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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 6ª VARA DO TRABALHO DA

COMARCA DE SÃO PAULO – SP.

AÇÃO TRABALHISTA: RITO ORDINÁRIO Nº. 1001127-96.2023.5.02.0606


RECLAMANTE: HUMBERTO NOBUYUKI ISII
RECLAMADO: DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRÂNSITO

HUMBERTO NOBUYUKI ISII, reclamante já qualificado nos autos,


representado por sua advogada que assina a presente, vem respeitosamente à presença
de Vossa Excelência, apresentar RÉPLICA à contestação do reclamado, nos seguintes
termos:

I – DO MÉRITO

1. DA APLICABILIDADE DO ART.129 DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO AOS


EMPREGADOS DO DETRAN. DO ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO

A contestação apresentada pela Procuradoria Geral do Estado de São Paulo


consiste em várias páginas sustentando basicamente que “o benefício do adicional por
tempo de serviço foi concedido, por lei, exclusivamente, aos funcionários públicos
ocupantes de cargos públicos criados por lei e que se submetem ao regime estatutário -
Funcionários Públicos do Estado de São Paulo”. Contudo, a verdade é que tal
compreensão da matéria está superada.

É fundamental dizer que os empregados públicos celetistas tanto da Fundação


Procon-SP, quanto da Autarquia Detran-SP recebem adicional por tempo de serviço, a
cada 5 (cinco) anos de efetivo serviço. Diante disso, não se sustenta o argumento
supracitado de que somente os funcionários estatutários têm direito de receber
adicionais por tempo de serviço.

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Notadamente, encontra-se pacificada a Jurisprudência do Tribunal Superior do
Trabalho no sentido de que tanto servidores como empregados públicos fazem jus aos
adicionais por tempo de serviço, previstos no art. 129 da Constituição do Estado de São
Paulo, conforme ementas em destaque:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO PELA


RECLAMADA. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO A
ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º
13.467/2017. FUNDAÇÃO CENTRO DE ATENDIMENTO
SOCIOEDUCATIVO AO ADOLESCENTE - FUNDAÇÃO CASA.
ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO - QUINQUÊNIOS.
ARTIGO 129 DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO
PAULO. EXTENSÃO AOS SERVIDORES PÚBLICOS
CELETISTAS. TRANSCENDÊNCIA DA CAUSA NÃO
RECONHECIDA. 1. Cuida-se de controvérsia acerca do
pagamento do adicional por tempo de serviço -
quinquênios -, previsto no artigo 129 da Constituição do
Estado de São Paulo, aos servidores do FUNDAÇÃO
CENTRO DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO AO
ADOLESCENTE - FUNDAÇÃO CASA. 4. Agravo de
Instrumento não provido." (AIRR-2567-59.2015.5.02.0046,
6ª Turma, Relator Ministro Lelio Bentes Correa, DEJT
05/06/2020). Grifos nossos.

"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA -


PROCESSO SUBMETIDO ÀS LEIS NºS 13.015/2014 E
13.467/2017, AO CPC/2015 E À INSTRUÇÃO NORMATIVA
Nº 40 DO TST - FUNDAÇÃO CASA - ADICIONAL POR TEMPO
DE SERVIÇO - QUINQUÊNIO - TRANSCENDÊNCIA NÃO
CONFIGURADA. 1. A matéria relativa à extensão do
adicional por tempo de serviço aos empregados celetistas
da Fundação Casa está pacificada no TST, razão pela qual
não há transcendência política. Precedentes. 2. Não há
transcendência jurídica, tendo em vista que não se discute
a interpretação e a aplicação de novas leis ou alterações de
lei já existente. 3. A transcendência social aplica-se apenas
aos recursos do empregado, o que não é a hipótese. 4. Não
há transcendência econômica, pois, segundo deliberado
pela 7ª Turma, o parâmetro a ser utilizado para recursos

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do empregador são os valores definidos no art. 496, § 3º,
I, II e III, do CPC/2015, e, no caso, a condenação não os
alcança, não sendo relevante o suficiente para justificar
seu exame por esta Corte. Agravo de instrumento
desprovido" (AIRR-1001309-60.2016.5.02.0046, 7ª Turma,
Relator Ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, DEJT
08/11/2019). Grifos nossos.

Diante do exposto, não restam dúvidas de que os Empregados e Servidores


Estaduais Celetistas das Autarquias e Fundações Públicas da Administração Pública do

Estado de São Paulo, como o são tanto Detran-SP quanto a Fundação Procon-SP, têm
direito à percepção dos adicionais por tempo de serviço.

