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CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO

NORTE
TÍTULO I - DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Art. 1º. O Estado do Rio Grande do Norte, Unidade Federada integrante e inseparável da
República Federativa do Brasil, rege-se por esta Constituição e pelas leis que adotar, respeitados
os princípios da Constituição da República Federativa do Brasil, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I – a autonomia do Estado e seus Municípios;
II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V – o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce, por meio de representantes eleitos,
ou diretamente, nos termos desta Constituição.

O Estado do Rio Grande do Norte é um ente da federação brasileira, e, por isso, tem sua autonomia
assegurada pela Constituição Federal. Essa autonomia traduz-se, dentre outras características, na
capacidade de se auto-organizar, regendo-se por sua Constituição e por suas próprias leis, observada a
Constituição Federal.

A Constituição Federal de 1988 consagra, como fundamentos da República Federativa do Brasil, a


soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o
pluralismo político.

Logo em seu art. 1º, a CE/RN dispõe que esses também são fundamentos da organização estadual; dentre
eles, o único que não se aplica ao Rio Grande do Norte é a soberania. Não poderia acontecer diferente, uma
vez que o Estado, enquanto ente federativo, não é dotado de soberania, mas tão-somente de autonomia
política.

O Estado do Rio Grande do Norte está integrado de forma indissolúvel à República Federativa do Brasil, o
que é decorrência do princípio federativo; sabe-se, afinal, que, no estado federal, é vedada a secessão.

O povo, conforme o parágrafo único do art. 1º, é o titular do poder político, o que nos permite falar na ideia
de soberania popular.

Art. 2º. São Poderes do Estado, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e
o Judiciário.
Esse artigo reproduz o art. 2o da Constituição Federal, que trata do princípio da separação dos poderes.

O dispositivo fala em harmonia e independência entre os Poderes. A primeira significa cooperação,


colaboração entre os Poderes. Visa garantir que estes expressem uniformemente a vontade do Estado. Já a
segunda, traduz-se na ausência de subordinação de um Poder a outro.

TÍTULO II - DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

Capítulo I - Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos

Art. 3º. O Estado assegura, nos limites de sua competência, os direitos e garantias fundamentais
que a Constituição Federal reconhece a brasileiros e estrangeiros.

Com fundamento no princípio da dignidade humana, valor-fonte de todo o ordenamento jurídico brasileiro,
a Constituição do Rio Grande do Norte reconhece que os direitos e garantias previstos na Constituição
Federal são aplicados aos brasileiros e estrangeiros em seu território. Destaque-se que a Constituição
Estadual optou por apenas fazer referência aos direitos fundamentais consagrados pela CF/88, ao invés de
enumerar todos eles.

Art. 4º. A lei adota procedimento sumário de apuração de responsabilidade por desrespeito à
integridade física e moral dos presos, cominando penas disciplinares ao servidor estadual, civil ou
militar, encontrado em culpa.

Essa é uma norma de eficácia limitada, cujo objetivo é conferir especial proteção aos presos, zelando pela
integridade física e moral destes. Caberá à lei estabelecer procedimento sumário de apuração de
responsabilidade por desrespeito à integridade física e moral dos presos, cominando penas disciplinares aos
servidores estaduais, civis ou militares, que agirem com culpa.

Art. 5º. Lei complementar regula as condições de cumprimento de pena no Estado, cria Fundo
Penitenciário com a finalidade de assegurar a efetividade do tratamento legal previsto aos
reclusos e dispõe sobre a instalação de comissões técnicas de classificação.
§ 1º. O Poder Judiciário, pelo Juízo das Execuções Penais, publica, semestralmente, relação
nominal dos presos, fazendo constar a pena de cada um e o início de seu cumprimento.
§ 2º. Na elaboração dos regimentos internos e disciplinares dos estabelecimentos penais do
Estado, além do órgão específico, participam o Conselho Penitenciário do Estado, o Juízo das
Execuções Penais e o Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, observando-se, entre
outros princípios, a resolução da Organização das Nações Unidas acerca do tratamento de
reclusos.

Segundo o art. 24, I, CF/88, é competência concorrente da União, Estados e Distrito Federal legislar sobre
direito penitenciário. Na Constituição do Rio Grande do Norte, nota-se a preocupação com essa temática.

O art. 5º estabelece que serão objeto de lei complementar estadual:


a) Regulação das condições de cumprimento de pena no Estado;
b) Criação do Fundo Penitenciário;
c) Instalação de comissões técnicas de classificação. Obs: Essas comissões fazem a classificação dos presos,
com o objetivo de promover a individualização da pena.

Art. 6º. A lei coíbe a discriminação política e o favorecimento de partidos ou grupos políticos pelo
Estado, autoridades ou servidores estaduais, assegurando ao prejudicado, pessoa física ou
jurídica, os meios necessários e adequados à recomposição do tratamento igual para todos.

A CE/RN, com o objetivo de promover a isonomia, estabelece que a lei coíbe a discriminação política e o
favorecimento de partidos ou grupos políticos. A todos deve ser garantido igual tratamento em razão da
consciência política e filiação partidária.

Art. 7º. Quem não receber, no prazo de dez (10) dias, informações de seu interesse particular, ou
de interesse coletivo ou geral, requeridas a órgãos públicos estaduais, pode, não sendo hipótese
de “habeas-data”, exigi-las, judicialmente, devendo o Juiz competente, ouvido quem as deva
prestar, no prazo de vinte e quatro (24) horas, decidir, em cinco (5) dias, intimando o responsável
pela recusa ou omissão a fornecer as informações requeridas, sob pena de desobediência, salvo
a hipótese de sigilo imprescindível à segurança da sociedade ou do Estado.

O art. 5º, XXXIII, CF/88, estabelece que “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”.
É o direito à informação, excepcionado apenas diante de informações cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado.

A CE/RN, com o objetivo de dar maior celeridade à efetivação desse direito, estabelece o prazo de 10 (dez)
dias para que os órgãos públicos atendam o pedido de informação. Ultrapassado esse prazo, caso não seja
hipótese de habeas data, o solicitante poder requerer ao Judiciário, que intimará o responsável pela recusa
ou omissão a fornecer as informações, a menos que sejam imprescindíveis à segurança da sociedade ou do
Estado.

Capítulo II - Dos Direitos Sociais

Art. 8º. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, a moradia, o trabalho, o
transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, consoante definidos no art. 6º da Constituição Federal e
assegurados pelo Estado.
Art. 9º. O Estado garante, nos limites de sua competência, a inviolabilidade dos direitos
assegurados pela Constituição Federal aos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social.

O art. 8º, da CE/RN relaciona os direitos sociais, reproduzindo o texto da CF/88. Sobre o tema, vale a pena
destacar que a EC nº 90/2015 acrescentou o transporte ao rol dos direitos sociais do art. 6º da CF/88.
Além disso, o Estado também deve assegurar a inviolabilidade dos direitos dos trabalhadores urbanos e
rurais garantidor pela CF/88.

Capítulo III - Dos Direitos Políticos

Art. 10. A soberania popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com
valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I – plebiscito;
II – referendo;
III – iniciativa popular.
§ 1º. São condições de elegibilidade, na forma da lei:
I – a nacionalidade brasileira;
II – o pleno exercício dos direitos políticos;
III – o alistamento eleitoral;
IV – o domicílio eleitoral na circunscrição;
V – a filiação partidária;
VI – a idade mínima de:
a) trinta (30) anos para Governador e Vice-Governador do Estado;
b) vinte e um (21) anos para Deputado Estadual, Prefeito, Vice-Prefeito e Juiz de Paz;
c) dezoito (18) anos para Vereador.
§ 2º. São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
§ 3º. O Governador do Estado, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso
dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente.
§ 4º. Para concorrerem a outros cargos, o Governador do Estado e os Prefeitos devem renunciar
aos respectivos mandatos até seis (6) meses antes do pleito.
§ 5º. São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos
ou afins, até o segundo grau, ou por adoção, do Governador do Estado ou do Prefeito ou de quem
os haja substituído dentro dos seis (6) meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato
eletivo e candidato à reeleição.

O art. 10 reproduz dispositivos da CF/88, não trazendo nenhuma novidade.

O voto direto, secreto, universal e periódico é cláusula pétrea prevista na Constituição Federal de 1988; é a
forma por excelência de manifestação da soberania popular. Não é, todavia, a única, já que, no Brasil vigora
a democracia semidireta ou participativa, caracterizada pelo fato de que o povo participa das decisões
políticas, indiretamente, por meio de seus representantes eleitos e diretamente, como através de plebiscito,
referendo e iniciativa popular.
Tanto o plebiscito quanto o referendo são formas de consulta ao povo sobre matéria de grande relevância.
A diferença entre esses institutos reside no momento da consulta. Enquanto no plebiscito a consulta se dá
previamente à edição do ato legislativo ou administrativo, que retratará a decisão popular, no referendo
ela ocorre posteriormente, cabendo ao povo ratificar (confirmar) ou rejeitar o ato.

No § 1º foram enumerados os requisitos a serem cumpridos por aqueles que querem ocupar cargos eletivos.
Ressalta-se que no âmbito Estadual, exige-se a idade mínima de 30 anos para o ocupante dos cargos de
Governador e Vice-Governador e 21 para Deputado Estadual e Juiz de Paz.

Os §§ 3º e 5º trazem, respectivamente, as inelegibilidades por motivos funcionais e reflexa.

1. (Questão Inédita) A elaboração das Constituições Estaduais é manifestação do Poder Constituinte


Derivado Decorrente.

Comentário:

É isso mesmo! O Poder Constituinte Derivado Decorrente se manifesta por meio da elaboração das
Constituições Estaduais.

2. (Questão inédita) São princípios fundamentais do Estado do Rio Grande do Norte os mesmos
fundamentos previstos na CF/88, ou seja, soberania, cidadania, dignidade da pessoa humana, valores
sociais do trabalho e da livre iniciativa, e pluralismo político.

Comentário:

O erro foi a afirmação que o fundamento da soberania se aplica ao Estado. Soberania é uma prerrogativa
apenas da República Federativa do Brasil, todos os demais entes são apenas autônomos. A questão está
errada.

3. (Questão inédita) A Constituição do Rio Grande do Norte assegura proteção especial aos presos ao
determinar que lei deve estabelecer procedimento sumário para apuração de responsabilidade do
desrespeito à integridade física e moral dos presos.

Comentário:

A questão está de acordo com o art. 4º da Constituição do Estado.

4. (Questão inédita) Para ocupar o cargo de Governador do Estado, o eleito deve ter, dentre outras
condições, no mínimo, 30 anos e ter domicílio eleitoral no Estado.
Comentário:

Estes são requisitos listados no § 1º do art. 10 da CE/RN.

