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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

Jurisprudências do STF nas Questões de Provas Aplicadas em 2022

Obs. Palavras e expressões estarão riscadas nas afirmativas incorretas.

I. DOUTRINA

1. (CEBRASPE – TCE/RJ – 08/05/2022) Por força da eficácia horizontal dos direitos fundamentais, a
exclusão de um dos associados de determinada associação privada deve ser precedida pela ampla
defesa, em respeito à sua garantia constitucional.

➢ CF
• Art. 5º, LV
aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerente.

➢ STF
• Exclusão de sócio sem garantia da ampla defesa e do contraditório. Eficácia dos direitos fundamentais
nas relações privadas. As violações a direitos fundamentais não ocorrem somente no âmbito das
relações entre o cidadão e o Estado, mas igualmente nas relações travadas entre pessoas físicas e
jurídicas de direito privado. Assim, os direitos fundamentais assegurados pela Constituição vinculam
diretamente não apenas os poderes públicos, estando direcionados também à proteção dos particulares
em face dos poderes privados.
(STF, RE 201819/RJ. Ministra Relatora Ellen Gracie, julgamento em 11/10/2005, 2ª Turma)

2. (FGV – TJ/GO – 07/08/2022) A chamada eficácia horizontal dos direitos fundamentais corresponde à
aplicabilidade dos direitos fundamentais no âmbito das relações entre particulares, forte na
compreensão de que tais normas jusfundamentais vinculam não apenas os poderes públicos,
estando direcionados também à proteção dos particulares em face dos poderes privados.

➢ STF
• Eficácia dos direitos fundamentais nas relações privadas - As violações a direitos fundamentais não
ocorrem somente no âmbito das relações entre o cidadão e o Estado, mas igualmente nas relações
travadas entre pessoas físicas e jurídicas de direito privado. Assim, os direitos fundamentais
assegurados pela Constituição vinculam diretamente não apenas os poderes públicos, estando
direcionados também à proteção dos particulares em face dos poderes privados.
(RE 201.819/RJ. Relatora Ministra Ellen Gracie. Julgamento em 11/10/2005, Plenário)

3. (CEBRASPE – TCE/RJ – 24/04/2022) A norma constitucional que assegura o direito de greve ao


servidor público é considerada, segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, norma de
eficácia limitada.

➢ CF
• Art. 5º, LXXI
Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania
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• Art. 37, VII


O direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica.

➢ STF
• Direito de greve dos servidores públicos civis. Hipótese de omissão legislativa inconstitucional. Mora
judicial, por diversas vezes declarada pelo plenário do STF. Riscos de consolidação de típica omissão
judicial. Legitimidade de adoção de alternativas normativas institucionais de superação da situação de
omissão.
(STF, MI 708, relator ministro Gilmar Mendes julgamento em 25/10/2007, Plenário)

4. (CEBRASPE – TJ/MA – 17/07/2022) Prevalece a adoção da teoria da dupla revisão no sistema


constitucional brasileiro.

➢ STF
• Ao Poder Legislativo, federal ou estadual, não está aberta a via da introdução, no cenário jurídico, do
instituto da (dupla) revisão constitucional.
(ADI 1.722-MC, Relator Ministro Marco Aurélio, julgamento em 10/12/1997, Plenário)

II. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

5. (CEBRASPE – PGE/PA – 21/08/2022) Uma vez assegurada sua dimensão de direitos de defesa, os
direitos fundamentais individuais podem ser considerados efetivamente protegidos, não se exigindo
mais nenhuma obrigação estatal para criar as condições necessárias ao exercício concreto daqueles
direitos constitucionalmente garantidos.

➢ STF
• O direito de defesa constitui pedra angular do sistema de proteção dos direitos individuais e
materializa uma das expressões do princípio da dignidade da pessoa humana. Diante da ausência de
intimação de defensor público para fins de julgamento do recurso, constata-se, no caso concreto, que o
constrangimento alegado é inegável.
(HC 89.176, Relator Ministro Gilmar Mendes, julgamento em 22/8/2006, 2ª Turma)

6. (FGV – CGU – 20/03/2022) Antônio realizou ampla análise do disposto no Art. 5º, XLII, da
Constituição da República de 1988, cuja primeira parte dispõe que “a prática do racismo constitui
crime inafiançável e imprescritível”, enquanto a segunda parte acresce o seguinte: “sujeito à pena de
reclusão, nos termos da lei”. Ao final, Antônio concluiu, corretamente, que da primeira parte do
preceito é obtida uma norma de eficácia plena e de aplicabilidade imediata, enquanto a segunda
parte do preceito dá origem a uma norma de eficácia limitada e de natureza programática.

➢ CF
• Art. 3º, IV
Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil promover o bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

• Art. 5º, XLI


A lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais.

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• Art. 5º, XLII


A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos
termos da lei.

➢ STF
• A divisão dos seres humanos em raças resulta de um processo de conteúdo meramente político-social.
Assim, a noção de racismo – para efeito de configuração típica dos delitos previstos na Lei 7.716/1989 –
não se resume a um conceito de ordem estritamente antropológica ou biológica. Projeta-se, ao contrário,
numa dimensão abertamente cultural e sociológica, a abranger até mesmo situações de agressão injusta
resultantes de discriminação ou de preconceito contra pessoas por sua orientação sexual ou sua
identidade de gênero. (ADO 26/DF, Relator Ministro Celso de Mello; MI 4733/DF, Relator Ministro
Edson Fachin, julgamentos em 13/06/2019, Plenário – Informativo 944).

7. (CEBRASPE – PC/RJ – 15/03/2022) A respeito da figura denominada Estado de coisas


inconstitucional, é correto afirmar que encontra fundamento nos casos de inadimplemento reiterado
de direitos fundamentais pelos poderes do Estado, sem que haja possibilidade de remédio para vias
tradicionais, ocasião em que o tribunal assume o papel de coordenador de políticas públicas por
meio da denominada tutela estruturante.

➢ STF
• Presente quadro de violação massiva e persistente de direitos fundamentais, decorrente de falhas
estruturais e falência de políticas públicas e cuja modificação depende de medidas abrangentes de
natureza normativa, administrativa e orçamentária, deve o sistema penitenciário nacional ser
caraterizado como “estado de coisas inconstitucional”.
(ADPF 347 MC, Relator Ministro Marco Aurélio, Tribunal Pleno, julgado em 09/09/2015)

8. (CEBRASPE – PC/RJ – 15/03/2022) O estudo dos princípios que regem a interpretação constitucional,
em especial os da razoabilidade e da proporcionalidade, estabelece que as normas da Constituição
Federal de 1988 devem ser analisadas e aplicadas de modo a permitir que os meios utilizados
estejam adequados aos fins pretendidos, devendo o intérprete buscar conceder aos bens jurídicos
tutelados uma aplicação justa. Considerando isso, em razão do que preceitua o princípio da
concordância prática, pode-se dizer que, na ocorrência de conflito entre bens jurídicos garantidos por
normas constitucionais, o intérprete deve priorizar a decisão que melhor os harmonize, de forma a
conceder a cada um dos direitos a maior amplitude possível, sem que um deles acabe por impor a
supressão do outro.

➢ STF
• Os direitos e garantias individuais não têm caráter absoluto. Não há, no sistema constitucional
brasileiro, direitos ou garantias que se revistam de caráter absoluto, mesmo porque razões de relevante
interesse público ou exigências derivadas do princípio de convivência das liberdades legitimam, ainda
que excepcionalmente, a adoção, por parte dos órgãos estatais, de medidas restritivas das prerrogativas
individuais ou coletivas, desde que respeitados os termos estabelecidos pela própria Constituição. O
estatuto constitucional das liberdades públicas, ao delinear o regime jurídico a que estas estão sujeitas –
e considerado o substrato ético que as informa – permite que sobre elas incidam limitações de ordem
jurídica, destinadas, de um lado, a proteger a integridade do interesse social e, de outro, a assegurar a
coexistência harmoniosa das liberdades, pois nenhum direito ou garantia pode ser exercido em
detrimento da ordem pública ou com desrespeito aos direitos e garantias de terceiros.
(MS 23.452, rel. min. Celso de Mello, j. 16-9-1999, Plenário, e HC 103.236, rel. min. Gilmar Mendes, j. 14-
6-2010, 2ª Turma)

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9. (CEBRASPE – PC/RJ – 15/03/2022) Com relação ao direito à igualdade, expressamente previsto no art.
5º da Constituição Federal de 1988, analisando-se o princípio da igualdade com relação ao particular,
verifica-se que este não poderá tratar os demais membros da sociedade de maneira discriminatória,
atingindo direitos fundamentais por meio de condutas preconceituosas, sob pena de
responsabilização civil e até mesmo criminal, quando o ato for tipificado como crime. Assim, é
vedado ao particular, na contratação de empregados, por exemplo, utilizar qualquer critério
discriminatório com relação a sexo, idade, origem, raça, cor, religião ou estado civil.

➢ CF
• Art. 5º, caput
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade (…)

➢ STF
• O princípio da isonomia, que se reveste de autoaplicabilidade, não é – enquanto postulado fundamental
de nossa ordem político-jurídica – suscetível de regulamentação ou de complementação normativa.
Esse princípio – cuja observância vincula, incondicionalmente, todas as manifestações do Poder Público
– deve ser considerado, em sua precípua função de obstar discriminações e de extinguir privilégios, sob
duplo aspecto: (a) o da igualdade na lei; e (b) o da igualdade perante a lei. A igualdade na lei – que
opera numa fase de generalidade puramente abstrata – constitui exigência destinada ao legislador que,
no processo de sua formação, nela não poderá incluir fatores de discriminação, responsáveis pela
ruptura da ordem isonômica. A igualdade perante a lei, contudo, pressupondo lei já elaborada, traduz
imposição destinada aos demais poderes estatais, que, na aplicação da norma legal, não poderão
subordiná-la a critérios que ensejem tratamento seletivo ou discriminatório. A eventual inobservância
desse postulado pelo legislador imporá ao ato estatal por ele elaborado e produzido a eiva de
inconstitucionalidade.
(MI 58, relator ministro Celso de Mello, julgamento 14-12-1990, Pleno)

10. (CEBRASPE – DPE/TO – 23/03/2022) Considere que uma pessoa transgênero e hipossuficiente tenha
procurado a Defensoria Pública para que lhe seja assegurada judicialmente a alteração de seu
prenome no registro civil. De acordo com os dispositivos presentes na Constituição Federal de 1988 e
com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, essa pessoa pode ser representada pela
Defensoria Pública, com o objetivo de assegurar a efetivação do direito à igualdade e do direito ao
livre desenvolvimento da personalidade.

➢ CF
• Art. 1º. A República Federativa do Brasil, (…) tem como fundamentos
III. a dignidade da pessoa humana.

• Art. 5º, caput


Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade.

• Art. 5º, LXXIV


O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que compro- varem insuficiência de
recursos.

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• Art. 134
A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-
lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a
promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos
individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art.
5o desta Constituição Federal.

➢ STF
• Direito Constitucional e Civil. Transexual. Identidade de gênero. Direito subjetivo à alteração do nome
e da classificação de gênero no assento de nascimento. Possibilidade independentemente de cirurgia de
procedimento cirúrgico de redesignação. Princípios da dignidade da pessoa humana, da personalidade,
da intimidade, da isonomia, da saúde e da felicidade. Convivência com os princípios da publicidade, da
informação pública, da segurança jurídica, da veracidade dos registros públicos e da confiança. Recurso
extraordinário provido.
(STF. Plenário. RE 670422/RS, Relator Ministro Dias Toffoli, julgamento em 15/8/2018 (repercussão
geral). Informativo 911)

11. (CEBRASPE – PGE/RJ – 01/05/2022) Será constitucional lei estadual que venha a obrigar que as
escolas e bibliotecas públicas tenham um exemplar da Bíblia.

➢ CF
• Art. 5º, VI
É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas
liturgias.

