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PRECEDENTES DO STF

PRECEDENTES DO STF

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PRECEDENTES DO STF

DIREITO DO TRABALHO

EMPREGADOS PÚBLICOS

Empregado público. Aproveitamento no quadro estatutário sem concurso público.

TESE FIXADA:
“É inconstitucional dispositivo de Constituição estadual que permite transposição, absorção

ou aproveitamento de empregado público no quadro estatutário da Administração Pública

estadual sem prévia aprovação em concurso público, nos termos do art. 37, II da Constituição

Federal.”

Fundamento:

Recurso extraordinário em que se discute, à luz dos artigos 37, I, II, III e IV, 41, 169

e 173 da Constituição Federal, a constitucionalidade da transposição, absorção ou

aproveitamento de empregado público de sociedade de economia mista, para

quadro estatutário da Administração Pública Estadual, com base no artigo 65-A

da Constituição do Estado do Amapá, introduzido pela Emenda Constitucional

55/2017.

STF. TEMA DE REPERCUSSÃO GERAL N. 1.128. RELATORIA MIN. NUNES MARQUES. LEADING

CASE RE 1232885.

LIBERDADE ECONÔMICA E DE LIVRE INICIATIVA. PRESTADORES DE SERVIÇOS


INTELECTUAIS.

As escolhas empresariais na prestação de serviços intelectuais não podem, sob argumento da


primazia da realidade, ser desconsideradas, sob pena de violação de preceitos constitucionais.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

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A “norma do art. 129 da Lei n. 11.196/2005 harmoniza-se com as diretrizes constitucionais,

especialmente com o inc. IV do art. 1º da Constituição da República, pelo qual estabeleceu a

liberdade de iniciativa situando-a como fundamento da República Federativa do Brasil. Dessa

liberdade econômica emanam a garantia de livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou

profissão e o livre exercício de qualquer atividade econômica, consagrados respectivamente

no inc. XIII do art. 5º e no parágrafo único do art. 170 da Constituição da República”.

Fundamento:

“A controvérsia que permeia a presente ação é determinada pela incerteza gerada

por prestadores de serviços intelectuais e para os tomadores desses serviços sobre

eventual desconsideração de sua relação jurídica pela Administração Pública ou

pelo Poder Judiciário que, a pretexto de coibir fraudes e simulação em favor da

primazia da realidade, possa a eles impor regramento previdenciário e fiscal mais

gravoso que aquele destinado às pessoas jurídicas ou, ainda, reconhecer a

formação de vínculo empregatício entre a pessoa física do prestador e a tomadora

dos serviços. O receio sobre a eficácia das escolhas empresariais e a dúvida sobre

os limites dos compromissos assumidos comprometeria a segurança jurídica, mais

ainda, o equilíbrio das relações firmadas, sem o que não se tem como garantido o

livre exercício da atividade empresarial e o pleno desenvolvimento econômico. 10.

A norma do art. 129 da Lei n. 11.196/2005 harmoniza-se com as diretrizes

constitucionais, especialmente com o inc. IV do art. 1º da Constituição da República,

pelo qual estabeleceu a liberdade de iniciativa situando-a como fundamento da

República Federativa do Brasil. Dessa liberdade econômica emanam a garantia de

livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão e o livre exercício de

qualquer atividade econômica, consagrados respectivamente no inc. XIII do art. 5º

e no parágrafo único do art. 170 da Constituição da República.”

ADC 66, E. STF. Min. Relatora. Carmem Lúcia.

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DANO MORAL. REFORMA TRABALHISTA. TARIFAMENTO.

Interpretação conforme à Constituição e possibilidade de arbitramento de valores acima dos


limites dispostos na CLT.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Conferida interpretação constitucional, de modo a estabelecer que:

1) As redações conferidas aos art. 223-A e 223- B, da CLT, não excluem o direito à reparação

por dano moral indireto ou dano em ricochete no âmbito das relações de trabalho, a ser

apreciado nos termos da legislação civil;

2) Os critérios de quantificação de reparação por dano extrapatrimonial previstos no art. 223-

G, caput e §1º, da CLT deverão ser observados pelo julgador como critérios orientativos de

fundamentação da decisão judicial. É constitucional, porém, o arbitramento judicial do dano

em valores superior aos limites máximos dispostos nos incisos I a IV do § 1º do art. 223-G,

quando consideradas as circunstâncias do caso concreto e os princípios da razoabilidade, da

proporcionalidade e da igualdade.

Fundamento:

“Ainda que a norma prevista no art. 223-A expressamente circunscreva o

tratamento da reparação extrapatrimonial às disposições do Título II-A, é

inequívoco que, ao apreciar cada caso concreto, o magistrado deverá proceder a

uma interpretação íntegra do ordenamento jurídico pátrio, no que se insere o

inafastável respeito aos princípios constitucionais.

Despiciendo ainda observar que eventuais lacunas na aplicação da legislação

trabalhista poderão ser colmatadas pelos juízes por meio do recurso à analogia, os

costumes e os princípios gerais de direito (art. 4º do Decreto-Lei 4.657/1942). Disso

resulta que, ao menos naquilo que não implicarem contrariedade expressa ao

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regime da CLT, os parâmetros fixados no Título IX do Código Civil, poderão ser

supletivamente aplicados às relações trabalhistas.”

(...)

“Parece-me, portanto, que existe uma forte sinalização da jurisprudência deste STF

no sentido da impossibilidade de se tarifar o dano moral, mediante modelo

legislativo que subtraia totalmente do juiz o seu arbitramento. Isso não equivale,

evidentemente, à proibição de métodos que ajudem a estabelecer a quantificação

do dano extrapatrimonial .

A ausência de critérios objetivos para a quantificação dos danos morais – seja nas

relações de trabalho seja nas relações civis aquilianas em geral – naturalmente

desperta preocupações relacionadas à segurança jurídica e à previsibilidade da

extensão das sanções reparatórias. Diante da rejeição ao modelo de tarifação, a

doutrina e a jurisprudência passaram a estabilizar parâmetros a serem observados

pelo magistrado na fixação da indenização por danos extrapatrimoniais, tais como

a extensão do dano; as condições socioeconômicas e culturais dos envolvidos; as

condições psicológicas das partes; o grau de culpa do agente, de terceiro ou da

vítima.

