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AVALIAÇÃO DE DIREITO CONSTITUCIONAL I

TURMA 2019/2 - DATA 26/04/2021

PROFESSOR: SILVÉRIO DOS SANTOS OLIVEIRA


ACADÊMICA: JANINE MONIQUE BRONSTRUP ALVES DA SILVA

QUESTÕES
1. Discorra sobre a perspectiva histórica do sistema constitucional;
2. Discorra sobre a constitucionalização do direito. cite exemplos;
3. Discorra sobre os princípios do estado de direito democrático, segundo a
CF/88;
4. Dissertar sobre o princípio de liberdade de pensamento e expressão,
segundo a CF/88 e comente sobre decisões do STF sobre o assunto em
questão;
5. Discorra sobre direitos políticos, segundo a constituição vigente. cite
decisão do STF;
6. Discorra os princípios disposto no art. 3° da CF;
7. Discorra sobre o disposto no art. 2° da CF e comente pelo menos 3
decisões do STF sobre a questão, com citação dos dados da ação.
8. Dissertar sobre - art. 3°. IV - Promover o bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
de discriminação. Considerando decisões do STF.
9. Discorra sobre - Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência
aos desamparados, na forma desta Constituição. Comente decisões do
STF em tempos de pandemia.
10. Discorra sobre Art. 37°. A administração pública direta e indireta de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência [...]. Cite decisões do STF.