➢ STF
• É inconstitucional, por ofensa aos princípios da isonomia, da liberdade religiosa e da laicidade do
Estado, norma que obrigue a manutenção de exemplar de determinado livro de cunho religioso em
unidades escolares e bibliotecas públicas estaduais.
(ADI/AM, Relatora Ministra Cármen Lúcia, julgamento em 13/04/2021, Plenário)

12. (CEBRASPE – TJ/MA – 17/07/2022) O ensino religioso nas escolas públicas brasileiras não pode ter
natureza confessional.

➢ CF
• Art. 5º, VI
É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas
liturgias.

• Art. 210, § 1º
O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas
públicas de ensino fundamental.

➢ STF
• O Estado, observado o binômio Laicidade do Estado (art. 19, I), Consagração da Liberdade religiosa (art.
5º, VI) e o princípio da igualdade (art. 5º, caput), deverá atuar na regulamentação do cumprimento do
preceito constitucional previsto no art. 210, §1º, autorizando na rede pública, em igualdade de condições,

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o oferecimento de ensino confessional das diversas crenças, mediante requisitos formais e objetivos
previamente fixados pelo Ministério da Educação.
Dessa maneira, será permitido aos alunos que voluntariamente se matricularem o pleno exercício de seu
direito subjetivo ao ensino religioso como disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino
fundamental, ministrada de acordo com os princípios de sua confissão religiosa, por integrantes da
mesma, devidamente credenciados e, preferencialmente, sem qualquer ônus para o Poder Público.
(ADI 4439/DF, Relator Ministro Roberto Barroso, julgamento em 27/09/2017, Plenário)

13. (FGV – TJ/MS – 30/01/2022) Joana inscreveu-se em concurso público destinado ao provimento de
determinado cargo efetivo do Estado Beta. Ao ser comunicada da data de realização da avaliação
correspondente à segunda fase do certame, percebeu que isto ocorreria justamente em um dia da
semana no qual sua religião não permitia a prática de qualquer atividade. Considerando a forma
como a liberdade de religião é tratada pela ordem constitucional, é correto afirmar que Joana pode
vir a ter alterada a data da avaliação, desde que presentes a razoabilidade, a preservação da
igualdade e não haja ônus desproporcional para a Administração.

➢ CF
• Art. 5º, VIII
Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política,
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação
alternativa, fixada em lei

➢ STF
• Nos termos do art. 5º, VIII, da Constituição Federal, é possível a realização de etapas de concurso
público em datas e horários distintos dos previstos em edital, por candidato que invoca escusa de
consciência por motivo de crença religiosa, desde que presentes a razoabilidade da alteração, a
preservação da igualdade entre todos os candidatos e que não acarrete ônus desproporcional à
Administração Pública, que deverá decidir de maneira fundamentada.
(Plenário. RE 611874/DF, relator Ministro Dias Toffoli, julgamento em 26/11/2020 – Informativo 1000)

14. (FGV – TCU – 13/03/2022) XX, renomado escritor, decidiu elaborar uma ampla pesquisa a respeito da
vida pessoal e profissional de conhecido político, o qual, além de estar vivo, concluíra há pouco o
seu último mandato eletivo e resolvera se retirar da vida pública. Preocupado com as repercussões
do livro que pretendia escrever, solicitou orientação de um advogado a respeito da necessidade, ou
não, de obter a autorização do político ou, eventualmente, de seus familiares, caso ele viesse a falecer
durante a elaboração da obra. O advogado respondeu, corretamente, à luz da sistemática
constitucional, que não dependerá de autorização do político ou mesmo de seus familiares, já que a
liberdade de informação deve preponderar.

➢ CF
• Art. 5º, IX
é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente
de censura ou licença;

• Art. 5º, X
são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação

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• Art. 5º, XIV


é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
exercício profissional

➢ STF
• É inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias ou
audiovisuais, sendo por igual desnecessária a autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes ou
de familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes.
(Plenário. ADI 4815/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/6/2015 - Informativo 789)

15. (CEBRASPE – PGE/PA – 21/08/2022) Art. 5º [...] LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre
os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
Brasil. (Constituição Federal de 1988). Consagrado no dispositivo constitucional reproduzido
anteriormente o direito do preso ao silêncio não inclui a vedação de exames de ingerência corporal,
tais como o exame de alcoolemia, o fornecimento de padrões gráficos, o soro da verdade e a ingestão
de substância química para descoberta da verdade.

➢ STF
• O Estado – que não tem o direito de tratar suspeitos, indiciados ou réus, como se culpados fossem,
antes do trânsito em julgado de eventual sentença penal condenatória, também não pode constrangê-
los a produzir provas contra si próprios, em face da cláusula que lhes garante, constitucionalmente, a
prerrogativa contra a autoincriminação. Aquele que sofre persecução penal instaurada pelo Estado tem,
entre outras prerrogativas básicas, a) o direito de permanecer em silêncio, b) o direito de não ser
compelido a produzir elementos de incriminação contra si próprio nem de ser constrangido a
apresentar provas que lhe comprometam a defesa e c) o direito de se recusar a participar, ativa ou
passivamente, de procedimentos probatórios que lhe possam afetar a esfera jurídica, tais como a
reprodução simulada (reconstituição) do evento delituoso e o fornecimento de padrões gráficos ou de
padrões vocais para efeito de perícia criminal.
(HC 96.219 MC/SP, relator ministro Celso de Mello)

16. (CEBRASPE – TCE/RJ – 24/04/2022) Túlio, líder de movimento pela liberação do uso da maconha,
comunicou as autoridades acerca da realização de marcha, com cerca de duas mil pessoas, em
determinado local público, a favor de projeto de lei que propunha a legalização do consumo
recreativo desse entorpecente. Ao tomar conhecimento do evento, Luísa, presidente da Associação de
Prevenção ao Uso de Drogas, convocou, sem avisar a autoridade competente, manifestação contra o
mencionado projeto de lei para o mesmo dia e local da referida marcha. Considerando essa situação
hipotética, as disposições da Constituição Federal de 1988 (CF) e o entendimento do Supremo
Tribunal Federal (STF), o remédio constitucional adequado para a tutela do exercício do direito de
reunião é o mandado de segurança.

➢ CF
• Art. 5º, IV
É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.

• Art. 5º, XVI


Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de
autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente.

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• Art. 5º. LXIX


Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

➢ STF
• 'Marcha da Maconha’. Manifestação legítima, por cidadãos da república, de duas liberdades
individuais revestidas de caráter fundamental: o direito de reunião (liberdade-meio) e o direito à livre
expressão do pensamento (liberdade-fim).
(ADPF 187, Relator Ministro Celso de Mello, julgamento em 15/06/2011, Plenário)

17. (CEBRASPE – PC/RJ – 15/03/2022) Em operação conjunta das polícias civil e militar, Xisto foi preso
em flagrante pela prática do crime de tráfico de entorpecentes. A prisão foi noticiada nos maiores
jornais do país, além de haver repercutido nas redes sociais. Após o transcurso do processo criminal,
Xisto foi absolvido por ausência de provas. Em sequência, Xisto ajuizou ação objetivando (I) retirar
dos provedores de busca os resultados que levassem a matérias divulgadas pelos jornais, (II) retirar
as próprias matérias divulgadas, indicando, para isso, as empresas jornalísticas. Considerando essa
situação, acerca do que foi solicitado por Xisto, os pedidos devem ser julgados improcedentes, tendo-
se em vista que o direito constitucional brasileiro não consagra um “direito ao esquecimento”, desde
que os fatos tenham sido noticiados sem excessos e não haja dolo.

➢ STF
• É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como o
poder de obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e
licitamente obtidos e publicados em meios de comunicação social analógicos ou digitais. Eventuais
excessos ou abusos no exercício da liberdade de expressão e de informação devem ser analisados caso a
caso, a partir dos parâmetros constitucionais – especialmente os relativos à proteção da honra, da
imagem, da privacidade e da personalidade em geral – e das expressas e específicas previsões legais
nos âmbitos penal e cível.
(RE 1.010.606, relator Ministro Dias Toffoli, julgamento em 11/02/2021, Plenário)

18. (FGV – PC/RJ – 29/01/2022) Em acirrada disputa de hipismo, Amazonas Joana recebeu uma
pontuação que considerava manifestamente dissonante do regulamento da competição, o que a
levou a perder a primeira colocação e, consequentemente, a não fazer jus à respectiva premiação em
dinheiro. Ao consultar sua assessoria a respeito da “justiça” a ser procurada no caso, se a comum ou a
desportiva, foi-lhe respondido, corretamente, que Joana somente pode procurar a justiça comum
após o esgotamento das instâncias da justiça desportiva, conforme regulada em lei.

➢ CF
• Art. 217
§ 1º. O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após
esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.

§ 2º. A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da instauração do processo,
para proferir decisão final.

• Art. 5º, XXXV


A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.

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➢ STF
• Sob o ângulo constitucional, o livre acesso ao Judiciário sofre uma mitigação e, aí, consubstanciando o
preceito respectivo exceção, cabe tão só o empréstimo de interpretação estrita. Destarte, a necessidade
de esgotamento da fase administrativa está jungida ao desporto e, mesmo assim, tratando-se de
controvérsia a envolver disciplina e competições, sendo que a chamada justiça desportiva há de atuar
dentro do prazo máximo de sessenta dias, contados da formalização do processo, proferindo, então,
decisão final, § 2º do art. 217 da CF.
(ADI 2.139 MC e ADI 2.160 MC, relator ministro Marco Aurélio, julgamento em 13-5-2009, Plenário)

19. (FGV – SEFAZ/AM – 07/05/2022) Pedro possuía uma dívida e tinha receio de ser preso caso não
realizasse o respectivo pagamento. Por essa razão, procurou um advogado e o consultou sobre a
possibilidade de o seu temor se concretizar e, consequentemente, vir a ser preso. O advogado
respondeu corretamente que, de acordo com a ordem constitucional brasileira, Pedro poderia ser
preso apenas se deixasse de pagar, de modo voluntário e inescusável, dívida de obrigação
alimentícia.

➢ CF
• Art. 5º, LXXVII
Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e
inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel

➢ STF
• Súmula Vinculante 25
É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito.

20. (VUNESP – MPE/RJ – 20/03/2022) O STF pacificou o entendimento de que, apesar da ausência de
previsão expressa no texto constitucional, cabe o denominado habeas corpus coletivo.

➢ CF
• Art. 5º, LXVIII
Conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.

➢ STF
• A Segunda Turma, por maioria, concedeu a ordem em “habeas corpus” coletivo, impetrado em favor
de todas as mulheres presas preventivamente que ostentem a condição de gestantes, de puérperas ou
de mães de crianças sob sua responsabilidade. observadas as restrições previstas em lei. O ministro
Dias Toffoli acresceu que, nos termos da Constituição, o mandado de segurança é cabível quando não
cabe o “habeas corpus”; e é admissível o mandado de segurança coletivo. Por dedução, está prevista a
possibilidade do “habeas corpus” coletivo.
São legitimados para propor HC Coletivo os mesmos legitimados do mandado de injunção coletivo.
(HC 143641/SP, Relator Ministro Ricardo Lewandowski! julgamento em 20/2/2018, 2ª Turma –
Informativo 891)

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21. (FADESP – SEFAZ/PA – 27/03/2022) Sobre o Habeas Corpus na Constituição Federal do Brasil de
1988, é certo afirmar que súmula de jurisprudência do Supremo Tribunal Federal admite o
cabimento de habeas corpus contra decisão condenatória à pena de multa ou em processo penal em
que a pena pecuniária seja a única cominada, por atentar reflexamente contra a liberdade de ir e vir.

➢ STF
• Súmula 693
Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso
por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.

22. (CEBRASPE – MPE/TO – 29/01/2022) Segundo o STF, a legitimidade ativa do habeas corpus coletivo
deve ser reservada, por analogia, aos legitimados estabelecidos na Lei do Mandado de Injunção
Coletivo.

➢ CF
• Art. 5º, LXVIII
conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.

➢ Legislação
• Lei 13.300/2016
Art. 12
O mandado de injunção coletivo pode ser promovido:
I - pelo Ministério Público, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a defesa da
ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais indisponíveis;
II - por partido político com representação no Congresso Nacional, para assegurar o exercício de
direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a finalidade partidária;
III - por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e
prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados, na forma de seus
estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial;
IV - pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a promoção
dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, na forma do
inciso LXXIV do art. 5º, da Constituição Federal.