TÍTULO III - DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO

Capítulo I - Da Organização Político-Administrativa

Art. 11. A cidade do Natal é a Capital do Estado.


Art. 12. São símbolos do Estado a bandeira, o brasão de armas e o hino, existentes na data da
promulgação desta Constituição.
§ 1º. Os Municípios podem ter símbolos próprios.
§ 2º. A administração pública direta e indireta, de qualquer dos Poderes do Estado e dos
Municípios, somente poderão utilizar em peças publicitárias, como marca de Governo, o brasão
de armas ou a bandeira oficial, respectivos, e, como slogan, a frase contendo a indicação do
Poder, do Estado ou do Município.
§ 3º. Fica vedada a fixação de imagem de Chefe de Poder ou Presidente de Órgão nas repartições
públicas.

A capital do Rio Grande do Norte é a cidade de Natal, onde os Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário)
têm sua sede. Os símbolos do estado são a bandeira, o brasão de armas e o hino. Destaque-se que os
Municípios podem ter símbolos próprios.

As administrações direta e indireta dos Poderes do Estado e do Município podem criar peças publicitárias,
com marcas do governo e slogan, por exemplo, inclusive com frases indicativas do Poder do Estado ou do
Município. No entanto, não poderá haver afixação da imagem do Chefe de Poder ou Presidente de Órgão
nas repartições públicas.

Art. 13. A organização político-administrativa do Estado do Rio Grande do Norte compreende o


Estado e seus Municípios, todos autônomos, nos termos da Constituição Federal, desta
Constituição e de suas leis orgânicas.

A organização político-administrativa do Rio Grande do Norte compreende os Municípios, os quais são


regidos por leis orgânicas próprias.

Art. 14. A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, devem preservar


a continuidade e a unidade histórico-cultural do ambiente urbano, e far-se-ão por lei estadual,
dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia,
mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de
Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.
O art. 14 da Constituição do Rio Grande do Norte está alinhado com o previsto no § 4º do art. 18 da CF/88.
Da leitura do dispositivo supratranscrito, percebe-se que são necessários os seguintes requisitos para a
criação, incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios:

a) Edição de lei complementar federal pelo Congresso Nacional, fixando genericamente o período
dentro do qual poderá ocorrer a criação, incorporação, fusão e desmembramento de municípios.
Destaque-se que esta lei complementar até hoje não editada.
b) Aprovação de lei ordinária federal determinando os requisitos genéricos e a forma de divulgação,
apresentação e publicação dos estudos de viabilidade municipal;
c) Divulgação dos estudos de viabilidade municipal, na forma estabelecida pela lei mencionada
acima;
d) Consulta prévia, por plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos. O resultado do
plebiscito, quando desfavorável, impede a criação do novo Município. Por outro lado, caso seja
favorável, caberá à Assembleia Legislativa decidir se irá ou não criar o Município.
e) Aprovação de lei ordinária estadual pela Assembleia Legislativa determinando a criação,
incorporação, fusão e desmembramento do(s) município(s). Trata-se de ato discricionário da
Assembleia Legislativa.

A CE/RN traz como requisito adicional para a criação de Municípios no Estado, não previsto na CF/88, a
preservação da continuidade e da unidade histórico-cultural do ambiente urbano.

Art. 15. É vedado ao Estado e aos Municípios:


I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou
manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na
forma da lei, a colaboração de interesse público;
II – recusar fé aos documentos públicos;
III – criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

O art. 15, CE/RN, reproduz algumas vedações federativas previstas no art. 19, CF/88.

O inciso I confirma a posição do Brasil como um Estado laico, que não adota nenhuma religião como oficial.
Admite-se que os entes federativos estabeleçam a colaboração com cultos religiosos ou igrejas, na forma da
lei, em casos excepcionais, como quando igrejas abrigam vítimas de desastres naturais a pedido do Estado.

O Estado, como ente federado, não pode recusar documentos públicos produzidos por outro em virtude de
sua procedência, previsão que visa a fortalecer o pacto federativo. Já o inciso III reforça que o ente não pode
criar distinções entre brasileiros, em função de sua naturalidade, ou entre unidades e entidades da
federação, é uma expressão do princípio da impessoalidade.

Capítulo II - Dos Bens do Estado

Art. 16. São bens do Estado:


I – os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;
II – as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste
caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;
III – as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
IV – as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

Para saber quais são os bens do Estado do Rio Grande do Norte, devemos fazer uma leitura combinada dos
textos da Constituição Federal e da Constituição Estadual. O art. 26 da CF/88 dispõe o seguinte sobre os bens
dos Estados:

Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:


I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma
da lei, as decorrentes de obras da União;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da
União, Municípios ou terceiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
[Comentário: As ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países são bens da União.]
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.
[Comentário: As terras devolutas da União são aquelas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações
e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental.]

A lista de bens do art. 26, CF/88, não é taxativa. Os Estados podem detalhar melhor a respeito de seu domínio
patrimonial, por isso a Constituição do Rio Grande do Norte dispôs que serão bens do Estado aqueles que hoje
lhe pertencem e os que vier a adquirir.

Art. 17. A alienação, a qualquer título, de bens imóveis do Estado, depende de licitação e prévia
autorização legislativa.
§ 1º. Depende de licitação a alienação, a qualquer título, de bens móveis e semoventes do Estado.
§ 2º. Dispensa-se licitação quando o adquirente for pessoa jurídica de direito público interno ou
entidade de sua administração indireta

Em razão do princípio da indisponibilidade do interesse público, a alienação de bens imóveis do Estado do


Rio Grande do Norte depende de dois requisitos: i) autorização prévia da Assembleia Legislativa e; ii) prévia
licitação. A licitação será dispensada quando o adquirente for pessoa jurídica de direito público interno ou
entidade da administração indireta.

Capítulo III - Da Competência do Estado

Art. 18. O Estado exerce em seu território todo o poder que lhe não seja vedado pela Constituição
Federal, competindo-lhe, especialmente:
I – explorar, diretamente ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma
da lei;
II – explorar, diretamente ou mediante concessão, permissão ou autorização, os serviços de
transporte rodoviário de passageiros, ferroviário e aquaviário de qualquer espécie, que não
ultrapassem os limites do território estadual;
III – instituir, mediante lei complementar, regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e
microrregiões, constituídas por agrupamentos de Municípios limítrofes, para integrar a
organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum;
IV – celebrar convênios com a União, outros Estados ou Municípios, para execução de leis, serviços
ou decisões, por servidores federais, estaduais ou municipais;
V – cooperar com a União, Estados e Municípios para o desenvolvimento nacional equilibrado e
o fomento de bem-estar de todo o povo brasileiro.
VI – organizar e manter a Polícia Civil, a Polícia Penal, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros
Militar.

A Constituição Federal de 1988 não listou, de forma taxativa, todas as competências dos Estados, motivo
pelo qual a doutrina considera que os Estados possuem competência remanescente (residual). É por isso
que o art. 18, caput, da Constituição Estadual, dispõe que “o Estado exerce em seu território todo o poder
que lhe não seja vedado pela Constituição Federal”.

Neste mesmo artigo foram estabelecidas algumas competências do Estado, como:

a) Explorar, direta ou indiretamente, serviços de gás canalizado.


b) Explorar, direta ou indiretamente, os serviços de transporte rodoviário de passageiros, ferroviários e
aquaviário entre Municípios do Estado.
c) Instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões.
d) Cooperar com a União, Estados e Município para a promoção do desenvolvimento nacional
equilibrado e fomento do bem-estar.

Art. 19. É competência comum do Estado e dos Municípios:


I – zelar pela guarda da Constituição Federal, desta Constituição, das leis e das instituições
democráticas e conservar o patrimônio público;
II – cuidar da saúde e da assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de
deficiência;
III – proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV – impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de
valor histórico, artístico ou cultural;
V – proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e
à inovação;
VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII – preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII – fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;
IX – promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e
de saneamento básico, inclusive no meio rural;
X – combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração
social dos setores desfavorecidos;
XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de
recursos hídricos e minerais em seu território;
XII – estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.

O art. 19, CE/RN, relaciona as matérias que são de competência comum a todos os entes federativos. São
matérias de que deverão tratar todos os entes federativos, em igualdade de condições. Tratam-se de temas
da competência administrativa (material), tipicamente interesse difusos, ou seja, interesses de toda a
coletividade. Merecem destaque:

a) É competência desses três entes cuidar da saúde e assistência pública, em especial dos direitos das
pessoas com deficiência.
b) É competência comum a preservação dos documentos, obras e bens de valor histórico, artístico e
cultural, as paisagens naturais e os sítios arqueológicos.
c) Compete ao Estado, juntamente com a União e os Municípios, promover programas de construção
de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico.
d) Apesar de o art. 22, XI, da CF/88 dispor que é competência privativa da União legislar sobre trânsito
e transporte, todos os entes têm competência para instituir programas de educação para segurança
no trânsito.

Art. 20. Compete ao Estado, concorrentemente com a União, legislar sobre:


I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
II – orçamento;
III – junta comercial;
IV – custas dos serviços forenses;
V – produção e consumo;
VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos
naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII – proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
IX – educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e
inovação;
X – criação, funcionamento e processo dos Juizados Especiais;
XI – procedimentos em matéria processual;
XII – previdência social, proteção e defesa da saúde;
XIII – assistência judiciária e defensoria pública;
XIV – proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;
XV – proteção à infância e à juventude;
XVI – organização, garantias, direitos e deveres da polícia civil.
§ 1º. Compete ao Estado legislar, suplementarmente, sobre normas gerais acerca das matérias
elencadas neste artigo.
§ 2º. Inexistindo lei federal sobre normas gerais, o Estado exerce a competência legislativa plena,
para atender a suas peculiaridades.
§ 3º. A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no
que lhe for contrária

O art. 20, CE/RN, relaciona as matérias da competência concorrente (art. 24, CF/88).

Destaca-se, dentre as matérias de competência concorrente, as seguintes:

a) Direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;


b) Orçamento;
c) Previdência social (cuidado, apenas previdência é de competência concorrente, seguridade social é
de competência privativa da União);
d) Assistência jurídica e defensoria pública.

No âmbito da competência concorrente, a União é responsável por editar normas gerais, ao passo que os
Estados e o Distrito Federal editam normas suplementares, que devem observar as normas gerais
estabelecidas pela União.

Inexistindo lei federal sobre as normas gerais, o Estado poderá exercer competência legislativa plena para
atender às suas peculiaridades. Assim, no âmbito da competência concorrente, os Estados podem atuar,
fundamentalmente, de duas formas diferentes:

a) Exercitando a competência suplementar: caso a União edite normas gerais.


b) Exercendo a competência legislativa plena: caso a União não edite sua lei de normas gerais. Nessa
situação, o Estado poderá editar lei sobre normas gerais.

