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DIREITO ELEITORAL – BRUNO GASPAR - (RJPLUS)

AULA 06 – 25.10.2020

Atualização: 10.12.2022

ELEGIBILIDADE

1. Considerações iniciais

Na aula passada se tratou do alistamento eleitoral, oportunidade na qual


o indivíduo se habilita como eleitor perante a Justiça Eleitoral e, a partir
de então, adquire capacidade eleitoral ativa.

Outra faceta da capacidade eleitoral é a passiva, que diz respeito a


capacidade que o cidadão possui de ser votado.

De acordo com a Teoria Clássica, adotada majoritariamente, é dotado de


elegibilidade aquele que possui as condições fixadas na lei (aspecto
positivo) e não incide nas causas de inelegibilidade (aspecto negativo).

Nesse âmbito, os conceitos de condições de elegibilidade e causas de


inelegibilidade são diretamente relacionados ao tema a capacidade
eleitoral passiva, razão pela qual serão minudenciados adiante.

O cidadão que pretende se candidatar a algum cargo público eletivo


deverá preencher determinados requisitos que estão previstos na CF/88.

*** O que são condições de elegibilidade? As condições de elegibilidade


são os requisitos positivos a serem preenchidos pela pessoa que pretende
se candidatar, enquanto as causas de inelegibilidade são as condições
impeditivas ao exercício da cidadania passiva.

As condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade devem ser


aferidas no momento da formalização do pedido de registro da
candidatura, ressalvadas as alterações posteriores ao registro que
afastem a inelegibilidade (art. 11, §10, da Lei no. 9.504/97).
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Assim, observa-se que para que o indivíduo possa ser eleito, é necessário
que preencha determinadas exigências e não incida nas hipóteses de
inelegibilidade legalmente previstas. As condições de elegibilidade são,
portanto, medidas positivas a serem observadas pelo interessado na
assunção de cargo eletivo.

▪ Estão no art. 14, §3º da CF/88: São seis condições de elegibilidade que
estão previstos na Constituição, vamos tratar de um a um:

I) a nacionalidade brasileira (ser brasileiro nato ou naturalizado): ter


nacionalidade brasileira é requisito fundamental para concorrer a cargos
públicos. Os estrangeiros naturalizados só podem concorrer aos cargos
de Vereador, Prefeito, Deputado, Senador e Governador, mas os cargos
de Presidente e Vice-Presidente da República são privativos de brasileiro
nato (art. 12, §3º da CF/88).

Para você concorrer a um cargo público eletivo, a gente tem que ser
brasileiro nato ou naturalizado, ter nacionalidade brasileira é um
requisito fundamental para se concorrer a algum cargo público eletivo. O
estrangeiro naturalizado, ele pode concorrer a vários cargos, governador,
senador, deputado, prefeito, vereador, mas não aos cargos de Presidente
e Vice-Presidente da República, porque são cargos privativos de brasileiro
nato.

Então, do art. 14, §3º, inciso I, façam, por favor, uma remissão ao art.
12, §3º, também da Constituição Federal de 1988.

II) Pleno exercício dos direitos políticos: denotam a capacidade de


votar (ativa) e ser votado (passiva). Os direitos políticos são adquiridos
com o alistamento eleitoral. Quando uma pessoa se alista, torna-se
eleitora e passa a exercer plenamente os direitos políticos, a não ser que
incida em alguma daquelas hipóteses previstas no art. 15 da CF/88
(perda ou suspensão dos direitos políticos).

Exige-se do pretenso candidato, também, o pleno exercício dos direitos


políticos.
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Isto é, não pode ter incorrido em qualquer caso de perda ou suspensão


dos direitos políticos elencados no art. 15, da CRFB/88.

Para efeito de memorização, a perda é a privação definitiva dos direitos


políticos, enquanto suspensão é a privação temporária de tais direitos.

Ocorrerá perda no caso de cancelamento de naturalização por sentença


transitada em julgado na hipótese de prática de atividade nociva ao
interesse nacional (art. 15, I, da CRFB/88) e pela aquisição de outra
nacionalidade por naturalização voluntária (art. 12, §4º, da CRFB/88).

Ocorrerá suspensão nos casos de incapacidade civil absoluta (art. 15, II,
da CRFB/88), de condenação criminal transitada em julgado (art. 15, III,
da CRFB/88), de recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
prestação alternativa (art. 15, IV, da CRFB/88) e de improbidade
administrativa (art. 15, V, da CRFB/88).

III) Alistamento Eleitoral: é a inscrição no cadastro dos eleitores. A


partir do momento que uma pessoa se alista, recebe o título de eleitor,
que será o documento hábil a comprovar o alistamento.

Observa-se que o alistamento também é requisito essencial para o


exercício da capacidade eleitoral passiva. Assim, verdadeiro afirmar que
todo aquele que pode ser votado deve, antes, poder votar.

Conforme visto, o alistamento eleitoral é obrigatório para os brasileiros


natos e naturalizados maiores de dezoito anos (art. 14. §1º, I, CRFB/88)
e facultativo para os analfabetos, os maiores de setenta anos de idade e
os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos de idade (art. 14, §1º,
II, da CRFB/88).