➢ STF
• A legitimidade ativa do habeas corpus coletivo, a princípio, deve ser reservada àqueles listados no art.
12 da Lei 13.300/2016, por analogia ao que dispõe a legislação referente ao mandado de injunção
coletivo.
(HC 143641/SP. Ministro Relator Ricardo Lewandowski julgamento em 20/02/2018, 2ª Turma)

23. (CEBRASPE – PGE/PA – 21/08/2022) Uma vez impetrado habeas corpus para cessar violência ou
coação à liberdade de locomoção de alguém, não pode o impetrante desistir da ação, pois isso
representaria violação de direitos fundamentais consagrados constitucionalmente.

➢ CF
• Art. 5º, LXVIII
conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

➢ STF
• O impetrante diz não mais haver interesse na sequência deste processo, requerendo a desistência. Ante
o quadro, homologo o pedido para que produza os efeitos legais, tornando insubsistente a liminar
implementada.
(HC 155193, Ministro Relator Marco Aurélio julgamento em 23/04/2021)

24. (FGV – TJ/MS – 30/01/2022) A Presidência da Associação ZZ decidiu impetrar mandado de segurança
coletivo em prol dos associados, todos servidores públicos, de modo que pudessem ser alcançados
por determinado benefício estatutário, cuja fruição lhes vinha sendo negada de maneira
alegadamente ilegal. À luz dessa narrativa, é correto afirmar que a Associação ZZ atuará como
substituta processual, sendo desnecessária a autorização expressa dos associados, a juntada à inicial
da relação nominal destes e a filiação prévia à impetração.

➢ CF
• Art. 5º, LXX
O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há
pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados

➢ STF
• Súmula 629
A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados
independe da autorização destes.

• É desnecessária a autorização expressa dos associados, a relação nominal destes, bem como a
comprovação de filiação prévia, para a cobrança de valores pretéritos de título judicial decorrente de
mandado de segurança coletivo impetrado por entidade associativa de caráter civil.
(RE 1.293.130/SP)

• Esta Corte firmou o entendimento segundo o qual o sindicato tem legitimidade para atuar como
substituto processual na defesa de direitos e interesses coletivos ou individuais homogêneos da
categoria que representa. (...) Quanto ao art. 5º, LXX, da Carta Magna, esta Corte firmou entendimento
de que é desnecessária a expressa autorização dos sindicalizados para a substituição processual.
(RE 217.566-AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 8/2/2011, 1ª Turma)

• Legitimidade do sindicato para a impetração de mandado de segurança coletivo independentemente da


comprovação de um ano de constituição e funcionamento.
(RE 198.919, relator ministro Ilmar Galvão, julgamento em 15/6/1999, 1ª Turma)

Obs. O acesso de entidades de classe à via do mandado de injunção coletivo é processualmente admissível,
desde que legalmente constituídas e em funcionamento há pelo menos um ano.
(STF. MI 689/PB. Ministro Relator Eros Grau Julgamento em 7.06.2006 Plenário)

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

25. (FGV – MP/GO – 02/05/2022) Antônio e João travaram intenso debate a respeito da
inconstitucionalidade por omissão, em razão da infração ao dever constitucional de legislar, e dos
instrumentos passíveis de serem utilizados, pelos legitimados, para obterem um provimento
jurisdicional que integre a eficácia da norma constitucional, não se limitando a comunicar a omissão
ao Poder Legislativo. Ao final, concluíram que a ação direta de inconstitucionalidade por omissão
não pode ser utilizada com esse objetivo.

➢ CF
• Art. 103, § 2º
Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional,
será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de
órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.

➢ STF
• Possibilidade do estabelecimento de prazo razoável para o Congresso Nacional editar a norma
regulamentadora.
(Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão 20/DF, Relator Ministro Marco Aurélio, julgado
28/03/2014, Plenário)

26. (FGV – MP/GO – 02/05/2022) Antônio e João travaram intenso debate a respeito da
inconstitucionalidade por omissão, em razão da infração ao dever constitucional de legislar, e dos
instrumentos passíveis de serem utilizados, pelos legitimados, para obterem um provimento
jurisdicional que integre a eficácia da norma constitucional, não se limitando a comunicar a omissão
ao Poder Legislativo. Ao final, concluíram que a superveniência de norma regulamentadora, mais
favorável, sempre produzirá efeitos ex nunc em relação aos beneficiados por decisão transitada em
julgado proferida em sede de mandado de injunção.

➢ CF
• Art. 5º, LXXI
Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania.

➢ Legislação
• Lei 13.300
Art. 11
A norma regulamentadora superveniente produzirá efeitos ex nunc em relação aos beneficiados por
decisão transitada em julgado, salvo se a aplicação da norma editada lhes for mais favorável.

➢ STF
• Se o sujeito passivo do direito constitucional obstado e a entidade estatal a qual igualmente se deva
imputar a mora legislativa que obsta ao seu exercício, é dado ao Judiciário, ao deferir a injunção, somar,
aos seus efeitos mandamentais típicos, o provimento necessário a acautelar o interessado contra a
eventualidade de não se ultimar o processo legislativo, no prazo razoável que fixar, de modo a facultar-
lhe, quanto possível, a satisfação provisória do seu direito.
(Mandado de Injunção 283)

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

27. (FGV – TJ/SC – 21/08/2022) Joana impetrou mandado de injunção, perante o Supremo Tribunal
Federal (STF), em razão da falta de norma regulamentadora de determinado direito social previsto na
Constituição da República de 1988, o que impedia a sua fruição. Após a impetração, sobreveio a Lei
nº XX, regulamentando a norma constitucional que dispunha sobre o referido direito social.
Considerando a sistemática afeta ao mandado de injunção, é correto afirmar que a Lei nº XX
produzirá efeitos ex nunc em relação a Joana, salvo se lhe for mais favorável que a sentença judicial
transitada em julgado.

➢ CF
• Art. 5º, LXXI
Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania.

➢ STF
• A orientação do STF é pela prejudicialidade do mandado de injunção com a edição da norma
regulamentadora então ausente.
Excede os limites da via eleita a pretensão de sanar a alegada lacuna normativa do período pretérito à
edição da lei regulamentadora.
(MI 1.011 AgR e MI 1.022 AgR, relator ministro Ricardo Lewandowski, julgamento em 10/5/2012,
Plenário)

28. (CEBRASPE – MPE/TO – 29/01/2022) Segundo o STF, o habeas data não constituiu garantia
constitucional adequada para a obtenção dos dados concernentes ao pagamento de tributos do
próprio contribuinte constantes dos sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da
administração fazendária dos entes estatais.

➢ CF
• Art. 5º, LXXII
Conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de
registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo.

➢ STF
• O habeas data é a garantia constitucional adequada para a obtenção, pelo próprio contribuinte, dos
dados concernentes ao pagamento de tributos constantes de sistemas informatizados de apoio à
arrecadação dos órgãos da administração fazendária dos entes estatais.
(RE 673707/MG, Relator Ministro Luiz Fux, julgamento em 17/6/2015, Plenário – Informativo 790)

29. (FADESP – SEFAZ/PA – 27/03/2022) Sobre os Direitos Sociais na Constituição Federal do Brasil de
1988, é certo afirmar que conforme a jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, não é
legítima a intervenção do Poder Judiciário a fim de resguardar direitos sociais em respeito ao
princípio da Separação dos Poderes.

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

➢ STF
• É possível ao Poder Judiciário determinar a implementação pelo Estado, quando inadimplente, de
políticas públicas constitucionalmente previstas, sem que haja ingerência em questão que envolve o
poder discricionário do Poder Executivo.
(STF. ARE 654.823 AgR, relator Ministro Dias Toffoli, julgamento em 12.11.2013, 1ª Turma)

30. (FADESP – SEFAZ/PA – 20/03/2022) Sobre a Ação Popular na Constituição Federal do Brasil de 1988,
é certo afirmar que é julgada pelo juízo competente de primeiro grau de jurisdição, se contra o
Presidente da República, segundo a jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal.

➢ CF
• Art. 5º, LXXIII
Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio
público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
ônus da sucumbência.

➢ STF
• Súmula 365
Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular.

• A não ser quando há comprovação de má-fé do autor da ação popular, não pode ele ser condenado nos
ônus das custas e da sucumbência.
(AI 582.683 AgR, relator ministro Ayres Britto, julgamento em 17-8-2010, 2ª Tuma)

• A competência para julgar ação popular contra ato de qualquer autoridade, até mesmo do presidente
da República, é, via de regra, do juízo competente de primeiro grau.
(AO 859 QO, rel. p/ o ac. min. Maurício Corrêa, julgamento em 11-10-2001, Plenário)

31. (FGV – TJ/GO – 07/08/2022) Muito se discutiu, em sede doutrinária e jurisprudencial, acerca do
status normativo dos tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos. Atualmente, em
face da disciplina constitucional da matéria e da jurisprudência pacificada pelo Supremo Tribunal
Federal, é correto afirmar que aos tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos
aplica-se a teoria do duplo estatuto, isto é, aqueles aprovados pelo rito especial do Art. 5º, § 3º da
Constituição da República de 1988 têm natureza constitucional, enquanto todos os demais ostentam
status supralegal, estando abaixo da referida Constituição, porém acima da legislação interna.

➢ CF
• Art. 5º, §2º
Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja
parte.

• Art. 5º, §3º


Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais.

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

➢ STF
O status normativo supralegal dos tratados internacionais de direitos humanos subscritos pelo Brasil,
dessa forma, torna inaplicável a legislação infraconstitucional com ele conflitante, seja ela anterior ou
posterior ao ato de adesão. (RE 466.343, relator ministro Cezar Peluso, voto do min. Gilmar Mendes,
julgamento em 3-12-2008, Plenário)

32. (FGV – TJ/SC – 21/08/2022) Após a Emenda Constitucional nº 45/2004, os tratados e convenções
internacionais sobre direitos humanos passaram a ter natureza hierarquicamente superior, quando
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros.
Diante disso, à luz da jurisprudência majoritária do Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que os
referidos tratados e convenções não estão sujeitos a controle de constitucionalidade perante o Supremo
Tribunal Federal.

➢ CF
• Art. 5º, §3º
Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais.

➢ STF
• Supremacia da CR sobre todos os tratados internacionais: O exercício do treaty-making power, pelo
Estado brasileiro, está sujeito à observância das limitações jurídicas emergentes do texto constitucional.
Os tratados celebrados pelo Brasil estão subordinados à autoridade normativa da CR. Nenhum valor
jurídico terá o tratado internacional, que, incorporado ao sistema de direito positivo interno,
transgredir, formal ou materialmente, o texto da Carta Política.
(MI 772 AgR, relator ministro Celso de Mello, julgamento em 24/10/2007, Plenário)
Obs. treaty-making power = capacidade de celebrar tratados.

33. (CEBRASPE – TJ/MA – 17/07/2022) A cláusula de proibição de retrocesso social, também chamada de
efeito cliquet, não se aplica aos direitos individuais.

➢ STF
• A proibição do retrocesso social como obstáculo constitucional à frustração e ao inadimplemento, pelo
poder público, de direitos prestacionais – O princípio da proibição do retrocesso impede, em tema de
direitos fundamentais de caráter social, que sejam desconstituídas as conquistas já alcançadas pelo
cidadão ou pela formação social em que ele vive. – A cláusula que veda o retrocesso em matéria de
direitos a prestações positivas do Estado (como o direito à educação, o direito à saúde ou o direito à
segurança pública) traduz, no processo de efetivação desses direitos fundamentais individuais ou
coletivos, obstáculos a que os níveis de concretização de tais prerrogativas, uma vez atingidos, venham
a ser ulteriormente reduzidos ou suprimidos pelo Estado. Em consequência desse princípio, o Estado,
após haver reconhecido os direitos prestacionais, assume o dever não só de torná-los efetivos, mas,
também, se obriga, sob pena de transgressão ao texto constitucional, a preservá-los, abstendo-se de
frustrar – mediante supressão total ou parcial – os direitos sociais já concretizados.
(ARE 639337 AgR, Relator Ministro Celso de Mello, julgamento em 23/08/2011, 2ª Turma)

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

34. (CEBRASPE – TJ/MA – 17/07/2022) A garantia constitucional da gratuidade de ensino obsta a


cobrança, por universidades públicas, de mensalidade em cursos de pós-graduação.

