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À PRESIDENCIA DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO BETA

O SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS do Estado Beta, pessoa jurídica de direito


privado, inscrita no CNPJ de nº_____, com sede na _________, por seu advogado que esta
subscreve com endereço profissional localizado na ______onde recebe suas comunicações
judiciais de praxe e estilo, endereço eletrônico______, VEM a presença desse respeitável juízo,
impetrar

MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO

em face de ato omissivo do Estado Beta, pessoa jurídica de direito público, com sede na
_______, bem como de seu Governador_______, que poderá ser encontrado na sede funcional,
pelos fatos e fundamento a seguir aduzidos:

I- DO CABIMENTO

De forma exordial, cumpre esclarecer que o mandado de injunção, instituído pela Constituição
Federal de 1988, tem sua previsão no artigo 5º, inciso LXXI, da Carta Constitucional, que
assim dispõe:

LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania.

Nesse diapasão, não é qualquer omissão legislativa que autoriza o manejo de mandado de
injunção, mas, apenas, aquela em que a falta da norma regulamentadora inviabiliza o exercício
dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania.

II- SÍNTESE DOS FATOS

Trata-se inconformidade dos servidores públicos do estado supra qualificado face ao não
recebimento do adicional noturno, visto que os mesmos laboram no período da noite e fazem
jus ao referido adicional.

O estado, por seu turno, se recusa a pagar o adicional com fundamento na ausência de
dispositivo que regulamente as normas constitucionais que a asseguram o seu pagamento.

De todo o exposto, convém ressaltar que é direito constitucionalmente assegurado ao


trabalhador, o adicional na remuneração quando se labora no período noturno. Desse modo, a
não regulamentação desse direito acabou por propiciar um quadro insatisfatório por parte dos
obreiros o qual se legitima face aos fundamentos de direito a seguir expostos.

III- FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

Em atenção ao art. 5º, LXXI, da CRFB/88, o mandado de injunção é o remédio constitucional


responsável pela-defesa em juízo de direito fundamental previsto na Constituição ainda
pendente de regulamentação.

De acordo com o art. 2º da Lei 13.300/16:

“Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta total ou parcial de norma


regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
Parágrafo único. Considera-se parcial a regulamentação quando forem insuficientes as normas
editadas pelo órgão legislador competente."

Como se pode notar, a Constituição Federal assegura ao trabalhador urbano e rural o adicional
noturno, agregando esta parcela a remuneração do obreiro como forma de garantir a real
contraprestação dos serviços prestados em circunstância específica de trabalho, dispondo no
seguinte sentido:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de
sua condição social:

IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;

Não se pode olvidar que a própria CLT já prevê tal direito regulamentado para os trabalhadores
celetistas, garantindo, nessa esteira, o ora debatido adicional noturno, disciplinado no art. 73
da referida Consolidação Trabalhista, que assim dispõe:

Art. 73. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá
remuneração superior a do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de
20 % (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna.

Ante o exposto, não pode os servidores em decorrência da mora do estado/legislador, ser


prejudicado por falta de norma que regulamente direito constitucionalmente inerente a sua
função, motivo pelo qual se elegeu esta via com a finalidade de obter a resolução do litígio ora
apresentado.

IV- DA OMISSÃO INCONSTITUCIONAL


Oportuno esclarecer que até 2007 o STF adotava a posição não concretista geral e a luz desse
entendimento, em atenção a separação dos poderes (art. 2º, da CRFB/88), não remanescia ao
Poder Judiciário a competência de suprir a omissão da norma faltante, tampouco ajustar prazo
para o legislador promover a lei, restando a sentença produzindo efeito apenas para declarar a
mora legislativa.

Desde 2007, entretanto, o Tribunal vem mudando de entendimento e tem adotado posições
concretistas, valendo-se por analogia de leis já existentes para suprir a omissão normativa, ora
atribuindo efeitos subjetivos erga omnes, ora inter partes.

No que diz respeito especialmente à ausência da lei que regulamente o direito ora debatido,
remanesce a este juízo a decisão de tornar aplicável ao caso o disposto que rege os trabalhadores
celetista previsto no artigo 73 da CLT, no que couber, até que seja suprida a referida omissão
inconstitucional pelo órgão legiferante.

Quanto ao tipo de injunção, o art. 8º da lei 13.300/2016 adota corrente concretista


intermediária, dispondo que, reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção
para determinar:

I. prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora;

II. estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das
prerrogativas reclamados ou, se dor o caso, as condições em que poderá interessado promover
ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo
determinado.

V- DOS PEDIDOS
Presente os pressupostos de fato e de direito que cercam a presente demanda, requer:

a) a notificação da autoridade omissa no endereço fornecido na inicial, para que, querendo,


preste as informações que entender pertinentes do caso;

b) a ciência do ajuizamento da ação ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica


interessada;

c) a intimação do Representante do Ministério Público;

d) a condenação do Impetrado em custas processuais;

e) que o pedido seja ao final julgado procedente para que o Tribunal determine prazo razoável
para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora;

f) o estabelecimento das condições em que se dará o exercício dos direitos, caso não seja
suprida a mora legislativa no prazo determinado;

g) a juntada de documentos.

Dá-se a causa o valor de R$__________ para efeitos procedimentais.

Nestes termos, pede deferimento.

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Advogado...

OAB nº...

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