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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DO_____ JUIZADO

ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE VILA VELHA – ESTADO DO


ESPIRITO SANTO

GILSINÉIA BORBAS, brasileira, casada, inspetora penitenciária, CPF: 996.404.737-15, RG:


2.195.751 SSP/ES, residente na Rua Edoson Osório dos Santos, nº 7, Bairro: Tabuazeiro,
Vitória/ES, CEP: 29000-000 E-mail: sem endereço eletrônico, Telefone: 99909-3646, vem
respeitosamente perante Vossa Excelência, PROPOR:

AÇÃO ORDINÁRIA C/C COBRANÇA DE FGTS

Em face do ESTADO DO ESPIRITO SANTO, Pessoa Jurídica de Direito Público Interno, Inscrito
no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) sob nº 27.080.530/0001-43; PROCURADORIA
GERAL DO ESTADO DO ESPIRITO SANTO; Vitória/ES, telefone para contato: (27) 3636-5050
e 3636-5051; Fax: (27) 3636-5056, Av. Nossa Senhora da Penha, nº 1.590, Ed. Petrovix, Bairro
Barro Vermelho – Vitória/ES pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:

Rua Castelo Branco, 1270 - CEP: 29100–041 Centro de Vila Velha, Vila Velha/ES
(27) 3063-8208 - www.mendesmoreira.com.br
I – DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA
O autor pleiteia os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, assegurado pelos Arts. 98 e 99 §3º
NCPC e da Lei n.º 1060/50, tendo em vista não poder arcar com as despesas processuais. Para
tanto, faz juntada do documento necessário - declaração de pobreza.

II – RESUMO DA LIDE:
A presenta ação tem como objeto a declaração de nulidade do contrato administrativo de
designação temporária, firmados entre o autor e o réu e consequentemente a condenação
daquele ao pagamento do FGTS devido no período que entremeia o primeiro e o último dia de
trabalho nessa modalidade.

III – DOS FATOS:


A Autora exerceu a função de inspetora penitenciário da Secretaria de Estado de Justiça do
Espirito Santo, sendo contratado em regime de designação temporário. Entretanto o mesmo
nunca teve conta vinculada ao FGTS(doc anexo) aberta enquanto laborou pelo requerido, tão
pouco teve qualquer valor depositado a este título.
Razão pela qual não teve alternativa senão ingressar em juízo.
Cumpre observar que todos os contratos temporários firmados entre a autora e o réu devem ser
declarados nulos, pois sempre foram firmados com vista a ocupar vagas existentes no âmbito da
secretaria de justiça
A autora foi contratada pelo requerido pelos seguintes períodos:

VÍNCULO PERÍODO FUNÇÃO


1 13/03/2006 à 19/03/2007 INSPETORA/AGENTE
PENITENCIÁRIO DT-SP
2 04/05/2007 à 01/07/2009 INSPETORA/AGENTE
PENITENCIÁRIO DT-SP
3 01/07/2009 à 10/01/2011 INSPETORA/AGENTE
PENITENCIÁRIO DT-SP
4 10/01/2011 à 02/05/2012 INSPETORA/AGENTE
PENITENCIÁRIO DT-SP
5 02/05/2012 à 02/05/2016 INSPETORA/AGENTE
PENITENCIÁRIO DT-SP
6 29/06/2016 à 29/06/2018 INSPETORA/AGENTE
PENITENCIÁRIO DT-SP
7 18/07/2018 à 213/01/2021 INSPETORA/AGENTE

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PENITENCIÁRIO DT-SP

Caso a autora tivesse recebido por depósitos em sua conta teria o valor resultante da aplicação
da alíquota FGTS, própria dos recolhimentos mensais e rescisórios, correspondente a 8% em
virtude do seu salário atualizado monetariamente de acordo com o IPCA-E o valor de R$
18.073,28 (dezoito mil e setenta e três reais e vinte e oito centavos). Tabela de índices de
anexo.

