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URGENTE
AÇÃO COLETIVA
em face do MUNICÍPIO DE ANICUNS pessoa jurídica de direito público interno, devendo ser
citado na pessoa de um de seus procuradores ou do Prefeito Municipal, que poderá ser encontrado na
Avenida Tocantins n° 1140 - Setor Central, Anicuns - GO, CEP: 76.170-000, e-mail:
contato@anicuns.go.gov.br, pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos
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DA PRELIMINAR
O art. 319, inciso VII do NCPC trouxe como novo requisito da petição inicial a
necessidade de que o autor indique a opção pela realização ou não de audiência de conciliação ou de
mediação.
Ocorre que, a presente ação é movida em face de uma Pessoa Jurídica de Direito
Público, fato este que, em razão do interesse público indisponível, impossibilita a conciliação, razão pela
qual a parte autora informa não possuir interesse na realização de uma audiência de conciliação.
Ressaltamos, que o Supremo Tribunal Federal já foi chamado a apreciar tal matéria e em
sede de Repercussão Geral, decidindo:
Esta demanda tem como juízo natural a Douta Vara de Fazenda Pública, tendo em vista
o que dispõe a Lei n. 12.153/2009 em seu artigo 2°, §1°, I, que exclui da competência dos Juizados
Especiais da Fazenda Pública causas que versem sobre direitos ou interesses coletivos, in verbis:
Assim sendo, tem-se que o juízo competente para processar e julgar a presente demanda
é o da Vara da Fazenda Pública Estadual da Comarca de Goiânia.
DA PRETENSÃO DO AUTOR
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DOS FATOS
Os substituídos estão sem receber seus vencimentos até o presente momento e por
conta disso, se encontram desprovidos de recursos para satisfação das necessidades básicas do ser
humano (aquisição de alimentos e medicamentos, assistência médica, pagamento das taxas de água e luz,
dentre outras).
É fato público e notório que o município Requerido não vem pagando pontualmente o
salário dos servidores públicos, notadamente aqueles substituídos que trabalham em Unidade Básica de
Saúde os quais, como ponderado, vem suportando inúmeros prejuízos.
Uma das explicações recorrentes do gestor público é que os repasses federais se dão
com atraso e que os servidores públicos desta municipalidade acabam também tendo seus vencimentos
prejudicados em decorrência disso.
Sucede que tal linhagem de argumentação não merece prosperar haja vista que não se
tem notícia de atrasos de pagamento de servidores nos demais municípios goianos. De outra parte, caso
houvesse tais atrasos de verbas federais cumpriria ao município tomar medidas administrativas para
contingenciar recursos destinados à folha, enquanto se aguarda o repasse federal.
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Art. 89. É obrigatória a quitação da folha de pagamento do pessoal ativo e
inativo da administração direta, autárquica e fundacional do município até o
dia 10 do mês seguinte ao do vencimento, sob pena de se proceder a
atualização monetária da mesma.
Parágrafo Único. Para a atualização da remuneração em atraso, usar-se-ão os
índices oficiais de correção da moeda, cuja a importância apurada, na forma
deste artigo, será pago juntamente com a remuneração do mês subseqüente,
conforme o artigo 96, parágrafo 1º e 2º da Constituição do Estado de Goias.
Tal situação não pode perdurar, eis que desumana para os que sofrem o constante atraso
em suas verbas alimentares e, acima de tudo, ilegal, vez que fere normas jurídicas preceituadas na lei e
na própria Constituição Federal. Sendo os servidores públicos vinculados à Administração Pública, o
efetivo pagamento de seus salários assume importância também sob outro ângulo - a garantia da
correta gestão do dinheiro público.
DO DIREITO
Ocorre que se trata de verba alimentar por excelência e sua supressão ou sistemático
atraso, além de afrontar a Constituição Federal, fere o primado constitucional da Dignidade
da Pessoa Humana, na medida em que necessidades básicas dos servidores municipais da saúde estão
sendo injustamente adiadas, com prejuízo da subsistência pessoal dos servidores e de suas
famílias.
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Como se infere do ensinamento de HUMBERTO THEODORO JÚNIOR 1, in verbis:
1
Processo de Execução, EUD, 16ª ed. P. 253 Neste mesmo sentido, ainda, CANDIDO RANGEL DINAMARCO, Impenhorabilidade de vencimentos
e descontos feitos pela administração, RT 547, pp 19
2
Yussef Sahid Cahali, Dos Alimentos, 1ª ed. 2ª tiragem, Editora RT, p. 02
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servidor o recebimento de suas verbas remuneratórias relativas ao período por
ele efetivamente trabalhado, bem como de suas verbas rescisórias, as quais
foram indevidamente retidas pelo Poder Público, sob pena de enriquecimento
sem justa causa, pouco importando tenha o direito sido constituído na
Administração anterior. Nas causas em que for vencida a Fazenda Pública, a
verba honorária de sucumbência deve ser fixada em quantia certa, suficiente
para remunerar com dignidade os serviços do patrono do autor, sem onerar
excessivamente os cofres públicos. (TJ-MG - AC: 10487130012957001 MG,
Relator: Edilson Fernandes, Data de Julgamento: 26/05/2015, Câmaras Cíveis
/ 6ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 08/06/2015)
É obrigação legal da administração pública quitar seus débitos para com seus servidores
sob pena de enriquecimento ilícito. Desse modo é a presente para requerer o pagamento das verbas
inadimplidas devidamente atualizadas, bem como que o Requerido seja compelido a manter o
pagamento em dia das parcelas vincendas, sob pena de multa diária a ser fixada por este r. Juízo.