➢ CF
• Art. 6º
São direitos sociais a educação, (…).

• Art. 206, IV
O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais.

➢ STF
• A garantia constitucional da gratuidade de ensino não obsta a cobrança por universidades públicas de
mensalidade em cursos de especialização.
(RE 597854, Relator Ministro Edson Fachin, julgamento em 26/04/2017, Plenário)

35. (CEBRASPE – MPCM/PA – 20/03/2022) É garantida a percepção de salário mínimo, nacionalmente


unificado, para as praças prestadoras de serviço militar inicial.

➢ CF
• Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas
necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer,
vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim.

• Art. 142, VIII – aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV.

➢ STF
• Súmula Vinculante 6: Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário
mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial.

36. (CEBRASPE – TJ/MA – 17/07/2022) A incidência da estabilidade gestacional à empregada gestante,


prevista no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, exige, como único requisito, o prévio
conhecimento do empregador acerca da gravidez antes da dispensa arbitrária.

➢ CF
• ADCT, art. 10, II, b
Fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada gestante, desde a confirmação da
gravidez até cinco meses após o parto.

➢ STF
• A proteção constitucional somente exige a presença do requisito gravidez preexistente a dispensa
independentemente de prévio conhecimento ou comprovação.
(RE 629.053/SP, Ministro Relator Marco Aurélio, Plenário, julgamento em 10/10/2018)

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

37. (CEBRASPE – DPE/PI – 30/01/2022) Uma Governadora está no fim do seu segundo mandato
consecutivo no cargo. Considerando-se a posição majoritária e atual do Supremo Tribunal Federal e
as normas constitucionais sobre direitos políticos, é correto afirmar que o cônjuge de governadora
que esteja no fim de seu segundo mandato consecutivo será inelegível em todo o território do
respectivo estado, ainda que o vínculo conjugal se dissolva no curso do mandato.

➢ CF
• Art. 14, § 7º
São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até
o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito,
salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

➢ STF
• Súmula Vinculante 18: A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não
afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal

III. FEDERAÇÃO BRASILEIRA

38. (FGV – PC/RJ – 15/02/2022) Um grupo de moradores do Município Alfa decidiu iniciar uma grande
mobilização para alterar a Lei municipal nº XX, que estabelecia o horário de funcionamento do
comércio local de modo, a seu ver, inadequado. Nesse caso, de acordo com a ordem constitucional
pode ser apresentado projeto de lei de iniciativa popular por, pelos menos, 5% do eleitorado.

➢ CF
• Art. 29, XIII
Iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de bairros,
através de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado.

• Art. 30, I
Compete aos Municípios legislar sobre assuntos de interesse local.

➢ STF
• Súmula Vinculante 38
É competente o município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.

• Súmula Vinculante 49
Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos
comerciais do mesmo ramo em determinada área.

39. (FGV – TJ/MS – 30/01/2022) O Município Alfa editou a Lei nº XX/2021, estabelecendo alguns
balizamentos para a atividade de transporte privado individual por motoristas cadastrados em
aplicativos, o que gerou grande insatisfação junto aos destinatários da norma. Ao procurarem um
advogado, foram informados, corretamente, que o Município Alfa, à luz da ordem constitucional
pode legislar sobre a matéria, para fins de regulamentação e fiscalização, e deve observar os
parâmetros da lei federal.

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

➢ CF
• Art. 22, IX
Compete privativamente à União legislar sobre diretrizes da política nacional de transportes.

• Art. 22, XI
Compete privativamente à União legislar sobre trânsito e transporte.

➢ STF
• No exercício de sua competência para regulamentação e fiscalização do transporte privado individual
de passageiros, os municípios e o Distrito Federal não podem contrariar os parâmetros fixados pelo
legislador federal. Isso porque compete à União legislar sobre “trânsito e transporte”, nos termos do art.
22, XI, da CF/88.
A proibição ou restrição da atividade de transporte privado individual por motorista cadastrado em
aplicativo é inconstitucional, por violação aos princípios da livre iniciativa e da livre concorrência.
(Plenário. ADPF 449/DF, Relator Ministro Luiz Fux, e RE 1054110/SP, Relator Ministro Roberto Barroso,
julgados em 8 e 9/5/2019 – Informativo 939)

40. (FGV – SEFAZ/AM – 07/05/2022) Apesar da grande resistência do Prefeito Municipal, que vetara o
projeto apresentado e aprovado pela totalidade dos membros da Câmara Municipal, a Lei nº XX do
Município Alfa veio a ser promulgada. Esse diploma normativo detalhou os requisitos a serem
observados pela propaganda comercial veiculada no território municipal e ainda dispôs sobre as
atribuições da Secretária Municipal de Ordem Pública, que também criara, na fiscalização dessa
propaganda. A Lei nº XX, do Município Alfa é inconstitucional por dispor sobre matéria de
competência legislativa privativa da União e apresentar vício de iniciativa.

➢ CF
• Art. 22, XXIX
Compete privativamente à União legislar sobre propaganda comercial.

• Art. 61, §1º, I, e


São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que disponham sobre criação e extinção
de Ministérios e órgãos da administração pública.

➢ STF
• É indispensável a iniciativa do chefe do Poder Executivo (mediante projeto de lei ou mesmo, após a EC
32/2001, por meio de decreto) na elaboração de normas que de alguma forma remodelem as atribuições
de órgão pertencente à estrutura administrativa de determinada unidade da Federação.
(ADI 3.254, Relatora Ministra Ellen Gracie, julgamento em 16/11/2005, Plenário)

41. (CEBRASPE – TJ/MA – 17/07/2022) É inconstitucional lei estadual que obrigue a divulgação, em
jornais e programas televisivos, de fotos de crianças desaparecidas.

➢ CF
• Art. 1º, IV
A República Federativa do Brasil, (…) tem como fundamentos os valores da livre iniciativa.

• Art. 22, IV
Compete privativamente à União legislar sobre telecomunicações e radiodifusão

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

• Art. 220
A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou
veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.

➢ STF
• Obrigatoriedade de divulgação diária de fotos de crianças desaparecidas em noticiários de TV e jornais
de Santa Catarina. Invasão de competência privativa da União para legislar sobre radiodifusão e
explorar o serviço (CF, art. 22, IV). Ingerência do Poder Público em entidades privadas de jornalismo.
Contrariedade ao princípio da livre iniciativa. Afronta ao art. 220 da Constituição da República.
(ADI 5.292. Ministra Relatora Carmen Lucia, julgamento em 28/03/2022, Plenário)

42. (CEBRASPE – DPE/RS – 09/01/2022) Em razão das consequências econômicas da pandemia de


COVID-19, determinado estado-membros promulgou lei ordinária com o seguinte teor: “Ficam as
instituições de ensino da educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e superior da rede
privada do Estado obrigadas a conceder diferimento em suas mensalidades em percentual mínimo
de 30% (trinta por cento), enquanto durarem as medidas temporárias para enfrentamento da
emergência de saúde pública decorrente da pandemia de COVID-19”.
A partir dessa premissa, considerando a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e as
disposições da Constituição da República sobre a matéria, trata-se de norma formalmente
inconstitucional, pois ao dispor sobre matéria diretamente relacionada ao conteúdo de negócios
jurídicos, o estado-membro invadiu a competência da União para legislar sobre Direito Civil.

➢ CF
• Art. 22, I
Compete privativamente à União legislar sobre direito civil.

➢ Legislação
• Lei 9882, art. 1º e parágrafo único
A arguição prevista no § 1o do art. 102 da Constituição Federal será proposta perante o Supremo
Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do
Poder Público.
Caberá também arguição de descumprimento de preceito fundamental quando for relevante o
fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal,
incluídos os anteriores à Constituição.

➢ STF
• É inconstitucional decisão judicial que fixa descontos nas mensalidades de faculdades particulares sem
levar em consideração os efeitos da pandemia em ambas as partes do contrato.
(ADPFs 706 e 713. Plenário, julgamento em 18/11/2021)

• Esta Corte tem se posicionado no sentido do cabimento de arguição de preceito fundamental contra
decisões judiciais, desde que observado o princípio da subsidiariedade e comprovado que tais
pronunciamentos jurisdicionais, de forma reiterada, descumpriram os preceitos fundamentais da
Constituição, com potencialidade de comprometimento da sua efetividade. (ADPF 706/DF)

• Possibilidade de impugnação, mediante ADPF, de decisões judiciais, desde que não transitadas em
julgado.
(ADPF 81/DF)

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

43. (CEBRASPE – TJ/MA – 17/07/2022) É constitucional lei estadual que proíba que os prestadores de
serviço público de abastecimento de água e de esgotamento sanitário inscrevam os usuários
inadimplentes no SPC/SERASA.

➢ CF
• Art. 22, XXVII
Compete privativamente à União legislar sobre normas gerais de licitação e contratação, em todas as
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios.

• Art. 175, caput


Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,
sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

• Art. 175, parágrafo único, II


A lei disporá sobre os direitos dos usuários.

• Art. 24, V
Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre consumo.

• Art. 24, § 1º
No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.

➢ STF
• É inconstitucional lei estadual que vede a inscrição em cadastro de proteção ao crédito de usuário
inadimplente dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário.
(ADI 6668/MG, Relator Ministro Gilmar Mendes, julgamento em 11/2/2022, Plenário – Informativo
1043)

44. (CEBRASPE – TJ/MA – 17/07/2022) É inconstitucional lei estadual que autorize a comercialização de
bebidas alcoólicas em eventos esportivos, pois tal medida invade a competência da União para o
estabelecimento de normas gerais sobre consumo e desporto.

➢ CF
• Art. 24, V
Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre produção e
consumo.

➢ STF
• O Plenário do STF, por unanimidade, reconheceu competência concorrente aos Estados-membros para
legislar sobre a matéria, bem como a constitucionalidade de lei estadual autorizativa da comercialização
e consumo de bebidas não destiladas com teor alcoólico inferior a 14% em estádios de futebol, em dias
de jogo.
(ADI 6195, Relato Ministro Alexandre de Moraes, Plenário, julgado em 27/03/2020)

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

45. (CEBRASPE – TJ/MA – 17/07/2022) Constituição estadual pode prever hipóteses de intervenção
estadual diferentes daquelas que são previstas no art. 35 da Constituição Federal de 1988, uma vez
que o rol estabelecido na Carta Magna é exemplificativo.

➢ CF
• Art. 35
O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território
Federal, exceto quando:
I – deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;
II – não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento
do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;
IV – o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios
indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

➢ STF
• As disposições do artigo 35 da CB/88 também consubstanciam preceitos de observância compulsória
por parte dos Estados-membros, sendo inconstitucionais quaisquer ampliações ou restrições às
hipóteses de intervenção.
(ADI 336, voto do Relator Ministro Eros Grau, julgamento em 10/2/2010, Plenário)

46. (CEBRASPE – MP/SE – 24/07/2022) Os governadores de estado são imunes à prisão, nas infrações
comuns, enquanto não sobrevier sentença penal condenatória.

➢ CF
• Art. 86, § 3º
Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não
estará sujeito a prisão.

➢ STF
• Orientação desta Corte, no que concerne ao art. 86, § 3º, da Constituição, de referência à imunidade à
prisão cautelar como prerrogativa exclusiva do presidente da República, insuscetível de estender-se aos
governadores dos Estados, que institucionalmente, não a possuem.
(ADI 1.634 MC, Relator Ministro Néri da Silveira, julgamento em 17/9/1997, Plenário)

47. (CEBRASPE – MP/SE – 24/07/2022) Governador de estado não pode ser responsabilizado por atos
estranhos ao exercício da função.

➢ CF
• Art. 86, § 4º
O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos
estranhos ao exercício de suas funções.