IV – DO DIREITO

IV.l – DO DIREITO AOS DEPÓSITOS DO FGTS

Sabe-se que pela Constituição Federal, estados e municípios podem contratar funcionários sem
seleção desde que seja em caráter emergencial e período determinado, conforme artigo 37, Lx,
da Constituição Federal e Do artigo 2 da Lei 8.745/93. Se não vejamos:

Art. 2º Considera-se necessidade temporária de excepcional interesse


público:
I - assistência a situações de calamidade pública;
II - assistência a emergências em saúde pública; (Redação dada pela Lei nº
12.314, de 2010)
III - realização de recenseamentos e outras pesquisas de natureza estatística
efetuadas pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -
IBGE; (Redação dada pela Lei nº 9.849, de 1999).
IV - admissão de professor substituto e professor visitante;
V - admissão de professor e pesquisador visitante estrangeiro;

Ocorre que no caso dos autos a contratação, que a princípio reveste-se da necessária
temporariedade, é utilizada para o exercício de atividades de caráter permanente da
administração, como de certo é a atividade da Autora, qual seja o de inspetora(agente)
penitenciário.

Utiliza-se a Administração pública de falaciosa desculpa de uma situação emergencial, sem que
tenha sido realizado concurso público para preenchimento do cargo.

Assim, diante dos fatos, o requerido viola o disposto no art.37, incisos ll e lX da Constituição
Federal, uma vez que a contratação fora feita de forma irregular, e, portanto, deve ser declarada
nula, e assim sendo possui o autor, assim como todo o trabalhador contratado temporariamente a
receber verbas relacionadas ao FGTS.

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Vale dizer que são nulas as contratações utilizadas, na medida em que foi ultrapassado o limite
temporal estabelecido em lei. Frisa-se que este limite busca impedir o desvirtuamento desta
contratação, que deve vigorar apenas por um período temporário em razão do interesse público.

Além do mais, o que tudo indica a necessidade do inspetor(agente) penitenciário em regime de


contratação temporária não é temporária, mas sim permanente, de modo que não poderia a
administração Pública, omitir-se quanto ao seu dever de realizar concurso público.

Isto posto sendo nulos os contratos firmados, é fato incontroverso que a autora exerceu suas
atividades de inspetora em benefício do ente público. Em razão disso, torna-se imperioso que a
justiça reconheça o direito desta em receber aos FGTS dos últimos 05(cinco) anos, com juros e
correção monetária conforme preceitua a lei 8.036/90

Este também é o entendimento dos Superiores Tribunais. Senão vejamos:

O STF entende que "é devida a extensão dos direitos sociais previstos no art.
7º da Constituição Federal a servidor contratado temporariamente, nos
moldes do art. 37, inciso IX, da referida Carta da Republica, notadamente
quando o contrato é sucessivamente renovado" (AI 767.024-AgR, Rel. Min.
DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, DJe 24.4.2012).

A questão também já fora consolidada pelo SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Vejamos:

‘REEXAME NECESSÁRIO E APELAÇÃO CÍVEL – CONTRATAÇÃO


TEMPORÁRIA - PRAZO SUPERIOR AO ADMITIDO NA LEGISLAÇÃO
PERTINENTE - NULIDADE DO ATO - FGTS - DIREITO AO RECOLHIMENTO -
PRECEDENTE DO STF. ’3. Agravo regimental DESPROVIDO.”(RE nº
830.962/MG-AgR, Primeira Turma, Relator o Ministro Luiz Fux, DJe de 25/11/14).

“RECURSO EXTRAORDINÁRIO SERVIÇO PÚBLICO CONTRATAÇÃO EM


CARÁTER TEMPORÁRIO RENOVAÇÕES SUCESSIVAS DO CONTRATO
EXTENSÃO DOS DIREITOS SOCIAIS PREVISTOS NO ART. 7º DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DIREITO AO DEPÓSITO DO FGTS
ORIENTAÇÃO QUE PREVALECE NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM
RAZÃO DE JULGAMENTO FINAL, COM REPERCUSSÃO GERAL, DO RE
596.478/RR RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO.” (RE nº 752.206/MG-AgR,
Segunda Turma, Relator o Ministro Celso de Mello , DJe de 12/12/13 -).

