - PRIMEIRA
SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 21/10/2020)

RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. OMISSÃO E CONTRADIÇÃO.


INEXISTÊNCIA. PROCURAÇÃO EM CAUSA PRÓPRIA. NEGÓCIO
JURÍDICO UNILATERAL. PODER DE REPRESENTAÇÃO DO
OUTORGADO, EM SEU PRÓPRIO INTERESSE. TRANSMISSÃO DE
DIREITOS REAIS OU PESSOAIS, EM SUBSTITUIÇÃO AOS
NECESSÁRIOS SUPERVENIENTES NEGÓCIOS OBRIGACIONAIS OU
DISPOSITIVOS. INEXISTÊNCIA. ALIENAÇÃO DE IMÓVEIS COM USO DA
PROCURAÇÃO. AFIRMAÇÃO DE ERRO, DOLO, SIMULAÇÃO OU
FRAUDE. INVIABILIDADE LÓGICA. CAUSA DE PEDIR APONTANDO QUE
OS NEGÓCIOS TRANSLATIVOS DE PROPRIEDADE FORAM EM
CONLUIO ENTRE OS RÉUS, PARA LESIONAR A PARTE AUTORA.
PEDIDO DE NATUREZA CONDENATÓRIA. PRAZO PRESCRICIONAL.
RECONHECIMENTO DE INÉPCIA DA INICIAL, SEM OPORTUNIDADE DE
EMENDA DESSA PEÇA. IMPOSSIBILIDADE. 1. A procuração é negócio
jurídico unilateral; o mandato, contrato que é, apresenta-se como negócio
jurídico geneticamente bilateral. De um lado, há uma única declaração
jurídico-negocial; de outro, duas declarações jurídico-negociais que se
conjugam por serem congruentes quanto aos meios e convergentes quanto
aos fins. Por conseguinte, muito embora o nome do outorgado conste do
instrumento de procuração, ele não é figurante, pois o negócio jurídico é
unilateral. 2. A procuração em causa própria (in rem suam) é negócio jurídico
unilateral que confere um poder de representação ao outorgado, que o exerce
em seu próprio interesse, por sua própria conta, mas em nome do outorgante.
Tal poder atuará como fator de eficácia de eventual negócio jurídico de
disposição que vier a ser celebrado. Contudo, até que isso ocorra, o
outorgante permanece sendo titular do direito (real ou pessoal) objeto da
procuração, já o outorgado apenas titular do poder de dispor desse direito,
sem constituir o instrumento, por si só, título translativo de propriedade. 3.
Nesse caso, há uma situação excepcional: ao procurador é outorgado o poder
irrevogável de dispor do direito objeto do negócio jurídico, exercendo-o em
nome do outorgante (titular do direito), mas em seu próprio interesse e sem
nem mesmo necessidade de prestação de contas. É contraditório que se
reconheça ter sido outorgada procuração com essa natureza ao ex-marido da
autora e se aluda, no tocante às alienações com uso do instrumento, a erro,
dolo, simulação ou fraude. E não pode ser atribuída a esse negócio jurídico
unilateral a função de substituir, a um só tempo, os negócios jurídicos
obrigacionais (por exemplo, contrato de compra e venda, doação) e
dispositivos (v.g., acordo de transmissão) indispensáveis, em regra, à
transmissão dos direitos subjetivos patrimoniais, notadamente do direito de
propriedade, sob pena de abreviação de institutos consolidados e burla à
regras jurídicas. 4. Conforme a causa de pedir e os pedidos formulados na
exordial, há pretensão de reparação civil de danos, decorrentes de alegados
atos dolosos "em conluio" entre os réus, por ocasião da alienação de bens da
autora, mediante uso do instrumento outorgado ao ex-cônjuge. Não é
adequado qualificar o pedido exordial mediato como de anulação, pois as
transferências de domínio dos bens da autora envolveram uso de procuração
em causa própria, havendo pedido de recomposição de direito violado,
mediante restituição dos bens ou, se não for possível, do seu equivalente. 5.
O pedido condenatório formulado na exordial sujeita-se a prazo prescricional.
E como nenhuma das datas relativas às alienações de bens das autoras é
mais antiga que 17/3/1989, e a ação foi ajuizada em 28 de maio de 2004, na
vigência do CC/1916, é vintenário o prazo prescricional, porquanto se trata de
direito pessoal, e observada a regra de transição do art. 2.2028 do CC/2002,
também não transcorreu o prazo trienal, previsto no art. 206, § 3º, do CC,
para pretensão de reparação civil de danos. 6. Malgrado o entendimento
perfilhado pelas instâncias ordinárias de ser a inicial inepta por conter
narração confusa - não permitindo a adequada defesa dos réus -, não foi
previamente conferido prazo para promoção de emenda à inicial. Consoante a
firme jurisprudência do STJ, ao receber a exordial, o juiz deve, incontinenti,
examinar seus requisitos legais. Se necessário, deve discriminar o (s) vício (s)
e determinar, desde logo, a regularização no prazo de 10 dias. Só na hipótese
de o autor não sanar a (s) irregularidade (s) apontada (s), proceder-se-á à
extinção do processo sem solução do mérito, conforme disposto no art. 284
do CPC/1973. 7. Recurso especial parcialmente provido.