A inexistência de parâmetros objetivos de fixação, todavia, pode levar à

disseminação de decisões muitas vezes contraditórias, desiguais, com valores

irrazoáveis, tanto para mais quanto para menos. Não é à toa que, no campo do

Direito Civil, mesmo após as decisões do STF relacionadas à Lei de Imprensa, a

busca de critérios para valoração do dano moral já foi objeto de diversas iniciativas

legislativas como, por exemplo, o PL 523/2011, de autoria do Deputado Walter

Tosta, que previa indenizações entre dez e 500 salários mínimos, ou o PLC

169/2010, de iniciativa do Deputado Marcus Vinicius, que propunha a alteração do

art. 953 do Código Civil, de modo a acrescentar um parágrafo com o seguinte teor:

“na fixação da indenização por danos morais, o juiz, a fim de evitar o

enriquecimento indevido do demandante levará em consideração a situação

econômica do ofensor, a intensidade do ânimo de ofender, a gravidade e

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repercussão da ofensa, a posição social ou política do ofendido, bem como o

sofrimento por ele experimentado”.

Diante dos inequívocos problemas de previsibilidade do arbitramento judicial do

dano moral, a própria jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem reagido

na construção de metodologias. O Tribunal vem adotando o chamado “método

bifásico”, modelo segundo o qual o julgar primeiro analisa um valor básico para a

reparação, considerando o interesse jurídico lesado e um grupo de precedentes, e,

depois, verifica as circunstâncias do caso concreto gravidade do fato em si,

culpabilidade do agente, culpa concorrente da vítima, condição econômica das

partes, entre outros fatores) para fixar o valor definitivo da indenização.

(TARTUCE, Flávio. Direito Civil. Vol. 2, p. 430).”

ADI 6050. RELATOR MIN. GILMAR MENDES.

JORNADA 12X36

Dispensa de trabalhadora com esclerose múltipla é considerada discriminatória, na forma da


Súmula 443 do C. TST.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Poderá ser pactuada, de forma individual, a realização da jornada de 12x36, consideradas

constitucionais as normas dos artigos 59-A e parágrafo único da CLT.

Fundamento:

Em relação à jornada de 12h por 36h, lembro que sua aceitação já era pacífica na

jurisprudência trabalhista, tendo sido considerada constitucional, inclusive, por

esta Suprema Corte. Antes da Reforma Trabalhista, a Súmula 444 do TST entendia

válida a adoção da jornada de 12h por 36h, desde que em caráter excepcional, se

prevista em lei ou ajustada em negociação coletiva. Na ADI 4.842, o STF entendeu

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pela constitucionalidade da estipulação, por lei, da jornada de trabalho de 12h por

36h para os bombeiros civis.

Seguindo a evolução do tratamento doutrinário e jurisprudencial sobre a jornada

12h por 36h, que cada vez mais se consolida entre diferentes categorias de

trabalhadores, me parece natural que a reforma trabalhista normatizasse a

referida jornada na CLT, passando a permitir sua adoção pelos trabalhadores via

contrato individual, com base na liberdade do trabalhador, mote da reforma.

Ademais, cabe registrar que o artigo 7º, inciso XIII, da Constituição não proíbe a

jornada 12h por 36h, apenas estabelece que a jornada de 8 horas diárias ou 44

horas semanais poderá ser relativizada mediante compensação, conforme acordo

ou negociação coletiva. Essa compensação, conforme a doutrina e a jurisprudência,

pode se dar na forma da jornada 12h por 36h, em que as 4 horas a mais de jornada

de trabalho são compensadas por 36 horas seguidas de descanso. Essa não é a

única forma de compensação de jornada possível, mas uma das possíveis.

ADI 5.994. RELATOR MIN. MARCO AURELIO.

COMPETÊNCIA. EMPREGADOS PÚBLICOS APOSENTADOS.

Imcompetência da Justiça do Trabalho para julgar ação envolvendo aposentadoria de


empregados públicos – registrada a impossibilidade de continuidade no serviço após concessão
de aposentadoria pelo RGPS após a EC 103/2019.

TESE FIXADA...
“A natureza do ato de demissão de empregado público é constitucional-administrativa e não

trabalhista, o que atrai a competência da Justiça comum para julgar a questão. A concessão de

aposentadoria aos empregados públicos inviabiliza a permanência no emprego, nos termos do

art. 37, § 14, da CRFB, salvo para as aposentadorias concedidas pelo Regime Geral de

Previdência Social até a data de entrada em vigor da Emenda Constitucional nº 103/19, nos

termos do que dispõe seu art. 6º.”

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Fundamento:

“Trata-se, in casu, de empregado público da Empresa de Correios e Telégrafos

(ECT) que impetrou mandado de segurança em face de ato mediante o qual o

Secretário Executivo do Conselho de Coordenação de Empresas Estatais e do

Presidente da ECT determinou o desligamento dos empregados aposentados que

se mantinham na ativa, nos termos da MP nº 1523/1996.

Segundo o disposto no art. 37, § 14, da CF (incluído pela EC nº 103, de 2019), a

aposentadoria faz cessar o vínculo ao cargo, emprego ou função pública cujo tempo

de contribuição houver embasado a passagem do servidor/empregado público para

a inatividade, inclusive quando feita sob o Regime Geral de Previdência Social.

A mencionada EC nº 103/19, contudo, em seu art. 6º, excluiu da incidência da regra

insculpida no § 14 do art. 37 da Constituição Federal as aposentadorias concedidas

pelo Regime Geral de Previdência Social até a data de sua entrada em vigor, sendo

essa a hipótese versada nos autos.”

TEMA DE REPERCUSSÃO GERAL 606. LEADING CASE RE 655.283. RELATOR MIN MARCO

AURELIO.

DISPENSA COLETIVA

Atuação sindical em casos de dispensa coletiva de trabalhadores.

TESE FIXADA ...


A intervenção sindical é exigência procedimental imprescindível para a dispensa em massa de

trabalhadores, que não se confunde com autorização prévia por parte de entidade sindical ou

celebração de convenção ou acordo coletivo.

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Fundamento:

“Mais diretamente, e com as vênias de estilo, penso que a posição do Tribunal

Superior do Trabalho, ao concluir pela imprescindibilidade da negociação coletiva

para a dispensa em massa de trabalhadores, constitui passo demasiadamente

largo no tema, e de modo algum encontra amparo na Constituição de 1988. Não

tenho como inquestionado que a interpretação dada pelo TST fomentaria um

desejável diálogo entre empregadores e empregados no contexto de dispensas em

massa.