IV) Domicílio Eleitoral na circunscrição: qualquer cidadão brasileiro


só pode concorrer na circunscrição onde está alistado, pois é aí que
mantém seu domicílio eleitoral. Deve estar domiciliado naquela
circunscrição onde ele pretende concorrer há pelo menos seis meses (art.
9º da Lei 9.504/97).
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A Constituição exige que o indivíduo tenha domicílio no local onde


pretende votar, assim como onde pretende se eleger.

Com efeito, infere-se da legislação acerca da matéria que o prazo mínimo


de domicílio para o exercício da capacidade eleitoral ativa corresponde
àquele para requerer a inscrição.

Assim, considerando que nenhum requerimento de inscrição eleitoral ou


transferência será recebido dentro dos cento e cinquenta dias anteriores
à data da eleição, dentro desse prazo deverá o futuro candidato
demonstrar possuir domicílio na localidade para exercer o direito de voto.

Por outro lado, até recentemente, o prazo mínimo de domicílio eleitoral


para fins de capacidade eleitoral passiva era de um ano antes do pleito,
iniciada a contagem a partir da data da entrada do requerimento.

Por força da Lei no. 13.487/17, contudo, alterou-se o art. 9o, da Lei no.
9.504/97, que agora assim dispõe:

Art. 9º Para concorrer às eleições, o candidato


deverá possuir domicílio eleitoral na respectiva
circunscrição pelo prazo de seis meses e estar
com a filiação deferida pelo partido no mesmo
prazo. (Redação dada pela Lei no 13.488, de
2017)

Nesse âmbito, a circunscrição corresponderá ao local onde será


necessário que o futuro candidato comprove ter domicílio.

No caso do Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador, corresponderá ao


Município. Para Deputado (Federal, Estadual e Distrital), Senador,
Governador e Vice-Governador é o Estado ou o Distrito Federal. Para o
Presidente e Vice-Presidente da República é o País.

V) Filiação partidária: para ser votado, o brasileiro necessariamente


deve estar filiado a algum partido político seis meses antes da eleição (art.
9º da Lei 9.504/97). Seis meses é o prazo mínimo, pois o estatuto do
partido poderá estabelecer prazo superior. Todavia, segundo o TSE, os
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militares da ativa constituem exceção a esta regra. Independentemente


do tempo de serviço efetivo, o militar da ativa pode ser candidato a cargo
eletivo, desde que tenha sido escolhido em convenção partidária e o
partido apresente o requerimento de registro de candidatura à Justiça
Eleitoral.

Importante consignar, ainda, que segundo o art. 22, parágrafo único da


LPP “havendo coexistência de filiações partidárias, prevalecerá a mais
recente, devendo a justiça eleitoral determinar o cancelamento das
demais.”

VI) Idade mínima: estipula as idades mínimas para cada cargo eletivo.
35 para Presidente, Vice e Senador; 30 para Governador e Vice; 21 para
Deputado Estadual, Federal, Prefeito e 18 para Vereador.

Art. 11, §2º Lei 9.504/97: A idade mínima constitucionalmente


estabelecida como condição de elegibilidade é verificada tendo por
referência a data da posse, salvo quando fixada em dezoito anos, hipótese
em que será aferida na data-limite para o pedido de registro.

CARGO ELETIVO IDADE MÍNIMA


PRESIDENTE, VICE 35 anos
PRESIDENTE, SENADOR
GOVERNADOR e VICE 30 anos
GOVERNADOR
DEP. ESTADUAL ou DISTRITAL, 21 anos
DP. FEDERAL, PREFEITO, VICE
PREFEITO e JUIZ DE PAZ
VEREADOR 18 anos

Nesse sentido, a idade mínima é verificada tendo por referência a data da


posse, salvo quando fixada em dezoito anos, hipótese em que será aferida
na data-limite para o pedido de registro (art. 11, §2º, da Lei no. 9.504/97).

Assim, somente no caso de Vereador a idade mínima será contada a partir


da data limite para o pedido de registro de candidatura, oportunidade na
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qual o futuro candidato já deverá possuir dezoito anos completos. Nos


demais casos, será aferida na data da posse.

Dentro do sistema eleitoral brasileiro, os partidos políticos são pilares


fundamentais dentro do princípio democrático.

Também façam uma remissão do inciso V para o art. 9º da Lei 9.504/97,


que dá o prazo de 6 meses tanto para o domicílio eleitoral na
circunscrição como também, para a filiação partidária. Esse prazo de 6
meses, para a filiação partidária, é um prazo mínimo, porque o Estatuto
do partido, dentro de sua autonomia partidária, pode estabelecer prazos
superiores para a filiação partidária, nos termos do art. 20 da Lei dos
Partidos Políticos, que dispõe o seguinte:

Art. 20. É facultado ao partido político


estabelecer, em seu estatuto, prazo de filiação
partidária superiores aos previstos nesta Lei,
com vistas a candidatura a cargos eletivos.

Então, prazo de 6 meses é o prazo mínimo e o estatuto pode estabelecer


um prazo superior.