O STJ, inclusive, em decisão recente determinou que tal verba é devida ainda que se trate de
servidor temporário. Vejamos:

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. CONTRATO TEMPORÁRIO SEM


CONCURSO PÚBLICO. DEPÓSITO DE FGTS. OBRIGATORIEDADE.
PRECEDENTES. DECISÃO MANTIDA.
1. Cinge-se a controvérsia a decidir se há obrigatoriedade de pagamento de
FGTS em caso de exoneração de servidor contratado temporariamente sem

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concurso público.
2. O STF entende que "é devida a extensão dos direitos sociais previstos no
art. 7º da Constituição Federal a servidor contratado temporariamente, nos
moldes do art. 37, inciso IX, da referida Carta da Republica, notadamente
quando o contrato é sucessivamente renovado" (AI 767.024-AgR, Rel. Min.
DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, DJe 24.4.2012).
3. O STJ firmou, sob o rito do art. 543-C do CPC, entendimento no sentido de
que a declaração de nulidade do contrato de trabalho, em razão da ocupação
de cargo público sem a necessária aprovação em prévio concurso público,
equipara-se à ocorrência de culpa recíproca, gerando para o trabalhador o
direito ao levantamento das quantias depositadas na sua conta vinculada ao
FGTS (REsp 1.110.848/RN, Rel. Min. LUIZ FUX, Primeira Seção, DJe
3.8.2009).
4. Por expressa previsão legal, é devido o depósito do FGTS na conta
vinculada do trabalhador cujo contrato de trabalho seja declarado nulo nas
hipóteses previstas no art. 37, § 2º, da Constituição Federal, quando
mantido o direito ao salário (art. 19-A da Lei 8.036/90, incluído pela MP
2.164-41/2001). Agravo regimental improvido.( STJ -AgRg no REsp: 1434719
MG 2014/00227296-9, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data de
julgamento: 24/05/2014, T2 – SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe
02/05/2014)
CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
COMUM. VERBAS TRABALHISTAS. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL.
CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA, SEM APROVAÇÃO EM CONCURSO
PÚBLICO. FGTS. 1. Contratação sem realização de concurso. Contrato
nulo. 2. O STF consolidou entendimento de que é devido o pagamento de
FGTS mesmo nos casos de contratos declarados nulos. 3. Alegação de
verbas devidas. Ausência de contestação pela parte apelada. 4. Caberia ao
Estado do Piauí contestar individualmente cada uma das alegações do autor.
Verbas devidas 5. Pedido de Justiça Gratuita. Pedido deferido. 5. Apelo
provido. (TJ- PI - AC: 000360852201181800031 PI 201200010015662,
Relator: Des. José Ribamar Oliveira, Data de julgamento: 26/05/2015, 2
câmara especializada cível, data da publicação: 24/;06/2015).
Por todo o exposto e por estar devidamente pacificado na jurisprudência, o direito a receber os
valores correspondentes ao FGTS, uma vez que a forma de contratação é nula não havendo
temporariedade e sim permanência, reque a autora que seja o Requerido condenado a efetuar os
depósitos a título de FGTS dos últimos 05(cinco) anos, na conta vinculada da autora, realizando
para tanto sua abertura, bem como seja deferido a mesma a proceder com levantamento da
quantia, com juros e correção monetária.
Por depósito, entende-se o valor resultante da aplicação da alíquota FGTS, própria dos
recolhimentos mensais e rescisórios, sobre a remuneração paga ou devida ao trabalhador,
correspondente a 8% em virtude do disposto no Art. 15 da Lei nº 8.036/90.

IV.ll – DA NULIDADE DA CONTRATAÇÃO

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A Autora esteve trabalhando como inspetora(agente) penitenmciária, em atividade essencial a
administração. De forma permanente alheia aos parâmetros precários de limitação temporal deste
tipo de contratação (ocupando vagas existentes), sendo certo os intervalos entre um ano e outro
se referem aos períodos de renovações de contrato, sendo patente, pois, a nulidade dos
contratos administrativos firmados, por desvio de finalidade.

Ora, a segurança pública de estabelecimento prisionais é função essencial do estado e atividade


de inspetor penitenciário e não se enquadra como necessidade excepcional da administração,
sendo inconteste a burla à ordem constitucional.

Nota-se que o ônus da prova da regularidade dos contratos temporários firmados pelo autor recai
sobre o réu, já que a própria CF/88 e a lei estadual citado dispõe que a contratação temporária
deve ter motivação expressa do administrador, sendo o ato tipicamente vinculado às hipóteses
previstas em lei.

