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Andamento do Processo n. 0000067-


90.2016.8.10.0117 - Procedimento de
Conhecimento - 15/07/2019 do TJMA
Publicado por Diário de Justiça do Estado do Maranhão
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Comarcas do Interior

Santa Quitéria

PROCESSO Nº 0000067-90.2016.8.10.0117 (672016)


AÇÃO: PROCEDIMENTO DE CONHECIMENTO |
PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL

AUTOR: LUCIANA SANTIAGO DA SILVA


ADVOGADO: JULISELMO MONTEIRO GALVÃO ARAUJJO (
OAB 19410A-MA )

REU: MUNICIPIO DE SANTA QUITERIA DO MARANHAO

Processo nº 67-90.2016.8.10.0117Requerente: LUCIANA SANTIAGO DA


SILVARequerido: MUNICÍPIO DE SANTA QUITÉRIA SENTENÇa1-
relatório: Cuida-se de Ação Ordinária de Cobrança ajuizada por LUCIANA
SANTIAGO DA SILVA, por seu advogado constituído, em face do
Município de Santa Quitéria/MA, pessoa jurídica de direito público, em
que objetiva compelir o réu ao pagamento de verbas salariais
alegadamente não adimplidas.Sustenta o autor que, embora tenha
ingressado nos quadros de servidores da Administração Municipal para o
cargo de técnico (a) em enfermagem e estivesse no exercício regular de
suas atividades, não logrou receber os seguintes valores em sua
remuneração: a) vencimentos dos meses de dezembro de 2015 e janeiro de
2016; b) Adicional de insalubridade e; c) Adicional noturno.Pleiteia assim
a condenação do réu ao pagamento das referidas verbas, acrescidas de
seus consectários legais. Juntou documentos de fls.14/24.O Município
apresentou contestação (fls.40/47).Réplica fls.50/52Em petição de fl.27 a
parte autora destaca que os vencimento (s) do (s) mês (es) de dezembro de
2015 já foi adimplido, estando o Município em débito com os meses de
janeiro e fevereiro de 2016.Em nova petição (fl.37) o requerente assevera

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que o Município encontra-se em atraso em relação aos meses de março,


abril e maio de 2016.Vieram-me conclusos os autos.É o que importa
relatar. DECIDO.II - FUNDAMENTAÇÃOSuperada a instrução processual,
o mérito envolve questões de fato e de direito, estando devidamente
instruído o processo com os documentos necessários e suficientes à
compreensão do tema, sem necessidade de outros esclarecimentos, de
modo que o caso é de julgamento, como ora faço.A controvérsia da
presente ação cinge-se à verificação do pagamento ao autor das verbas
salariais correspondentes a: a) vencimentos dos meses de março, abril e
maio de 2016; b) Adicional de insalubridade e ; c) Adicional noturno.II. I -
DAS PARCELAS REMUNERATÓRIAS ATRASADASÉ cediço que a
retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público, com valor fixado em
lei, assim como as demais vantagens pecuniárias que compõem a
remuneração, são direitos básicos do servidor público.Independentemente
do estatuto jurídico de cada ente, é assegurado ao servidor público, além
do vencimento básico, os seguintes direitos remuneratórios previstos no
art. 39, da CF, in verbis:Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios instituirão conselho de política de administração e
remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos
respectivos Poderes.§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo
público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII,
XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos
diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir.Diante
disso, não há dúvidas que todo servidor público, no exercício de suas
funções, faz jus, dentre outros direitos, ao recebimento da contraprestação
pecuniária (inciso IV), décimo terceiro salário (inciso VIII), e gozo de
férias acrescidas de, pelo menos, um terço constitucional (inciso XVII).No
presente caso, o autor comprovou ter sido nomeado pelo município para o
cargo de técnico (a) em enfermagem, demonstrando que efetivamente
prestou serviços ao réu, fato que não foi contestado pelo ente público.É
certo que o ente municipal não trouxe aos autos qualquer prova do seu
adimplemento ao tempo e ao modo legalmente previstos.Nesse particular,
o artigo 373, incisos I e II, do Código de Processo Civil de 2015 estabelece
caber à parte autora provar o fato constitutivo do seu direito, e à parte ré o
fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito daquele.No caso
concreto, verifico que o autor demonstrou a existência de vínculo jurídico
por ter sido investido em cargo público junto ao município, estando
também a prestação de serviços devidamente comprovada.Por sua vez, o
ente requerido, não se desincumbiu do ônus de demonstrar o contrário, ou
seja, provar o pagamento das verbas, porquanto não juntou qualquer
documentação hábil a comprovar a existência dos pagamentos dos valores
demandados.Com efeito, provado o vínculo jurídico entre o servidor e o
ente público, caberia à Fazenda Pública comprovar, enquanto fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do requerente, em
observância ao art. 350 do CPC, que efetuou o pagamento dos valores
cobrados ou comprovar que tinha um motivo legítimo para o não
pagamento, instaurando procedimento para tanto, ônus do qual não se
desincumbiu.Nesse sentido, essa é a jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça:"ADMINISTRATIVO. AGRAVO
REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL SERVIDOR
PÚBLICO. AÇÃO DE COBRANÇA DE VERBAS SALARIAIS.
COMPROVAÇÃO DO VÍNCULO ENTRE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E
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O SERVIDOR. FATO IMPEDITIVO, MODIFICATIVO OU EXTINTIVO DO