Outra observação importante, é o que diz respeito aos militares, no caso


de militares da ativa, eles constituem uma exceção a essa regra de
necessariamente tem que estar filiado a algum partido político,
independente do tempo de serviço efetivo, o militar da ativa, ele pode ser
candidato a um cargo eletivo, mesmo sem estar filiado a um partido,
desde que ele tenha sido escolhido em convenção partidária. E também
o partido apresente o requerimento de sua candidatura à Justiça
Eleitoral.

Então, o militar da ativa constitui uma exceção a regra da filiação


partidária, ele tem que ter sido escolhido em convenção partidária, mas
ele não pode necessariamente estar filiado àquela agremiação partidária.

*** O menor emancipado, pode concorrer ao cargo de vereador, cuja


idade mínima é 18 anos? Não pode, porque de acordo com o
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entendimento do TSE. Ainda sobre a questão da idade mínima, devemos


fazer uma remissão do art. 14 §3º, para o art. 11, §2º da Lei 9.504/1997.

A idade mínima constitucionalmente estabelecida como condição é


verificada tendo como referência, a data da posse, salvo quando
referenciada em 18 anos, hipótese que será aferida na data limite para o
pedido de registro.

*** Então, qual o momento no qual a gente vai ver que o pretenso
candidato atingiu a idade mínima? Vai verificar o seguinte, lá no pedido
de registro de candidatura, vão olhar, poxa, na data da posse esse
candidato vai ter 21 anos. Esse candidato disputará cargo a deputado
estadual ou deputado federal? Se tiver Ok, pode ser deferido o registro
da candidatura, por quê? Foi preenchida essa condição de elegibilidade.

Então, a idade mínima deve ser verificada, tendo por referência a data da
posse, salvo quando fixada em 18 anos. Qual cargo eletivo tem idade
mínima fixada em 18 anos? O vereador.

Quando for o caso de vereador, fixada em 18 anos, essa hipótese, ele tem
que ter completado os 18 anos, até a data limite para o pedido de registro
de candidatura. Então, no caso de vereador, no caso de o pretenso
candidato ter 18 anos, ele tem que ter completado essa idade mínima, na
data limite para o pedido de registro de candidatura.

Além das previstas na Constituição, também constituem condições de


elegibilidade, segundo o TSE, a quitação eleitoral (art. 11, §1º, VI, e §§7º
e 8º, da Lei no. 9.504/97) e a escolha em convenção partidária (art. 8º
c/c art. 11, §1º, I, da Lei nº. 9.504/97).

2. Causas de inelegibilidade: conceito e classificação

Conforme visto, as causas de inelegibilidade são impedimentos que


impossibilitam o exercício da capacidade eleitoral passiva. Preleciona
José Jairo Gomes:

Denomina-se inelegibilidade ou ilegibilidade o


impedimento ao exercício da cidadania passiva,
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de maneira que o cidadão fica impossibilitado


de ser escolhido para ocupar cargo político-
eletivo. Em outros termos, trata-se de fator
negativo cuja presença obstrui ou subtrai a
capacidade eleitoral passiva do nacional,
tornando-o inapto para receber votos e, pois,
exercer mandato representativo. Tal
impedimento é provocado pela ocorrência de
determinados fatos previstos na Constituição
ou em lei complementar. Sua incidência
embaraça a elegibilidade, esta entendida como
o direito subjetivo público de disputar cargo
eletivo.

Ao contrário das condições de elegibilidade, as causas de inelegibilidade


são regras restritivas que impedem o exercício da cidadania passiva.
Segundo Alexandre de Moraes, “as inelegibilidades são condições
obstativas ao exercício passivo da cidadania”.

▪ Ou seja, para ocupar um cargo eletivo, o candidato não pode incidir em


qualquer das hipóteses previstas no ordenamento jurídico.

▪ A inelegibilidade deve ser conhecida e decidida pela Justiça Eleitoral,


em regra, por ocasião do processo de registro de candidatura.

Súmula 70 TSE - O encerramento do prazo de


inelegibilidade antes do dia da eleição constitui
fato superveniente que afasta a inelegibilidade,
nos termos do art. 11, § 10, da Lei nº
9.504/1997.

▪ Natureza jurídica: status eleitoral. O status de inelegível impõe


restrições à esfera jurídica da pessoa, que não poderá ser eleita. Já os
status de elegível confere ao cidadão o direito de se candidatar e disputar
a eleição.

Para ocupar um cargo público eletivo, para se candidatar a um cargo


público eletivo, o candidato não pode incidir sobre nenhuma das causas
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de inelegibilidade previstas na CF/1988 ou na Lei Complementar


64/1990.

Esse status de inelegível impõe restrições a esfera jurídica da pessoa, a


pessoa inelegível não pode ser eleita. Então, a natureza jurídica das
causas de inelegibilidade é o status eleitoral. Se ela tem o status de
inelegível, ela não pode ser eleita. Já, o status de elegível, confere ao
cidadão, o direito de se candidatar e disputar a eleição junto a outros
candidatos.

As hipóteses de inelegibilidade terão variação na sua classificação a


depender do critério adotado.

Quanto ao modo de incidir, denomina-se inelegibilidade direta a que


gera o impedimento do próprio sujeito envolvido no fato que a
desencadeia. Por outro lado, a inelegibilidade reflexa obsta o exercício do
cargo eletivo por terceiros, como cônjuge e parentes.