➢ STF
• A previsão constitucional do art. 86, § 4º, da Constituição da República se destina expressamente ao
Chefe do Poder Executivo da União, não autorizando, por sua natureza restritiva, qualquer
interpretação que amplie sua incidência a outras autoridades, nomeadamente do Poder Legislativo.
(Inq 3.983, Relator Ministro Teori Zavaski, julgamento em 3/3/2016, Plenário)

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

48. (CEBRASPE – MP/SE – 24/07/2022) Há necessidade de prévia autorização da Assembleia Legislativa


para recebimento da denúncia ou queixa contra o governador do estado.
E
(CEBRASPE – TJ/MA – 17/07/2022) É necessária prévia autorização da assembleia legislativa do
estado para que governador de estado seja processado por crime comum no Superior Tribunal de
Justiça.

➢ CF
• Art. 105, I, a
Compete ao Superior Tribunal de Justiça processar e julgar, originariamente nos crimes comuns, os
Governadores dos Estados.

➢ STF
• Não há necessidade de prévia autorização da assembleia legislativa para o recebimento de denúncia ou
queixa e instauração de ação penal contra governador de Estado, por crime comum, cabendo ao
Superior Tribunal de Justiça (STJ), no ato de recebimento ou no curso do processo, dispor,
fundamentadamente, sobre a aplicação de medidas cautelares penais, inclusive afastamento do cargo.
(ADI 5540/MG, Relator Ministro Edson Fachin, julgamento em 3/05/2017 – Informativo 863)

49. (FGV – TJ/SC – 2022) A Norma Y do Estado Beta permitiu a reeleição, em número ilimitado, para
mandatos consecutivos, dos membros da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do referido
Estado. Foi proposta Ação Direta de Inconstitucionalidade questionando tal dispositivo, em razão do
que estabelece a Constituição da República de 1988 em relação ao Congresso Nacional. Diante dessa
temática, à luz da jurisprudência majoritária do Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que a
norma Y é inconstitucional, pois prevê a reeleição em número ilimitado, para mandatos
consecutivos, dos membros das Mesas Diretoras das Assembleias Legislativas Estaduais, sendo-lhes
permitida uma única recondução ou reeleição.

➢ STF
• A unidade entre os entes federados não parece ser rompida ou ameaçada por eventuais diferenças que
mantenham quanto à possibilidade de reeleição dos membros das mesas diretoras das respectivas casas
legislativas. A autonomia de cada um deles, por outro lado, confere o poder de auto-organização nesse
tema, que, todavia, não é ilimitado, sob pena de ofensa aos princípios republicano e democrático, que
exigem a alternância de poder e a temporariedade desse tipo de mandato.
O art. 57, § 4º, da CF, não é norma de reprodução obrigatória por parte dos Estados-membros. É
inconstitucional a reeleição em número ilimitado, para mandatos consecutivos, dos membros das
Mesas Diretoras das Assembleias Legislativas Estaduais para os mesmos cargos que ocupam, sendo-
lhes permitida uma única recondução.”
(ADI 6720, ADI 6721 e ADI 6722, Relator Ministro Roberto Barroso, julgamento em 24/9/2021, Plenário)

50. (CEBRASPE – TJ/MA – 17/07/2022) A imposição a parlamentares municipais de medidas cautelares


de afastamento de suas funções legislativas por determinação de juiz de primeiro grau condiciona-se
à prévia deliberação da câmara de vereadores competente.

➢ CF
• Art. 22, I
Compete privativamente à União legislar sobre direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho.

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

• Art. 29, VIII


Inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na
circunscrição do Município

➢ STF
• Ação direta de inconstitucionalidade. Constituição do estado que assegura aos vereadores a
prerrogativa de não serem presos, salvo em flagrante de crime inafiançável, nem processados
criminalmente sem a devida autorização da respectiva Câmara Legislativa, com suspensão da
prescrição enquanto durar o mandato. Competência da União para legislar sobre Direito Penal e
Processual Penal.
1. O Estado-membro não tem competência para estabelecer regras de imunidade formal e material
aplicáveis a Vereadores. A Constituição Federal reserva à União legislar sobre Direito Penal e
Processual Penal.
2. As garantias que integram o universo dos membros do Congresso Nacional (CF, artigo 53, §§ 1º, 2º, 5º
e 7º), não se comunicam aos componentes do Poder Legislativo dos Municípios.
(ADI 371/SE. Relator Ministro Maurício Corrêa, julgamento em 05/09/2002, Plenário)

IV. PODER LEGISLATIVO FEDERAL

51. (CEBRASPE – TJ/MA – 17/07/2022) Em caso de nova legislatura, é possível a recondução dos
presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal para o mesmo cargo na eleição
imediatamente subsequente.

➢ CF
• Art. 57, §4º
Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano
da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois)
anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente.

➢ STF
• A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal afirma que a regra do art. 57, § 4º, da Constituição
Federal não representa concretização do princípio republicano, razão pela qual não constitui norma de
repetição obrigatória pelos Estados
(Representação 1.245, Rel. Min. Oscar Corrêa; ADI 792, Rel. Min. Moreira Alves; ADI 793, Rel. Min.
Carlos Velloso; ADI 2.371, Rel. Min. Moreira Alves).
• Por conseguinte, os Estados-membros não estão obrigados a vedar a reeleição dos membros da mesa
diretora da respectiva casa legislativa, tal como a Constituição Federal faz em relação ao Congresso
Nacional.”
(ADI 6720/MC. Ministro Relator Roberto Barroso, julgamento em 27/09/2021, Plenário)

52. (CEBRASPE – PGE/RJ – 01/05/2022) A Constituição Federal de 1988 (CF) permite, excepcionalmente,
a iniciativa popular para a propositura de emendas constitucionais.

➢ CF
• Art. 60
I – de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
II – do Presidente da República;
III – de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se,
cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

➢ STF
• A iniciativa popular de emenda à Constituição Estadual é compatível com a Constituição Federal,
encontrando fundamento no art. 1º, parágrafo único, no art. 14, II e III e no art. 49, VI, da CF/88. Embora
a Constituição Federal não autorize proposta de iniciativa popular para emendas ao próprio texto, mas
apenas para normas infraconstitucionais, não há impedimento para que as Constituições Estaduais
prevejam a possibilidade, ampliando a competência constante da Carta Federal.
(ADI 825/AP, Relator Ministro Alexandre de Moraes, julgado em 25/10/2018, Plenário – Informativo
921).

53. (CEBRASPE – MPE/AC – 15/05/2022) As prerrogativas dos deputados federais incluem a


inviolabilidade civil e penal por quaisquer opiniões, palavras e votos, ainda que o parlamentar
esteja licenciado para o exercício de cargo no Poder Executivo.

➢ CF
• Art. 53, caput
Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras
e votos.

➢ STF
• A superveniência de licença do parlamentar para o desempenho de cargo diverso daquele gerador da
prerrogativa de função torna insubsistente a competência do Supremo, considerada a ausência de
vinculação do delito com o cargo atualmente desempenhado.
(AG.REG. na Petição 7.990, Relator Ministro Marco de Aurélio, 1ª Turma, julgado em 18/08/2020)

54. (CEBRASPE – MPE/AC – 15/05/2022) As prerrogativas dos deputados federais são privilégios
destinados à proteção de interesses pessoais desses parlamentares.

➢ CF
• Art. 53, caput
Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras
e votos.

➢ STF
• A imunidade material prevista no art. 53, caput, da Constituição não é absoluta, pois somente se
verifica nos casos em que a conduta possa ter alguma relação com o exercício do mandato parlamentar.
(Inq. 2.134, relator ministro Joaquim Barbosa, julgamento em 23-3-2006, Plenário)

55. (VUNESP – MPE/RJ – 20/03/2022) Nos termos do que permite a Constituição Federal, e considerando
o entendimento do Supremo Tribunal Federal, as Comissões Parlamentares de Inquérito têm
poderes constitucionais para determinar a quebra de registros telefônicos pretéritos.

➢ CF
• Art. 58, § 3º
As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades
judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos
Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço
de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for
o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos
infratores.

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

➢ STF
• Impossibilidade jurídica de CPI praticar atos sobre os quais incida a cláusula constitucional da reserva
de jurisdição.
(MS 33.663 MC, relator ministro Celso de Mello, decisão monocrática, julgamento em 19-6-2015)

56. (CEBRASPE – SEFAZ/SE – 03/04/2022) Apesar de ter como objetivo a apuração de fato determinado, a
CPI pode investigar fatos novos, que tenham derivado do fato originário e que a ele estejam
relacionados.

➢ CF
• Art. 58, § 3º
As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades
judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos
Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço
de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for
o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos
infratores.

➢ STF
• Ampliação do objeto de investigação de Comissão Parlamentar de Inquérito no curso dos trabalhos.
Possibilidade. Não há ilegalidade no fato de a investigação da CPMI dos Correios ter sido ampliada em
razão do surgimento de fatos novos, relacionados com os que constituíam o seu objeto inicial.
(Inq. 2245/MG, Relator Ministro Joaquim Barbosa, julgamento em 28/08/2007, Plenário)

57. (CEBRASPE – SEFAZ/SE – 03/04/2022) A instalação de uma CPI se submete ao juízo discricionário do
presidente da casa legislativa na qual ela será instalada.

➢ CF
• Art. 58, § 3º
As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades
judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos
Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço
de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for
o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos
infratores.

➢ STF
• Atendidas as exigências constitucionais, impõe-se a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito, cuja
instalação não pode ser obstada pela vontade da maioria parlamentar ou dos órgãos diretivos das casas
legislativas.
(MS 37760/DF, Relator Ministro Roberto Barroso, julgado em 05/05/2022, Plenário)

58. (CEBRASPE – SEFAZ/SE – 03/04/2022) CPIs podem decretar tanto a busca e apreensão pessoal
quanto a busca e apreensão domiciliar.

➢ CF
• Art. 58, § 3º
As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades
judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço


de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for
o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos
infratores.

➢ STF
• Impossibilidade jurídica de CPI praticar atos sobre os quais incida a cláusula constitucional da reserva
de jurisdição, como a busca e apreensão domiciliar (...). Possibilidade, contudo, de a CPI ordenar busca
e apreensão de bens, objetos e computadores, desde que essa diligência não se efetive em local
inviolável, como os espaços domiciliares, sob pena, em tal hipótese, de invalidade da diligência e de
ineficácia probatória dos elementos informativos dela resultantes. (MS 33.663 MC, relator ministro
Celso de Mello, julgamento em 19/06/2015, decisão monocrática)

• Incompetência da CPI para expedir decreto de indisponibilidade de bens de particular, que não é
medida de instrução – a cujo âmbito se restringem os poderes de autoridade judicial a elas conferidos
no art. 58, § 3º, mas de provimento cautelar de eventual sentença futura, que só pode caber ao juiz
competente para proferi-la.
(MS 23.480, Relator Ministro Sepúlveda Pertence, julgamento em 04/05/2000, Plenário)

Obs. BUSCA E APREENSÃO PESSOAL: CPP, art. 244: A busca pessoal independerá de mandado, no caso
de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de
objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca
domiciliar.

59. (CEBRASPE – SEFAZ/SE – 03/04/2022) Governador pode ser obrigado a depor em CPI instaurada no
Congresso Nacional.

➢ CF
• Art. 58, § 3º
As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades
judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos
Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço
de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for
o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos
infratores.

➢ STF
• Não é possível a convocação de governadores de estados-membros da Federação por Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada pelo Senado Federal. A convocação viola o princípio da
separação dos Poderes e a autonomia federativa dos estados-membros.
(ADPF 848 MC/DF, Relator Ministra Rosa Weber, julgamento em 25/6/2021, Plenário – Informativo
1023)

60. (CEBRASPE – TJ/MA – 17/07/2022) Governador pode ser obrigado a depor em Comissão Parlamentar
de Inquérito instaurada no Congresso Nacional, desde que a finalidade seja tratar de fatos que
afetem o interesse da União.

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

➢ CF
• Art. 58, § 3º
As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades
judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos
Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço
de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for
o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos
infratores.