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O Código Civil prevê que aquele que causa dano a alguém tem a obrigação de reparar.
Quando um órgão público, como Prefeitura, por exemplo, deixa de honrar a obrigação de pagar os
salários pontualmente, e, em virtude deste descumprimento contratual, o servidor paga juros aos seus
credores individuais e se sente lesado emocionalmente, o Poder Público está obrigado a indenizar os
prejuízos decorrentes da moral.
Desse modo a mora contumaz dos salários, gera indenização por danos morais, pois o
atraso reiterado de salário afronta o princípio da dignidade da pessoa humana do trabalhador, sobretudo
pela sua natureza alimentar, e o não pagamento no prazo legal acarreta inúmeros e sérios transtornos,
afetando a dignidade do empregado e o seu patrimônio pessoal.
DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
Dispõe o artigo 300 do CPC que “a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”.
Resta evidente, portanto, a presença do fumus boni iuris, questão que se mostra
induvidosa e estreme de dúvidas.
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NÉRY JÚNIOR, Nelson. Código de Processo Civil Comentado, RT, SP, 1997, pág 546, nota 2, ao art. 273
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O periculum in mora se cristaliza no fato da calamitosa situação pela qual estão passando
os servidores públicos municipais e seus familiares. Sendo o salário verba de natureza alimentar,
constituindo-se, em muitos casos, a única fonte de renda das famílias, impõe-se o rápido atendimento à
pretensão ministerial, sob pena de danos irreparáveis e prejuízos de ordem patrimonial e moral para um
incontável número pessoas.
No orçamento da família de um servidor até os centavos são contados, para fazer frente
a todas as necessidades da casa, uma vez que são parcos os rendimentos percebidos, desta forma,
mesmo as pequenas quantias fazem falta, o que dirá o salário atrasado por mais de três meses?
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devidamente demonstrados a probabilidade do direito e o perigo de dano, para evitar que maiores danos
sejam gerados na vida patrimonial dos substituídos.
Assim requer que esse MM. Juiz a concessão de liminar, inaudita altera pars, compelindo-
se o município Requerido a tomar as providências no sentido de imediatamente efetuar o pagamento
dos salários atrasados de todos os servidores públicos municipais substituídos nesta ação e demais
vantagens devidas, corrigidos monetariamente pelos índices oficiais e mais juros de mora,
comprovando-se o pagamento em juízo por meio de documentos.
Caso Vossa Excelência não entenda pelo pagamento imediato dos salários atrasados e
demais vantagens devidas que ordene a expedição de mandado de bloqueio e subsequente apreensão de
valores que se encontram depositados e os que vierem a ser em nome do município de Anicuns, ficando
tais valores a disposição desse juízo bem como que o Requerido encaminhe a esse juízo, no prazo de
quarenta e oito horas, o valor líquido que cada um dos servidores municipais têm a receber para
liberação dos valores bloqueados.
Por fim, o Requerente informa que não tem condições de arcar com garantia do juízo,
nos termos do art. 300, § 1º do novo Código de Processo Civil, in verbis;
DOS PEDIDOS
a) seja concedida a antecipação dos efeitos da tutela, nos termos do artigo 300 do CPC, a fim de que
seja, inaudita altera parte, compelido o Requerido a tomar as providências no sentido de imediatamente
efetuar o pagamento dos salários atrasados de todos os servidores públicos municipais e demais
vantagens devidas, corrigidos monetariamente pelos índices oficiais e mais juros de mora,
comprovando-se o pagamento em juízo por meio de documentos.
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a.1) caso Vossa Excelência não entenda pelo pagamento imediato dos salários atrasados e demais
vantagens devidas que seja concedida a antecipação dos efeitos da tutela, nos termos do artigo 300 do
CPC, a fim de que seja, inaudita altera parte expedido de mandado de bloqueio e subsequente apreensão
de valores que se encontram depositados e os que vierem a ser em nome do município de Anicuns,
ficando tais valores a disposição desse juízo bem como que o Requerido encaminhe a esse juízo, no
prazo de quarenta e oito horas, o valor líquido que cada um dos servidores municipais têm a receber
para liberação dos valores bloqueados.
b) na hipótese de descumprimento da medida imposta seja fixada multa diária ao município requerido,
no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
d) seja deferido o pagamento de indenização pelos danos morais coletivos em valor não inferior a R$
30.000,00 a ser revertido e rateado em favor dos substituídos tendo em vista a gravidade dos fatos,
extensão dos danos causados, a gravidade da conduta, bem como o cunho punitivo-pedagógico da
vertente indenização.
e) seja o Réu citado, na pessoa do seu representante legal, no endereço acima mencionado, para,
querendo, responder aos termos da presente ação sob pena dos efeitos da revelia;
f) seja o Réu condenado ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios, a serem fixados
nos moldes do artigo 85, § 4º, II do Código de Processo Civil;
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Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em Direito admitidos, em
especial pela produção de prova documental, assim como as demais provas que se fizerem necessárias
no decorrer da instrução processual.
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
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