DIREITO DA AUTORA. ÔNUS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
AGRAVO NÃO PROVIDO.1. Consoante reiterada jurisprudência desta
Corte,"o recebimento da remuneração por parte do servidor público
pressupõe o efetivo vínculo entre ele e a Administração Pública e o
exercício no cargo.Incontroversa a existência do vínculo funcional, é ônus
da Administração Pública demonstrar, enquanto fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito da parte autora, que não houve o
efetivo exercício no cargo. Inteligência do art. 333 do CPC."(AgRg no
AREsp 149.514/GO, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, Segunda
Turma, DJe 29/5/12).2. Agravo regimental não provido."(AgRg no AREsp
116.481/GO, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 04/12/2012, DJe 10/12/2012).Igualmente, a
jurisprudência do Egrégio Tribunal de Justiça do
Maranhão:PROCESSUAL CIVIL. CONSTITUCIONAL.
ADMINISTRATIVO. AÇÃO DE COBRANÇA. SERVIDOR PÚBLICO
MUNICIPAL. VENCIMENTOS ATRASADOS. JULGAMENTO
ANTECIPADO DA LIDE. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS.
POSSIBILIDADE. COMPROVAÇÃO DO VÍNCULO FUNCIONAL COM O
ENTE MUNICIPAL. CONTRAPRESTAÇÃO PELOS SERVIÇOS
PRESTADOS. OBRIGAÇÃO DO ENTE FEDERADO DE EFETUAR O
PAGAMENTO. PROCEDÊNCIA DA COBRANÇA. [...] II - Comprovado o
vínculo funcional e, por conseguinte, a prestação de serviços, impõe-se a
procedência da ação de cobrança de salários e outras dotações devidas ao
servidor, sob pena de enriquecimento ilícito, mormente quando o ente
público não se desincumbe do ônus de provar o fato extintivo do direito do
servidor (Súmula 41 da Egrégia Segunda Câmara Cível deste Tribunal de
Justiça).(Apelação Cível nº. 0375742012, TJMA, Rel. Des. Marcelo
Carvalho Silva, julgado em 30/10/2012).Evidente que a remuneração é
forma de contraprestação pelo serviço efetivamente prestado pelo
servidor, de modo que o não pagamento importa em flagrante
enriquecimento ilícito do Município, não podendo este furtar-se ao
pagamento de verbas de cunho alimentar ao requerente.Inconteste,
portanto, à luz da fundamentação apresentada e com lastro na prova
contida nos autos, que o requerente faz jus à indenização referente aos
vencimentos dos meses de março, abril e maio de 2016.II. II - DO
ADICIONAL DE INSALUBRIDADELado outro, o autor promove cobrança
da implementação do adicional de insalubridade.De início, importante
dizer que, embora tal direito seja contemplado em norma prevista
expressamente na Constituição Federal (art. 7º, XXIII), tal dispositivo
deixou de figurar entre os direitos sociais dos servidores públicos listados
no art. 39, § 3º, da Constituição Federal, incumbindo assim aos entes
federativos sua regulamentação.No âmbito estadual, o adicional de
insalubridade foi estendido aos servidores civis pela redação do artigo 21, §
3º, XV, da Constituição do Estado do Maranhao, porém sua aplicabilidade
não é imediata, dependendo de implementação pelo legislador
infraconstitucional, consoante se deduz do referido dispositivo legal:Art.
21. O Estado e os Municípios instituirão, no âmbito da respectiva
competência, regime jurídico único e planos de careira para os servidores
da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas.
(.)§ 3º Asseguram-se aos servidores públicos civis os seguintes direitos:
XV - adicional de remuneração para as atividades penosas e insalubres ou
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perigosas, na forma da lei; Neste caso, impõe-se examinar a legislação


