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PARIPIRANGA-BA
2023
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PEDRO HENRIQUE SILVA SANTANA
PARIPIRANGA-BA
2023
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Resumo
O presente artigo tem por objetivo analisar os impactos da aplicação do teletrabalho,
mais especificamente ligado ao modelo home office, nas relações trabalhistas no
contexto pós-pandêmico e seus desdobramentos. Isso se deve ao fato do teletrabalho,
incluído na CLT pela lei 13.467/2017, ser um importante fato jurídico que gerou
reflexos no Direito do Trabalho, tendo em vista as transformações digitais ocorridas
nos últimos anos, principalmente no pós-pandemia. Para realizar essa análise a
metodologia associa-se a partir de estudo qualitativo, por meio de uma abordagem
interdisciplinar e hermenêutica, com a utilização de material bibliográfico, sendo a
pesquisa realizada com base em dados do Brasil, com natureza básica, objetivando-
se a pesquisa exploratória através do método hipotético-dedutivo. Observou-se a
partir das hipóteses deduzidas os efeitos da implementação do teletrabalho na
legislação trabalhista e os desdobramentos pós-pandêmicos, a questão de possíveis
violações ao direito a descanso e lazer, outro ponto observado foi a situação das horas
extras e afins, onde viu-se diferentes cenários em que o teletrabalhador pode se
encontrar, em algumas com jornada e em outras por produção ou tarefa, onde viu-se
falhas na condição da prestação por tarefa que necessita de alguns direitos previstos
na seção II da CLT que trata da jornada de trabalho. Foi encontrada uma falha a
respeito da questão da responsabilidade pelo fornecimento e manutenção do
equipamento de trabalho, pois ao analisar a legislação, o que se viu foi uma certa
omissão por parte do legislador a esse respeito. Por fim, a partir da análise feita, o que
se pode concluir é que a legislação vigente, embora venha sendo reformada, ainda
precisa corrigir e preencher algumas lacunas que foram observadas, para o melhor
exercício da nova modalidade de trabalho.
Palavras-chave: Direito. Home Office. Pós-Pandemia. Teletrabalho.
Abstract
This article aims to analyze the impacts of the application of telework, more specifically
linked to the home office model, on labor relations in the post-pandemic context and
its consequences. This is due to the fact that telework, included in the CLT by law
13,467/2017, is an important legal fact that has had an impact on Labor Law, in view
of the digital transformations that have occurred in recent years, especially in the post-
pandemic period. To carry out this analysis, the methodology is associated from a
qualitative study, through an interdisciplinary and hermeneutic approach, with the use
of bibliographic material, being the research carried out based on data from Brazil, with
a basic nature, aiming at exploratory research through the hypothetical-deductive
method. It was observed from the hypotheses deduced the effects of the
implementation of telework in labor legislation and the post-pandemic developments,
the issue of possible violations of the right to rest and leisure, another point observed
was the situation of overtime and the like, where it saw There are different scenarios
in which the teleworker can find himself, in some with a shift and in others by production
or task, where failures were seen in the condition of the provision by task that requires
some rights provided for in section II of the CLT that deals with the shift of work. A flaw
was found regarding the issue of responsibility for supplying and maintaining work
equipment, because when analyzing the legislation, what was seen was a certain
omission on the part of the legislator in this regard. Finally, from the analysis carried
out, what can be concluded is that the current legislation, although being reformed, still
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needs to correct and fill in some gaps that were observed, for the best exercise of the
new modality of work.
Keywords: Law. Home Office. Post-Pandemic. Telework.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................................pág. 5
2.1.1 O teletrabalho...........................................................................................pág. 7
2.2 Circunstâncias da não inclusão das horas extras e da jornada de trabalho nos
contratos de teletrabalho.........................................................................pág. 11
2.3.1 O empregador.........................................................................................pág. 14
2.3.3 O empregador.........................................................................................pág. 15
3. CONCLUSÃO................................................................................................pág. 17
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................pág. 19
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1. INTRODUÇÃO
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compreensão/interpretação/nova compreensão’’. Fazendo com que o pesquisador
aprofunde o tema e obtenha uma nova concepção. A natureza de pesquisa básica.
Pois, segundo Matias-Pereira (2016, pág. 88) ‘’tem como propósito gerar
conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista’’.
O pesquisador busca ampliar o conhecimento sobre o tema, a partir de suas
características. Com objetivos de pesquisa exploratória. Por que, de acordo com
Matias-Pereira (2016, pág. 90) ‘’visa proporcionar maior familiaridade com o problema
com intuito de torná-lo explícito ou de construir hipóteses’’. Nesse caso, a ideia é
observar o problema estudado das mais variadas formas.
Dificilmente todas as hipóteses levantadas possam vir a serem confirmadas,
porque a legislação tem evoluído muito rapidamente, porém ainda há questões a
serem discutidas para o aprimoramento do teletrabalho, a fim de beneficiar as
relações trabalhistas sem atribuir um ônus ainda maior para o empregado que
historicamente é o elo mais frágil da relação trabalhista.
A conclusão que se obteve foi no sentido de nem todas as hipóteses foram
confirmadas, mas foram encontradas lacunas na legislação trabalhista que precisam
ser preenchidas e também situações especificas que precisam ser melhor
esclarecidas pelo legislador, tais como a questão da saúde e segurança do trabalho,
e a questão do fornecimento e manutenção do material de tecnologia para o trabalho.