Quanto à origem, podem se relacionar ao estado do indivíduo


(inelegibilidade-estado/originária/inata) ou à consequência jurídica da
prática de determinado ilícito (inelegibilidade-sanção).

A classificação mais difundida, contudo, relaciona-se ao critério de


abrangência. Por ele, diferencia-se as inelegibilidades absolutas das
inelegibilidades relativas. As primeiras seriam aquelas que constituiriam
impedimento para o exercício de qualquer cargo político eletivo, ao passo
em que as segundas obstariam a elegibilidade apenas para alguns cargos
ou dada a presença de determinadas circunstâncias.

▪ CLASSIFICAÇÃO DAS INELEGIBILIDADES:

a) absoluta (ampla) e relativa (restritiva): a inelegibilidade absoluta é


aquela que gera impedimento para qualquer cargo eletivo. Já a
inelegibilidade relativa é aquela que impede a disputa por determinados
cargos eletivos, mas permite para outros.
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b) inelegibilidade superveniente: é a inelegibilidade surgida no período


compreendido entre o registro da candidatura e a data da eleição.
Súmula TSE nº 47.

A inelegibilidade superveniente que autoriza a


interposição de recurso contra expedição de
diploma, fundado no art. 262 do Código
Eleitoral, é aquela de índole constitucional ou,
se infraconstitucional, superveniente ao
registro de candidatura, e que surge até a data
do pleito.

c) inelegibilidades constitucionais e infraconstitucionais: em termos


práticos, a principal distinção está no fato de que as inelegibilidades
constitucionais não precluem e podem ser arguidas a qualquer tempo,
inclusive depois das eleições, via RCED. Já as inelegibilidades
infraconstitucionais ou legais, estabelecidas na LC 64/90, precluem caso
não arguidas na fase do registro de candidatura.

▪ Vamos começar a analisar as inelegibilidades constitucionais.

Primeiro, classifica a inelegibilidades absolutas ou inelegibilidades


relativas. A inelegibilidade absoluta é aquela que gera impedimento para
qualquer cargo eletivo, por exemplo, Lei Complementar 64/1990, art. 1º,
inciso I, que diz o seguinte: são inelegíveis para qualquer cargo e aí, nas
alíneas “a” até “h”, todas são inelegibilidades absolutas, porque aquelas
ali valem para qualquer cargo eletivo, que esteja disputando eleição.

Já, a inelegibilidade relativa, é aquela que impede a disputa por


determinados cargos eletivos, mas permite para outros, o exemplo mais
conhecido de inelegibilidade relativa é a inelegibilidade reflexa, prevista
no art. 14, §7º da CF/1988, por que ela somente incide na circunscrição
do titular, a gente vai explicar com um pouco mais de detalhamento daqui
a pouco.

Outra classificação importante, inelegibilidade superveniente, que é a


inelegibilidade surgida no período compreendido entre o período do
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registro da candidatura e a data da eleição. A inelegibilidade


superveniente surge após a fase do registro das candidaturas e
justamente por isso, ela não poderia ter sido alegada nessa fase do
registro das candidaturas. Então, ela deve ser alegada através dessa ação
eleitoral que eu falei agora a pouco, que é o recurso contra a expedição
do diploma, que a gente vai estudar bem mais para frente.

A inelegibilidade superveniente tem que ocorrer até a data da eleição; se


for posterior à eleição já não é considerada mais uma inelegibilidade
superveniente, de acordo com o atual entendimento do TSE, que inclusive
está previsto na Súmula 47 do TSE.

OBS.: A Súmula 47 do TSE que é muito importante.

Outra classificação importante, divide as inelegibilidades entre


inelegibilidades constitucionais e infraconstitucionais. A principal
distinção é que as inelegibilidades constitucionais não precluem nunca e
podem ser arguidas a qualquer tempo. Já, as inelegibilidades
infraconstitucionais ou legais, que são aquelas que estão previstas na Lei
Complementar 64/1990, elas precluem caso não arguidas na fase de
registro das candidaturas.

Nós temos 4 inelegibilidades constitucionais: art. 14, §4º, §5º, §6º e §7º.
E temos diversas inelegibilidades infraconstitucionais.

2.1 – Inalistáveis e analfabetos

Art, 14, § 4º da CF/88: São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.


• Inalistáveis são os estrangeiros e os conscritos (durante serviço
militar obrigatório). Não possuem sequer capacidade de votar (ativa),
então obviamente são inelegíveis.
• Analfabetos são aqueles que não sabem ler nem escrever. Embora
tenham capacidade eleitoral ativa, não podem se candidatar.
• Súmula TSE nº 15: O exercício de mandato eletivo não é
circunstância capaz, por si só, de comprovar a condição de alfabetizado
do candidato.
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Súmula TSE nº 55: A Carteira Nacional de Habilitação gera a


presunção da escolaridade necessária ao deferimento do registro de
candidatura.

Conforme visto, não podem alistar-se eleitores os estrangeiros e os


conscritos, durante o serviço militar obrigatório (art. 14, §2º, da
CRFB/88) e os que estejam privados, temporária ou definitivamente, dos
direitos políticos (art. 5º, da Lei no. 4.737/65).