local para verificação dos requisitos para o recebimento da aludida
verba.Eis que o Estatuto dos Servidores Municipais de Santa Quitéria, em
seu (s) artigo (s) 70 e 72, assim prescreve:Art. 70. Os funcionários que
trabalham com habitualidade em locais insalubres ou em contato
permanente com substâncias tóxicas ou com risco de vida, fazem jus sobre
o vencimento do cargo efetivo.(...) Art. 72. Na concessão dos adicionais de
atividades penosas, de insalubridade e de periculosidade, serão observadas
as situações estabelecidas em legislação específica.Interpreta-se, pela
leitura do dispositivo legal, que a definição das atividades passíveis de
recebimento do adicional dar-se-á por lei própria. Ora, o autor não
comprovou que o artigo 72 do referido Estatuto dos Servidores Municipais
tenha sido regulamentado no âmbito deste ente público. O simples fato de
o Regime Jurídico dos Servidores Municipais de Santa Quitéria/MA prever
a possibilidade de percepção de adicional de insalubridade não autoriza o
pagamento respectivo, uma vez que a referida Lei Municipal determinou
que legislação específica defina quais as atividades insalubres ou perigosas
que renderiam direito ao adicional.Dessa forma, diante da evidente
ausência de regulamentação legal para o pagamento do adicional de
insalubridade, resta inviável o acolhimento de cobrança das parcelas
retroativas referente a essa parcela. II. III - ADICIONAL NOTURNOSob
outra vertente, o (a) requerente pleiteia o pagamento da parcela referente
ao adicional noturno, ao tempo em que alega ter laborado
alternativamente nos períodos diurno e noturno, fazendo jus, portando, a
aludida indenização.Sem maiores delongas, o aludido pleito não merece
prosperar, uma vez que o (a) autor (a) deixou de carrear aos autos
qualquer elemento de valor probante que milite em seu favor, como fixa de
frequência por exemplo, descumprindo assim o ônus quanto a fato
constitutivo do seu direito previsto no art. 373 do CPC.IV -
DISPOSITIVODiante do exposto, com base no disposto no art. 487, inciso
I do CPC, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE os pedidos e condeno
o Município de Santa Quitéria do Maranhão, ao pagamento dos
vencimentos dos meses de março, abril e maio de 2016. Fixo os honorários
sucumbenciais em 10% sobre o valor da condenação, nos termos do artigo
85, § 3º, CPC/2015.Sentença sujeita a reexame necessário, uma vez que se
apresenta ilíquida acerca do quantum debeatur, não se aplicando a
exceção prevista no art. 496, § 3º, III do CPC, em consonância com o
enunciado 490 da Súmula de Jurisprudência do STJ. Esgotado o prazo
legal, com ou sem interposição de apelação, remetam-se os autos ao
tribunal, nos termos do art. 496, § 1º, do CPC.Tendo em vista o disposto
no art. 2º-B, da Lei n.º 9.494/97, a presente sentença somente poderá ser
executada após o seu trânsito em julgado.Havendo interposição de
recurso, certifique-se a tempestividade e intime-se a parte contrária, por
ato ordinatório, para apresentar contrarrazões.Decorrido o prazo, com ou
sem contrarrazões, remetam-se os autos, sem nova conclusão.Cumpra-se
na forma e sob as penas da Lei.Autorizo a Secretária Judicial a assinar "de
ordem" os mandados e demais comunicações processuais que se fizerem
necessários.SERVE A PRESENTE SENTENÇA COMO MANDADO DE
INTIMAÇÃO.Publique-se. Registre-se.Intimem-se, os autores, via diário, o
município, pessoalmente.Após o trânsito em julgado, arquivem-se os

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autos. Santa Quitéria/MA, 01 de junho de 2019. Cristiano Regis Cesar da


SilvaJuiz de Direito Titular da Comarca de Santa Quitéria/MA Resp:
180174

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