O estímulo ao diálogo tem outras possibilidades para além de uma exigência de

efetivo acordo ou mesmo de qualquer autorização prévia do sindicato. Ao investir

na dimensão procedimental, a tese confere à negociação coletiva uma feição mais

crível, a de condição de possibilidade do entendimento; o dever de negociar como

“meio”, descolado de qualquer referência quanto ao conteúdo do acordo – para o

que, aliás, não há referencial prévio concreto e, exatamente, por isso, menos ainda

padrão de controle jurisdicional. Ante o exposto, acompanho o eminente Relator,

Ministro Marco Aurélio, para dar provimento ao recurso extraordinário, reformando

o acórdão recorrido.”

TEMA DE REPERCUSSÃO GERAL 638. LEADING CASE RE 999.435. RELATOR MIN. MARCO
AURÉLIO.

NORMAS COLETIVAS. ULTRATIVIDADE

Constitucionalidade da ultratividade das normas coletivas e a Súmula 277 do C. TST.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O Tribunal, por maioria, julgou procedente a presente arguição de descumprimento de preceito

fundamental, de modo a declarar a inconstitucionalidade da Súmula 277 do Tribunal Superior

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do Trabalho, na versão atribuída pela Resolução 185, de 27 de setembro de 2012, assim como

a inconstitucionalidade de interpretações e de decisões judiciais que entendem que o art. 114,

parágrafo segundo, da Constituição Federal, na redação dada pela Emenda Constitucional nº

45/2004, autoriza a aplicação do princípio da ultratividade de normas de acordos e de

convenções coletivas, tudo nos termos do voto do Relator, vencidos os Ministros Edson Fachin,

Rosa Weber e Ricardo Lewandowski. Plenário, Sessão Virtual de 20.5.2022 a 27.5.2022.

Fundamento:

Nesse contexto, concluo que a interpretação conferida ao dispositivo constitucional

pela Justiça do Trabalho extrapola o que se pode extrair de significado das

palavras ali inseridas, invadindo o espaço reservado ao legislador ordinário para a

disciplina da matéria relativa à vigência das normas coletivas. Ao fazê-lo, torna

letra morta a previsão legal de um prazo máximo de vigência da pactuação e

subverte a vedação literal à ultratividade, em violação direta dos princípios da

legalidade e da separação dos Poderes.

ADPF 323. MIN. RELATOR GILMAR MENDES.

FÉRIAS EM DOBRO. SÚMULA DO C. TST.

Impossibilidade de criação de súmula que inove no ordenamento jurídico, sem fundamento legal.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Por maioria, foi julgada procedente a arguição de descumprimento de preceito fundamental

para (a) declarar a inconstitucionalidade da Súmula 450 do Tribunal Superior do Trabalho e

(b) invalidar decisões judiciais não transitadas em julgado que, amparadas no texto sumular,

tenham aplicado a sanção de pagamento em dobro com base no art. 137 da CLT, nos termos

do voto do Relator.

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Fundamento:

1. Os poderes de Estado devem atuar de maneira harmônica, privilegiando a

cooperação e a lealdade institucional e afastando as práticas de guerrilhas

institucionais, que acabam minando a coesão governamental e a confiança popular

na condução dos negócios públicos pelos agentes públicos. Precedentes.

2. Impossibilidade de atuação do Poder Judiciário como legislador positivo, de

modo a ampliar o âmbito de incidência de sanção prevista no art. 137 da CLT para

alcançar situação diversa, já sancionada por outra norma.

3. Ausência de lacuna justificadora da construção jurisprudencial analógica.

Necessidade de interpretação restritiva de normas sancionadoras. Proibição da

criação de obrigações não previstas em lei por súmulas e outros enunciados

jurisprudenciais editados pelo Tribunal Superior do Trabalho e pelos Tribunais

Regionais do Trabalho (CLT, art. 8º, § 2º).

ADPF 501. MIN RELATOR ALEXANDRE DE MORAES

LICENÇA-MATERNIDADE. SALÁRIO-MATERNIDADE. INTERNAÇÃO

O nascimento seguido da internação não enseja o início do cômputo da licença-maternidade e


do auxílio maternidade, sendo o prazo inicial destes a alta hospitalar do último (mãe ou recém-
nascido).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A fim de que seja protegida a maternidade e a infância e ampliada a convivência entre mães e

bebês, em caso de internação hospitalar que supere o prazo de duas semanas, previsto no art.

392, §2º, da CLT, e no art. 93, §3º, do Decreto nº. 3.048/99, o termo inicial aplicável à fruição

da licença maternidade e do respectivo salário-maternidade deve ser o da alta hospitalar da

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mãe ou do recém-nascido, o que ocorrer por último, prorrogando-se ambos os benefícios por

igual período ao da internação.

Fundamento:

O direito da criança à convivência familiar deve ser colocado a salvo de toda a

forma de negligência e omissão estatal, consoante preconizam os arts. 6º, caput,

201, II, 203, I, e 227, caput, da Constituição da República, impondo-se a

interpretação conforme à Constituição do §1º do art. 392 da Consolidação das Leis

do Trabalho (CLT) e do art. 71 da Lei nº. 8.213/1991

Não se verifica critério racional e constitucional para que o período de licença à

gestante e salário-maternidade sejam encurtados durante a fase em que a mãe ou

o bebê estão alijados do convívio da família, em ambiente hospitalar, nas hipóteses

de nascimentos com prematuridade e complicações de saúde após o parto.

A jurisprudência do STF tem se posicionado no sentido de que a ausência de

previsão de fonte de custeio não é óbice para extensão do prazo de licença-

maternidade, conforme precedente do RE nº. 778889, Relator(a): Min. ROBERTO

BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 10/03/2016. A prorrogação de benefício

existente, em decorrência de interpretação constitucional do seu alcance, não

vulnera a norma do art. 195, §5º, da Constituição Federal.

Arguição julgada procedente para conferir interpretação conforme à Constituição

ao artigo 392, §1º, da CLT, assim como ao artigo 71 da Lei n.º 8.213/91 e, por

arrastamento, ao artigo 93 do seu Regulamento (Decreto n.º 3.048/99), de modo a

se considerar como termo inicial da licença-maternidade e do respectivo salário-

maternidade a alta hospitalar do recémnascido e/ou de sua mãe, o que ocorrer por

último, prorrogando-se em todo o período os benefícios, quando o período de

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internação exceder as duas semanas previstas no art. 392, §2º, da CLT, e no art.