RESPOSTAS
1. O sistema constitucional é um agregado de normas constitucionais que
objetiva a regulação de um Estado e a harmonização das demais
normas. Desde a idade antiga se tinha uma preocupação em ter um
sistema que organizasse a vida política, porém a ideia de
constitucionalismo é uma “novidade” dos períodos revolucionários, como
a revolução francesa de 1789, que teve a preocupação com os direitos
individuais. Ao longo da história surgiu a preocupação com os direitos
sociais e o princípio da igualdade e onde o Estado deveria agir. Após a
segunda guerra os direitos humanos tomaram forma e integraram as
normas nacionais e internacionais, assim partiu o sistema constitucional
contemporâneo. O sistema constitucional do Estado Democrático de
Direito está baseado em um ordenamento jurídico que determina limites
ao Estado e se tem o rol de direitos universais bem caracterizado. A
cada manifestação histórica do constitucionalismo ocorreu um
alinhamento dos ideais das sociedades com os do Estado.
2. A constitucionalização do Direito é a força da Constituição sobre as
demais normas, sendo assim é exigido que ao se ater a leitura das leis
infraconstitucionais, se faça a harmonização com a Constituição. Por
exemplo, ao âmbito do direito civil, a concessão de alimentos nas uniões
homoafetivas deve não somente se prender a leitura do dispositivo do
código civil mas também buscar seguir os princípios da isonomia da
Constituição. Assim como o direito do trabalho deve se atentar a
dignidade da pessoa humana também da Constituição Federal.
3. Os princípios são a base da criação das normas, na CF 88, estão
dispostos nos artigos 1º ao 4º como princípios fundamentais, os que
representam decisões políticas que preveem as características
essenciais do Estado. Entre eles estão o princípio da separação dos
poderes, dos objetivos fundamentais, princípios da República Federativa
do Brasil nas relações internacionais e os fundamentos da RFB. Há
também os princípios jurídico-constitucionais que derivam dos princípios
fundamentais, onde estão os princípios do devido processo legal, juiz
natural e da legalidade.
4. O princípio da liberdade de pensamento e expressão é um direito de
todos, e compreende a liberdade de buscar, receber e difundir
informações e ideais de toda natureza. No tocante a programas de
humor e charges o STF decidiu em 2012 que programas humorísticos,
charges e modo caricatural de pôr em circulação ideias, opiniões, frases
e quadros espirituosos compõem as atividades de “imprensa”, sinônimo
perfeito de “informação jornalística” (§ 1º do art. 220). Nessa medida,
gozam da plenitude de liberdade que é assegurada pela Constituição à
imprensa. [STF. ADI 4.451 MC-REF, rel. min. Ayres Britto, P, j. 2-9-2010,
DJE de 1º-7-2011, republicação no DJE de 24- 8-2012.] Contudo há
limites à liberdade de expressão, o Tribunal reiterou que a liberdade de
expressão não é um direito absoluto. O art. 13.2 da Convenção, que
proíbe a censura prévia, também prevê a possibilidade de exigir
responsabilidades pelo exercício abusivo deste direito, inclusive para
“assegurar o respeito aos direitos e a reputação das demais pessoas”
(alínea “a” do art. 13.2). Essas restrições são de natureza excepcional e
não devem limitar, para além do estritamente necessário, o pleno
exercício da liberdade de expressão e tornar-se um mecanismo direto ou
indireto da censura prévia. A este respeito, o Tribunal estabeleceu que
se pode impor tais responsabilidades posteriores, na medida em que for
afetado o direito à honra e à reputação. [Corte IDH. Caso Lagos del
Campo vs. Peru. Exceções preliminares, mérito, reparações e custas.
Sentença de 31-8-2017. Tradução livre.]
5. Os direitos políticos estão grafados na carta magna e permitem que o
povo possa participar do processo de escolha dos personagens políticos
que dirigem o país, não apenas votando mas também se candidatando.
É na CF que está decidido quem pode votar, assim como quem não
pode, mas também quem pode se candidatar e quem não pode. o
Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu o julgamento do
Recurso Extraordinário (RE) 601182, com repercussão geral
reconhecida. Por maioria dos votos, os ministros fixaram entendimento
de que a suspensão de direitos políticos nos casos de condenação
criminal transitada em julgado aplica-se às hipóteses de substituição da
pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos.
6. O art. 3° da CF/88 define nortes básicos a serem seguidos pelo poder
público. No inciso I trata de que o Estado tem que propiciar todos os
meios para que seja exercida a democracia. Já no inciso II, trata de que
o Estado deve garantir o desenvolvimento nacional e isso se dá pelo
aperfeiçoamento do ser humano, das propriedades e instituições. No
inciso III entende-se que é objetivo do Estado tomar medidas que
possibilitem a igualdade de condições para toda a população sem
distinção. No art. IV é taxativo que todos são iguais perante a lei e que
isso soma-se ao princípio da isonomia, pois ninguém deve ser tratado de
maneira diferente e ser menosprezado por qualquer característica que
possua, seja no âmbito físico, seja no âmbito abstrato.
7. O art. 2º da CF/88 trata sobre os poderes da União, sendo que o Estado
brasileiro é organizado em tripartição dos poderes: legislativo, judiciário