➢ STF
• Os governadores prestam contas às Assembleias Legislativas locais, em relação às contas de governo ou
de gestão estadual, e ao Tribunal de Contas da União (TCU), no caso de recursos federais, jamais
perante o Congresso Nacional.
(ADPF 848 MC/DF, Relatora Ministra Rosa Weber, julgamento em 21/06/2021, Plenário)

61. (CEBRASPE – PGE/RJ – 01/05/2022) Uma CPI instalada em Poder Legislativo municipal pode
promover a quebra de sigilo bancário.

➢ CF
• Art. 58, § 3º
As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades
judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos
Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço
de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for
o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos
infratores.

➢ STF
• Essa Corte afastou a possibilidade de terem as câmaras de vereadores, por meio de CPI, poder de
quebra de sigilo bancário, já que se há sempre de perquirir o envolvimento, na unidade, dos Poderes
Legislativo e Judiciário. E aí, sabidamente, não contam os municípios com o Poder Judiciário, muito
embora existam os Poderes Executivo e Legislativo.
(Ação Cível Originária nº 730/RJ, relator Ministro Joaquim Barbosa, publicado em 11/11/2005)

62. (CEBRASPE – TCE/SC – 06/03/2022) Medida provisória não revoga lei anterior, apenas suspende seus
efeitos no ordenamento jurídico, devido a seu caráter transitório e precário.

➢ CF
• Emenda Constitucional nº 32, art. 2º
As medidas provisórias editadas em data anterior à da publicação desta emenda continuam em vigor
até que medida provisória ulterior as revogue explicitamente ou até deliberação definitiva do
Congresso Nacional.

➢ STF
• Medida provisória não revoga lei anterior, mas apenas suspende seus efeitos no ordenamento jurídico,
em face do seu caráter transitório e precário. Assim, aprovada a medida provisória pela Câmara e pelo
Senado, surge nova lei, a qual terá o efeito de revogar lei antecedente. Todavia, caso a medida
provisória seja rejeitada (expressa ou tacitamente), a lei primeira vigente no ordenamento, e que estava
suspensa, volta a ter eficácia.

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

(ADI 5.709, ADI 5.716, ADI 5.717e ADI 5.727, Relatora Ministra Rosa Weber, julgamento em 27/03/2019,
Plenário)

63. (CEBRASPE – TCE/SC – 06/03/2022) O presidente da República não pode reeditar medida provisória
que veicule matéria constante de outra medida provisória anteriormente rejeitada pelo Congresso
Nacional. No entanto, pode valer-se de medida provisória para disciplinar matéria que tenha sido
objeto de projeto de lei anteriormente rejeitado na mesma sessão legislativa.

➢ CF
• Art. 62, § 10
É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que
tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.

➢ STF
• O presidente da República sob pena de ofensa ao princípio da separação de poderes e de transgressão à
integridade da ordem democrática, não pode valer-se de medida provisória para disciplinar matéria
que já tenha sido objeto de projeto de lei anteriormente rejeitado na mesma sessão legislativa.
Também pelas mesmas razões, o chefe do Poder Executivo da União não pode reeditar medida
provisória que veicule matéria constante de outra medida provisória anteriormente rejeitada pelo
Congresso Nacional.
(ADI 2.010 MC, Relator Ministro Celso de Mello, julgamento em 30/09/1999, Plenário)

64. (FGV – TJ/GO – 07/08/2022) Conquanto os pressupostos da relevância e da urgência para a edição de
medidas provisórias se submetam ao controle judicial, o escrutínio neste particular tem domínio
estrito, justificando-se a invalidação da iniciativa presidencial apenas quando atestada a manifesta
inexistência desses requisitos.

➢ CF
• Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas
provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.

➢ STF
• Esta Suprema Corte somente admite o exame jurisdicional do mérito dos requisitos de relevância e
urgência na edição de medida provisória em casos excepcionalíssimos, em que a ausência desses
pressupostos seja evidente.
(ADI 2.527 MC, Relatora. Ministro Ellen Gracie, julgamento em 16-8-2007, Plenário)

• Conforme entendimento consolidado da Corte, os requisitos constitucionais legitimadores da edição de


medidas provisórias, vertidos nos conceitos jurídicos indeterminados de "relevância" e "urgência" (art.
62 da CF), apenas em caráter excepcional se submetem ao crivo do Poder Judiciário, por força da regra
da separação de poderes (art. 2º da CF).
(ADI 2.213, Relator Ministro Celso de Mello, julgamento em 04/04/2002, Plenário)

65. (FGV – TJ/SC – 21/08/2022) A Lei Complementar federal nº XX, precipuamente direcionada à
proteção da relação de emprego contra despedida arbitrária ou sem justa causa, também disciplinou,
em seu bojo, o exercício de determinada profissão de viés tecnológico. Poucos meses depois, em
razão da grande insatisfação surgida entre os profissionais da área, que passaram a ter que cumprir
requisitos mais rígidos para o exercício profissional, foi editada a Medida Provisória nº YY, que

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

alterou os comandos da referida lei complementar afetos a ambas as temáticas, vale dizer, à proteção
da relação de emprego e à disciplina do exercício profissional, bem como a data de sua entrada em
vigor. À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar que a Medida Provisória nº YY é
formalmente constitucional em sua integralidade.

➢ CF
• Art. 7º, I
São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais relação de emprego protegida contra despedida
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória,
dentre outros direitos.

• Art. 5º, XIII


É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que
a lei estabelecer.

➢ STF
• É doutrina pacífica, em face de direito constitucional federal, que só existe lei complementar para
aquelas matérias para as quais a Carta Magna Federal, expressamente, exige essa espécie de lei, o que
implica dizer que os dispositivos que integram formalmente uma lei complementar, mas disciplinam
matéria que não está sujeita a legislação desse tipo, conservam a natureza de dispositivos de lei
ordinária, podendo, inclusive, ser alterados por legislação ordinária posterior.
(RE 103.639)

• Medida provisória não revoga lei anterior, mas apenas suspende seus efeitos no ordenamento jurídico,
em face do seu caráter transitório e precário. Assim, aprovada a medida provisória pela Câmara e pelo
Senado, surge nova lei, a qual terá o efeito de revogar lei antecedente. Todavia, caso a medida
provisória seja rejeitada (expressa ou tacitamente), a lei primeira vigente no ordenamento, e que estava
suspensa, volta a ter eficácia.
(ADI 5717, Relatora Ministra Rosa Weber, julgamento em 27/03/2019, Plenário)

66. (CEBRASPE – TCE/SC – 06/03/2022) As normas constitucionais alusivas às competências


institucionais do Tribunal de Contas da União são de observância compulsória pelas constituições
dos estados-membros.

➢ CF
• As normas estabelecidas nesta seção (seção relativa ao TCU) aplicam-se, no que couber, à organização,
composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos
Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.

➢ STF
• A Constituição Federal é clara ao determinar, em seu art. 75, que as normas constitucionais que
conformam o modelo federal de organização do Tribunal de Contas da União são de observância
compulsória pelas Constituições dos Estados-membros.
(ADI 3715/TO, ministro relator Gilmar Mendes, julgamento em 21/08/2014, Plenário)

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

V. PODER EXECUTIVO FEDERAL

67. (CEBRASPE – TCE/SC – 06/03/2022) Não implica disposição de competência legal a eventual
delegação de ato de expulsão de estrangeiro ao ministro de Estado da Justiça pelo presidente da
República.

➢ STF
• Não implica disposição de competência legal a delegação pelo presidente da República do ato de
expulsão de estrangeiro. O STF sempre reputou válido o decreto de expulsão de estrangeiro subscrito
pelo ministro de Estado da Justiça por delegação do presidente da República.
(HC 101.269, relatora ministra Cármen Lúcia, julgamento em 03/08/2010, 1ª Turma)

• É competência desta Suprema Corte para julgamento do presente habeas corpus. Isso porque a
competência da expulsão é exclusiva do presidente da República (Lei 6.815/1980, art. 66), com
delegação desses poderes ao ministro de Estado da Justiça, a partir do Decreto 3.447/2000 (art. 1º). O
fato de o presidente da República delegar ao ministro de Estado da Justiça, mediante ato administrativo
por ele próprio assinado, o exercício da competência legal de expulsão de estrangeiro não implica
disposição da própria competência.
(HC 101.528, Relator Ministro Dias Toffoli, julgamento em 09/12/2010, Plenário)

VI. PODER JUDICIÁRIO

68. (FGV – MPE/SC – 12/06/2022) João, estudioso do Direito Constitucional, realizou alentado estudo a
respeito das competências do Supremo Tribunal Federal, mais especificamente em relação ao local
em que devem ser detalhadas e à luz da dicotomia entre “competências originárias” e “competências
recursais”. Ao fim, concluiu, corretamente, que as competências desse Tribunal estão previstas
apenas na ordem constitucional, sendo tanto originárias como recursais, neste último caso com a
análise de recursos ordinários e extraordinários.

➢ CF
• Art. 102
Competências: I – Originária, II – Recurso Ordinário, e III – Recurso Extraordinário

➢ STF
• O STF não tem competência para julgar ações ordinárias que impugnem atos do TCU. Como o
acessório segue o principal, o mesmo se passa com as ações cautelares preparatórias dessas demandas.
A competência originária deste Tribunal é definida pela Constituição em caráter numerus clausus, sendo
inviável sua extensão pela legislação ordinária.
(AC 2.404 ED, relator ministro Roberto Barroso, julgamento 25-2-2014, 1ª Turma)

69. (FGV – MPE/SC – 12/06/2022) Maria, parte autora em uma relação processual, foi surpreendida com o
deferimento de uma liminar em situação na qual, a seu ver, tanto fatos como normas eram-lhe
totalmente favoráveis. Por tal razão, procurou o seu advogado e o questionou sobre a possibilidade
de representar ao Conselho Nacional de Justiça para que a decisão judicial seja revista. O advogado
respondeu-lhe, corretamente, que o Conselho Nacional de Justiça não pode reformar a referida
decisão, por possuir natureza jurisdicional.

➢ CF
• Art. 103-B

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

➢ STF
• CNJ. Órgão de natureza exclusivamente administrativa. Atribuições de controle da atividade
administrativa, financeira e disciplinar da magistratura. Competência relativa apenas aos órgãos e
juízes situados, hierarquicamente, abaixo do STF. Preeminência deste, como órgão máximo do Poder
Judiciário, sobre o Conselho, cujos atos e decisões estão sujeitos a seu controle jurisdicional. Inteligência
dos arts. 102, caput, I, letra r, e 103-B, § 4º, da CF. O CNJ não tem nenhuma competência sobre o STF e
seus ministros, sendo esse o órgão máximo do Poder Judiciário nacional, a que aquele está sujeito.
(ADI 3.367, Relator Ministro Cezar Peluso, julgamento em 13-4-2005, Plenário)
70. (CEBRASPE – TJ/MA – 17/07/2022) Compete à justiça federal de primeiro grau, e não ao Supremo
Tribunal Federal, julgar ações ordinárias para impugnar atos do Conselho Nacional de Justiça.

➢ CF
• Art. 102, I, r
Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, originariamente, as ações contra o Conselho
Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público

➢ STF
• Competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal para julgar ações ajuizadas contra atos do CNJ
praticados no exercício de suas competências constitucionais.
(ADI 4.412, Relator Ministro Gilmar Mendes, julgamento em 17/11/2020, Plenário)

VII. CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE

71. (FGV – TCU – 13/03/2022) O Supremo Tribunal Federal, ao julgar dois recursos extraordinários,
considerou inconstitucionais alguns artigos das Leis X e Y do Estado Beta. Ao tomar conhecimento
do teor dessas decisões, o Senado Federal editou resolução suspendendo a execução da íntegra das
referidas leis, entendendo que os preceitos em relação aos quais o Tribunal não se manifestara
expressamente padeciam dos mesmos vícios de inconstitucionalidade. Em relação a essa narrativa, a
atuação do Senado Federal foi irregular, de modo que o seu ato pode ser submetido ao controle
concentrado de constitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal.
E
(CEBRASPE – MPCM/PA – 20/03/2022) O controle incidental de constitucionalidade somente produz
efeitos após resolução que, provinda do Senado Federal, suspenda a eficácia da norma.