93, §3º, do Decreto n.º 3.048/99.

ADI 6327. RELATOR MIN. EDSON FACHIN.

PRAZO PRESCRICIONAL. AVULSO. OGMO. TERMO INICIAL

Termo inicial da prescrição bienal ou quinquenal conta a partir do fim do vínculo do avulso com
o OGMO.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Constitui o OGMO ente a que se vincula de forma estável, isto é, de forma fixa e constante, o

trabalhador portuário avulso, para fins de gozo de seus direitos trabalhistas. Parece adequado,

portanto, que o prazo quinquenal ou bienal seja aplicado considerando o vínculo com o órgão

gestor. A solução, por sua vez, possibilita a aplicação, na prática, do prazo quinquenal,

privilegiando o espírito que animou o legislador constituinte ao promover a ampliação do prazo

prescricional e da proteção social conferida ao trabalhador.

Fundamento:

Parece adequado, portanto, que o prazo quinquenal ou bienal seja aplicado

considerando o vínculo com o órgão gestor. A solução, por sua vez, possibilita a

aplicação, na prática, do prazo quinquenal, privilegiando o espírito que animou o

legislador constituinte ao promover a ampliação do prazo prescricional e da

proteção social conferida ao trabalhador.

Desse modo, interpretação diversa que resulta na inaplicabilidade do prazo

quinquenal constante do art. 7º, XXIX, da Constituição importa negar o espírito da

norma, a pretexto de aplicá-la em sua literalidade 5 . As peculiaridades da relação

de trabalho e da prescrição trabalhista no curso de sua vigência, com fim de

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conferir maior proteção social frente aos atos discriminatórios e inibidores do

efetivo acesso à Justiça, não podem, pois, ser descuradas da aplicação da norma

constitucional. Ainda, em face de dúvida e incerteza quanto ao sentido da norma

constitucional predita, deve ser prestigiada a interpretação comprometida com a

maior efetividade dos direitos sociais trabalhistas.

A noção que sobrevém da convergência de inúmeros preceitos de que deve ser

contado o prazo bienal da cessação do trabalho prestado ao tomador de serviços

termina por, na prática, negar que aplicado o prazo quinquenal, porquanto, a cada

prestação de trabalho, em regra, permanece o trabalhador a serviço do tomador

por um curto período de tempo.

Além de que, como outrora já consignado, a solução desconsidera o vínculo jurídico

do trabalhador avulso com a entidade intermediária, que, administrando a mão de

obra e os encargos trabalhistas e previdenciários equivalentes a cada prestação de

trabalho, atua como espécie de preposta dos beneficiários diretos dos serviços.

Repisa-se, assim, que é o liame estabelecido com o órgão gestor, e não com o

tomador de serviços, que caracteriza a relação laboral avulsa, diferenciando-a dos

demais vínculos de trabalho e que, nessa lógica, as normas que lhe são aplicáveis

devem estar norteadas na forma relacional que lhe é própria.

Parece adequado, portanto, que o prazo quinquenal ou bienal seja aplicado

considerando o vínculo com o órgão gestor. A solução, por sua vez, possibilita a

aplicação, na prática, do prazo quinquenal, privilegiando o espírito que animou o

legislador constituinte ao promover a ampliação do prazo prescricional e da

proteção social conferida ao trabalhador. Desse modo, interpretação diversa que

resulta na inaplicabilidade do prazo quinquenal constante do art. 7º, XXIX, da

Constituição importa negar o espírito da norma, a pretexto de aplicá-la em sua

literalidade.

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ADI 5132. RELATOR MIN. EDSON FACHIN.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A equiparação de remuneração entre empregados da empresa tomadora de serviços e

empreados da empresa contratada (terceirizada) fere o princípio da livre iniciativa, por se tratar

de agentes econômicos distintos, que não podem estar sujeitos a decisões empresariais que

não as suas.

Fundamento:

Conforme decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal nos autos da ADPF

324, Rel. Min. Luís Roberto Barroso, a terceirização das atividades-meio ou das

atividades-fim de uma empresa tem amparo nos princípios constitucionais da livre

iniciativa e da livre concorrência, que asseguram aos agentes econômicos a

liberdade de decidir como estruturarão seu negócio (art. 170, caput e inc. IV, CF).

3. Do mesmo modo, a decisão sobre quanto pagar ao empregado é tomada por

cada empresa, de acordo com suas capacidades econômicas, e protegida pelos

mesmos princípios constitucionais. Portanto, não se pode sujeitar a contratada à

decisão da tomadora e vice-versa. 4. Além disso, a exigência de equiparação, por

via transversa, inviabiliza a terceirização para fins de redução de custos, esvaziando

o instituto.

TEMA 383 DE REPERCUSSÃO GERAL. LEADING CASE RE 635546. MIN. RELATOR MARCO

AURÉLIO.

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Limitação à aplicação do teto salarial às empresas públicas, sociedades de economia mista e


subsidiárias que recebem verbas da Fazenda Pública para pagamentos de despesas e custeio em
geral.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO ASSIM...


É aplicável a limitação to teto salarial às empresas púbicas, sociedades de economia mista e

subsidiárias que recebem verbas da Fazenda Pública para pagamento de despesas e custeio

em geral.

Fundamento:

“A regra do teto constitucional expressa duplo objetivo. De um lado, há nítido

intuito ético, de modo a impedir a consolidação de “supersalários”, incompatíveis

com o princípio republicano, indissociável do regime remuneratório dos cargos

públicos, no que veda a apropriação ilimitada e individualizada de recursos

escassos. De outro, é evidente a finalidade protetiva do Erário, visando estancar o

derramamento indevido de verbas públicas. O teto constitucional, quando

observado e aliado aos limites globais com despesas de pessoal – artigos 18 a 23

da Lei Complementar no 101/2000 –, assume a relevante função de obstar gastos

inconciliáveis com a prudência no emprego dos recursos da coletividade.”