Além desses casos, pode-se definir como inalistável o menor de 16 anos,


ressalvando-se, contudo, a possibilidade de alistamento desde que na
data da eleição já possua 16 anos completos.

Embora seja possível ao analfabeto votar, ele não possui capacidade


eleitoral passiva, não podendo ser votado.

A comprovação da condição de alfabetizado é feita pela juntada de


comprovante de escolaridade no pedido de registro de candidatura. Caso
não possua esse documento, é possível a juntada de declaração de
próprio punho do indivíduo interessado, a ser feita na presença do Juiz
Eleitoral ou de servidor da Justiça Eleitoral.

Na hipótese de dúvida quanto a alfabetização, é possível a realização de


teste perante o juízo eleitoral, de forma individual e reservada. A ausência
ao teste de alfabetização induz a inelegibilidade.

Vê-se, portanto, que não se exige alfabetização plena do indivíduo que


deseja se tornar candidato. O denominado “analfabeto funcional”
também é habilitado a disputar eleições, desde que junte declaração de
próprio punho ou realize o teste de alfabetização.

Por força da Súmula no. 15 do TSE, o exercício de cargo eletivo anterior


não presume a alfabetização. Observe-se o seu teor:

O exercício de mandato eletivo não é


circunstância capaz, por si só, de
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comprovar a condição de alfabetizado do


candidato.

Por outro lado, segundo a Súmula no. 55 do TSE, a CNH gera presunção
da escolaridade. Nesse sentido:

A Carteira Nacional de Habilitação gera a


presunção da escolaridade necessária ao
deferimento do registro de candidatura.

2.2 - Reeleição para cargos executivos

Conforme visto, o Presidente da República, os Governadores de Estado e


do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou
substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único
período subsequente. Art. 14, § 5º da CF/88.

Historicamente, sempre foi possível a reeleição dos membros do Poder


Legislativo. No caso do Poder Executivo, porém, este instituto somente foi
criado a partir da EC no. 16/97.

A nova redação desse dispositivo foi objeto da ADI nº 1805, pretendendo-


se que fosse conferida interpretação conforme a Constituição para que a
candidatura à reeleição fosse precedida de desincompatibilização do
titular do cargo.

O STF, entretanto, negou a medida cautelar na referida ação, sob o


argumento de que a Constituição não teria exigido expressamente a
desincompatibilização. Assim, entendeu a corte ser inviável a aplicação
por analogia do prazo previsto no art. 14, §6º, da CRFB/88.

Nesse ponto, cabe promover a distinção entre a sucessão e a substituição.


A sucessão deve ser entendida como a assunção definitiva do cargo em
caso de afastamento permanente do titular (renúncia, morte etc). Ao
revés, a substituição consiste na ocupação temporária do cargo em caso
de mero impedimento do titular (licença, viagens etc).

De todo modo, havendo qualquer dessas situações, será possível ao


sucessor ou substituto uma reeleição.
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Além dos chefes do Executivo, os respectivos vices também não podem


exercer tais cargos por mais de duas vezes consecutivas.

ATENÇÃO! QUADRO DE INELEGIBILIDADE DO “VICE”


HIPÓTESE CONSEQUÊNCIA
“VICE” CANDIDATO À É reelegível para um único
REELEIÇÃO (NOVAMENTE VICE) mandato subsequente;
“VICE” CANDIDATO À CHEFE Poderá ser candidato a chefe do
DO Poder Executivo e, se eleito,
EXECUTIVO candidatar-se à reeleição;
Contudo, caso tenha sucedido ou
substituído o chefe do executivo
nos últimos 6 meses antes do
pleito, não poderá, caso eleito,
candidatar-se à reeleição;
“VICE” QUE SUCEDE O TITULAR Poderá ser candidato a “vice” uma
DA CHEFIA DO EXECUTIVO única vez, pois a hipótese é
considerada reeleição;
Caso tenha sucedido o chefe do
executivo nos últimos 6 meses
antes do pleito, não poderá, caso
eleito chefe do executivo,
candidatar-se à reeleição.
“VICE” QUE DESEJA Não há desincompatibilização,
CONCORRER A OUTRO CARGO mas se suceder ou substituir o
ELETIVO titular nos seis meses antes do
pleito, fica inelegível;

Dispositivo alterado pela EC nº 16/97 – torna tais autoridades inelegíveis


para um terceiro mandato sucessivo, mas também abrange os
substitutos e sucessores do titular. Objetivo da lei é impedir que uma
mesma pessoa ocupe por mais de duas vezes o mesmo cargo eletivo.
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• O Governador poderá ser candidato a Vice para um hipotético


terceiro mandato? R: NÃO, pois estaria se abrindo uma possibilidade
de terceiro mandato consecutivo, o que é vedado.

• Mas e o Vice, poderia se candidatar ao cargo de Governador


(titular)? R: SIM, porque estaria disputando cargo diverso e não geraria
terceiro mandato consecutivo.

O objetivo dessa norma constitucional é impedir que a mesma pessoa


ocupe, por mais de duas vezes, o mesmo cargo eletivo, ou seja, impedir
que a mesma pessoa ocupe o terceiro mandato sucessivo. REsp - AgRg
em AgRgRespE 23570 e RE 637485.