A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for
contrário. Cuidado, pessoal, pois as bancas examinadoras adoram falar em revogação, o que está errado.

Capítulo IV - Dos Municípios

Art. 21. Os Municípios se regem por suas leis orgânicas respectivas, votadas em dois (2) turnos,
com o interstício mínimo de dez (10) dias, e aprovadas por dois terços (2/3) dos membros da
Câmara Municipal, que a promulgam, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição,
na Constituição Federal e os seguintes preceitos:
I – eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores para mandato de quatro (4) anos,
mediante pleito direto e simultâneo realizado em todo o País;
II – eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro domingo de outubro do ano
anterior ao término do mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do artigo 77, da
Constituição Federal, no caso de Municípios com mais de duzentos mil eleitores;
III – posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do ano subsequente ao da eleição;
IV – número de Vereadores proporcional à população do Município, observados os limites
previstos na Constituição Federal;
V – subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Municipais fixados por lei de iniciativa
da Câmara Municipal, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, §
2º, I, da Constituição Federal;
VI – o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câmaras Municipais em cada
legislatura para a subsequente, observados os critérios estabelecidos na respectiva Lei Orgânica
e os limites máximos definidos na Constituição Federal;
VII – o total da despesa com a remuneração dos Vereadores não poderá ultrapassar o montante
de cinco por cento (5%) da receita do Município, e o total da despesa do Poder Legislativo
Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos os gastos com inativos, obedecerá
aos critérios e percentuais estabelecidos no art. 29-A, e seus §§ 1º e 3º, da Constituição Federal;
VIII – inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos, no exercício do mandato
e na circunscrição do Município;
IX – proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, similares, no que couber, ao
disposto na Constituição Federal, para os membros do Congresso Nacional e, nesta Constituição,
para os membros da Assembleia Legislativa;
X – julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;
XI – organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câmara Municipal;
XII – cooperação das associações representativas no planejamento municipal;
XIII – iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de
bairros, através de manifestação de, pelo menos, cinco por cento (5%) do eleitorado;
XIV – perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, parágrafo único, da Constituição
Federal;
Parágrafo único. Os orçamentos municipais preveem despesa de custeio da política agropecuária
a ser executada no exercício.

Esses dispositivos reproduzem vários incisos do art. 29 da CF/88. Daremos ênfase às informações mais
relevantes.

Segundo o art. 18, da CF/88, “a organização político-administrativa da República Federativa do Brasil


compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta
Constituição”. Os Territórios não são entes federativos e, portanto, não possuem autonomia política.

Os Municípios do Rio Grande do Norte, na condição de entes federativos, são dotados de autonomia política,
que se manifesta por meio de 4 (quatro) aptidões:
a) Auto-organização: Os Municípios se auto-organizam por meio da elaboração das suas Leis
Orgânicas, que, na esfera municipal, desempenham papel equivalente ao das Constituições
Estaduais. Apesar disso, destaque-se, a doutrina entende que a elaboração das Leis Orgânicas não é
manifestação do Poder Constituinte Derivado Decorrente.
É necessário que se tenha em mente que as Leis Orgânicas devem observar todas as normas da
Constituição Federal, sob pena de serem declaradas inconstitucionais no que forem divergentes.
b) Autolegislação: É a capacidade de os Municípios editarem suas próprias leis (leis municipais).
c) Autoadministração: É o poder que os Municípios têm para exercer suas atribuições de natureza
administrativa, tributária e orçamentária. Os Municípios elaboram seus próprios orçamentos,
arrecadam seus próprios tributos e executam políticas públicas, dentro da sua esfera de atuação,
segundo a repartição constitucional de competências.
d) Autogoverno: Os Municípios têm poder para eleger seus próprios representantes. É com base
nessa capacidade que os Municípios seus Prefeitos e Vereadores.

Os Municípios editam as chamadas Leis Orgânicas, que, na esfera municipal, desempenham papel
equivalente ao das Constituições Estaduais.

A Lei Orgânica do Município será votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada
por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos
nesta Constituição e na Constituição Federal.

O Prefeito e Vice-Prefeito serão eleitos pelo sistema majoritário, para mandato de 4 (quatro) anos. A eleição
é realizada no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato dos que devem suceder.
No caso de Municípios com mais de 200.000 eleitores, a eleição de Prefeito e Vice-Prefeito ocorrerá pelo
sistema majoritário de 2 turnos; caso o número de eleitores seja inferior a 200.000, haverá apenas 1 (um)
turno de votação.

Os Vereadores são eleitos pelo sistema proporcional e irão compor a Câmara Municipal. Compete à Lei
Orgânica fixar o número de Vereadores, observados limites máximos definidos pela Constituição,
escalonados segundo o número de habitantes do Município. Nos Municípios com até 15 mil habitantes, por
exemplo, o número máximo de Vereadores é 9 (nove); já nos Municípios com mais de 8 milhões de
habitantes, o número máximo de Vereadores é 55 (cinquenta e cinco).

O subsídio do Prefeito, Vice-Prefeito e dos Secretários Municipais é fixado mediante lei de iniciativa da
Câmara Municipal. Os subsídios dos Vereadores, por outro lado, são fixados pelas Câmaras Municipais em
razão de 75% daquela estabelecido para os Deputados Estaduais. Para evitar que os Vereadores possam
determinar seus próprios subsídios, a CF/88 estabelece que o subsídio dos Vereadores será fixado em cada
legislatura para a subsequente. Assim, um ato da Câmara Municipal fixando o subsídio dos Vereadores
somente será aplicável aos Vereadores que estiverem em exercício na próxima legislatura.

Os Vereadores, não têm imunidade formal (processual), mas apenas imunidade material. Eles são
invioláveis por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato, mas apenas na circunscrição do
Município.

A Constituição do Rio Grande do Norte replicou o entendimento do artigo 29, X da Constituição Federal ao
estabelecer que o julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça. Considerando que o constituinte
não foi muito claro nessa determinação, o STF entende que a competência do Tribunal de Justiça para julgar
prefeitos se limita aos crimes de competência da justiça comum estadual. Nos demais casos, a competência
originária cabe ao respectivo tribunal de segundo grau. Assim, em caso de crimes eleitorais, a competência
será do Tribunal Regional Eleitoral; nos crimes federais, a competência será do Tribunal Regional Federal.

A Câmara exerce as duas funções típicas do Poder Legislativo: a função legislativa e a função fiscalizatória.

O Município não tem três Poderes, mas apenas dois.


São Poderes do Município, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, exercido pela
Câmara Municipal, e o Executivo, exercido pelo Prefeito.

Art. 22. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial de Município


é exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelo sistema de controle
interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.
§ 1º. O controle externo do Poder Legislativo Municipal é exercido com o auxílio do Tribunal de
Contas do Estado, ao qual incumbem, no que couber, as competências previstas nos arts. 53 e 54.
§ 2º. O parecer prévio, emitido pelo Tribunal de Contas do Estado sobre as contas que o Prefeito
deve, anualmente, prestar, só deixa de prevalecer por decisão de dois terços (2/3) dos membros
da Câmara Municipal.
§ 3º. As contas dos Municípios ficam, durante sessenta (60) dias, anualmente, à disposição de
qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual pode questionar-lhes a legitimidade, nos
termos da lei.

Os recursos públicos sofrem duas formas de controle: o controle interno, realizado no âmbito de cada poder
e o controle externo, realizado pelo Poder Legislativo. É por isso que o art. 22 da CE/RN dispõe que a
fiscalização da administração pública municipal competirá:

- à Câmara Municipal, mediante controle externo;

- ao sistema de controle interno do Poder Executivo Municipal.

O art. 22, da Constituição do Estado do Rio Grande do Norte faz menção, ainda, ao papel do Tribunal de
Contas. Nesse sentido, o controle externo é realizado pela Câmara Municipal com o auxílio do Tribunal de
Contas do Estado. Compete ao TCE/RN apreciar as contas dos Prefeitos Municipais. Existe a presunção da
validade deste parecer sobre as contas anuais do Prefeito, que só poderá ser derrubado por decisão de 2/3
dos membros da Câmara.
Além disso, as contas do Município deverão ficar à disposição dos contribuintes, por sessenta dias por ano,
os quais poderão questionar-lhes a legitimidade.

Art. 23. A alienação, a qualquer título, de quaisquer espécies de bens dos Municípios, depende de
prévia autorização legislativa e licitação.
Parágrafo único. É dispensada a licitação quando o adquirente for pessoa jurídica de direito
público interno ou entidade de sua administração indireta.

São 2 (dois) requisitos para a alienação de bens dos Municípios: i) autorização legislativa e; ii) licitação
prévia, esta dispensada quando o adquirente for pessoa jurídica de direito público interno ou entidade da
administração indireta.

Art. 24. Os Municípios exercem, no seu peculiar interesse, todas as competências não reservadas
à União ou ao Estado.
§ 1º. Os Distritos são criados, organizados e suprimidos pelos respectivos Municípios, observada
lei complementar.
§ 2º. A criação de distrito municipal depende da implantação e funcionamento de, no mínimo,
um posto policial, um posto de saúde, um posto de serviço telefônico e uma escola pública para
atender a população.

As competências privativas dos Municípios estão previstas no art. 30, CF/88.

CF/88
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem
prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços
públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação
infantil e de ensino fundamental;
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de
atendimento à saúde da população;
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e
controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação
fiscalizadora federal e estadual.

A competência legislativa dos municípios subdivide-se em exclusiva e suplementar:


a) Competência exclusiva para legislar sobre assuntos de interesse local (CF, art. 30, I);

b) Competência suplementar, para suplementar a legislação federal ou estadual, no que couber (CF/88, art.
30, II). Destaque-se que os Municípios poderão, inclusive, suplementar a legislação federal ou estadual que
trate de matéria afeta à competência concorrente. É o caso, por exemplo, da legislação tributária municipal,
que suplementa a legislação federal e estadual.

Já a competência administrativa dos Municípios autoriza sua atuação sobre matérias de interesse local,
especialmente sobre aquelas constantes dos incisos III a IX do art. 30 da CF/88.