Por essa razão, impõe-se a declaração de nulidade do contrato firmado, eis que não se
caracteriza o excepcional interesse público a justificar tais contratações. Importante registrar que
cabe ao réu o ônus de comprovar que a contratação sucessiva da autora se deu em
conformidade com a norma constitucional e a norma estadual, em razão do princípio da aptidão
de produção de provas.

Nesta esteira, deve o Estado Réu cumprir com suas obrigações perante os contratados no que
diz respeito ao recolhimento do FGTS, na forma do artigo 9 da MP n 2164-41 de 24 agosto de
2001.

Art. 9o A Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990, passa a vigorar com as seguintes


alterações:
"Art. 19-A. É devido o depósito do FGTS na conta vinculada do trabalhador cujo
contrato de trabalho seja declarado nulo nas hipóteses previstas no art. 37, § 2 o, da
Constituição Federal, quando mantido o direito ao salário.

O Colendo TST, quando a matéria ainda se encontrava na seara de competência daquela Douta
Justiça Especializada do Trabalho, já havia pacificado seu entendimento ao em ditar o então
Enunciado 363:

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“A contratação de servidor público, após a CF/1988, sem prévia aprovação em
concurso público, encontra óbice no respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe
conferindo direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao
número de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e dos
valores referentes aos depósitos do FGTS”

A matéria já é conhecida do Tribunal de Justiça do Estado, o qual já proferiu algumas decisões


reconhecendo o direito pleiteado, a exemplo de a decisão a seguir transcrita:

“APELAÇÃO CÍVIL Nº 55100000722


RELATOR: DES. SAMUEL MEIRA BRASIL JR.
RECORRENTE: ESTADO DO ESPIRITO SANTO
ADVOGADO: TATIANA CLAUDIA SANTOS AQUINO
RECORRIDO: JOCELENE ULIANA DENADAI
ADVOGADO: DILAIR CAETANO DAROS
MAGISTRADO: BRUNO DE OLIVEIRA FEU ROSA
EMENTA. ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. PRESCRIÇÃO.
AÇÃO DE COBRANÇA. CONTRATO TEMPORÁRIO. FGTS. PRESCRIÇÃO
QUINQUENAL. RECONHECIMENTO PERCIAL. DIREITO AO
RECEBIMENTO. APURAÇÃO. LIQUEIDAÇÃO JUDICIAL. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO.
O prazo prescricional para ajuizamento de ação de cobrança de débido de
FGTS em desfavor da Fazenda Pública é quinquenal. Aplicabilidade do
Decreto 20.910/32. Precedentes.
Vedada a contratação temporária de servidor quando ausentes as hipóteses
excepcionais prevista na lei nº 8.745/93. Precedentes.
A súmula 363 do TST aplica-se às hipóteses de contrato de trabalho
temporário firmado pelo município sem concurso público, após o advento da
Constituição Federal de 1988, fora das hipóteses legais excepcionais da
referida contratação.
Os débitos de FGTS devem ser calculados de acordo com as disposições da
lei nº 8.036/90.
Recurso parcialmente provido. Vistos, relatados e discutidos estes autos em
que são partes as acima indicadas, acordam os Desembargadores da

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QUARTA CÂMARA do Tribunal de Justiça do Espirito Santo, à
unanimidade,da provimento parcial ao recurso. Vitória (ES), 12 de dezembro
de 2011.

A regra constitucional de acessibilidade a cargos públicos mediante concurso público foi violada
no caso em exame, pois o contrato temporário, com notória característica de permanência na
função, firmado pelo Estado, não se enquadram nas hipóteses legais excepcionais previstas na
Lei Federal nº 8.745/93. Confira-se a jurisprudência explicativa sobre o tema:

AGRAVO INTERNO APELAÇAO CÍVEL - SERVIDOR TEMPORÁRIO -


MUNICÍPIO DE VILA VELHA - CONTRATAÇAO IRREGULAR - NULIDADE
(ART. 37, II e 2º, CF)- DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO INDEVIDO -
RECURSO DESPROVIDO.
1. O reconhecimento da nulidade das contratações temporárias, por
inobservância dos seus pressupostos constitucionais (art. 37, IX, CF), impede
a formação do vínculo de emprego entre os respectivos trabalhadores e a
entidade pública contratante (art. 37, II e 2º, CF), obstando a percepção de
qualquer verba inerente ao liame empregatício (entre as quais o décimo
terceiro salário), exceto a contraprestação ajustada pelas horas trabalhadas,
respeitado o valor-hora do salário mínimo, e os valores referentes aos
depósitos do FGTS incidente sobre as remunerações devidas. Orientação da
Súmula nº 363 do TST e Jurisprudência do STF.
2. Sendo manifesta a contrariedade do pleito recursal com a jurisprudência
firmada nos Tribunais Superiores, inexiste nulidade no julgamento
monocrático da apelação, ressaltando que o agravante não trouxe sequer um
julgado para demonstrar a alegada divergência jurisprudencial acerca da
matéria debatida na decisão impugnada.
3. O art. 557 do CPC, com redação dada pela Lei nº 9.756/98, autoriza o
relator a negar seguimento¿ (rectius, provimento) a recurso fundado em tese
jurídica contrária à jurisprudência dominante dos Tribunais Superiores,
mesmo não sumulada, objetivando desobstruir as pautas de julgamento e
imprimir celeridade às demandas que realmente necessitem de
pronunciamento colegiado.
4. Agravo interno desprovido. ( TJES, Classe: Agravo Interno – (Arts 557/527,
ll CPC) Ap Civel, 35060073356, Relator: CATHARINA MARIA NOVAES
BAERCELLOS, Órgão Julgador: QUARTA CÂMARA CÍVIL, Data de
Julgamento: 01/07/2008, Data da publicação no Diário: 18/08/2008)
“REEXAME NECESSÁRIO/APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA
DE NULIDADE C/C COBRANÇA - PRELIMINAR -PRESCRIÇÃO
QUINQUENAL - REPERCUSSÃO GERAL - ARE 709212 -DECLARAÇÃO
DE INCONSTITUCIONALIDADE COM EFEITOS EX NUNC - MODULAÇÃO
DE EFEITOS - PRAZO PRESCRICIONAL EM CURSO - REJEIÇÃO -
MÉRITO - CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA DE SERVIDOR - NULIDADE -
DIREITO RELATIVO AO FGTS - CORREÇÃO MONETÁRIA - ADI 4357/DF