O objetivo do art. 14, §5º da CF/1988 é impedir um terceiro mandato


sucessivo, muito cuidado com isso, e trouxe dois exemplos interessantes,
vejam só:

*** O Governador pode ser candidato a Vice para um hipotético


terceiro mandato? O Governador ocupou cargo eletivo por 4 anos, foi
reeleito por mais 4 anos, na eleição seguinte, ele pode vir como Vice? Não.
Por que não. Gente eu acabei de falar, o objetivo dessa norma é impedir
o terceiro mandato consecutivo. E se ele vem como Vice, abre-se uma
possibilidade, em qualquer ausência do titular, dele exercer o terceiro
mandato consecutivo. Certo?! E é justamente o objetivo que pretende
proibir essa norma aqui.

*** Outra hipótese diferente, o Vice poderia se candidatar ao cargo


de Governador (titular)? ou seja, ele foi vice por 4 anos, depois foi
vice por mais 4 anos, ele poderia vir como titular da chapa na eleição
seguinte? Pode, por quê? Porque estaria disputando um cargo diverso
e não geraria um terceiro mandato consecutivo. Ele não vai gerar um
terceiro mandato consecutivo, ele foi vice, vice e vai ser governador.

Caso ele tenha sucedido ou substituído o titular, nos 6 meses anteriores


à eleição, aí, ele pode até concorrer, mas ele vai concorrer a reeleição, foi
o que aconteceu aqui no Rio de Janeiro, nas eleições há um tempo.
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O Sérgio Cabral renunciou ao mandato, o Luiz Fernando Pezão, assumiu


o cargo de Governador do Estado, exerceu o final do mandato e depois
concorreu a reeleição, por uma vez. Então, muita atenção ao art. 14, §5º
da CF/1988.

PREFEITO ITINERANTE

Muito se discutiu acerca da possibilidade de que um Prefeito no exercício


do segundo mandato viesse a se candidatar à chefe do Poder Executivo
em município diverso. A essa figura deu-se o nome de “prefeito
itinerante”.

À época da adoção do instituto da reeleição, em meados de 1997, o TSE


entendia ser possível essa candidatura, uma vez que não haveria
expressa proibição na Constituição Federal de 1988.

Contudo, no ano de 2008, o TSE mudou de entendimento, posicionando-


se no sentido de impossibilitar a terceira candidatura ao cargo de prefeito,
ainda que em município diverso.

Posteriormente, considerando que a mudança de entendimento do TSE


ocorreu no final de 2008, ano em que houve eleições municipais, diversos
prefeitos, após a eleição, tiveram os seus diplomas impugnados, o que
teria resultado na sua cassação.

Assim, a questão foi submetida ao STF. No julgamento do RE 637485/RJ


(STF.Pleno. RE 637485/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
01/08/2012, publicado em 21/04/2013 – Info 673) o Tribunal fixou dois
entendimentos importantes:

a) O art. 14, §5º, da CRFB/88, deveria ser interpretado no sentido de


que a proibição da segunda reeleição é absoluta e tornaria inelegível para
determinado cargo de Chefe do Poder Executivo o cidadão que já cumpriu
2 mandatos consecutivos em cargos da mesma natureza, ainda que em
ente da federação diverso; e

b) As decisões do TSE que acarretem mudança de jurisprudência no


curso do pleito eleitoral ou logo após o seu encerramento não se aplicam
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imediatamente ao caso concreto e somente têm eficácia sobre outras


situações em pleito eleitoral posterior.

Desse modo, atualmente há entendimento consolidado do STF e do TSE


no sentido de inadmitir a figura do “prefeito itinerante” ou “prefeito
profissional”.

Art. 14, §6º da CF/88: Para concorrerem a outros cargos, o Presidente


da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os
Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses
antes do pleito.
• Trata-se da primeira regra de desincompatibilização das muitas
previstas na legislação.
• A regra não alcança o vice, que poderá se candidatar não só ao mesmo
cargo (reeleição), como também a outros cargos, sem renúncia, desde
que nos últimos seis meses não tenha sucedido ou substituído o titular.
• Exemplos:
a) nas eleições de 2010, o governador de SP José Serra teve que
renunciar ao seu cargo para concorrer à presidência da república;
b) E no caso do Presidente da Câmara que substituiu o Prefeito nos
seis meses anteriores à eleição? R: Está inelegível para o cargo de
vereador, mas pode se candidatar ao cargo de Prefeito.

Aqui estamos falando de outros cargos, aqui é o caso do Governador que


pretende concorrer ao cargo de Presidente da República, aqui é o caso do
Presidente da República que pretende concorrer ao cargo de Senador.
Então, aqui é para outros cargos. Eles devem renunciar aos seus
respectivos mandatos, não é um mero afastamento, é uma renúncia 6
(seis) meses antes do pleito.

Essa é uma das muitas regras de desincompatibilização que existe em


nossa legislação; essa é uma desincompatibilização de natureza
constitucional e essa regra não alcança o vice, que pode se candidatar ao
mesmo cargo na reeleição e também, pode se candidatar a outros cargos
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sem renúncia, desde que nos últimos 6 (seis) meses, ele não tenha
sucedido ou substituído o titular.