Capítulo V - Da Intervenção nos Municípios


Art. 25. O Estado não intervém em seus Municípios, exceto quando:
I – deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois (2) anos consecutivos, a dívida
fundada;
II – não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;
IV – O Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de
princípios indicados nesta Constituição, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão
judicial.
§ 1º. O decreto de intervenção, que especifica a amplitude, o prazo e as condições de execução e
que, se couber, nomeia o interventor, é submetido à apreciação da Assembleia Legislativa do
Estado, no prazo de vinte e quatro (24) horas.
§ 2º. Se a Assembleia Legislativa não estiver funcionando, faz-se convocação extraordinária, no
mesmo prazo de vinte e quatro (24) horas.
§ 3º. Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes
voltam, salvo impedimento legal.

A Constituição Federal de 1988 tratou sobre o tema da intervenção estadual em seu art. 35, norma esta que
foi parcialmente reproduzida pela Constituição Estadual do Rio Grande do Norte. Segundo a CF/88, as
hipóteses de intervenção do Estado nos municípios são as seguintes:

- deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;
- não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
- não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;
- o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios
indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

Comparando o texto da CF/88 com a Constituição Estadual, verificamos uma diferença. Na CF/88, uma das
hipóteses de intervenção do Estado nos municípios é quando não tiver sido aplicado o mínimo exigido da
receita municipal nos serviços públicos de saúde. Apesar de ela não estar explícita na Constituição Estadual,
essa hipótese de intervenção deve ser entendida como aplicável no âmbito do Rio Grande do Norte em
virtude de expresso comando da CF/88.

A intervenção no Município dar-se-á por decreto do Governador e poderá ocorrer de quatro maneiras
diferentes:

a) de ofício;
b) mediante solicitação da Câmara Municipal, aprovada pelo voto da maioria absoluta dos seus
membros;
c) mediante solicitação do Tribunal de Contas e;
d) mediante requisição do Tribunal de Justiça, no caso do inciso IV, do art. 25.

O decreto de intervenção será submetido, no prazo de 24 horas, à apreciação da Assembleia Legislativa, a


qual, se não estiver reunida, será convocada extraordinariamente, no mesmo prazo. O referido decreto
especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução e, se couber, nomeará interventor.

Por último, cabe destacar que, uma vez cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de
seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.

5. (Questão Inédita) O Estado do Rio Grande do Norte integrante da República Federativa do Brasil,
exerce as competências que não lhe são vedadas pela Constituição Federal.

Comentário:

O Estado do Rio Grande do Norte é um ente federativo integrante da República Federativa do Brasil. Os
Estados possuem competência remanescente, exercendo as competências que não lhe são vedadas pela
CF/88. A questão está correta.

6. (Questão inédita) A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios far-se-ão


por lei complementar estadual dentro do período determinado por Lei Complementar Federal e
dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após
divulgação dos Estudos e Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.

Comentário:

A criação, incorporação, fusão e desmembramento de Municípios far-se-á por lei estadual, mas não é
necessário que seja lei complementar. A questão está errada.

7. (Questão Inédita) Os vereadores são invioláveis, no exercício de seus mandatos e na circunscrição


do Estado, por suas opiniões, palavras e votos.
Comentário:

A imunidade material dos Vereadores é limitada à circunscrição do Município (e não do Estado!). A questão
está incorreta.

8. (Questão Inédita) A intervenção do Estado do Rio Grande do Norte nos Municípios será feita
mediante decreto do Governador, o qual especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução e,
se couber, nomeará interventor. O decreto será submetido à apreciação da Assembleia Legislativa dentro
de 24 horas. Caso a Assembleia Legislativa não esteja reunida, ela será convocada extraordinariamente no
mesmo prazo.

Comentário:

Questão bastante longa, com várias informações corretas sobre a intervenção do Estado do Rio Grande do
Norte em seus Municípios:

1) A intervenção será feita mediante decreto do Governador.


2) O decreto interventivo especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução e, se couber, nomeará
interventor.
3) A Assembleia Legislativa apreciará o decreto interventivo dentro de 24 horas. Se ela não estiver reunida,
será convocada extraordinariamente no mesmo prazo.

9. (Questão Inédita) O Estado intervirá em seus Municípios quando necessário para por termo a grave
comprometimento da ordem pública.

Comentário:

Esta não é uma hipótese de intervenção do Estado em seus Municípios prevista no art. 25 da CE/RN.

10. (Questão inédita) Compete ao Estado do Rio Grande do Norte explorar diretamente, ou mediante
concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei.

Comentários:

A exploração dos serviços locais de gás canalizado é competência do Estado, conforme disposto no inciso I
do art. 18. A questão está correta.

11. (Questão Inédita) Compete ao Estado do Rio Grande do Norte, em concorrência com a União,
legislar sobre direito tributário. Em razão disso, cabe ao Estado editar normas suplementares ou, na falta
de normas gerais editadas pela União, exercer a competência legislativa plena.

Comentário:

A competência para legislar sobre direito tributário é concorrente entre a União e os Estados. Isso quer dizer
que compete à União editar normas gerais e aos Estados, normas suplementares. Inexistindo lei federal de
normas gerais, os Estados podem exercer a competência legislativa plena. A questão está correta.
12. (MPE-SC/ MPE-SC – 2016) Segundo a Constituição do Estado do Rio Grande do Norte, em se
tratando de legislação concorrente a competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar do Estado. Verificada a ausência de norma geral Federal, confere-se ao Estado
exercer a competência legislativa plena para atender suas peculiaridades. Contudo, na hipótese de
superveniência de legislação federal geral fica integralmente suspensa a eficácia da lei estadual.

Comentários:

O art. 19 da CE/RN trata da legislação concorrente, reproduzindo o art. 24 da CF/88. O erro do enunciado
está em afirmar que a superveniência da legislação federal suspende integralmente a eficácia da lei estadual.
A CE/RN determina que suspensão se dá apenas da parte da lei que for contrária à legislação federal. A
questão está incorreta.

13. (Questão Inédita) É competência privativa dos Estados impedir a evasão, a destruição e a
descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural.

Comentário:

Trata-se de competência comum da União, Estados, Distrito Federal e dos Municípios. A questão está
incorreta.

14. (Questão Inédita) Cabe aos Estados, mediante lei ordinária, instituir regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para
integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.

Comentário:

A instituição de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões será feita mediante lei
complementar. A questão está errada.

15. (Questão Inédita) São bens do Estado do Rio Grande do Norte as terras devolutas indispensáveis à
defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à
preservação ambiental.

Comentário:

As terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias
federais de comunicação e à preservação ambiental são bens da União. A questão está errada.

Capítulo VI - Da Administração Pública

Seção I - Das Disposições Gerais

Conforme você já estudou em Direito Administrativo, a CF/88 estabelece que são princípios da
Administração Pública a legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Esses são os
princípios explícitos da Administração Pública, assim chamados por estarem expressamente previstos no
art. 37 da CF/88. Vejamos:
CF/88, Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer does da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte

Mas esses não são os únicos princípios da Administração Pública. Há diversos outros princípios, conhecidos
como princípios implícitos da Administração Pública, ao longo do texto constitucional e alguns dos quais
foram relacionados, em âmbito federal, pelo art. 2º da Lei nº 9.784/99. Citamos, entre os princípios
implícitos, os princípios da motivação, razoabilidade, proporcionalidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica e interesse público.

Art. 2º. A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade,
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança
jurídica, interesse público e eficiência.

A Constituição do Rio Grande do Norte, em seu art. 26, traz o conjunto de princípios que deverão informar
a Administração Pública daquela unidade da Federação. Vejamos:

Art. 26. A administração pública direta e indireta, de qualquer dos Poderes do Estado e dos
Municípios, obedece aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência, observando-se:

A Constituição do Rio Grande do Norte reproduziu exatamente os mesmos princípios explícitos na


Constituição Federal.

I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os
requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei;
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público
de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou
emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado
em lei de livre nomeação e exoneração;
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável, uma vez, por igual
período;
IV - durante o prazo improrrogável, previsto no edital de convocação, aquele aprovado em
concurso público de provas ou de provas e títulos é convocado com prioridade sobre novos
concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira;

Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos
estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei. Observe que estrangeiros também
podem ocupar cargos, empregos e funções públicas.

Para ser investido em cargo ou emprego público, é necessário, em regra, a aprovação prévia em concurso
público, que poderá ser de provas ou de provas e títulos. Destaque-se, entretanto, que o provimento de
cargos em comissão independe de aprovação em concurso. Tais cargos são de livre nomeação e exoneração.
Os concursos públicos têm a validade de 2 (dois) anos, sendo possível uma prorrogação por igual período.
Durante esse período, os aprovados têm prioridade para nomeação em relação a novos concursados. Cabe
ressaltar que a nomeação dos candidatos deverá obedecer à ordem de classificação.

V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo,


e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e
percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e
assessoramento;

Aqui vale algumas observações para evitar confusão. As funções de confiança somente podem ser
preenchidas por ocupantes de cargo efetivo. Já os cargos em comissão podem ser preenchidos por qualquer
pessoa, seja ela servidor público ou não. Entretanto, a lei define percentual mínimo de cargos em comissão
que devem ser preenchidos por servidores de carreira. Em ambas as formas, os ocupantes destinam-se a
funções de chefia, direção e assessoramento.

VI - é garantido ao servidor público civil, estadual e municipal, o direito à livre associação sindical;
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica;

Os incisos VI e VII versam sobre “direitos dos servidores públicos”. O primeiro deles é o direito de livre
associação sindical. Não pode a lei exigir autorização do Município para a fundação de sindicato, ressalvado
o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização
sindical.

Já o direito de greve é norma de eficácia limitada, uma vez que depende da edição de lei regulamentadora
para que possa produzir todos os seus efeitos. Enquanto esta lei não é editada, vem sendo aplicada aos
servidores públicos a norma vigente para greve no setor privado.

VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de
deficiência e definirá os critérios de sua admissão;
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a
necessidade temporária de excepcional interesse público;

O inciso VIII busca garantir a inclusão dos portadores de deficiência. Uma das medidas adotadas para esse
fim é o estabelecimento, nos concursos públicos, de vagas reservadas aos portadores de necessidades
especiais. São as chamadas cotas.

O inciso IX do art. 26 trata da possibilidade de a Administração Pública efetuar contratações temporárias em


razão de excepcional interesse público.

X – a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 8º, do art. 28, desta
Constituição, somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa
privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção
de índices;

Combinando-se o art. 26, X, da Constituição do Rio Grande do Norte com as disposições da CF/88, observa-
se que a remuneração e o subsídio de servidores públicos devem ser fixados ou alterados por lei, sendo
assegurada a revisão anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices. O objetivo da revisão anual
é evitar a perda do poder de compra dos salários dos servidores públicos.

Em recente decisão, RE 565.089, o STF decidiu que esta revisão anual de vencimentos não é obrigatória, mas,
para deixar de aplica-la, o Executivo deve justificar a não concessão da medida ao Poder Legislativo.