➢ CF
• Art. 52, X
Compete privativamente ao Senado Federal suspender a execução, no todo ou em parte, de lei
declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal.

➢ STF
• O ato normativo (Resolução do SF) impugnado, ao conferir eficácia erga omnes a um julgado singular,
revela sua feição geral e obrigatória, sendo, portanto, dotado de generalidade, abstração e
impessoalidade. (…)
O Senado Federal acabou por retirar do mundo jurídico dispositivos das Leis Paulistas 7.003/90 e
7.646/91, que, embora formalmente abarcados pela proclamação da inconstitucionalidade do próprio
Diploma em que inseridos, em nenhum momento tiveram sua compatibilidade com a Constituição
Federal efetivamente examinada por este Supremo Tribunal. Plausibilidade da tese de violação ao art.
52, X, da Carta Magna.
(ADI 3929 MC/DF, Relatora Ministra Ellen Gracie Julgamento em 29/08/2007 – Plenário)

- 31 -
DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

• O STF declarou, por maioria e incidentalmente, a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei federal nº


9.055/1995, com efeito vinculante e“erga omnes”.
A partir da manifestação do ministro Gilmar Mendes, o Colegiado entendeu ser necessário, a fim de
evitar anomias e fragmentação da unidade, equalizar a decisão que se toma tanto em sede de controle
abstrato quanto em sede de controle incidental. O ministro Gilmar Mendes observou que o art. 535 do
Código de Processo Civil reforça esse entendimento. Asseverou se estar fazendo uma releitura do
disposto no art. 52, X, da CF, no sentido de que a Corte comunica ao Senado a decisão de declaração de
inconstitucionalidade, para que ele faça a publicação, intensifique a publicidade.
O ministro Celso de Mello considerou se estar diante de verdadeira mutação constitucional que
expande os poderes do STF em tema de jurisdição constitucional.
(Plenário. ADI 3406/RJ e ADI 3470/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 29/11/2017 – Informativo 886)

72. (CEBRASPE – DPE/SE – 23/03/2022) O Tribunal de Contas pode exercer administrativamente o


controle difuso, ocorrendo a transcendência dos efeitos com o afastamento da aplicação da lei para
toda a administração pública.

➢ STF
• Súmula 347
O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e
dos atos do poder público.

• Alteração do entendimento do STF


O Tribunal de Contas da União, órgão sem função jurisdicional, não pode declarar a
inconstitucionalidade de lei federal com efeitos erga omnes e vinculantes no âmbito de toda a
Administração Pública Federal. Impossibilidade de o controle difuso exercido administrativamente
pelo Tribunal de Contas trazer consigo a transcendência dos efeitos, de maneira a afastar
incidentalmente a aplicação de uma lei federal, não só para o caso concreto, mas para toda a
Administração Pública Federal, extrapolando os efeitos concretos e inter partes e tornando-os erga
omnes e vinculantes.
(MS 35410 MC/DF. Ministro Relator Alexandre de Moraes, julgamento em 13/04/2021, Plenário)

Voto do Ministro Relator Alexandre de Moraes:


• É inconcebível a hipótese de o Tribunal de Contas da União, órgão sem qualquer função jurisdicional,
permanecer a exercer controle de constitucionalidade – principalmente, como no presente caso, em que
simplesmente afasta a incidência de dispositivos legislativos para TODOS os processos da Corte de
Contas – nos julgamentos de seus processos, sob o pretenso argumento de que lhe seja permitido em
virtude do conteúdo da Súmula 347 do STF, editada em 1963, cuja subsistência, obviamente, ficou
comprometida pela promulgação da Constituição Federal de 1988.
• É inconcebível a hipótese de o Tribunal de Contas da União, órgão administrativo sem qualquer função
jurisdicional, exercer controle de constitucionalidade nos julgamentos de seus procedimentos, sob o
pretenso argumento de que lhe seja permitido em virtude de sua competência constitucional para zelar,
em auxílio ao Congresso Nacional, pelo controle externo da Administração Pública.
• Assim como outros importantes órgãos administrativos previstos na Constituição Federal com
atribuições expressas para defender princípios e normas constitucionais (Conselho Nacional de Justiça,
artigo 130-B; Ministério Público – Constituição Federal, artigo 129, II, e Conselho Nacional do
Ministério Público, cuja previsão constitucional de atribuição é idêntica ao CNJ – Constituição Federal,
artigo 130-A, § 2o, II), no exercício de sua missão e finalidades previstas no texto maior, compete ao
Tribunal de Contas da União exercer na plenitude todas as suas competências administrativas, sem

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

obviamente poder usurpar o exercício da função de outros órgãos, inclusive a função jurisdicional de
controle de constitucionalidade.

73. (CEBRASPE – DPE/SE – 23/03/2022) Admite-se o controle difuso de constitucionalidade em ação civil
pública desde que a arguição de inconstitucionalidade não se confunda com o pedido principal da
causa.

➢ CF
• Art. 129
São funções institucionais do Ministério Público:
III. promover a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e
de outros interesses difusos e coletivos.

➢ STF
• O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento no sentido de se admitir o controle difuso de
constitucionalidade em ação civil pública desde que a alegação de inconstitucionalidade não se
confunda com o pedido principal da causa.
(RE 595213 AgR. Relator Ministro Roberto Barroso, julgado em 01/12/2017, 1ª Turma)

74. (CEBRASPE – MPCM/PA – 20/03/2022) Não obstante certas limitações processuais inerentes a seu
rito especial, é juridicamente possível fazer-se controle incidental de constitucionalidade em ação de
mandado de segurança.

➢ CF
• Art. 5º, LXIX
conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

➢ STF
• O mandado de segurança não pode ser utilizado como mecanismo de controle abstrato da validade
constitucional das leis e dos atos normativos em geral, posto não ser sucedâneo da ação direta de
inconstitucionalidade.
(MS 34432 AgR, rel. min. Luiz Fux, P, j. 07-03-2017, DJE 56 de 23-03-2017

• A declaração incidental de inconstitucionalidade pela via do mandado de segurança apenas se admite


para enfrentar os efeitos concretos do ato normativo questionado, desde seja restritos à causa de pedir,
não sendo viável a pretensão se os efeitos produzidos forem semelhantes aos que decorreriam de
sentença de procedência em ação direta de inconstitucionalidade, com força erga omnes.
(RE 1.232.885/AP. Relator Ministro Luiz Fux, julgamento em 05/02/2021, Plenário)

75. (CEBRASPE – MPCM/PA – 20/03/2022) Não cabe ao Superior Tribunal de Justiça exercer controle
difuso de constitucionalidade.

➢ CF
• Art. 97
Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial
poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

➢ STF
• A norma inscrita no art. 97 da Carta Federal, porque exclusivamente dirigida aos órgãos colegiados do
Poder Judiciário, não se aplica aos magistrados singulares quando no exercício da jurisdição
constitucional.
(HC 69.921, Relator Ministro Celso de Mello, julgamento em 9/2/1993, 1ª Turma)

76. (CEBRASPE – MPCM/PA – 20/03/2022) A decisão no controle difuso de constitucionalidade produz,


necessariamente, efeitos retroativos, isto é, ex tunc.

➢ STF
• O Supremo Tribunal Federal tem reconhecido, excepcionalmente, a possibilidade de proceder à
modulação ou limitação temporal dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade, mesmo quando
proferida, por esta Corte, em sede de controle difuso. (RE 197.917/SP, Relator Ministro Maurício Corrêa,
julgamento em 06/06/2002, Plenário)

77. (VUNESP – MPE/RJ – 20/03/2022) Considere a hipótese de o Ministério Público ter ajuizado uma
Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) perante o Tribunal de Justiça (TJ) em face de uma lei
municipal que criou gratificação para o Prefeito fora do regime de subsídio, sobre o fundamento de
que essa lei contraria norma da Constituição do Estado. Se o pedido da ação for julgado
improcedente, declarando a lei constitucional, dessa decisão do TJ caberá recurso extraordinário ao
STF, pois a matéria sobre o subsídio do Prefeito é considerada norma de reprodução obrigatória na
Constituição Estadual.

➢ CF
• Art. 29, V
Subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Municipais fixados por lei de iniciativa da
Câmara Municipal, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.

• Art. 102, III, c


Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em
única ou última instância, quando a decisão recorrida julgar válida lei ou ato de governo local
contestado em face desta Constituição.

➢ STF
• Para que seja admissível recurso extraordinário de ação direta de inconstitucionalidade processada no
âmbito do Tribunal local, é imprescindível que o parâmetro de controle normativo local corresponda à
norma de repetição obrigatória da CF.
(AI 694.299 AgR, relator ministro Dias Toffoli, julgamento em 13-8-2013, 1ª Turma)

78. (CEBRASPE – SEFAZ/SE – 03/04/2022) Em conformidade com a Constituição Federal de 1988 (CF) e
com o entendimento do STF, os legitimados para a propositura de ADI incluem a entidade de classe
de âmbito nacional que possua associados em pelo menos sete estados-membros.

➢ CF
• Art. 103
Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: I – o
Presidente da República; II – a Mesa do Senado Federal; III – a Mesa da Câmara dos Deputados; IV – a
Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V – o Governador de
Estado ou do Distrito Federal; VI – o Procurador-Geral da República; VII – o Conselho Federal da

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

Ordem dos Advogados do Brasil; VIII – partido político com representação no Congresso Nacional; IX –
confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

➢ STF
• Segundo jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal, apenas as entidades de classe com associados
em ao menos nove estados da Federação dispõem de legitimidade ativa para ajuizar ação de controle
abstrato de constitucionalidade.
(ADI 4.230-AgR, Relator o Ministro Dias Toffoli, julgamento em 01/08/2011, Plenário)

79. (CEBRASPE – SEFAZ/SE – 03/04/2022) Em conformidade com a Constituição Federal de 1988 (CF) e
com o entendimento do STF, os legitimados para a propositura de ADI incluem o governador de
estado, ainda que ele esteja afastado cautelarmente de suas funções.

➢ CF
• Art. 103
Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: I – o
Presidente da República; II – a Mesa do Senado Federal; III – a Mesa da Câmara dos Deputados; IV – a
Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V – o Governador de
Estado ou do Distrito Federal; VI – o Procurador-Geral da República; VII – o Conselho Federal da
Ordem dos Advogados do Brasil; VIII – partido político com representação no Congresso Nacional; IX –
confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
➢ STF
• A suspensão das funções significa a neutralização, ainda que temporária, do liame existente entre
“titular” e “cargo”, o que acarreta a consequência de que as competências, entendidas como conjunto
de funções do órgão, tornam-se impassíveis de ativação pelo Governador afastado. Logo, o Requerente
não se acha legitimado a propor a ação direta de inconstitucionalidade.
(ADI 6.728/DF, Ministro Relator Edson Fachin, julgamento em 22/03/2021, Plenário)

80. (CEBRASPE – SEFAZ/SE – 03/04/2022) Em conformidade com a Constituição Federal de 1988 (CF) e
com o entendimento do STF, os legitimados para a propositura de ADI incluem a mesa de
assembleia legislativa, desde que demonstrada a pertinência temática.

➢ CF
• Art. 103
Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: I – o
Presidente da República; II – a Mesa do Senado Federal; III – a Mesa da Câmara dos Deputados; IV – a
Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V – o Governador de
Estado ou do Distrito Federal; VI – o Procurador-Geral da República; VII – o Conselho Federal da
Ordem dos Advogados do Brasil; VIII – partido político com representação no Congresso Nacional; IX –
confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

➢ STF
• A legitimidade ativa da confederação sindical, entidade de classe de âmbito nacional, Mesas das
Assembleias Legislativas e governadores, para a ação direta de inconstitucionalidade, vincula-se ao
objeto da ação, pelo que deve haver pertinência da norma impugnada com os objetivos do autor da
ação.
(STF. ADI 1.507 MC-AgR, relator ministro Carlos Velloso, julgamento em 03/02/1997, Plenário)

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

81. (FADESP – SEFAZ/PA – 27/03/2022) Sobre a Ação Direta de Inconstitucionalidade na Constituição


Federal do Brasil de 1988, é certo afirmar que a jurisdição constitucional abstrata brasileira admite o
ajuizamento ou a continuidade de ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo já
revogado ou cuja eficácia já tenha se exaurido, buscando preservar a supremacia constitucional em
qualquer caso.
➢ CF
• Art. 102, I, a
Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe
processar e julgar, originariamente a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo
federal ou estadual.