(STJ - REsp: 1345170 RS 2012/0197293-6, Relator: Ministro LUIS FELIPE


SALOMÃO, Data de Julgamento: 04/05/2021, T4 - QUARTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 17/06/2021)

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL E


PROCESSUAL CIVIL (CPC/73). AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE
ATO JURÍDICO C.C. ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA. VÍCIO DO NEGÓCIO
JURÍDICO. SIMULAÇÃO. PRETENSÃO DE REVISÃO DO JULGADO.
IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO N.º 7/STJ. NULIDADE
DO NEGÓCIO JURÍDICO. IMPRESCRITIBILIDADE. 1. Para derruir a
premissa fática assentada pelo acórdão da origem, entendendo pela
existência de provas suficientes da ocorrência de simulação, seria necessário
o reexame de fatos e provas, o que é vedado pelo Enunciado n. 7/STJ. 2. A
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça encontra-se consolidada no
sentido de que, em se tratando de negócio jurídico alegadamente nulo, por
simulação, não há sujeição aos prazos prescricionais. 3. Não apresentação
pela parte agravante de argumentos novos capazes de infirmar os
fundamentos que alicerçaram a decisão agravada. 4. AGRAVO INTERNO
DESPROVIDO.

(STJ - AgInt no REsp: 1577931 GO 2016/0011043-0, Relator: Ministro PAULO


DE TARSO SANSEVERINO, Data de Julgamento: 21/08/2018, T3 -
TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 05/09/2018)

RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CONDENATÓRIA E DECLARATÓRIA DE