e executivo. Esse sistema de controle recíprocos, pois cada um tem uma
função, também conhecido como sistema de freios e contrapesos é
essencial para a harmonia do Estado. Eles cooperam entre si e são
independentes. O STF tem como meio de regularizar a criação de órgão
de controle administrativo que participem outros poderes, como é a
súmula 649 “É inconstitucional a criação, por Constituição Estadual, de
órgão de controle administrativo do Poder Judiciário do qual participem
representantes de outros poderes ou entidades.”. Também foi decidido
que verbas estaduais não podem ser objeto de bloqueio, penhora e/ou
sequestro para pagamento de valores devidos em ações trabalhistas,
ainda que as empresas reclamadas detenham créditos a receber da
administração pública estadual, em virtude do disposto no art. 167, VI e
X, da CF, e do princípio da separação de poderes (art. 2º da CF). [ADPF
485, rel. min. Roberto Barroso, j. 7-12-2020, P, DJE de 4-2-2021.]. Em
harmonia a decisão que diz que as restrições impostas ao exercício das
competências constitucionais conferidas ao Poder Executivo, incluída a
definição de políticas públicas, importam em contrariedade ao princípio
da independência e harmonia entre os Poderes. [ADI 4.102, rel. min.
Cármen Lúcia, j. 30-10-2014, P, DJE de 10-2-2015.] Vide RE 436.996
AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 22-11-2005, 2ª T, DJ de 3-2-2006.
8. Entende-se que pelo art. 3º, IV, há o princípio da isonomia, ninguém
pode ser discriminado por sua identidade de gênero por exemplo,
conforme decisões do STF, não se pode permitir que a lei faça uso de
expressões pejorativas e discriminatórias, ante o reconhecimento do
direito à liberdade de orientação sexual como liberdade existencial do
indivíduo. Manifestação inadmissível de intolerância que atinge grupos
tradicionalmente marginalizados. [ADPF 291, rel. min. Roberto Barroso,
j. 28-10-2015, P, DJE de 11-5-2016.] Também o transgênero tem direito
fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua
classificação de gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto,
nada além da manifestação de vontade do indivíduo, o qual poderá
exercer tal faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via
administrativa. Essa alteração deve ser averbada à margem do assento
de nascimento, vedada a inclusão do termo “transgênero”. Nas certidões
do registro não constará nenhuma observação sobre a origem do ato,
vedada a expedição de certidão de inteiro teor, salvo a requerimento do
próprio interessado ou por determinação judicial. (...) Qualquer
tratamento jurídico discriminatório sem justificativa constitucional
razoável e proporcional importa em limitação à liberdade do indivíduo e
ao reconhecimento de seus direitos como ser humano e como cidadão.
[RE 670.422, rel. min. Dias Toffoli, j. 15-8-2018, P, Informativo 911, RG,
tema 761.]
9. No art. 6º da CF/88 estão os direitos sociais, que em tempo de
pandemia devem ter sua priorização ainda mais elevada. O STF, por
exemplo, já pronunciou que a Covid-19 é equiparada a acidente de
trabalho, por unanimidade, o STF reiterou, de forma liminar, que a
pandemia expõe diariamente trabalhadores da saúde e de outros
serviços essenciais, como de supermercados, farmácias, além de
motoboys, ao risco de contaminação. Ao analisar a Medida Provisória
(MP) nº 927 – editada por Jair Bolsonaro. Os ministros julgaram como
ilegal o artigo 29 da medida, que estabelecia que os casos de
contaminação pelo novo coronavírus não seriam “considerados
ocupacionais, exceto mediante comprovação do nexo causal”. Ainda, O
Supremo Tribunal Federal encerrou o julgamento da Arguição de
Descumprimento de Direito Fundamental (ADPF) 742/2020. A ação foi
proposta pela Coordenação Nacional das Comunidades Negras Rurais
Quilombolas (Conaq), em conjunto com cinco partidos, em setembro de
2020. Na decisão, a Corte estabelece que o governo Bolsonaro deve
apresentar, em um prazo de 30 dias, um plano de enfrentamento à
Covid-19 nos quilombos, além de garantir a prioridade à vacinação
destas comunidades.
10. De extrema importância se faz o art. 37 da CF/88, pois está
demonstrado os princípios a que a administração pública deve
obedecer. O princípio da legalidade é o pilar da conduta dos agentes
públicos. O princípio da impessoalidade impede que o servidor público
utilize interesses e opiniões pessoais no exercício administrativo. O
princípio da moralidade vem exigir, além da atuação administrativa, que
esta respeite a lei, seja ética, leal e séria. O princípio da publicidade diz
respeito a transparência e o princípio da eficiência tem por objetivo
aumentar a produtividade e a economicidade. Para o STF, a
administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos
[Súmula 346.], o que preza pelo princípio da legalidade. Ainda, A
vedação ao nepotismo na Administração Pública decorre diretamente da
Constituição Federal e sua aplicação deve ser imediata e verticalizada.
Viola os princípios da moralidade, impessoalidade e isonomia diploma
legal que excepciona da vedação ao nepotismo os servidores que
estivessem no exercício do cargo no momento de sua edição [ADI
3.094, rel. min. Edson Fachin, j. 27-9-2019, P, DJE de 15-10-2019.].

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