“A jurisprudência deste Supremo Tribunal afirmou-se no sentido de dar integral

cumprimento àquela regra de teto remuneratório – de grande importância no

sistema administrativo brasileiro – exatamente para não se permitir que recursos

públicos comprometam as finalidades dos entes estatais, que são credores dos

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valores mencionados, nem se distingam entre empregados cuja fonte pagadora

seja, de forma direta ou indireta, o cabedal de recursos públicos.”

ADI 6584. MIN RELATOR GILMAR MENDES..

GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Custas e honorários advocatícios. Possibilidade de dedução de crédito de outro processo.


Cobrança em caso de falta.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


1. É inconstitucional a legislação que presume a perda da condição de hipossuficiência

econômica para efeito de aplicação do benefício de gratuidade de justiça, apenas em razão da

apuração de créditos em favor do trabalhador em outra relação processual, dispensado o

empregador do ônus processual de comprovar eventual modificação na capacidade econômica

do beneficiário.

2. A ausência injustificada à audiência de julgamento frustra o exercício da jurisdição e acarreta

prejuízos materiais para o órgão judiciário e para a parte reclamada, o que não se coaduna com

deveres mínimos de boa-fé, cooperação e lealdade processual, mostrando-se proporcional a

restrição do benefício de gratuidade de justiça nessa hipótese.

Fundamento:

Trata-se de ação direita de inconstitucionalidade proposta pelo Procurador-Geral

da República, tendo por objeto o artigo 1º da Lei 13.467, de 13 de julho de 2017,

que aprovou a “Reforma Trabalhista”, nos pontos em que altera ou insere

disposições nos artigos 790-B, caput e e § 4º; 791-A, § 4º, e 844, § 2º, do Decreto-

Lei 5.452/1943 (Consolidação das Leis do Trabalho, CLT).

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PRECEDENTES DO STF

É incompatível com a Constituição da República que o tratamento da justiça

gratuita na Justiça do Trabalho seja menos benéfico aos litigantes, em regra

trabalhadores buscando verbas de natureza alimentar, que aquele conferido pelo

legislador na Justiça Comum, onde não há, presunção de hipossuficiência de

nenhuma das partes, salvo nas causas consumeristas.

Os honorários periciais e advocatícios podem ser arcados pelo vencido beneficiário

da justiça gratuita, mas apenas se comprovado pelo credor que deixou de persistir

a situação de insuficiência de recursos que tenha justificado a concessão da

gratuidade de justiça.

Reputo constitucional, contudo, a disposição constante do § 2º do art. 844 da

Consolidação das Leis do Trabalho, por entender razoável a atribuição do

pagamento de custas à parte que não comparece à audiência, ainda que

beneficiária da justiça gratuita.

(...)

De forma similar ao processo do trabalho, nos juizados especiais a ausência do

autor à audiência inicial (como às demais) implica extinção do processo, e cabe ao

demandante pagar custas, salvo comprovada força maior (Lei 9.099/1995, art. 51).

Mesmo aí, porém, não impõe a lei pagamento de custas a beneficiário de justiça

gratuita nem condiciona ajuizamento de nova demanda a quitação de custas do

processo anterior, como o art. 844, §§ 2º e 3º, da CLT.”

ADI 5766. MIN RELATOR LUÍS ROBERTO BARROSO

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MODALIDADE DE CONTRATAÇÃO. PARCERIA. SALÕES DE BELEZA

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


São válidos os contratos de parceria celebrados entre trabalhador do ramo da beleza

(cabeleireiro, barbeiro, esteticista, manicure, pedicure, depilador e maquiador), denominado

“profissional-parceiro”, e o respectivo estabelecimento, chamado “salão-parceiro”, em

consonância com as normas contidas na Lei federal n. 13.352/2016. A higidez do contrato é

condicionada à conformidade com os fatos, de modo que é nulo instrumento com elementos

caracterizadores de relação de emprego. 3. Estando presentes elementos que sinalizam

vínculo empregatício, este deverá ser reconhecido pelo Poder Público, com todas as

consequências legais decorrentes, previstas especialmente na Consolidação da Leis do

Trabalho.

Fundamento:

“Não raro se associa o fenômeno de mitigação dos direitos fundamentais sociais,

especialmente os trabalhistas, em face de contingências da realidade social,

econômica e política, as quais supostamente seriam impeditivas da sua plena

concretização.

Sem maiores divergências, porém, a proteção jurídica ao trabalho é considerada

como direito fundamental social, de modo que, sempre que são necessários ajustes

nas condições jurídicas estabelecidas para o contrato de trabalho, sua

regulamentação pelas normas infraconstitucionais não pode afrontar a proteção

constitucional que lhe é endereçada.

Com efeito, da convergência de variados preceitos constitucionais no sentido da

prevalência dos direitos trabalhistas na ordem jurídica, aferida sob a perspectiva

19
PRECEDENTES DO STF

de proteção social (arts. 1º, III e IV; 3º, I, II, III e IV; 4º, II; 5º, caput e § 2º; 6º; 7º, caput,

incisos e parágrafo único; 8º até 11; 170, caput e incisos III, VI e VII; 193, todos da

Constituição Federal de 1988), sobrevém inequívoca presunção constitucional em

favor do vínculo empregatício na hipótese de incontroversa prestação de serviços

por pessoa natural.

Assim, na medida em que servem os fins pedagógicos do vínculo do estágio ao

avanço humanístico, cultural, social e econômico do indivíduo, harmoniza-se seu

propósito educacional ao preceito constitucional do art. 25, cujo teor dispõe que “a

educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e

incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da

pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o

trabalho” (Delgado, 2019, p. 389). De forma diversa, ausente bem jurídico

constitucional promovido pela natureza característica da relação jurídica ou

esvaziado o propósito do tratamento legal próprio a ela concedido, não há

justificativa a legitimar o afastamento da relação de emprego.

Porém, na medida em que somente da análise do caso concreto é possível

identificar-se a presença ou não dos elementos fático-jurídicos constitutivos da

relação empregatícia, concernindo à Justiça Trabalhista apreciá-lo e, na hipótese

de conjugados estes elementos, considerar existente o vínculo de emprego, não

está a elaboração da lei ora impugnada respaldada em qualquer insegurança

jurídica a motivar o afastamento do vínculo empregatício.”

ADI 5625. RELATOR MIN. EDSON FACHIN.

LICENÇA MATERNIDADE. SERVIDOR PÚBLICO.