2.1.1 O teletrabalho
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Adriana Carrera Calvo elucida brilhantemente que:
Vale frisar um dado de grande importância, visto que apesar de haver diferentes
características entre o teletrabalho e o trabalho convencional, o artigo 6º da
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), alterado pela Lei nº 12.551/2011,
considera que os direitos do teletrabalho não se distinguem dos do trabalho
tradicional.
Sobre o Home Office, para Pinheiro e Crivelaro (2020, pág. 22) ‘’[...] home
office, no qual os indivíduos trabalham para suas empresas utilizando algum cômodo
da residência’’. Nesse caso, o teletrabalhador executa serviços para a empresa com
a utilização de material tecnológico em ambiente doméstico.
O trabalho do Estado não é decidir quantas horas alguém deva trabalhar, mas
de ao menos definir um uma carga horária minimamente razoável para que não ocorra
abusos na relação empregado-empregador, a fim de possibilitar ao cidadão a
utilização de tempo para outros afazeres.
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de agilidade, no que tange a praticidade, este se dá através dos meios tecnológicos
utilizados.
A respeito da maior comodidade, este varia de acordo com cada situação, pois
há empresas que proporcionam ao empregado um bom ambiente de trabalho e
também pode ser que o teletrabalhador possua um excelente espaço em sua casa ou
em outro ambiente, sendo assim, não parece ser um dado objetivo esse argumento.
2.2 Circunstâncias da não inclusão das horas extras e da jornada de trabalho nos
contratos de teletrabalho
A jornada de trabalho segundo Resende (2020, pág. 406) ‘’É o lapso de tempo
diário em que o empregado se coloca à disposição do empregador para lhe prestar
serviços, em decorrência do contrato de trabalho entre eles firmado’’. Inclui-se na
jornada de trabalho o tempo à disposição do empregador e o trabalho efetivo,
previstos no artigo 4º da CLT; sobreaviso e prontidão, ambos previstos no artigo 244
da CLT. Leite conceitua que:
Vale destacar que a tendência é que não se fixe apenas a jornada diária, mas
a jornada semanal ou até anual.
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vista histórico ainda muito recente, advindo do processo de reestruturação produtiva
em que o mundo vem passando e que precisa ser consolidado. E ao acompanhar as
modificações legislativas feitas até então, o que se viu foi o esforço por parte do
legislador reformador de tentar adequar os diferentes pontos de vista, para que possa
diminuir as divergências jurisprudenciais em sede de decisão judicial.
Além disso, há outra preocupação referente a questão conceitual, uma vez que
há possibilidade de incongruência entre o que o legislador apresenta no parágrafo 3º,
do artigo 75-B da CLT, sobre a ideia de produção ou tarefa e o que a doutrina entende.
A medida que se determina o tipo de serviço a ser prestado pelo funcionário, a
prestação salarial também irá variar.
Acerca do salário por produção, também considerado como sendo por unidade
de obra, de acordo com Ricardo Resende:
No caso do salário por produção, faz todo sentido a inobservância legal prevista
no artigo 62, III da CLT, tendo em vista que o tempo é desconsiderado, posto que a
remuneração irá variar de acordo com a quantidade produzida.
Já com relação ao salário por tarefa, conforme Resende (2020, pág. 572) ‘’O
salário é pago pela combinação do critério de unidade de tempo com o critério de
unidade de obra (produção), de forma que o empregado tem determinada tarefa para
cumprir em uma dada unidade de tempo’’. A desconsideração legal prevista no artigo
62, III da CLT, fica destituída de significado, pois para que seja afastada a jornada e
consequentemente a hora extra e os demais direitos, é necessário que não haja o
controle do tempo, e no cenário do serviço por tarefa, ao menos do ponto de vista
doutrinário requer o controle do tempo.
2.3.1 O empregado
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Sobre o empregado, o artigo 3º da CLT dispõe que ‘’Considera-se empregado
toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob
a dependência deste e mediante salário’’. E conforme Martins (2023, pág. 100) ‘’Da
definição de empregado é preciso analisar cinco requisitos concomitantes: (a) pessoa
física; (b) não eventualidade na prestação de serviços; (c) dependência; (d)
pagamento de salário; (e) prestação pessoal de serviços’’. Por isso é importante
destacar que todo empregado é trabalhador, mas nem todo trabalhador é empregado.
2.3.3 O empregador
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Porém essa situação por si só não atende as questões relacionadas a saúde e
segurança do trabalho, porque parece ser muito mais complexa a proteção quanto a
possíveis lesões musculares, tendo em vista não bastar apenas instruções sobre qual
a postura correta por exemplo, é necessário haver um acompanhamento maior por
parte do empregador quanto a possibilidade de haver sobrecarga de trabalho, com a
finalidade de evitar que o empregado adquira doenças ocupacionais.
3. CONCLUSÃO
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O presente trabalho teve como objetivo analisar os impactos da aplicação do
teletrabalho, com um olhar voltado mais para o modelo home office no panorama
trabalhista pós-pandêmico.
Como previsto no que tange aos resultados esperados, nem todas as hipóteses
foram confirmadas, uma vez que houve alterações recentes que deram ao teletrabalho
uma maior abrangência legislativa, fugindo das até então possíveis restrições a
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direitos trabalhistas consolidados e que foram levantadas nas hipóteses proferidas na
presente atividade.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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