XI – a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da


administração direta e indireta, neste último caso observado o disposto no § 9º do art. 37 da
Constituição Federal, dos membros de qualquer dos Poderes do Estado, do Ministério Público, do
Tribunal de Contas, da Defensoria Pública, dos detentores de mandato eletivo, dos Procuradores
Públicos e dos demais agentes políticos, e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória,
percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra
natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Desembargadores do Tribunal
de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal,
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste inciso
aos subsídios dos Deputados Estaduais;

No Estado do Rio Grande do Norte, o teto remuneratório é o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de
Justiça, que equivale a, no máximo, 90,25% do subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
limite este que só não se aplica aos Deputados Estaduais.

XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser
superiores aos pagos pelo Poder Executivo;
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratória para o efeito
de remuneração de pessoal do serviço público;
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem
acumulados, para fins de concessão de acréscimos ulteriores;

O inciso XII tem como objetivo impedir com que os servidores do Poder Executivo recebam remuneração
inferior àquela percebida pelos servidores do Poder Legislativo e Poder Judiciário.

O inciso XIII veda a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para efeito de
remuneração de pessoal do serviço público. Não é possível estabelecer, por exemplo, que um Auditor-Fiscal
da SEFAZ-RN receberá 90% do que recebe um Juiz Estadual.

Por último, o inciso XIV impede o “efeito repique” nas remunerações dos servidores públicos. O “efeito
repique” seria a incidência de gratificações “em cascata”, ou seja, a incidência cumulativa de gratificações.
Nesse sentido, o parâmetro para incidência das gratificações deverá ser sempre o mesmo: o vencimento
percebido pelo servidor público.

XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis,


ressalvados o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts 39 §4º, 150, II, 153, III e 153,
§2º, I, todos da Constituição Federal;

O inciso XV consagra a regra da irredutibilidade das remunerações dos servidores públicos.


XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto quando houver
compatibilidade de horários, observados em qualquer caso o disposto no inciso XI:
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas.
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações
e empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias e sociedades controladas,
direta ou indiretamente, pelo Poder Público.

A regra é a impossibilidade da acumulação remunerada de cargos públicos. Contudo, assim como previsto
na Constituição Federal de 1988, a Carta Estadual estabelece exceções a esta regra. Assim, quando houver
compatibilidade de horários, são admissíveis a acumulação de:

a) 2 cargos de professor;
b) 1 cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) 2 cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.

Vale destacar que a Carta Magna estabelece, ainda, outras possibilidades de acumulação de cargos.
Vejamos quais são elas:

a) Acúmulo do cargo de vereador e outro cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do
cargo eletivo (Art. 38, III, CF/88);
b) Permissão para que juízes exerçam o magistério (Art. 95, parágrafo único, I, CF/88);
c) Permissão para que membros do Ministério Público exerçam o magistério (Art. 125, § 5º, II, “d”,
CF/88).

Essa proibição de acumular estende-se a empregos e funções em autarquias, fundações, empresas públicas,
sociedades de economia mista, suas subsidiárias e sociedades controladas pelo Poder Público.

Destaque-se, porém, que, em todo e qualquer caso de acumulação remunerada de cargos, haverá
necessidade de compatibilidade de horários.

XVIII – a administração fazendária e seus servidores fiscais têm, dentro de suas áreas de
competência e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;

Esse dispositivo, que também tem previsão na CF/88, destaca a importância da Administração Fazendária e
de seus servidores para o Município. A administração fazendária e seus servidores fiscais têm, dentro de sua
área de competência, precedência sobre os demais setores administrativos.

XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa
pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste
último caso, definir as áreas de sua atuação;
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades
mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa
privada;

Os incisos XIX e XX do art. 26 da Constituição do Rio Grande do Norte mencionam os integrantes da


Administração Indireta do Estado.

As autarquias só podem ser criadas por lei específica. Isso porque essas entidades são pessoas jurídicas de
direito público, que realizam atividades típicas de Estado. Já as sociedades de economia mista, empresas
públicas e fundações precisam de autorização em lei para serem criadas. No último caso, caberá à lei
complementar definir as áreas de sua atuação. A criação de subsidiárias, bem como a participação destas
entidades e, empresa privada dependem de autorização legislativa.

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações


são contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a
todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam as obrigações de pagamento, mantidas
as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, a qual somente permitirá as exigências de
qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações;

A regra geral é a de que as contratações públicas dependem de prévia licitação. No entanto, há casos
previstos em lei em que a licitação é dispensada ou inexigível. O objetivo do procedimento licitatório é
assegurar que a Administração adquira, com maior eficiência, bens e serviços. A realização de licitação está
intimamente relacionada ao princípio da moralidade administrativa e assegura isonomia àqueles que
desejam contratar com o Poder Público.

XXII – a administração tributária do Estado, atividade essencial ao seu funcionamento, exercida


por servidores de carreira específica, terá recursos prioritários para a realização de suas
atividades e atuará de forma integrada com os demais entes federados, inclusive com o
compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.

A Administração Tributária do Estado só pode ser exercida por servidores de carreira, que contará com
recursos prioritários para o desempenho de suas atividades e atuará de forma integrada com os demais
entes federados com os quais poderá compartilhar cadastros e informações fiscais.

§ 1º. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deve
ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes,
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.

A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos e entidades da administração
pública deverá ter caráter educacional e de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos e
imagens que caracterizem, mesmo indiretamente, promoção pessoal de autoridades ou serviços públicos.
Trata-se de uma das acepções do princípio da impessoalidade, trazendo a ideia de vedação à promoção
pessoal.

§ 2º. A não observância do disposto nos incisos II e III implica a nulidade do ato e a punição da
autoridade responsável, nos termos da lei.
A investidura em cargo e emprego público que não seja por concurso público, quando exigível, implica a
nulidade do ato e responsabilidade da autoridade responsável.

§ 3º. A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e


indireta, regulando especialmente:
I – as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a
manutenção de serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da
qualidade dos serviços;
II – o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo,
observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII da Constituição Federal;
III – a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou
função na administração pública.

No § 3º estão formas de participação do usuário na administração pública municipal que devem ser melhor
regulamentadas por lei.

§ 4º. Os atos de improbidade administrativa importam a suspensão dos direitos políticos, a perda
da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

O art. 26, § 4º, da Constituição do Rio Grande do Norte, por sua vez, prevê a responsabilização por atos de
improbidade administrativa, que possuem natureza cível e caracterizam-se por ferirem, direta ou
indiretamente, os princípios da administração pública, por uma conduta imoral do agente público, que visa
ou obter vantagens materiais indevidas ou gerar prejuízos ao patrimônio público.

Estes atos são tipificados pela Lei Federal nº 8.429/92 que é aplicável a qualquer agente público, servidor
ou não, que atentar contra a administração direta, indireta, fundacional de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território.

Os atos de improbidade administrativa podem ser de três tipos: i) atos que importam enriquecimento
ilícito; ii) atos que causam prejuízo ao Erário e; iii) atos que atentam contra os princípios da Administração
Pública.

As sanções à improbidade administrativa são:

i) suspensão dos direitos políticos;


ii) perda da função pública;
iii) indisponibilidade dos bens;
iv) ressarcimento ao erário (esta é imprescritível);

§ 5º. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado, prestadoras de serviços


públicos, respondem pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa.
A responsabilidade civil do Estado é objetiva. Adota-se, no Brasil, a chamada teoria do risco administrativo.
As pessoas jurídicas de direito público e as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços
públicos terão a obrigação de reparar os danos que seus agentes, atuando nessa qualidade, produzirem a
terceiros, independentemente de dolo ou culpa.

É relevante assinalar que o § 5º do art. 26 faz menção ao “direito de regresso” do Estado. O direito de
regresso deverá ser exercido pela Administração Pública mediante ação judicial (denominada ação
regressiva) contra o agente público que deu causa ao dano, caso este tenha agido com dolo ou culpa.

§ 6º. Na composição de comissão de concurso público, para investidura em cargo ou emprego na


administração direta ou indireta do Estado, exceto para ingresso na Magistratura, é obrigatória,
sob pena de nulidade, a inclusão de um (1) membro do Ministério Público e de um (1)
representante eleito, por voto direto e secreto, pelos servidores do órgão para o qual é feito o
concurso.

Nas comissões de concursos do Estado, exceto para ingresso na Magistratura, deverá haver um membro do
Ministério Público e um representante eleito pelos ocupantes do órgão para o qual é realizado o concurso.

§ 7º. A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante de cargo ou emprego da


administração direta e indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas.
Uma lei determinará as condições de acesso a informações privilegiadas pelos ocupantes de cargos e
empregos públicos.

§ 8º. A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração


direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus
administradores e o Poder Público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para
o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
I – o prazo de duração do contrato;
II – os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade
dos dirigentes;
III – a remuneração do pessoal.

O § 8º dispõe sobre o contrato de gestão que pode ser firmado entre órgãos e entidades da administração
direta e indireta para expansão da autonomia gerencial, orçamentária e financeira. Este contrato deve ter
prazo determinado, critérios de controle e avaliação de desempenho determinados, bem como a fixação da
remuneração de pessoal.

§ 9º. O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às sociedades de economia mista, e


suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos Estados ou dos Municípios para
pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.

O teto remuneratório do Estado, que é o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, aplica-se às
empresas públicas e às sociedades de economia mista que receberem recursos para pagamento de despesas
de pessoal ou de custeio em geral.
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 29 ou
do art. 31, desta Constituição, com a remuneração de cargo, emprego ou função pública,
ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos
em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração.

Os servidores públicos do Estado e dos Municípios, assim como os militares do Estado não poderão cumular
proventos de aposentadoria com remuneração de cargo, emprego ou função pública, salvo cargos
expressamente cumuláveis, os cargos eletivos e os cargos em comissão.

§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do
caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.

Para efeitos do limite remuneratório dos servidores do Estado, não são computadas as parcelas
indenizatórias.

§ 12. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser readaptado para exercício de cargo
cujas atribuições e responsabilidades sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em
sua capacidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição, desde que possua a
habilitação e o nível de escolaridade exigidos para o cargo de destino, mantida a remuneração
do cargo de origem.
§ 13. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo de contribuição decorrente de cargo,
emprego ou função pública, inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o
rompimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição.
§ 14. É vedada a complementação de aposentadorias de servidores públicos e de pensões por
morte a seus dependentes que não seja decorrente do disposto nos §§ 16 a 18 do art. 29 desta
Constituição, ou que não seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência social.