20
PRECEDENTES DO STF

Licença maternidade estende-se ao genitor monoparental.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


À luz do art. 227 da CF, que confere proteção interal da criança com absoluta prioridade e do

princípio da paternidade responsável, a licença maternidade, prevista no art. 7º, XVIII, da CF/88 e

regulamentada pelo art. 207 da Lei 8.112/90, estende-se ao pai genitor monoparental.

Fundamento:

1. Não há previsão legal da possibilidade de o pai solteiro, que optou pelo

procedimento de fertilização in vitro em “barriga de aluguel”, obter a licença-

maternidade.

2. A Constituição Federal, no art. 227, estabelece com absoluta prioridade a

integral proteção à criança. A ratio dos artigos 6º e 7º da CF não é só salvaguardar

os direitos sociais da mulher, mas também efetivar a integral proteção ao recém-

nascido.

3. O art. 226, § 5º, da Lei Fundamental estabelece que os direitos e deveres

referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela

mulher, não só em relação à sociedade conjugal em si, mas, sobretudo, no que

tange ao cuidado, guarda e educação dos filhos menores.

4. A circunstância de as crianças terem sido geradas por meio fertilização in vitro e

utilização de barriga de aluguel mostra-se irrelevante, pois, se a licença adotante

é assegurada a homens e mulheres indistintamente, não há razão lógica para que

a licença e o saláriomaternidade não seja estendido ao homem quando do

nascimento de filhos biológicos que serão criados unicamente pelo pai.

21
PRECEDENTES DO STF

Entendimento contrário afronta os princípios do melhor interesse da criança, da

razoabilidade e da isonomia.

5. A Nota Informativa SEI nº 398/2022/ME, e Nota Técnica SEI nº 18585/2021/ME,

emitidas pela Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoal do Ministério da

Economia, trazidas aos autos pelo INSS, informam que “‘em consonância com a

proteção integral da criança’, a Administração Pública federal reconhece ‘o direito,

equivalente ao prazo da licença à gestante a uma das pessoas presentes na filiação,

independente de gênero e estado civil, desde que ausente a parturiente na

composição familiar do servidor’”.

6. As informações constantes nas aludidas Notas emitidas pelo Ministério da

Economia apenas confirmam que o entendimento exposto no voto acompanha a

compreensão que esta CORTE tem reiteradamente afirmado nas questões relativas

à proteção da criança e do adolescente, para os quais a atenção e o cuidado

parentais são indispensáveis para o desenvolvimento saudável e seguro.

TEMA DE REPERCUSSÃO GERAL 1182. LEADING CASE RE 1348854. RELATOR MIN.

ALEXANDRE DE MORAES.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É formalmente constitucional a Lei n. 14.128/2021 por não dispor sobre regime jurídico de

servidores públicos da União ou interferir nas atribuições de órgãos da Administração Pública

federal. 3. É constitucional a compensação financeira de caráter indenizatório prevista na Lei

n. 14.128/2021, inserida no regime fiscal excepcional disposto nas Emendas Constitucionais

22
PRECEDENTES DO STF

n. 106/2020 e n. 109/2021, no contexto de enfrentamento das “consequências sociais e

econômicas” da crise sanitária da Covid-19.

Fundamento:

A compensação financeira é indenização a ser paga no valor das prestações

pecuniárias previstas no art. 3º pelos danos sofridos pelos profissionais de saúde

que, em atendimento direto às pessoas acometidas pela Covid-19, tenham se

tornado incapazes permanentemente para o trabalho ou, em caso de morte, aos

herdeiros e dependentes, não se tratando de benefício previdenciário ou

remuneratório.

Em situação semelhante, o legislador ordinário previu, no art. 948 do Código Civil

1 , direito à indenização aos familiares da vítima, em razão do falecimento

decorrente de homicídio. Por analogia ao presente caso, a compensação financeira

destinada ao profissional de saúde, que morrer em razão da Covid-19, a

indenização prevista na Lei impugnada equipara-se ao dano moral dos familiares

pela perda da pessoa, como mencionado para os casos previstos no inc. I do art.

948 do Código Civil.

A prestação de valor variável, mencionada no inc. II do art. 3º da Lei n. 14.128/2021,

corresponde à natureza de recomposição patrimonial, decorrente da perda ou

diminuição da renda familiar proporcionada pelo falecido, no que se assemelha ao

disposto no inc. II do art. 948 do Código Civil.

Ressalte-se, ainda, conforme dispõe o art. 5 º da Lei n. 14.128/2021, que do valor

obtido a título da compensação financeira não incidirá o pagamento de imposto de

renda ou de contribuição previdenciária, além de não prejudicar o direito ao

23
PRECEDENTES DO STF

recebimento de benefícios previdenciários ou assistenciais previstos em lei, o que

reforça a natureza indenizatória do instituto.

Fundamenta-se, assim, a legislação impugnada no dever estatal de promover

políticas e programas de proteção e defesa da saúde, no contexto pandêmico

experimentado com a Covid-19, buscando-se mitigar os prejuízos dos profissionais

de saúde incapacitados para o trabalho ou indenizar os dependentes daqueles que,

na atuação direta no combate à pandemia no Brasil, morreram em razão da doença.

Nesse sentido, confiram-se os dispositivos constitucionais:

ADI 6970. RELATOR MIN. CÁRMEN LÚCIA.

LITISCONSÓRCIO. SINDICATO. ACORDO

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Em ação civil pública proposta pelo Ministério Público do Trabalho em face de empresa estatal,

com propósito de invalidar contratação irregular de pessoal, não é cabível o ingresso, no polo

passivo da causa, de todos os empregados atingidos, mas é indispensável sua representação

pelo sindicato da categoria.

Fundamento:

Com efeito, a nulidade arguida na Ação Rescisória subjacente ao presente leading

case consiste na falta de integração dos EMPREGADOS PREJUDICADOS na ação

civil pública em que celebrado o acordo que se busca rescindir.

Em relação a esta específica controvérsia, a jurisprudência é pacífica no sentido de

que, na ação civil pública proposta pelo Ministério Público do Trabalho buscando

24
PRECEDENTES DO STF

o reconhecimento da invalidade de contratações sem concurso público, não cabe a

citação de cada empregado, para formação de litisconsórcio passivo. No âmbito do

processo coletivo, os interesses dos empregados devem ser defendidos pelo

sindicato laboral que representa a categoria.