Não estabeleceu a Constituição qualquer limitação nesse caso. Contudo,


quando o titular de mandato executivo desejar se candidatar a outro
cargo, conforme previsão Constitucional, deverá renunciar ao respectivo
mandato até seis meses antes do pleito. A esse fenômeno de afastamento
do cargo, dá-se o nome de desincompatibilização.

Possui as seguintes classificações:

a) Heterodesincompatibilização: é o afastamento do indivíduo de


determinado cargo, emprego ou função para permitir a candidatura de
um terceiro;

b) Autodesincompatibilização: é o afastamento a fim de permitir que o


próprio indivíduo pleiteie determinado cargo eletivo;

c) Desincompatibilização definitiva: é o afastamento definitivo, através


de renúncia ou exoneração; e

d) Desincompatibilização temporária: exige-se somente o afastamento


provisório, geralmente através de licença.

Essa regra aqui de desincompatibilização alcança apenas aos titulares do


cargo público de Chefe do Poder Executivo nacional, estadual ou
municipal.

*** Quais são os exemplos clássicos, a respeito dessa matéria aqui?


Temos 2 (dois):

a) nas eleições de 2010, o então, Governador de São Paulo, José Serra,


ele renunciou ao seu cargo de Governador, para concorrer à Presidência
da República.

Na alínea b) acima mencionada, o exemplo é bem interessante. E no caso


do Presidente da Câmara que substitui o Prefeito, nos 6 (seis) meses
anteriores à eleição? Vamos pensar aqui, o Presidente da Câmara está
no exercício da Prefeitura, nos últimos 6 (seis) meses antes da eleição,
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para Prefeito. Veja só, ele pode concorrer ao cargo de Prefeito? Pode!
Por quê? Porque ele está exercendo o cargo de Chefe do Executivo
municipal e pode concorrer à reeleição. No entanto, ele é Presidente da
Câmara, mas é o Prefeito, nos últimos 6 (seis) meses, antes da eleição.
Ele como Presidente da Câmara, ele é um vereador. Ele poderia
concorrer ao cargo de Vereador? Não poderia, por quê? Ele está
exercendo um cargo de Prefeito e para concorrer a um outro cargo, que é
o cargo de Vereador, ele tinha que renunciar 6 (seis) meses antes do
pleito. Como ele vai renunciar 6 (seis) meses antes do pleito, se ele está
sucedendo 6 (seis) meses antes do pleito. Então, gente cuidado!
Presidente da Câmara que substitui o Prefeito, nos 6 (seis) meses
anteriores ao pleito, ele pode se candidatar ao cargo de Prefeito,
como reeleição? Pode.

Agora ele vai poder se candidatar ao cargo de vereador? Não, porque


aí, a gente está falando de outro cargo, ele está exercendo o cargo de
Prefeito. E aqui, ele teria que renunciar 6 (seis) meses antes do pleito, por
força do art. 14, §6º da CF/1988.

Vamos passar, para a quarte e última inelegibilidade de natureza


constitucional.

Art. 14, §7º da CF/88: São inelegíveis, no território de jurisdição


do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o
segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de
Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de
Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e
candidato à reeleição.

• O objetivo é garantir a igualdade na disputa pelo cargo eletivo,


impedindo que candidatos sejam beneficiados pela atuação do titular.
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• Se aplica aos parentes até o segundo grau, cônjuge ou


companheiro(a). E também aos sujeitos de relação estável homossexual
(TSE - Respe no 24.564/PA).
• A inelegibilidade reflexa só alcança os Chefes do Poder Executivo. Não
atinge o Vice, a não ser que tenha sucedido o titular ou o substituído
nos últimos seis meses antes da eleição.

Essa é a regra da inelegibilidade reflexa. Quando a gente olha o §7º, do


art. 14 da CF/1988, a gente toma um susto, porque são vários pontos
aqui, mas a gente vai destrinchar essa inelegibilidade reflexa, porque é
uma inelegibilidade muito importante.

*** Primeiro, qual o objetivo dessa norma? Qual é o objetivo de você


vedar a candidatura de um parente? De você tornar os parentes do
titular, inelegíveis? Igualdade na disputa pelo cargo eletivo, impedindo
que candidatos sejam beneficiados pela atuação do titular, que é o
Presidente da República, o Governador de Estado e o Prefeito. Então, esse
é objetivo, igualdade na disputa pelo cargo eletivo.

Essa regra, se aplica aos parentes até o segundo grau, cônjuge,


companheiro, entretanto há um acórdão que se aplica aos sujeitos de
relação estável homossexual (REsp 24.564/PA).

Essa inelegibilidade reflexa, ela somente alcança os Chefes do Poder


Executivo e não vai atingir o Vice, a não ser que esse Vice tenha sucedido
ou substituído o titular, nos últimos 6 (seis) meses do mandato ou nos
seis meses da eleição.