Os §§ 12, 13 e 14 foram incorporados na CE/RN pela Emenda Constitucional nº 20, de 29 de setembro de


2020. Trata-se de uma adequação à Reforma na Constituição Federal feita por meio da Emenda
Constitucional nº 103/19, conhecida como "Reforma da Previdência".

A readaptação pode acontecer quando o servidor tiver sofrido limitações em sua capacidade física ou mental
que impedem o exercício de suas atribuições em seu cargo original. O servidor poderá mudar de cargo neste
caso, mas a remuneração será a do cargo de origem.

Ao se aposentar, o servidor público terá o seu vínculo com o órgão de origem rompido.

Por fim, vale ressaltar que é vedado complementar financeiramente o valor dos proventos de aposentadorias
e de pensões. A única exceção diz respeito ao Regime de Previdência Complementar (RPC).

Art. 27. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de


mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:
I - tratando-se de mandato eletivo federal ou estadual ou distrital, fica afastado de seu cargo,
emprego ou função;
II - investido no mandato de Prefeito, é afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe
facultado optar pela sua remuneração;
III - investido no mandato de Vereador e havendo compatibilidade de horários, percebe as
vantagens do seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo e,
não havendo compatibilidade, é aplicada a norma do inciso anterior;
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo
de serviço é contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
V - para efeito de benefícios previdenciários, no caso de afastamento, os valores são
determinados como se no exercício estivesse.
VI - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previdência social, permanecerá filiado a
esse regime, no ente federativo de origem

O art. 27 da Constituição do Rio Grande do Norte prevê as mesmas regras do art. 38 da CF/88 que se aplicam
aos servidores públicos municipais em exercício de mandato eletivo. No quadro abaixo, resumimos estas
regras.

Cargo eletivo Regra Remuneração


Cargos do Executivo ou
Afastamento do cargo efetivo ou em A remuneração percebida será a
do Legislativo Federal,
comissão, função ou emprego público. do cargo eletivo.
Estadual ou Distrital
O servidor poderá optar pela
remuneração do cargo eletivo ou
Afastamento do cargo efetivo ou em
Prefeito pela remuneração do cargo
comissão, função ou emprego público.
efetivo ou em comissão, função
ou emprego público.
Caso haja compatibilidade de horários,
poderá acumular o cargo político com o
Receberá as duas remunerações.
cargo efetivo ou em comissão, função ou
emprego público.
Vereador
Caso não haja compatibilidade de
horários, será afastado do cargo efetivo Poderá optar pela remuneração
ou em comissão, função ou emprego de qualquer um deles.
público.
Em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício do mandato eletivo, seu tempo de serviço será
contado para todos os efeitos legais, exceto para a promoção por merecimento.
Para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os valores serão determinados, como se
no exercício estivesse.
Seção II - Dos Servidores Públicos

Art. 28. No âmbito de sua competência, o Estado e os Municípios devem instituir regime jurídico
único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e
das fundações públicas.
§ 1º. A fixação dos padrões de vencimento e dos demais componentes do sistema remuneratório
do serviço público estadual e municipal observará:
I – a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada
carreira;
II – os requisitos para a investidura;
III – as peculiaridades dos cargos.
§ 2º. Só com sua concordância, ou por comprovada necessidade de serviço, pode o servidor da
administração direta ou indireta ser transferido de seu local de trabalho, de forma que acarrete
mudança de residência.
§ 3º. Não é admitida a dispensa sem justa causa de servidor da administração direta, indireta,
autárquica e fundacional.
§ 4º. (REVOGADO)
§ 5º. Os vencimentos dos servidores públicos estaduais, da administração direta, indireta,
autárquica e fundacional são pagos até o último dia de cada mês, corrigindo-se monetariamente
os seus valores, se o pagamento se der além desse prazo.

O Estado do Rio Grande do Norte e os Municípios devem instituir regime jurídico único e planos de carreira
para os servidores da administração direta, autárquica e fundacional. As remunerações serão fixadas com
base na natureza, grau de responsabilidades e complexidade dos cargos, exigências para investidura e
peculiaridades dos cargos.

Os servidores só poderão ser realocados em casos que exijam mudança de residência, se concordarem ou
por comprovada necessidade do serviço. Além disso, os vencimentos dos servidores públicos da
administração direta e indireta devem ser pagos até o último dia de cada vez, que deverão ser atualizados
monetariamente no caso de atraso.

§ 6º. Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII,
XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, da Constituição Federal, podendo a lei estabelecer
requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir.

O § 6 do art. 28 da Constituição do Rio Grande do Norte cita os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais
previstos no art. 7º da CF/88 que se aplicam aos servidores municipais. São eles:

IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e
previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação
para qualquer fim;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a
compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo,
idade, cor ou estado civil;

§7º. O Estado manterá escola de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores
públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos para a promoção na
carreira, facultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos entre os entes federados.
§ 8º. O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Secretários Estaduais e os Municipais
serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de
qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie
remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 26, X e XI, desta Constituição.
§ 9º. Leis do Estado e dos Municípios poderão estabelecer a relação entre a maior e a menor
remuneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 26, XI,
desta Constituição.
§ 10. Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como o Tribunal de Contas, o Ministério
Público e a Defensoria Pública, publicarão anualmente os valores do subsídio e da remuneração
dos cargos e empregos públicos.
§ 11. Leis do Estado e dos Municípios disciplinarão a aplicação de recursos orçamentários
provenientes da economia com despesas correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para
aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade e produtividade, treinamento e
desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público, inclusive
sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade.
§ 12. A remuneração dos servidores públicos organizados em carreira poderá ser fixada nos
termos do § 8º.
§ 13. É vedada a incorporação de vantagens de caráter temporário ou vinculadas ao exercício de
função de confiança ou de cargo em comissão à remuneração do cargo efetivo

Os membros de Poder, os detentores de mandato eletivo e os Secretários Estaduais e Municipais serão


remunerados exclusivamente por subsídio, fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer
gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória. Os
servidores organizados em carreira também poderão receber por subsídio.

Segundo o § 11 do art. 28, os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, Tribunal de Contas, Ministério
Público e Defensoria Pública devem publicar, anualmente, os valores do subsídio e da remuneração dos
cargos e empregos.

Os recursos provenientes da economia na execução de despesas correntes, conforme previsto nas leis
estadual e municipal, podem ser usados, inclusive, como adicional ou prêmio de produtividade, como forma
de estimular a excelência no serviço público e dar concretude ao princípio da eficiência.

O § 13 veda a incorporação de vantagens de caráter temporário ou vinculados ao exercício de função de


confiança ou de cargo em comissão à remuneração do cargo efetivo.

Art. 29. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos,
excetuando-se os militares estaduais, terá caráter contributivo e solidário, mediante contribuição
do respectivo ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial
§ 1º. (REVOGADO)
§ 2º. O servidor abrangido pelo regime próprio de previdência social será aposentado:
I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em que estiver investido, quando
insuscetível de readaptação, hipótese em que será obrigatória a realização de avaliações
periódicas para verificação da continuidade das condições que ensejaram a concessão da
aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo;
II - compulsoriamente, aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, com proventos proporcionais ao
tempo de contribuição;
III - voluntariamente, aos 60 (sessenta) anos de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos
de idade, se homem, e, no âmbito dos Municípios, na idade mínima estabelecida mediante
emenda às respectivas Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os demais requisitos
estabelecidos em lei complementar do respectivo ente federativo.
§ 3º Os proventos de aposentadoria e pensões não poderão ser inferiores ao valor mínimo a que
se refere o § 2º do art. 201 da Constituição Federal nem superiores ao limite máximo estabelecido
para o Regime Geral de Previdência Social, observado o disposto nos §§ 16 a 18.
§ 4º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria serão disciplinadas em lei
complementar do respectivo ente federativo.
§ 5º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão de benefícios em
regime próprio de previdência social, ressalvado o disposto nos §§ 5º-A, 5º-B, 5º-C e 6º.
§ 5º-A Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e
tempo de contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores com deficiência,
previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e
interdisciplinar.
§ 5º-B Poderão ser estabelecidos por lei complementar idade e tempo de contribuição
diferenciados para aposentadoria de ocupantes do cargo de policial penal, de agente
socioeducativo ou de policial civil, incluídos delegados, agentes e escrivães.
§ 5º-C Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e
tempo de contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam
exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde ou à
integridade física, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria
profissional ou ocupação.
§ 6º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima reduzida em 7 (sete) anos em relação
às idades decorrentes da aplicação do disposto no inciso III do § 2º que, nos termos fixados em
lei complementar, comprovem tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação
infantil, no ensino fundamental e médio e nos cargos de direção e coordenação pedagógica,
supervisores, orientadores e demais profissionais que atuem na ação pedagógica.
§ 7º. § 7º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na forma desta
Constituição, é vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de
previdência social, podendo a lei dispor sobre outras vedações de acumulação à conta de regime
geral de previdência social.
§ 8º A pensão por morte concedida a dependente de servidor público estadual ativo será
calculada seguindo os critérios de concessão da aposentadoria por incapacidade permanente,
excetuando-se os militares estaduais, bem como os servidores públicos estaduais que falecerem
em razão de sua função ou em decorrência dela, nos termos de lei complementar.
§ 9º. É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente,
o valor real, conforme critérios estabelecidos em lei.
§ 10. O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou municipal será contado para fins de
aposentadoria, observado o disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201 da Constituição Federal, e o
tempo de serviço correspondente será contado para fins de disponibilidade.
§ 11. Para fins de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição
entre o Regime Geral de Previdência Social e os regimes próprios de previdência social, e destes
entre si, observada a compensação financeira, de acordo com os critérios estabelecidos em lei
federal.
§ 12. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem de tempo de contribuição fictício.
§ 13. Aplica-se o limite fixado no art. 26, XI, desta Constituição, à soma total dos proventos de
inatividade, inclusive quando decorrentes da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem
como de outras atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência social, e ao
montante resultante da adição de proventos de inatividade com remuneração de cargo
acumulável na forma desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação
e exoneração, e de cargo eletivo.
§ 14. Além do disposto neste artigo, serão observados, em regime próprio de previdência social,
no que couber, os requisitos e critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social.
§ 15. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em
lei de livre nomeação e exoneração, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, ou de
emprego público, o Regime Geral de Previdência Social.
§ 16. O Estado e os Municípios instituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo,
regime de previdência complementar para servidores públicos ocupantes de cargo efetivo,
observado o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social para o valor das
aposentadorias e das pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado o disposto no
§ 18.
§ 17. O regime de previdência complementar de que trata o § 16 oferecerá plano de benefícios
somente na modalidade contribuição definida, observará o disposto no art. 202, da Constituição
Federal, e será efetivado por intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou
de entidade aberta de previdência complementar.
§ 18. Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto nos §§ 16 e 17 poderá ser
aplicado ao servidor que tiver ingressado no serviço público até a data da publicação do ato de
instituição do correspondente regime de previdência complementar.
§ 19. Todos os valores de remuneração considerados para o cálculo do benefício previsto no § 4º
serão devidamente atualizados, na forma da lei.
§ 20. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas pelo
regime de que trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do
regime geral de previdência social, com percentual equivalente ao estabelecido para os servidores
de cargos efetivos, ressalvada a hipótese prevista no artigo 94-B.
§ 21. O servidor titular de cargo efetivo que tenha completado as exigências para a aposentadoria
voluntária estabelecidas neste artigo e que opte por permanecer em atividade fará jus a um
abono de permanência equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária, até completar a
idade para aposentadoria compulsória.
§ 22. É vedada a existência de mais de um regime próprio de previdência social e de mais de um
órgão ou entidade gestora desse regime em cada ente federativo, abrangidos todos os poderes,
órgãos e entidades autárquicas e fundacionais, que serão responsáveis pelo seu financiamento,
observados os critérios, os parâmetros e a natureza jurídica definidos na lei complementar de que
trata o § 22 do art. 40 da Constituição Federal.
§ 23. A contribuição prevista no § 20 deste artigo incidirá apenas sobre as parcelas de proventos
de aposentadoria e de pensão que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os
benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201 da Constituição Federal,
quando o beneficiário, na forma da lei, for portador de doença incapacitante.