NULIDADE DE NEGÓCIO JURÍDICO SIMULADO, CUMULADA COM
PEDIDO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - CESSÃO DE DIREITOS SOBRE
BEM IMÓVEL CELEBRADA ENTRE A RÉ E A EX-CÔNJUGE DO AUTOR, A
FIM DE DISSIMULAR DOAÇÃO - SENTENÇA DE PARCIAL
PROCEDÊNCIA, NA QUAL SE DECLAROU A NULIDADE PARCIAL DO
NEGÓCIO JURÍDICO - DECISUM MANTIDO PELA CORTE DE ORIGEM -
INTELIGÊNCIA DO DISPOSTO NO ARTIGO 167, CAPUT, DO CÓDIGO
CIVIL - DISTINÇÃO ENTRE SIMULAÇÃO ABSOLUTA E RELATIVA -
NEGÓCIO JURÍDICO DISSIMULADO (DOAÇÃO) VÁLIDO NA PARTE QUE
NÃO EXCEDEU À PARCELA DISPONÍVEL DO PATRIMÔNIO DA
DOADORA/OFERTANTE (ARTIGO 549 DO CÓDIGO CIVIL),
CONSIDERADA A SUBSTÂNCIA DO ATO E A FORMA PRESCRITA EM
LEI - RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO. INSURGÊNCIA RECURSAL
DO AUTOR. Pretensão voltada à declaração de nulidade absoluta de negócio
jurídico, consistente em cessão de direitos sobre bem imóvel, a fim de ocultar
doação. Instâncias ordinárias que reconheceram a existência de simulação,
declarando, no entanto, a nulidade parcial da avença, reputando parcialmente
válido o negócio jurídico dissimulado (doação), isto é, na fração que não
excedia à legítima. 1. Ofensa ao artigo 102 do Código Civil. A insurgência
encontra-se deficiente, pois não há exposição clara e congruente acerca do
modo como o Tribunal de origem teria contrariado o dispositivo tido como
violado, circunstância que atrai, por analogia, a aplicação da Súmula n. 284
do STF. 2. Violação do artigo 535 do Código de Processo Civil inocorrente.
Acórdão local devidamente fundamentado, tendo enfrentado os aspectos
fático-jurídicos essenciais à resolução da controvérsia. Desnecessidade de a
autoridade judiciária enfrentar todas as alegações veiculadas pelas partes,
quando invocada motivação suficiente ao escorreito desate da lide. Não há
vício que possa nulificar o acórdão recorrido ou ensejar negativa de prestação
jurisdicional. 3. O negócio jurídico simulado pode ter sido realizado para não
produzir qualquer efeito, isto é, a declaração de vontade emitida não se
destina a resultado algum; nessa hipótese, visualiza-se a simulação absoluta.
Diversamente, quando o negócio tem por escopo encobrir outro de natureza
diversa, destinando-se apenas a ocultar a vontade real dos contraentes e, por
conseguinte, a avença de fato almejada, há simulação relativa, também
denominada de dissimulação. 3.1 De acordo com a sistemática adotada pelo
novo Código Civil, notadamente no artigo 167, em se tratando de simulação
relativa - quando o negócio jurídico pactuado tem por objetivo encobrir outro
de natureza diversa -, subsistirá aquele dissimulado se, em substância e
forma, for válido. 3.2 No caso em tela, o magistrado singular, bem como a
Corte de origem, ao entender preenchidos os requisitos de validade - forma e
substância - em relação ao negócio dissimulado (doação), ainda que em
parte, declarou a nulidade parcial do negócio jurídico celebrado entre a ré e a
ex-cônjuge do autor. 3.3 O negócio jurídico dissimulado apenas representou
ofensa à lei e prejuízo a terceiro (no caso, o recorrente) na parte em que
excedeu o que a doadora, única detentora dos direitos sobre o bem imóvel
objeto do negócio, poderia dispor (doação inoficiosa). 4. RECURSO
ESPECIAL CONHECIDO EM PARTE E, NA EXTENSÃO, NÃO PROVIDO.

(STJ - REsp: 1102938 SP 2008/0272721-2, Relator: Ministro MARCO BUZZI,


Data de Julgamento: 10/03/2015, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação:
DJe 24/03/2015)

RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. VALOR DA CAUSA. PEDIDO.


AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE EMPRESÁRIA.
NEGÓCIO JURÍDICO. VALOR CORRESPONDENTE À PARTE DO
NEGÓCIO A QUE SE REFERE O PEDIDO. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO DO
ACÓRDÃO RECORRIDO AFASTADA. 1. Não há falar em omissão ou
contradição no acórdão recorrido quando embora rejeitados os embargos de
declaração, a matéria em exame tiver sido devidamente enfrentada pelo
Tribunal de origem, com pronunciamento fundamentado, ainda que em
sentido contrário à pretensão da parte recorrente. 2. Toda demanda, ainda
que despida de conteúdo econômico imediato, possui valor certo, tendo em
vista o fato de o direito processual brasileiro não conceber causas de soma
inestimável (art. 258 do CPC). 3. O valor da causa está intimamente ligado ao
pedido do autor e não exatamente ao objeto do litígio, por isso, a um mesmo
objeto é possível atribuir valores diferentes, a depender sempre do pedido
que se apresenta. Delimitado o pedido, a determinação do valor da causa
será obtido de maneira objetiva e corresponderá ao benefício pretendido pelo
autor. 4. Verificando-se que a causa visa discutir a existência, validade,
cumprimento, modificação, rescisão ou formação de um negócio jurídico, seu
valor deve ser extraído deste mesmo negócio jurídico; e se o litígio não
envolver o negócio jurídico por inteiro, mas somente parte dele, sobre essa
parte recairá o valor da causa. 5. Em ação de dissolução parcial de sociedade
empresária, o valor da causa será o montante do capital social
correspondente ao sócio que se pretende afastar da sociedade. 6. Recurso
especial parcialmente provido.

(STJ - REsp: 1410686 SP 2011/0252223-0, Relator: Ministro LUIS FELIPE


SALOMÃO, Data de Julgamento: 16/06/2015, T4 - QUARTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 04/08/2015)

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