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- INCONSTITUCIONALIDADE POR ARRASTAMENTO - QUESTÃO DE
ORDEM NAS ADINS 4357 E 4425. RECURSO DESPROVIDO -
SENTENÇA RETIFICADA EM PARTE. No Julgamento da repercussão
geral no recurso extraordinário com agravo nº 709.2012/DF, O STF declarou
a inconstitucionalidade do do art. 23, § 5º da lei nº 8.036/90, e do art. 55 do
decreto nº 99.684/1990, com efeitos ex nunc ( prospectivos), na parte em que
ressalvam o privilégio do FGTS à prescrição trintenária. A modulação de
efeitos definiu que para os casos cuja prescrição não tenha sido iniciada até
a data do julgamento 13?11?2014, o prazo é de cinco anos. E, para as
hipóteses em que o prazo prescricional já esteja em curso, aplica-se o que
ocorrer primeiro: 30 anos, contados do termo inicial, ou 5 anos, a partir da
data do julgamento. Declarada a nulidade da contratação temporária despida
de interesse público, por ausência de previa aprovação em concurso público,
deve-se assegurar ao trabalhador contratado o direito aos depósitos do
FGTS. Efeito do julgamento das questões de ordem nas adin’s 4357 e4425,
que modulou os efeitos da declaração de inconstitucionalidade por
arrastamento do art. 5º da Lei nº 11.960/09, que deu nova redação ao art. 1º-
f, da Lei nº 9.494/97, aplica-se índice oficial da caderneta de poupança ( tr)
de 30/09/2009 até 25/03/2015, após ipca-e.(TJMT; APL-RN 76164/2014;
Paranatinga; Relª Desª. Maria Aparecida Ribeiro; Julg. 21/07/2015; DJMT
27/07/2015; Pág. 53)”.
APELAÇÃO CÍVEL. NO CASO EM EXAME VERIFICA-SE QUE, NÃO
OBSTANTE O ESTADO, INICIALMENTE TER CONTRATADO A AUTORA,
VALENDO-SE DOS REQUISITOS DA NECESSIDADE TEMPORÁRIA E
EXCEPCIONAL INTERESSE, A ALUDIDA MODALIDADE DE
CONTRATAÇÃO DESLEGITIMOU-SE EM RAZÃO DAS SUCESSIVAS E
POSTERIORES RECONTRATAÇÕES. A PRORROGAÇÃO DO REFERIDO
CONTRATO, NA HIPÓTESE, OCORRE, A TODA EVIDÊNCIA, SEM
OBSERVÂNCIA DOS DISPOSITIVOS CONTIDOS NA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL, NOTADAMENTE PORQUE A PERMANÊNCIA DA
CONTRATADA, INVESTIDA NO CARGO SEM CONCORUSO, PERDEU O
CARÁTER TEMPORÁRIO PREVISTO EM LEI, TORNANDO NULA A
MENCIONADA CONTRATAÇÃO. O STF CONSOLIDOU O ENTENDIMENTO
DE QUE SÃO DEVIDOS OS DEPÓSITOS DE FGTS AOS
TRABALHADORES QUE TIVERAM O CONTRATO DE TRABALHO COM A
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, DECLARADO NULO EM FUNÇÃO DE
INOBSERVÂNCIA DA REGRA CONSTITUCIONAL QUE ESTABELECE
PRÉVIA APROVAÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO. O PRINCÍPIO
SEGUNDO O QUAL O QUE É NULO NENHUM EFEITO PRODUZ NÃO
PODE SER APLICADO AO CONTRATO DE TRABALHO PORQUE
IMPOSSIVEL ACEITÁ-LO EM FACE DA NATUREZA DA PRESTAÇÃO
DEVIDA PELO EMPREGADO. CONSISTINDO EM FORÇA TRABALHO,
QUE IMPLICA EM DISPÊNDIO DE ENERGIA FÍSICA E INTELECTUAL E É
POR ISSO MESMO, INSUSCETÍVEL DE RESTITUIÇÃO, NA VERDADE
ESSA RETROATIVIDADE DE NULIDADE ALEGADA, SÓ TERIA
CABIMENTO SE O EMPREGADOR PUDESSE DEVOLVER AO
EMPREGADO Á ENERGIA QUE ESTE GASTOU NO TRABALHO, COMO
ISSO É IMPOSSIVEL POUCO IMPORTA QUE A PRESTAÇÃO DE
SERVIÇO TENHA POR FUNDAMENTO UMA CONVENÇÃO NULA.

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CONFIRMO A SENTENÇA NESSE PONTO DIANTE DO
POSICIONAMENTO SOBRE O TEMA JÁ SENDIMENTADO NO STF, NO
INTUITO DE EVITAR OUTROS RECURSOS, GARANTINDO A
EFETIVIDADE E A CELERIDADE PROCESSUAL. EM SENDO
RECONHECIDO O PERÍODO LABORAL DE 01/10/1996 A 01/08/2009, NA
FUNÇÃO DE PROFESSORA, DECLINADO PELA AUTORA/ APELANTE NA
INICIAL E TORNADO NULO PELA DECISÃO DE 1ª GRAU POR
INFRINGENCIA AO ART. 37, II, DA CF, NÃO HÁ COMO NÃO SE ACOLHER
A PRESCRIÇÃO TRINTENÁRIA AO FGTS DEVIDO, POR SE TRATAR DE
UMA PARCELA AUTÔNOMA, DE NATUREZA SOCIAL. O TST JÁ
RECONHECIA NA SÚMULA Nº 95 A NATUREZA SOCIAL DA
CONTRIBUIÇÃO. A LEI Nº 8.036/90 ENCAMPOU-A NO $5º DO ART. 23, O
STF, INTERPRETANDO O REFERIDO DISPOSITIVO, DECLAROU A
NATUREZA SOCIAL DOS RECOLHIMENTOS, AO DECIDIR QUE A
PRESCRIÇÃO DOS DEPÓSITOS É DE TRINTA ANOS, NO MESMO
SENTIDO É A SÚMULA Nº 210 DO STJ, NA SÚMULA Nº 362, O TST
REAFIRMA A TESE DA PRESCRIÇÃO TRINTENÁRIA, SENDO DE DOIS
ANOS O PRAZO PARA RECLAMAR A PARTIR DA EXTINÇÃO DO
CONTRATO DE TRABALHO. RECURSO DE APELAÇÃO INTERPOSTO
PELA AUTORA/APELANTE CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO,
PARA RECONHECER A PRESCRIÇÃO COMO TRINTENÁRIA E A
INCIDÊNCIA DO FGTS SOBRE A RENUMERAÇÃO DO PERÍODO DO
CONTRATO NULO, COM FULCRO NO ARTIGO 15, DA LEI Nº 8.036/90
BEM COMO, NEGO PROVIMENTO A APELAÇÃO INTERPOSTA PELO
ESTADO DO PARÁ ? SECRETÁRIA EXECUTIVA DE EDUCAÇÃO PORQUE
EM DESACORDO COM A LEGISLAÇÃO QUE REFE A MATÉRIA, Á
UNÂNIMIDADE( TJPA; APL 002629-70.2013.8.14.0051; Ac. 144280;
Santarém; QUARTA CÂMARA Cível Isolada; Relª Desª Elena Farag; Julg.
09/03/2015;DJPA 26/03/2015; Pág. 177)”. Exclusividade Magister:
Repositório autorizado On0line do STF nº 41/2009, do STJ nº 67/2008 e do
TST nº 35/2009. ( originais sem grifos).
ADMINISTRATIVO- SERVIDOR PÚBLICO. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA.
DECLARAÇÃO DE NULIDADE DO CONTRATO POR AUSÊNCIA DE
CONCURSO PÚBLICO. DIREITO AO LEVANTAMENTO DO FGTS. 1.
Tribunal de origem decidiu que o fato de o contrato temporário ser declarado
nulo e não induz ao pagamento do FGTS. Tal entendimento destoa de
Jurisprudência do STJ, que é no sentido de que a declaração de nulidade do
contrato de trabalho em razão da ocupação de cargo público sem a
necessária aprovação em prévio concurso público, consoante previsto no art.
37, ll da CF/88, equipara-se à ocorrência de culpa recíproca, gerando, para o
trabalhador, o direito ao levantamento das quantias depositadas na sua conta
vinculada do FGTS. 2. Recurso Especial provido. (REsp 1335115/MG Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, Julgado em 06/09/2012,
DJe 24/09/2012).