Esta diretriz está brilhantemente exposta no voto vencido proferido pelo Ilustre

Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, IVES GANDRA DA SILVA MARTINS

FILHO (...)

TEMA DE REPERCUSSÃO GERAL 1004. LEADING CASE 629647. RELATOR MIN. MARCO

AURÉLIO.

NORMAS COLETIVAS. LIMITES.

Limites das normas coletivas, possibilidade de restrição a direitos, sem compensação, desde que
respeitados direitos absolutamente indisponíveis.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


São constitucionais os acordos e as convenções coletivos que, ao considerarem a adequação

setorial negociada, pactuam limitações ou afastamentos de direitos trabalhistas,

independentemente da explicitação especificada de vantagens compensatórias, desde que

respeitados os direitos absolutamente indisponíveis.

Fundamento:

Apesar de todo o arcabouço constitucional que não apenas legitima, mas estimula

a negociação coletiva, não são incomuns decisões da Justiça do Trabalho que, a

partir da análise do caso concreto, interpretam cláusulas previamente estipuladas

de forma a restringi-las ou a anulá-las. Diante desse quadro, a definição dos limites

25
PRECEDENTES DO STF

da intervenção judiciária deve ser clara, a fim de evitar ingerências indevidas e

preservar o pactuado. A partir da jurisprudência acumulada deste Tribunal em

torno do tema, entendo oportuno fixar 3 (três) balizas ou premissas básicas para a

revisão judicial de normas coletivas. Repiso que essas balizas, a meu ver, apenas

projetam o que já foi decidido por esta Corte em outras oportunidades.

III.A – Princípio da equivalência entre negociantes. Inaplicabilidade do princípio

protetivo ou da primazia da realidade.

(...)

III.B – Teoria do conglobamento na apreciação de normas coletivas.

Impossibilidade de interpretação baseada na dissecação de compensações

individuais.

(...)

III.C – Disponibilidade ampla dos direitos trabalhistas em normas coletivas,

resguardado o patamar mínimo civilizatório.

No Direito Coletivo do Trabalho, entende-se que a autonomia coletiva deve ser

conjugada com o chamado princípio da adequação setorial negociada, que define a

importância de harmonização dos interesses das partes na negociação coletiva com

o sistema normativo heterônomo estatal.

O princípio da adequação setorial negociada tem fundamento no fato de que

“normas autônomas juscoletivas construídas para incidirem sobre certa

comunidade econômico-profissional podem prevalecer sobre o padrão geral

heterônomo justrabalhista desde que respeitados certos critérios objetivamente

fixados”.

26
PRECEDENTES DO STF

Por força da indisponibilidade dos direitos trabalhistas, entende-se que as

convenções coletivas não podem diminuir ou esvaziar o padrão geral de direitos

trabalhistas previsto na legislação aplicável, salvo quando houver autorização

legal ou constitucional expressa. Isso significa que acordos e convenções coletivas

apenas podem tratar de parcelas justrabalhistas de indisponibilidade relativa.

Isso conduz ao principal ponto desse princípio: a definição dos direitos

absolutamente indisponíveis. Em regra, as cláusulas de convenção ou acordo

coletivo não podem ferir um patamar civilizatório mínimo, composto, em linhas

gerais, (i) pelas normas constitucionais, (ii) pelas normas de tratados e convenções

internacionais incorporadas ao Direito Brasileiro e (iii) pelas normas que, mesmo

infraconstitucionais, asseguram garantias mínimas de cidadania aos trabalhadores.

(...)
Assim, ainda que de forma não exaustiva, entendo que a jurisprudência do próprio TST e do
STF considera possível dispor, em acordo ou convenção coletiva, ainda que de forma
contrária a lei sobre aspectos relacionados a: (i) remuneração (redutibilidade de salários,
prêmios, gratificações, adicionais, férias) e (ii) jornada (compensações de jornadas de
trabalho, turnos ininterruptos de revezamento, horas in itinere e jornadas superiores ao
limite de 10 horas diárias, excepcionalmente nos padrões de escala doze por trinta e seis ou
semana espanhola).

TEMA 1046 DE REPERCUSSÃO GERAL. LEADING CASE RE AG 1.121.633. MIN RELATOR

GILMAR MENDES.

ATUALIZAÇÃO DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS

27
PRECEDENTES DO STF

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Confere-se interpretação conforme à Constituição ao art. 879, §7º, e ao art. 899, §4º, da CLT,

na redação dada pela Lei 13.467, de 2017, definindo-se que, até que sobrevenha solução

legislativa, deverão ser aplicados à atualização dos créditos decorrentes de condenação

judicial e à correção dos depósitos recursais em contas judiciais na Justiça do Trabalho os

mesmos índices de correção monetária e de juros vigentes para as hipóteses de condenações

cíveis em geral (art. 406 do Código Civil), à exceção das dívidas da Fazenda Pública que possui

regramento específico e as modulações fixadas na decisão em controle concentrado pelo E.

STF.

Fundamento:

O Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade do art. 1º-F da Lei

9.494/1997, com a redação dada pela Lei 11.960/2009, decidindo que a TR seria

insuficiente para a atualização monetária das dívidas do Poder Público, pois sua

utilização violaria o direito de propriedade. Em relação aos débitos de natureza

tributária, a quantificação dos juros moratórios segundo o índice de remuneração

da caderneta de poupança foi reputada ofensiva à isonomia, pela discriminação em

detrimento da parte processual privada (ADI 4.357, ADI 4.425, ADI 5.348 e RE

870.947-RG – tema 810).

A indevida utilização do IPCA-E pela jurisprudência do Tribunal Superior do

Trabalho (TST) tornou-se confusa ao ponto de se imaginar que, diante da

inaplicabilidade da TR, o uso daquele índice seria a única consequência possível. A

solução da Corte Superior Trabalhista, todavia, lastreia-se em uma indevida

equiparação da natureza do crédito trabalhista com o crédito assumido em face da

Fazenda Pública, o qual está submetido a regime jurídico próprio da Lei

9.494/1997, com as alterações promovidas pela Lei 11.960/2009.

28
PRECEDENTES DO STF

A aplicação da TR na Justiça do Trabalho demanda análise específica, a partir das

normas em vigor para a relação trabalhista. A partir da análise das repercussões

econômicas da aplicação da lei, verifica-se que a TR se mostra inadequada, pelo

menos no contexto da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), como índice de

atualização dos débitos trabalhistas.