➢ STF
• A jurisdição abstrata brasileira não admite o ajuizamento ou a continuidade de ação direta de lei ou ato
normativo já revogado, substancialmente alterado ou cuja eficácia já tenha se exaurido,
independentemente do fato de já terem produzidos efeitos concretos residuais.
(ADI 2.594, Relator Ministro Alexandre de Moraes, julgamento em 24.08.2017)

82. (FADESP – SEFAZ/PA – 27/03/2022) Sobre a Ação Direta de Inconstitucionalidade na Constituição


Federal do Brasil de 1988, é certo afirmar que não é cognoscível pelo Supremo Tribunal Federal a
ação direta de inconstitucionalidade que examine eventual extrapolação de competência
regulamentar caracterizada por decreto autônomo que, supostamente, institui tributo mediante ato
infralegal.

➢ CF
• Art. 102, I, a
Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe
processar e julgar, originariamente a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo
federal ou estadual.

➢ STF
• Esta Corte, excepcionalmente, tem admitido ação direta de inconstitucionalidade cujo objeto seja
decreto, quando este, no todo ou em parte, manifestamente não regulamenta lei, apresentando-se,
assim, como decreto autônomo, o que dá margem a que seja ele examinado em face diretamente da
Constituição no que diz respeito ao princípio da reserva legal.
(ADI 708. Ministro relator Moreira Alves, julgamento em 22/05/1992, Plenário)

83. (CEBRASPE – MP/SE – 24/07/2022) De acordo com o art. 40, § 1º, da Lei Complementar nº 73/1993, o
parecer editado pelo advogado-geral da União, aprovado pelo presidente da República e publicado
no Diário Oficial da União vincula a administração federal, cujos órgãos e entidades ficam obrigados
a lhe dar fiel cumprimento. Com base nesse dispositivo legal, é correto afirmar que o referido
parecer pode ser atacado, dada a sua natureza normativa, por meio de ação direta de
inconstitucionalidade.

➢ CF
• Art. 102, I, a
Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe
processar e julgar, originariamente a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo
federal ou estadual.

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

➢ STF
• É possível entrar com ação direta de inconstitucionalidade contra parecer da AGU quando esse
documento, após ser aprovado pelo presidente da República, criar alguma regra para a administração.
(ADI 4538, Ministro Relator Gilmar Mendes, julgamento em 32/08/2011, Plenário)

84. (CEBRASPE – DPE/TO – 23/03/2022) Considere que tenha sido ajuizada, em tribunal de justiça local,
uma ação direta de inconstitucionalidade contra lei ou ato normativo editado por município, tendo
como parâmetro de controle dispositivo da Constituição Federal de 1988 (CF). Nesse caso, de acordo
com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), o controle abstrato de constitucionalidade
pode ser exercido pelo tribunal de justiça, caso o parâmetro de controle invocado na ação seja norma
de reprodução obrigatória na Constituição estadual.

➢ CF
• Art. 125, § 2º
Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos
estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir
a um único órgão.

➢ STF
• Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis municipais
utilizando como parâmetro normas da Constituição Federal, desde que se trate de normas de
reprodução obrigatória pelos Estados.
(STF. RE 650898, Relator Ministro Marco Aurélio, julgamento em 01/02/2017, Plenário)

85. (CEBRASPE – TJ/MA – 17/07/2022) O efeito vinculante em ação direta de inconstitucionalidade


(ADI) e em ação declaratória de constitucionalidade (ADC) não atinge o Poder Legislativo no
exercício de sua função típica de legislar, em observância à proibição de fossilização constitucional.

➢ CF
• Art. 102, § 2º
As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de
inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos
e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública
direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.

➢ Lei 9868
• Art. 28, Parágrafo único
A declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, inclusive a interpretação conforme a
Constituição e a declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto, têm eficácia contra
todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal,
estadual e municipal.

➢ STF
• O efeito vinculante e a eficácia contra todos (erga omnes), que qualificam os julgamentos que o Supremo
Tribunal Federal profere em sede de controle normativo abstrato, incidem, unicamente, sobre os demais
órgãos do Poder Judiciário e os do Poder Executivo, não se estendendo, porém, em tema de produção
normativa, ao legislador, que pode, em consequência, dispor, em novo ato legislativo, sobre a mesma
matéria versada em legislação anteriormente declarada inconstitucional pelo Supremo, ainda que no

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

âmbito de processo de fiscalização concentrada de constitucionalidade, sem que tal conduta importe em
desrespeito à autoridade das decisões do STF.
(Rcl 5.442-MC, Relator Ministro Celso de Mello, decisão monocrática, julgamento em 31/8/2007)

86. (CEBRASPE – DPE/SE – 23/03/2022) Admite-se a utilização da ADPF em face de atos estatais ainda
não aperfeiçoados.

➢ CF
• Art. 102, § 1º
A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta
Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.

➢ Legislação
• Lei 9882, art. 1º e parágrafo único
A arguição prevista no § 1o do art. 102 da Constituição Federal será proposta perante o Supremo
Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do
Poder Público.

➢ STF
• À luz da Lei 9882/99, a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) deve recair
sobre ato do Poder Público não mais suscetível de alteração. A proposta de emenda à Constituição não
se insere na condição de ato do Poder Público pronto e acabado, porque ainda não ultimado o seu ciclo
de formação.
(ADPF 43-AgR. Relator Ministro Carlos Britto, julgamento em 20/11/2003, Plenário)

87. (CEBRASPE – MP/SE – 24/07/2022) Um partido político ajuizou ação de descumprimento de preceito
fundamental (ADPF) perante o Supremo Tribunal Federal (STF) contra acórdão do Tribunal de
Contas da União (TCU) que afastou a subvinculação de verbas para pagamento de salários dos
professores, estabelecida na legislação federal, aos valores de complementação de fundo da educação
pagos pela União aos estados e aos municípios por força de condenação judicial. O acórdão do TCU
não pode ser objeto de controle de constitucionalidade.

➢ CF
• Art. 102, § 1º
A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada
pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.

• Art. 103, VIII


Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade:
Partido Político com representação no Congresso Nacional.

➢ Legislação
• L. 9882
Art. 1º. A arguição prevista no § 1º do art. 102 da Constituição Federal será proposta perante o Supremo
Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do
Poder Público.

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

Art. 2º, I. Podem propor arguição de descumprimento de preceito fundamental:


Os legitimados para a ação direta de inconstitucionalidade.

➢ STF
• O Tribunal, por unanimidade, julgou improcedente a arguição de descumprimento de preceito
fundamental, declarando constitucional o Acórdão 1.824/2017 do Tribunal de Contas da União, que
afastou a subvinculação estabelecida no art. 22 da Lei n. 11.494/2007 aos valores de complementação do
FUNDEF/FUNDEB pagos pela União aos Estados e aos Municípios por força de condenação judicial
(…).
(ADPF 528/DF, Min. Relator Alexandre de Moraes, julgamento em 21/03/2022, Pleno)

88. (CEBRASPE – TJ/MA – 17/07/2022) A arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF)


não é instrumento eficaz de controle da inconstitucionalidade por omissão.

➢ STF
• A arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) é instrumento eficaz de controle da
inconstitucionalidade por omissão. A ADPF pode ter por objeto as omissões do poder público, quer
totais ou parciais, normativas ou não normativas, nas mesmas circunstâncias em que ela é cabível
contra os atos em geral do poder público, desde que essas omissões se afigurem lesivas a preceito
fundamental, a ponto de obstar a efetividade de norma constitucional que o consagra.
(Plenário. ADPF 272/DF, Relatora Ministra Cármen Lúcia, julgamento em 25/3/2021 – Informativo 1011)

89. (FGV – TJ/SC – 21/08/2022) Sobre a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental,


instituída pela Lei nº 9.882/1999, como instrumento de controle de constitucionalidade, é correto
afirmar, de acordo com a jurisprudência majoritária do Supremo Tribunal Federal, que em
homenagem ao princípio da subsidiariedade, não é possível aplicar a fungibilidade e convolá-la em
Ação Direta de Inconstitucionalidade.

➢ CF
• Art. 102, § 1º
A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada
pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.

➢ Legislação
• L. 9882, art. 4º, § 1º
Não será admitida arguição de descumprimento de preceito fundamental quando houver qualquer
outro meio eficaz de sanar a lesividade. (Obs. Principio da Subsidiariedade)

➢ STF
• Aplicação do princípio da fungibilidade.
É lícito conhecer de ação direta de inconstitucionalidade como arguição de descumprimento de preceito
fundamental, quando coexistentes todos os requisitos de admissibilidade desta, em caso de
inadmissibilidade daquela.
(ADPF 72/PA. Relatora Ministra Ellen Gracie, julgamento em 1/6/2005, Plenário)
• Aplicação do princípio Sá subsidiariedade
Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a ADPF, como instrumento de fiscalização
abstrata das normas, está submetida, cumulativamente, ao requisito da relevância constitucional da
controvérsia suscitada e ao regime da subsidiariedade, não presentes no caso.
(ADPF 210 AgR, Relator Ministro Teori Zavascki, julgamento em 06/06/201, Plenário)

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DIREITO CONSTITUCIONAL CRISTINA LUNA

90. (FGV – TJ/SC – 21/08/2022) Sobre a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental,


instituída pela Lei nº 9.882/1999, como instrumento de controle de constitucionalidade, é correto
afirmar, de acordo com a jurisprudência majoritária do Supremo Tribunal Federal, que não é
admissível o emprego para reparar ou evitar lesão a preceito fundamental, resultante de omissão do
poder público.

➢ STF
• A arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) é instrumento eficaz de controle da
inconstitucionalidade por omissão.
A ADPF pode ter por objeto as omissões do poder público, quer totais ou parciais, normativas ou não
normativas, nas mesmas circunstâncias em que ela é cabível contra os atos em geral do poder público,
desde que essas omissões se afigurem lesivas a preceito fundamental, a ponto de obstar a efetividade de
norma constitucional que o consagra.
(ADPF 272/DF, Relatora Ministra Cármen Lúcia, julgamento em 25/3/2021, Plenário – Informativo 1011)

91. (FGV – TJ/SC – 21/08/2022) Sobre a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental,


instituída pela Lei nº 9.882/1999, como instrumento de controle de constitucionalidade, é correto
afirmar, de acordo com a jurisprudência majoritária do Supremo Tribunal Federal, que é uma
ferramenta que poderá ser proposta contra Súmula Vinculante do STF, uma vez que, em razão do
princípio da subsidiariedade, não há outro meio eficaz de questioná-la.

➢ STF
• ADPF não é a via adequada para se obter a interpretação, a revisão ou o cancelamento de súmula
vinculante.
(ADPF 147-AgR, Relatora Ministra Cármen Lúcia, julgamento em 24/03/2011, Plenário)

92. (FGV – TJ/SC – 21/08/2022) Sobre a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental,


instituída pela Lei nº 9.882/1999, como instrumento de controle de constitucionalidade, é correto
afirmar, de acordo com a jurisprudência majoritária do Supremo Tribunal Federal, que é um
mecanismo que não poderá ser proposto contra ato normativo já revogado, ainda que seja anterior à
Constituição da República de 1988.

➢ STF
• A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental não carece de interesse de agir em razão da
revogação da norma objeto de controle, máxime ante a necessidade de fixar o regime aplicável às
relações jurídicas estabelecidas durante a vigência da lei, bem como no que diz respeito a leis de
idêntico teor aprovadas em outros Municípios.
(ADPF 449, Relator(a): Min. LUIZ FUX, julgamento em 08/05/2019, Plenário)

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