2. DA BASE DE CÁLCULO DO ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO

De acordo com o artigo 129 da Constituição Estadual, o reclamante tem direito


de ver seus quinquênios calculados com base nos vencimentos integrais - o que deve ser
entendido como o salário-base acrescido das vantagens pecuniárias permanentes, de
natureza não eventual, como, por exemplo, gratificações, prêmios e adicionais-.

RECURSO DE REVISTA. BASE DE CÁLCULO DA SEXTA-PARTE.


O artigo 129 da Constituição do Estado de São Paulo
estabelece que a base de cálculo da parcela denominada
"sexta-parte" é composta pelos vencimentos integrais
percebidos pelo servidor público estadual. Oitava Turma
do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, não
conhecer do recurso de revista. Brasília, 14 de abril de
2021. (grifamos)

Neste mesmo sentido, também dispõe a Orientação Jurisprudencial Transitória


60 da SDI I do Tribunal Superior do Trabalho:

60. Adicional por tempo de serviço. Base de cálculo.


Salário-base. Art. 129 da Constituição do Estado de São
Paulo. (DJ. 14/03/2008) O adicional por tempo de serviço -

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quinquênio -, previsto no art. 129 da Constituição do
Estado de São Paulo, tem como base de cálculo o
vencimento básico do servidor público estadual, ante o
disposto no art. 11 da Lei Complementar do Estado de São
Paulo nº 713, de 12.04.1993.

Em sendo assim, é imperioso que seja concedido ao reclamante o adicional por


tempo de serviço – quinquênio -, tendo por base seus vencimentos integrais, levando-se
à conta tanto o tempo de serviço por ele prestado à Fundação Procon e quanto ao
Detran-SP.

3. É DESNECESSÁRIO O ARGUMENTO DA ISONOMIA COMO FUNDAMENTO PARA A


EXTENSÃO DA GRATIFICAÇÃO AOS ADMITIDOS PELA CLT

Diante dos fundamentos jurídicos desenvolvidos no item 1 da presente réplica, o


direito do reclamante torna-se tão evidente que prescinde do argumento de que deve
ser aplicado o princípio da isonomia entre os servidores estatutários e os empregados
públicos. Conforme jurisprudência pacificada do Tribunal Superior do Trabalho.

4. CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO: DA PREVALÊNCIA DO DIREITO TRABALHISTA


ESTADUAL CONSOLIDADO EM RELAÇÃO À LC FEDERAL N° 173/20, 8º, INCISO IX

Temos então dois escopos legislativos antagônicos: a Constituição do Estado de


São Paulo, que concede o acréscimo de 5% no salário em decorrência de 5 anos de efetivo
serviço e a Lei Complementar 173/2020 que retira o cômputo temporal de 28/05/2020 a
31/12/2021 para a “concessão de anuênios, triênios, quinquênios, licenças-prêmio”.

O direito que ora se pleiteia se sustenta por si só, independentemente, da diatribe


acerca de inconstitucionalidade da LC que supostamente fere o princípio do pacto
federativo, segundo o qual existem competências próprias da União, Estados e
Municípios, pois avançou em assuntos de competência legislativa do Estado de São Paulo.

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O fato é que aos Servidores Públicos do Estado de São Paulo, como é o caso do
ora reclamante, conforme os artigos 128 e 129 da Constituição Estadual preveem o
direito aos quinquênios, sexta-parte e licença-prêmio, de modo que não poderia uma
legislação federal, alterar dispositivo constitucional estadual. A Constituição Federal
determina que cada Estado e Município deve dispor sobre a remuneração de seus
respectivos servidores públicos e, portanto, a Lei Complementar Federal não pode
suspender ou suprimir direitos remuneratórios destes servidores.

Importante enfatizar que o reclamante não cessou o trabalho em razão da


pandemia de Covid-19, laborou ininterruptamente. Razão pela qual, ele tem direito ao
cômputo integral de 28/05/2020 a 31/12/2021 para efeito de quinquênio e para
aquisição de eventual futura sexta-parte.

5. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

O reclamante reitera o pedido de gratuidade da justiça, na medida em que as


despesas processuais implicariam em diminuição de sua condição de sustento próprio e
de sua família.

II – CONCLUSÃO

Isto posto, espera o reclamante que sejam todos os pedidos formulados na


exordial julgados procedentes, condenando-se a parte adversa nas cominações de estilo.

Termos em que,
Pede e espera deferimento.

São Paulo, 10 de julho de 2023.


DAMARIS AMARAL FERREIRA
OAB/SP 422.554

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