Confere-se interpretação conforme à Constituição ao art. 879, §7º, e ao art. 899,

§4º, da CLT, na redação dada pela Lei 13.467, de 2017, definindo-se que, até que

sobrevenha solução legislativa, deverão ser aplicados à atualização dos créditos

decorrentes de condenação judicial e à correção dos depósitos recursais em contas

judiciais na Justiça do Trabalho os mesmos índices de correção monetária e de juros

vigentes para as hipóteses de condenações cíveis em geral (art. 406 do Código

Civil), à exceção das dívidas da Fazenda Pública que possui regramento específico

(art. 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei 11.960/2009), com a

exegese conferida por esta Corte na ADI 4.357, ADI 4.425, ADI 5.348 e no RE

870.947-RG (tema 810).

Em relação à fase extrajudicial, ou seja, a que antecede o ajuizamento das ações

trabalhistas, deverá ser utilizado como indexador o IPCA-E acumulado no período

de janeiro a dezembro de 2000. A partir de janeiro de 2001, deverá ser utilizado o

IPCA-E mensal (IPCA-15/IBGE), em razão da extinção da UFIR como indexador,

nos termos do art. 29, § 3º, da MP 1.973-67/2000. Além da indexação, serão

aplicados os juros legais (art. 39, caput, da Lei 8.177, de 1991). 7. Em relação à

fase judicial, a atualização dos débitos judiciais deve ser efetuada pela taxa

referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC, considerando

que ela incide como juros moratórios dos tributos federais (arts. 13 da Lei 9.065/95;

84 da Lei 8.981/95; 39, § 4º, da Lei 9.250/95; 61, § 3º, da Lei 9.430/96; e 30 da Lei

10.522/02).

29
PRECEDENTES DO STF

A incidência de juros moratórios com base na variação da taxa SELIC não pode ser

cumulada com a aplicação de outros índices de atualização monetária, cumulação

que representaria bis in idem. 8. A fim de garantir segurança jurídica e isonomia na

aplicação do novo entendimento, fixam-se os seguintes marcos para modulação

dos efeitos da decisão: ( i) são reputados válidos e não ensejarão qualquer

rediscussão, em ação em curso ou em nova demanda, incluindo ação rescisória,

todos os pagamentos realizados utilizando a TR (IPCA-E ou qualquer outro índice),

no tempo e modo oportunos (de forma extrajudicial ou judicial, inclusive depósitos

judiciais) e os juros de mora de 1% ao mês, assim como devem ser mantidas e

executadas as sentenças transitadas em julgado que expressamente adotaram, na

sua fundamentação ou no dispositivo, a TR (ou o IPCA-E) e os juros de mora de 1%

ao mês; (ii) os processos em curso que estejam sobrestados na fase de

conhecimento, independentemente de estarem com ou sem sentença,

ADC 58/59. RELATOR MIN GILMAR MENDES.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Os dispositivos legais impugnados (artio 702 e alíneas da CLT que preveem um quórum

especial para revisão e criação de súmulas e OJs pelos tribunais trabalhistas) impõem

condicionamentos ao funcionamento dos Tribunais do Trabalho, conflitando com o princípio

da separação dos poderes e a autonomia constitucional de que são dotados, de maneira a

esvaziar o campo de discricionariedade e as prerrogativas que lhes são próprias, em ofensa

aos arts. 2º, 96 e 99, da Carta Magna.

Fundamento:

30
PRECEDENTES DO STF

I - A cada Poder é conferida, nos limites definidos pela Constituição, parcela de

competência de outro Poder, naquilo que se denomina exercício atípico de

atribuições.

II - Os arts. 96 e 99 da Carta Política conferem ao Judiciário dois espaços privativos

de atuação legislativa: a elaboração de seus regimentos internos (reserva

constitucional do regimento) e a iniciativa de leis que disponham sobre sua

autonomia orgânico-político-administrativa (reserva constitucional de lei).

III - É vedada ao Congresso Nacional a edição de normas que disciplinem matérias

que integram a competência normativa dos tribunais.

IV - O modelo brasileiro de observância obrigatória aos precedentes judiciais, ou

stare decisis, foi inaugurado pelo novo Código de Processo Civil (Lei 13.105/2015),

segundo o qual os tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes à sua

jurisprudência dominante, nos termos fixados nos respectivos regimentos internos.

V – De acordo com jurisprudência pacífica do STF, os regimentos internos dos

tribunais são fonte normativa primária, porquanto retiram da Constituição a sua

fonte de validade.

IV - Os tribunais que integram a Justiça do Trabalho são órgãos do Poder Judiciário,

assim como todas as demais cortes do País, a teor do art. 92 da Lei Maior.

V - Os dispositivos legais impugnados impõem condicionamentos ao

funcionamento dos Tribunais do Trabalho, conflitando com o princípio da

separação dos poderes e a autonomia constitucional de que são dotados, de

maneira a esvaziar o campo de discricionariedade e as prerrogativas que lhes são

próprias, em ofensa aos arts. 2º, 96 e 99, da Carta Magna.

31
PRECEDENTES DO STF

VI - “O ato do julgamento é o momento culminante da ação jurisdicional do Poder

Judiciário e há de ser regulado em seu regimento interno, com exclusão de

interferência dos demais Poderes” (ADI 1.105- MC/DF, Rel. Min. Paulo Brossard).

VII - A concepção contemporânea de jurisdição em nada se compara à atividade de

um Judiciário do passado no qual o juiz era um mero bouche de la loi, ou seja, um

simples intérprete mecânico das leis, pois hoje sua principal função é a de dar

concreção aos direitos fundamentais, compreendidos em suas várias gerações.

IX - Atentos às novas dinâmicas sociais, os magistrados não podem ser engessados

por critérios elencados por um Poder exógeno, isto é, o Legislativo, que se arroga

o direito “de fixar um padrão de uniformidade e estabilidade no processo de

elaboração e alteração de súmulas, em homenagem ao princípio da segurança

jurídica”. X – Ação julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade do art.

702, I, f, §§ 3º e 4º da Consolidação das Leis do Trabalho (DecretoLei 5.452/1943),

na redação que lhe conferiu a Lei 13.467/2017.

ADI 6188. RELATOR MIN RICARDO LEWANDOWSKI

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