Os servidores efetivos do Estado e do Município, de suas autarquias e fundações possuem um Regime


Próprio de Previdência Social, de caráter contributivo, ao qual contribuem tanto o poder público como os
servidores ativos, inativos e pensionistas, conforme princípios que preservem o equilíbrio financeiro e
atuarial.

As regras para aposentadoria de servidor público federal foram alteradas em 2019 pela Emenda
Constitucional nº 109/19. No Rio Grande do Norte, por meio da Emenda nº 20/2020, foi incorporada em
âmbito estadual as modificações realizadas na Carta Magna.

Existem as seguintes formas de aposentadoria para os servidores públicos estatutários do Estado:

a) Aposentadoria por incapacidade permanente para o trabalho:


No passado, se falava em “aposentadoria por invalidez”. Agora, o termo correto é “aposentadoria por
incapacidade permanente para o trabalho”.

Nessa hipótese, o servidor será aposentado quando forem preenchidas 2 (duas) condições:

a) O servidor estiver permanentemente incapacitado para o trabalho e;

b) Não for possível a readaptação do servidor para o exercício de outro cargo.

Vale destacar que a readaptação é uma forma de provimento de cargos públicos que consiste na investidura
do servidor em cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação sofrida em sua
capacidade física ou mental.

Dessa forma, caso o servidor público tenha limitações físicas ou mentais que o incapacitem para o trabalho,
deve-se buscar, em primeiro lugar, a sua readaptação para outro cargo. Não sendo possível, aí sim é que
caberá a concessão de “aposentadoria por incapacidade permanente para o trabalho”.

Quando for concedida a aposentadoria por incapacidade permanente para o trabalho, será obrigatória a
realização de avaliações periódicas para verificação da continuidade das condições que ensejaram a
concessão da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo.

O instituto da readaptação também é mencionado expressamente no § 12 do art. 26 da CE/RN.

A readaptação é forma de provimento em cargo público prevista enquanto o servidor permanecer na


condição de limitação em sua capacidade física ou mental. Caso o servidor público retorne à sua capacidade
plena, ele voltará ao seu cargo de origem. Por outro lado, caso ocorra uma piora em sua condição que
impossibilite sua atividade laborativa, ele será aposentado por incapacidade permanente para o trabalho.

Ao ser concedida a readaptação, devem ser observados alguns critérios pela Administração. Primeiro, o
servidor público readaptado deverá ter a habilitação necessária para ocupar o cargo de destino. Por
exemplo, se o cargo de destino exige nível superior em Contabilidade, ele deverá ter essa formação
específica. Segundo, o servidor público readaptado deverá ter o nível de escolaridade exigido para o cargo
de destino. Assim, um servidor que tenha apenas o nível médio não poderá, por exemplo, ser readaptado
para o exercício de cargo de nível superior.

É importante rememorar, ainda, que, o servidor readaptado manterá a remuneração do seu cargo de
origem. Assim, não importa qual seja a remuneração do cargo de destino, se maior ou menor do que a do
cargo de origem. A remuneração devida ao servidor readaptado será sempre aquela do seu cargo de origem.

b) Aposentadoria compulsória:

Até a edição da EC nº 88/2015 (conhecida como “PEC da Bengala”), os servidores públicos federais, estaduais
e municipais deveriam se aposentar compulsoriamente aos 70 anos. Chegando aos 70 anos, não havia outra
alternativa senão a aposentadoria compulsória.

Com a EC nº 88/2015, a redação do art. 40, § 1º, II, foi modificada e passou a prever que os servidores
públicos serão aposentados compulsoriamente aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco)
anos de idade, na forma de lei complementar.
Como se vê, trata-se de norma de eficácia limitada, dependente de regulamentação para produzir todos os
seus efeitos. Até que fosse editada a mencionada lei complementar, os servidores públicos continuariam se
aposentando compulsoriamente aos 70 anos de idade.

Todavia, a lei regulamentadora já foi editada. É a Lei Complementar nº 152/2015, aplicável aos servidores
públicos de todas as esferas federativas, bem como aos membros do Poder Judiciário, Ministério Público,
Defensorias Públicas e Tribunais de Contas. Assim, hoje, a aposentadoria compulsória de servidores públicos
já se dá aos 75 (setenta e cinco) anos.

Segundo o STF, a aposentadoria compulsória não se aplica aos servidores ocupantes de cargo
exclusivamente em comissão.1 Isso porque a aposentadoria compulsória somente se destina aos ocupantes
de cargo efetivo, inexistindo, inclusive, qualquer limite de idade para fins de nomeação para cargo em

c) Aposentadoria voluntária:

Os requisitos para a aposentadoria voluntária foram profundamente modificados pela Emenda


Constitucional no 103/2019.

A primeira grande mudança diz respeito à abrangência das regras de aposentadoria dos servidores públicos.
Antes, as regras gerais sobre aposentadoria voluntária definidas pela Constituição Federal de 1988 se
aplicavam a todos os entes federativos.

Agora, com a EC nº 20/2020, a idade mínima prevista na CE/RN se para a aposentadoria voluntária passou
a ser de 60 (sessenta) anos para a mulher e de 65 (sessenta e cinco) anos para o homem.

Os Municípios passaram a ter autonomia para, mediante emendas às Leis Orgânicas, definir os seus próprios
requisitos de idade mínima para aposentadoria ao amparo do RPPS.

Cabe destacar que a CF/88 prevê que lei complementar de cada ente federativo poderá estabelecer outros
requisitos para a aposentadoria voluntária, dentre os quais exigência de tempo mínimo de contribuição.

O art. 29, § 3º, CE/RN, após a modificação promovida pela EC no 20/2020, passou a dispor que os proventos
de aposentadoria NÃO poderão ser inferiores ao salário-mínimo ou superiores ao limite máximo
estabelecido para o Regime Geral de Previdência Social (RGPS), obedecidas as demais regras previstas na
Constituição. Suponha, por exemplo, que o teto do RGPS seja de R$ 6.000,00. Esse será o valor máximo de
aposentadoria que um servidor público poderá receber ao amparo do RPPS.

Destaque-se, inclusive, que a EC nº 20/2020 vedou expressamente que seja concedida qualquer
complementação de aposentadoria ou de pensão por morte, a não ser no caso de benefícios decorrentes de
Regime de Previdência Complementar, ao qual o servidor poderá aderir.

1 RE 786540/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 15.12.2016


O Regime de Previdência Complementar é bastante semelhante aos Regimes de
Previdência Privada disponíveis no mercado. Tem como objetivo fazer com que a
aposentadoria chegue a um valor mais compatível com a última remuneração recebida
pelo servidor, “complementando” o benefício recebido por meio do Regime Geral.

A adesão do servidor ao Regime de Previdência Complementar é facultativa e o benefício


a ser recebido tem relação direta com o valor das contribuições recolhidas pelo servidor.

Antes da EC no 103/19, os entes federativos tinham a faculdade de instituir Regime de


Previdência Complementar. Após a Reforma da Previdência, os entes federativos (União,
Estados, Distrito Federal e Municípios) passaram a ser obrigados a instituir esse regime,
por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo.

Art. 40 (...) § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, por lei
de iniciativa do respectivo Poder Executivo, regime de previdência complementar para
servidores públicos ocupantes de cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios
do Regime Geral de Previdência Social para o valor das aposentadorias e das pensões em
regime próprio de previdência social, ressalvado o disposto no § 16.

Essa exigência se deu porque o teto do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) passou
a ser o teto do Regime Geral de Previdência Social (RGPS). Houve, assim, a necessidade de
prever um instrumento para que os servidores pudessem garantir sua aposentadoria num
nível mais próximo ao de sua remuneração.

A próxima questão a ser respondida é “como se dá o cálculo dos proventos de aposentadoria dos servidores
públicos”?

Após a redação dada pela EC no 20/2020, a CE/RN passou a dispor, em seu art. 29, § 4º, que as regras para
cálculo de proventos de aposentadoria serão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo. Note que
houve a desconstitucionalização da Previdência Social nesse ponto, uma vez que a forma de cálculo, outrora
prevista nas Constituições Federal e Estadual, passou a ser objeto da legislação infraconstitucional.

Passaremos, agora, à análise das regras de aposentadoria especial para o servidor público.

A regra é a vedação de requisitos ou critérios diferenciados para a concessão de benefícios no Regime


Próprio de Previdência Social (RPPS). Entretanto, admitem-se algumas exceções, definidas na forma de lei
complementar, além dos casos previstos pelo próprio texto constitucional.

A aposentadoria especial de servidores públicos consistirá em requisitos de idade e de tempo de


contribuição diferenciados, sendo admitida, mediante lei complementar, nos seguintes casos:
a) Servidores com deficiência, previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por
equipe multiprofissional e interdisciplinar.

b) Servidores cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e
biológicos prejudiciais à saúde.

(*) Cabe destacar que, nesse caso, fica vedada a caracterização por categoria profissional ou
ocupação. Assim, somente aqueles que forem efetivamente expostos a agentes prejudiciais à saúde
é que terão regras especiais de aposentadoria.

c) Servidores ocupantes de cargo de policial penal, de agente socioeducativo ou de policial civil,


incluídos delegados, agentes e escrivães.

