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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) DESEMBARGADOR (A)

PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO X

SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO MUNICÍPIO K- SEPUMK,


neste ato representando seus filiados, com sede na Rua XX, Quadra XX, Bairro XX, no
Município K, vem por meio de seu (sua) procurador (a) que abaixo subscreve (doc. Anexo),
com escritório profissional na avenida XX, n° XX, Bairro: XX, com endereço eletrônico
XX, na forma do Artigo 12, inciso III, da Lei n° 13.300/2016, respeitosamente, à presença
de Vossa Excelência, com fulcro no Art. 5°, inciso LXXI, da CRFB/88, impetrar o presente

MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO

Em face do ato omissivo do Sr. Prefeito XXXX do Município K, agente público,


com endereço na rua XX, n° XX, Bairro: XX, Município k, pelos motivos fáticos e jurídicos
adiante articulados:

I. DOS FATOS

Os servidores municipais, através do Sindicato dos Servidores Públicos do Município


K, procuraram diversas vezes o prefeito para exigir esclarecimentos sobre a promessa de
realização dos reajustes salariais em favor dos servidores.
A promessa criou expectativas, afetando os servidores com as omissões lesivas
tomadas pelo prefeito. Em 5 (cinco) anos o impetrado agiu de forma a apenas omitir deveres
constitucionais, sem tomar as devidas providências necessárias, fazendo com que a classe
trabalhadora, por meio do sindicato, procurasse este douto juízo para que se digne a atender
os seus anseios.

II. DO CABIMENTO

Faz cabimento a presente ação o mandado de injunção, remédio constitucional que


surgiu para preencher as lacunas legislativas derivadas da inaptidão dos que elaboram leis e
normas judiciais. Desta forma, faz o ato de impetrar a ação ser necessário, pois quando se
tem a falta da norma é impossível a execução dos direitos e liberdades, assim concedidos a
toda sociedade.

A constituição nos dá em todas as formas da lei uma democracia, sendo assim, a


autoridade judiciária não pode consentir que os indivíduos sejam lesados por tais falhas.
Quando o direito não tiver competência para ser concretizado em dever da desaparição de
uma lei pode-se a partir disso usar o Mandado de Injunção, segundo previsto no art. 5º, inciso
LXXI, da Constituição Federal.

Art. 5 °, Inciso LXXI – Conceder-se á mandado de injunção sempre que a falta de


uma norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania.

Condizente com a redação da CRFB/88, o remédio constitucional pode ser impetrado


quando for atuar na conjuntura em que houver a omissão com a norma regente. Deste modo,
o ajuizamento da presente ação é totalmente cabível.

III. DA LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA

SEPUMK- SINDICATO DOS SERVIDORES PUBLICOS DO MUNICPIO DO K,


legitimado para compor o polo ativo na presente ação de mandado de injunção (MI), observa
ao exposto constitucional conforme previsão expressa do artigo 12, inciso III, da
Lei 13.300/2016 da CRFB/88, que diz:

Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido:


III - por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o
exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte
de seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes
a suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial;

Sendo assim, o sindicato possui legitimidade ativa para defender os interesses da


categoria, além disso, sem a necessidade de autorização dos filiados, preenchendo todos os
requisitos necessários para reivindicação desse direito. Portanto, fica evidenciado que o
postulante é parte legítima para propor o presente remédio constitucional.

Ademias, no contexto fático em tela, o legitimidade passiva incide sob o Prefeito do


Município K, na qual está expressamente justificado por consequência de ser o órgão omisso,
sendo que não cumpriu o direito regulamentar a disposição contida fundamentalmente no
artigo 37, inciso X, da CRFB/88, sobre o reajuste anual dos servidores, sendo assim fica
preenchida a referida legitimidade no polo passivo da supracitada ação (MI).

Neste sentido, decidiu o tribunal de justiça do RS, vejamos:

MANDADO DE INJUNÇÃO. RECOMPOSIÇÃO ANUAL. MORA


LEGISLATIVA. OCORRÊNCIA. PRELIMINARES: a) Legitimidade passiva: O
mandado de injunção deve ser impetrado contra o Poder, o órgão ou a autoridade
que tenha atribuição para editar a norma regulamentadora. A matéria tratada no
presente caso é de iniciativa reservada do chefe do Poder Executivo Estadual.
Logo, o Presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul é
parte ilegítima passiva neste feito. Preliminar acolhida. Extinção sem resolução de
mérito. b) Legitimidade ativa: As entidades de classe e os organismos sindicais
detêm legitimidade para ingressar com mandado de injunção coletivo em favor de
seus representados. Precedentes. Preliminar rejeitada. c) Possibilidade jurídica: a
pretensão deduzida pela federação impetrante enquadra-se na hipótese
constitucionalmente prevista, pois objetiva a supressão de lacuna legislativa para
garantir aos servidores substituídos a revisão geral anual prevista no artigo 37,
inciso X, da Constituição Federal. Preliminar rejeitada. MÉRITO: Os servidores
públicos de todos os Poderes, Órgãos ou categorias tem direito à revisão anual
geral de suas remunerações, para fins de recomposição das perdas geradas pela
inflação. Inteligência do art. 37, X, da Constituição da Republica; e do art. 33, §
1º, da Constituição Estadual. Os servidores dos Poderes Legislativo e Judiciário,
assim como os servidores do Ministério Público, da Defensoria Pública e do
Tribunal de Contas, obtiveram recomposição de suas respectivas remunerações,
em igual percentual e na mesma data. Tal recomposição, porém, não foi conferida
aos servidores do Poder Executivo, uma vez que o Chefe do Poder Executivo
deixou de exercer sua iniciativa para propor projeto de lei prevendo a
recomposição. Com isso, resta caracterizada a mora e omissão legislativa,
atribuível ao chefe do Poder Executivo (por não ter exercido seu poder de
iniciativa), e que gera inobservância a direito constitucionalmente assegurado.
Decretada a mora legislativa e concedido prazo de 180 dias edição da norma.
EXTINGUIRAM O PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO EM
RELAÇÃO AO PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA.
REJEITARAM AS DEMAIS PRELIMINARES. UNÂNIME. CONCEDERAM
EM PARTE A INJUNÇÃO, POR MAIORIA.
(Mandado de Injunção Nº 70076935360, Tribunal Pleno, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Rui Portanova, Julgado em 09/07/2018) Grifo nosso.

Diante do exposto, fica evidenciado que a parte requerida é legitimado a compor o


polo passivo da presente ação.

IV. DO MÉRITO

Conforme dispõe o art. 2 º da Lei Nº 13.300, de 23 de junho de 2016 e inciso LXXI


do art. 5º da Constituição Federal, que disciplina o processo e julgamento dos mandados de
injunção individual e coletivo, o mandado de injunção é cabível sempre que a “falta total ou
parcial de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”.

Nesta perspectiva, o impetrante visa o reajuste o salário dos servidores municipais,


que, ressalta-se, estão a cinco anos sem aumento, é indiscutível a violação de direitos,
fazendo-se necessário que o prefeito, obedecendo o disposto no art. 37, inciso X, crie lei
específica que assegure a revisão anual dos funcionários.

Art. 37. X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º


do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada
a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na
mesma data e sem distinção de índices; (redação dada pela emenda constitucional
nº 19, de 1998) (regulamento)

Ademais, é evidente que a ausência de edição de norma legal está tornando inviável
o exercício do direito constitucional da revisão, previsto no inciso X, do Art. 37, da
CRFB/88.

Neste sentido, a jurisprudência vem se posicionando no seguinte entendimento:

REEXAME NECESSÁRIO. MANDADO DE INJUNÇÃO. HIPÓTESE DE


OMISSÃO LEGISLATIVA DA PREFEITURA DE SÃO JOÃO DA BARRA.
REVISÃO ANUAL DA REMUNERAÇÃO DOS SERVIDORES. SENTENÇA
QUE JULGOU PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO, PARA
CONCEDER A INJUNÇÃO. REVISÃO ASSEGURADA PELA
CONSTITUÇÃO FEDERAL, CONFORME ART. 37, INCISO X. DIREITO
DOS SERVIDORES. RESSALTE-SE QUE O MUNICÍPIO NÃO RECORREU
E JÁ COMUNICOU A EDIÇÃO DO PROJETO DE LEI. SENTENÇA
MANTIDA.
(TJ-RJ - REMESSA NECESSARIA: 00003710420178190053, Relator: Des(a).
MARCOS ANDRE CHUT, Data de Julgamento: 12/12/2018, VIGÉSIMA
TERCEIRA CÂMARA CÍVEL) grifo nosso.
Neste contexto, é constatado a violação ao princípio constitucional da legalidade,
disposto no art. 37, caput, da CRFB/88, que versa sobre a obrigatoriedade da administração
pública pratique somente atos previsto em lei, especialmente se tratando de previsão
constitucional. Assim, é indiscutível que a omissão praticada pelo prefeito é inconstitucional.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos poderes da


união, dos estados, do distrito federal e dos municípios obedecerá aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte: (redação dada pela emenda constitucional nº 19, de 1998)