Dessa forma, reque seja declarada a nulidade dos contratos temporários firmados entre a Autora
e Réu, bem como a unicidade de toda relação de trabalho desde o início do 1º contrato, e, tendo

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em vista o óbice constitucional ao reconhecimento do vínculo empregatício ante a ausência de
submissão da autora ao regular concurso público de provas e títulos, requer seja condenado o
Réu a preceder aos depósitos que deveriam ter sido efetuados, mês a mês, na conta vinculada
da Autora ou a indenizá-lo no montante equivalente, e, como vier a ser apurado em liquidação de
sentença.

II – DOS PEDIDOS e REQUERIMENTOS

Por todo o exposto, requer:


1. A citação do Réu. Na pessoa de seu representante legal, para se quiser, contestar a
presente, sob pena de revelia;

2. Requer que seja declarada a nulidade do contrato temporário firmado entre a Autora e o
Requerido, bem como a unicidade de toda relação de trabalho do início do 1º contrato, até
o efetivo desligamento;

3. Julgar procedente os pedidos, condenando o Estado/Réu a pagar o valor de R$ 18.073,28


(dezoito mil e setenta e três reais e vinte e oito centavos) atualizado monetariamente de
acordo com o IPCA-E a títulos de FGTS não recolhidos, bem como requer que seja o valor
ora postuladas apuradas em liquidação de sentença, mediantes simples cálculo, ocasião
em que deverão sofrer os acréscimos legais;

4. Seja deferido a Autora benefício da assistência judiciária gratuita;

5. A condenação do Réu a arcar com o ônus decorrentes da sucumbência, como o


pagamento de honorários advocatícios no montante de 20% sobre o valor da condenação,
custas e demais despesas processuais, juros e correção monetária;

6. A produção de todos os meios de prova em direito admitidos, com possibilidade de juntada


de novos documentos, caso seja necessário, prova testemunhal, pericial e depoimento
pessoal do representante do Réu;

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Atribui-se a causa o R$ 18.073,28 (dezoito mil e setenta e três reais e vinte e oito centavos), para
fins de alçada.

Nestes Termos,
Pede deferimento.

Vila Velha/ES, 10 de junho de 2021

________________________________________
Valdino Mendes da Silva Júnior
OAB/ES 27.135

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