Os professores continuaram a receber especial atenção do legislador constituinte estadual. Como se repara
no art. 29, § 6º, os professores terão redução de 7 anos em relação às idades mínimas mencionadas no inciso
III do § 2º. Esses profissionais poderão se aposentar com 58 (cinquenta e oito) anos de idade, se homens, e
53 (cinquenta e três) anos, se mulheres.

Por fim, destacamos a vedação à criação de novos Regimes Próprios de Previdência Social. Em outras
palavras, os Municípios potiguares que não criaram seus Regimes Próprios até a promulgação da EC no
20/2020 não poderão mais fazê-lo.

Ao servidor ocupante exclusivamente de cargo em comissão, aplica-se o regime geral de previdência social.

Art. 30. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de
provimento efetivo em virtude de concurso público.
§ 1º. O servidor público estável só perderá o cargo:
I – em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
II – mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;
III – mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei
complementar, assegurada ampla defesa.
§ 2º. Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o
eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a
indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração
proporcional ao tempo de serviço.
§ 3º. Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em
disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado
aproveitamento em outro cargo.
§ 4º. Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de
desempenho por comissão instituída para essa finalidade.

O art.30 da Constituição do Rio Grande do Norte, assim como o art. 41 da Carta Magna, estabelece que são
necessários 3 anos de exercício para aquisição de estabilidade.
O esquema abaixo enumera os requisitos a serem cumpridos para aquisição de estabilidade no serviço
público.

Concurso Público
Estabilidade

Nomeação para cargo público efetivo

Três anos de efetivo exercício do cargo

Avaliação especial de desempenho por comissão


instituída para esse fim

O servidor estável somente poderá perder o cargo nas seguintes hipóteses:

a) Sentença judicial transitada em julgado. Suponha que uma decisão judicial transitada em julgada
condene o servidor por improbidade administrativa. Uma das consequências será a perda do cargo
público.
b) Processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa. Após um processo administrativo
regular, o servidor público que cometeu alguma falta grave poderá ser demitido, perdendo o cargo
público.
c) Procedimento de avaliação periódica de desempenho na forma de lei federal, assegurada ampla
defesa. O servidor também poderá perder o cargo por insuficiência de desempenho.
d) E uma outra hipótese é o excesso de despesa com pessoal, que se aplica ao Estado, apesar não
previsão expressa, por ter sido estabelecida no art. 169, § 3º da CF/88. As despesas com pessoal estão
limitadas pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LC nº 101/2000). Caso esses limites sejam
descumpridos, o Poder Executivo deverá adotar certas medidas: i) redução em pelo menos 20% das
despesas com cargos em comissão e funções de confiança; ii) exoneração de servidores não-estáveis.
Se essas medidas não forem suficientes, o servidor estável pode vir a perder o cargo.

O §2º cuida da reintegração, forma de provimento que se aplica quando um servidor estável é demitido e,
depois, retorna ao cargo anteriormente ocupado, por ter sua demissão invalidada por sentença judicial.
Tem-se, também, a recondução que se caracteriza pelo retorno de servidor estável ao seu cargo de origem
em razão de reintegração de servidor que anteriormente ocupava o cargo. Neste caso, não haverá qualquer
indenização ao servidor reconduzido e este poderá ser aproveitado em outro cargo ou colocado em
disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço.
O §3º dispõe sobre a possibilidade de o servidor ser colocado em disponibilidade, com remuneração
proporcional ao tempo de serviço, até ser aproveitado em outro cargo quando o seu for extinto ou ser
declarado desnecessário.

Seção III - Dos Militares do Estado

Art. 31. Os membros da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, instituições organizadas
com base na hierarquia e disciplina, são militares do Estado.
§ 1º. Aplicam-se aos militares do Estado, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do
art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, todos da Constituição Federal, cabendo a
lei estadual dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais
conferidas pelo Governador do Estado.
§ 2º. Aos pensionistas dos militares do Estado aplica-se o que for fixado em lei específica.
§ 3º. O acesso aos Quadros de Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar exige,
entre outros requisitos, a aprovação em curso de formação de oficiais.
§ 4º. Ao aluno-soldado é garantido soldo nunca inferior ao salário mínimo vigente.

Os servidores militares do Estado são os integrantes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar.
instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina.

É vedada aos militares a filiação a partido político. Segundo o § 8º do art. 14 da CF/88, apesar de não
poderem estar filiados a partidos políticos, os policiais e bombeiros militares podem se candidatar a cargos
eletivos. Se contar menos de 10 anos de serviço, o militar deverá se afastar da atividade; por outro lado, se
contar mais de 10 anos, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no
ato da diplomação, para a inatividade.

No § 3º do art. 142 da CF/88, estabeleceu-se que as patentes dos oficiais militares, com prerrogativas,
direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas pelo Governador do Estado e asseguradas em plenitude
aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos militares.

O militar em atividade que aceitar cargo público civil permanente será transferido para a reserva. Caso o
cargo, emprego ou função pública tenha caráter temporário, não eletivo, ainda que da administração
indireta, ficará agregado ao respectivo quadro e, enquanto permanecer nessa situação, só poderá ser
promovido por antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas para aquela promoção a
transferência para a reserva, sendo, depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transferido para
a inatividade.

Por determinação da Constituição Federal, aos militares são proibidas a sindicalização e a greve.

O oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por
decisão de tribunal militar em tempos de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra.

Os militares têm garantidos os seguintes direitos:

- décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;


- salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
- gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que a remuneração
normal, vedada a transformação do período de férias em tempo de serviço;
- licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
- licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
- assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em
creches e pré-escolas.

A vedação à vinculação de remunerações, à acumulação de acréscimos pecuniários para concessão de


acréscimos ulteriores, e a garantia da irredutibilidade dos salários também aplicam-se aos servidores
militares.

16. (Questão inédita) Segundo a Constituição do Estado do Rio Grande do Norte, a Administração
Pública deverá observar os princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Comentários:

A CE/RN previu os mesmos princípios expressos determinados no art.37 da CF/88. A questão está correta.

17. (Questão Inédita) A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em
concurso público de provas ou de provas e títulos, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão.

Comentário:

É exatamente o que dispõe o art. 26, inciso II, da Constituição Estadual.

18. (Questão inédita) O Estado do Rio Grande do Norte, ao invés de estabelecer um teto remuneratório
para cada um dos três Poderes, estabeleceu um único, válido para todos, com exceção dos Deputados
Estaduais, que é o subsídio mensal dos Desembargadores do Tribunal de Justiça.

Comentário:

No Rio Grande do Norte, fixou-se como teto remuneratório de todos os servidores do Estado o subsídio dos
Desembargadores do Tribunal de Justiça, conforme previsto no inciso XI do art. 26. A questão está correta.

19. (Questão Inédita) No Estado do Rio Grande do Norte, as funções de confiança serão exercidas
preferencialmente por servidores públicos de carreira.

Comentário:
As funções de confiança são destinadas exclusivamente a servidores públicos ocupantes de cargos efetivos.
A questão está errada.

20. (Questão Inédita) De acordo com a Constituição do Estado do Rio Grande do Norte, os acréscimos
pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem acumulados, para fins de
concessão de acréscimos ulteriores.

Comentário:

É exatamente o que prevê o art. 29, inciso XIV, da Constituição Estadual.

21. (Questão inédita) Pelo menos mensalmente, os servidores terão seus vencimentos reajustados em
índice suficiente para repor seu poder aquisitivo.

Comentário:

Anualmente a remuneração dos servidores públicos será reajustada para manutenção do poder de compra,
sem qualquer distinção de índice. Cabe lembrar que, no RE 565.089, o STF decidiu que esta revisão anual de
vencimentos não é obrigatória, mas, para deixar de aplica-la, o Executivo deve justificar a não concessão da
medida ao Poder Legislativo. A questão está errada.

22. (Questão Inédita) Somente por lei específica poderá ser autorizada a criação de autarquia e
fundação pública, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação.

Comentário:

As autarquias precisam ser criadas por lei específica. A questão está errada.

23. (Questão Inédita) Ao servidor público quando investido no mandato de Vereador ou Prefeito é
assegurado o exercício funcional em órgãos e entidades da administração direta e indireta situados no
município do seu domicílio eleitoral, observada a compatibilidade de horário.

Comentário:

O servidor público investido no mandato de Prefeito deverá se afastar do cargo, podendo optar pela
remuneração do cargo ou do mandato eletivo. A questão está errada.

24. (Questão Inédita) No Estado do Rio Grande do Norte, a aposentadoria compulsória dos servidores
públicos se dá aos 70 anos.

Comentário:

A aposentadoria compulsória dos servidores públicos será aos 75 anos, qualquer que seja a esfera federativa.
Essa é uma regra que se aplica a todas as esferas federativas. A questão está errada.

25. (Questão inédita) Os atos de improbidade administrativa importam em perda dos direitos políticos,
suspensão de função pública, indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao erário, além de possível ação
penal.
Comentário:

Houve uma inversão das penas. Há a suspensão dos direitos políticos e perda da função pública. As demais
estão corretas. A questão está errada.

26. (Questão inédita) O Estado responderá pelo dano que seus agentes causarem a terceiros em casos
de evidente culpa ou dolo.

Comentário:

As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviço público respondem
objetivamente pelo dano que seus agentes causarem a terceiros, independente da comprovação de culpa
ou dolo, dependendo apenas do nexo de causalidade entre a ação e o dano. A comprovação de culpa ou dolo
é necessária para o direito de regresso contra o responsável. A questão está errada.

27. (Questão inédita) Após adquirida a estabilidade, o servidor público não poderá perder o cargo.

Comentário:

O servidor poderá perder o cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado, por processo
administrativo no qual lhe seja assegurada ampla defesa, por procedimento de avaliação periódica de
desempenho, ou, eventualmente, por excesso de despesa. A questão está errada.

28. (Questão Inédita) O Militar do Estado do Rio Grande do Norte em atividade que tomar posse em
cargo ou emprego público civil permanente, será transferido para a inatividade, nos termos da lei

Comentário:

O militar Estadual em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente, será
transferido para a reserva, nos termos da lei. A questão está errada.

29. (Questão Inédita) Ao militar do Estado do Rio Grande do Norte a sindicalização e a greve e, em
qualquer hipótese, a filiação a partido político.

Comentário:

Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve e, enquanto em efetivo serviço, a filiação a partido político.

Lembre-se ainda de que, apesar de os militares, enquanto em serviço ativo, não poderem estar filiados a
partidos políticos, eles podem se candidatar a cargos eletivos. Se contar com menos de 10 anos de serviço,
o militar deverá se afastar da atividade; por outro lado, se contar mais de 10 anos, será agregado pela
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. A
questão está errada.

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