O TRT de Rondônia dispõe o presente entendimento sobre o assunto:

MANDADO DE INJUNÇÃO. COMPETÊNCIA. A competência para análise e


julgamento do mandado de injunção se fixa de acordo com a autoridade incumbida
da elaboração da norma regulamentadora, como se vê dos artigos 102 e 105 da
Constituição da República. A norma expressa ainda que cabe à Justiça do Trabalho
o julgamento de mandado de injunção, todavia, tal hipótese ocorrerá quando, além
de se tratar de omissão legislativa que esteja violando direito, garantia ou liberdade
constitucional vinculada à matéria de competência desta Especializada, a edição
da norma seja atribuição de entidade, órgão ou autoridade federal. No entanto, na
hipótese em questão o impetrante sustenta a omissão legislativa quanto a direito
garantido nos incisos X e XV do § 5.º do artigo 31 da Lei Orgânica do Município
de Vitória (revisão geral da remuneração e reajuste periódico) cuja competência
para iniciativa do projeto de lei é do Chefe do Poder Executivo Municipal. Com
efeito, diante do quadro fático delineado dos autos, como a suposta omissão é do
Chefe do Poder Executivo Municipal para edição de normativa municipal a incidir
no âmbito da Administração Pública Municipal, não há falar em competência da
Justiça do Trabalho para o julgamento da quaestio. (TRT 17ª R., RO 0001330-
59.2016.5.17.0006, 3ª Turma, DEJT 18/09/2017).

(TRT-17 - RO: 00013305920165170006, Relator: DESEMBARGADORA ANA


PAULA TAUCEDA BRANCO, Data de Julgamento: 04/09/2017, Data de
Publicação: 18/09/2017) grifo nosso.

Outrossim, é notório a violação do princípio da eficiência, previsto no texto


constitucional supramencionado, uma vez que se entende como a prestação de uma boa
admiração publica, que zela pelo interesse de todos conforme estabelecido em lei, contrário
aos atos praticados pelo então prefeito, que durante 5 (cinco) anos promete reajuste aos
servidores, porém é omisso quanto a criação de norma especifica, indo contra a boa moral e
deixando os servidores lesados. Neste tocante, sábio é o conceito posto por Alexandre
Moraes:

"Assim, princípio da eficiência é o que impõe à administração pública direta e


indireta e a seus agentes a persecução do bem comum, por meio do exercício de
suas competências de forma imparcial, neutra, transparente, participativa, eficaz,
sem burocracia e sempre em busca da qualidade, rimando pela adoção dos critérios
legais e morais necessários para melhor utilização possível dos recursos públicos,
de maneira a evitarem-se desperdícios e garantir-se maior rentabilidade social”.

Assim, o artigo 39º da Carta Magna Brasileira aborda sobre a remuneração formada
através de conselho de política, que possui como função controlar, fiscalizar e deliberar
também sobre questões orçamentarias, fazendo necessário que, caso não exista conselho
formato no município K, este seja instituído pelo prefeito, visando que obedecer a lei e evitar
situações como esta.

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão


conselho de política de administração e remuneração de pessoal, integrado por
servidores designados pelos respectivos Poderes

Portanto, a regulamentação salarial dos servidores municipais encontra-se protegido


em nossa Constituição, e, é dever do prefeito municipal, não só cumprir com o prometido a
tantos anos aos cidadãos lesados, como sanar a omissão constitucional que inviabiliza o
exercício do direito de reajuste dos salários, tomando todas as providencias necessárias
estabelecidas em lei.

V. DOS PEDIDOS:

Antes o exposto, requer:

a) Seja determinado prazo razoável para que o Prefeito promova a edição da norma
regulamentadora;
b) A intimação do Ministério Público nos termos do art. 7º da Lei 13.300/2016, para
verificar se tal omissão é passível de crime de responsabilidade/improbidade
administrativa com ajuizamento da competente ação;
c) Que seja fixada as condições para o efetivo direito de reajuste salarial caso mora
legislativa não suprida pelos impetrados no prazo estabelecido, conforme art. 8,
II da Lei 13.300/2016;
d) A condenação do impetrado as custas processais.
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos,
emespecial o depoimento pessoal, prova documental e outras que se tornarem necessárias
para o esclarecimento da justiça.

Dar-se a causa o valor de um salário-mínimo, para efeito de alçada.

Temos em que, pede deferimento.

Cidade, data,
Advogado, OAB/XX____

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