Dentro da classificação que já vimos no início, a inelegibilidade reflexa


caracteriza-se como relativa, uma vez que somente incide nos cargos
em disputa na circunscrição do titular. Exemplo: Cônjuge do Prefeito é
inelegível no mesmo Município, mas pode concorrer em outros
Municípios, bem como disputar cargos eletivos estaduais e federais.
21

Súmula Vinculante 18 do STF – “A dissolução da sociedade ou do


vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade
prevista no §7º do art. 14 da Constituição Federal”.

Ou seja, se a separação judicial ocorrer em meio à gestão do titular do


cargo que gera a vedação, o vínculo de parentesco, para os fins de
inelegibilidade, persiste até o término do mandato, inviabilizando a
candidatura do ex-cônjuge ao pleito subsequente, na mesma
circunscrição, a não ser que aquele se desincompatibilize seis meses
antes.

Parte final da norma: [salvo se já titular de mandato eletivo e candidato


à reeleição] Exemplo: Esposa do Prefeito pode ser candidata a
vereadora, no mesmo município, se já for titular do mesmo mandato
(de vereadora) e estiver concorrendo à reeleição.

Apenas do texto constitucional, é possível extrair conclusões


importantes:

a) a inelegibilidade do parente, inclusive por adoção, se dá até o segundo


grau; e

b) a inelegibilidade somente valerá na circunscrição eleitoral respectiva.


Isso significa que, por exemplo, não há vedação para que irmão de
Prefeito de um município se candidate a Prefeito de município diverso,
assim como, por outro lado, o irmão do Presidente da República não
poderá concorrer a qualquer cargo eletivo, salvo se já seja titular de
mandato.

Vimos uma classificação entre as inelegibilidades absolutas que são


aquelas que valem para qualquer cargo eletivo e as inelegibilidades
relativas, que é aquela que gera impedimento para alguns cargos, mas
não gera para outros.
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Então, a inelegibilidade reflexa é um exemplo clássico da inelegibilidade


relativa, por quê? Porque ela somente incide dentro da circunscrição do
titular. Vamos pensar aqui, cônjuge do prefeito é inelegível no mesmo
município. A esposa do prefeito é inelegível naquele município, naquela
circunscrição, ela não pode concorrer dentro daquela circunscrição, que
é o município, ao cargo de Vereadora, ao cargo de Prefeita ou de Vice-
Prefeita.

*** Mas, como é uma inelegibilidade que somente incide nos casos
em disputa na circunscrição do titular, essa esposa do Prefeito pode
concorrer a cargos federais e estaduais? Pode, sem problema nenhum.

*** Essa esposa do Prefeito, pode concorrer a Vereadora de outro


município? Pode porque está fora daquela circunscrição. Na eleição
municipal, a circunscrição é o município.

A Súmula Vinculante no 18 do STF dispõe que a dissolução de


sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta essa
inelegibilidade reflexa, ou seja, se a separação ocorre no meio do
mandato, do titular do cargo que gera a vedação, o vínculo do parentesco,
para os fins de inelegibilidade, persiste até o término daquele mandato,
inviabilizando a candidatura do ex-cônjuge ao pleito subsequente na
mesma circunscrição, a não ser que o outro, se desincompatibilize.
Então, cuidado com a Súmula Vinculante no 18 do STF, que é bem
importante.

Entretanto, o próprio STF, no julgamento do RE no. 758461/PB (STF. RE


758461/PB, Rel. Ministro Teori Zavascki, julgado em 22/05/2014 e
publicado em 30/10/2014) suavizou o alcance dessa Súmula Vinculante,
determinando que ela não se aplicaria no caso de extinção de vínculo
conjugal pela morte de um dos cônjuges.

OBS.: Em um caso concreto recente (processo 0600127-


72.2020.6.10.0074), o TSE entendeu que não há inelegibilidade se o
divórcio ocorreu no segundo mandato, mas a separação de fato ocorreu
no primeiro.
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Tem uma parte final do art. 14, §7º da CF/1988 que fala: “(...) salvo se
já titular de mandato eletivo e candidato a reeleição.” Aqui é uma
exceção a norma da inelegibilidade reflexa.

*** O que significa isso? Por exemplo, nesse caso (a esposa do Prefeito),
vamos pensar que ela já exerce o cargo de Vereadora. O marido virou
Prefeito; a esposa poderia concorrer à reeleição, então, aqui não incide
essa inelegibilidade reflexa, por causa dessa parte final do art. 14, §7º da
CF/1988, ou seja, a esposa do Prefeito já tem o mandato eletivo e está
concorrendo, dentro desse mandato eletivo, a reeleição. Então, essa é
uma exceção à norma da inelegibilidade reflexa.

Elegibilidade dos parentes do chefe do executivo reelegível: Assim


dispõe a Súmula no. 6 do TSE: São inelegíveis para o cargo de chefe do
Executivo o cônjuge e os parentes, indicados no § 7º do art. 14 da
Constituição Federal, do titular do mandato, salvo se este, reelegível, tenha
falecido, renunciado ou se afastado definitivamente do cargo até seis
meses antes do pleito.

Vê-se, portanto, que o falecimento, a renúncia ou o afastamento definitivo


do cargo de Chefe do Executivo, seis meses antes do pleito, afastam a
inelegibilidade reflexa.

Contudo, isso ocorre desde que o titular do mandato seja reelegível.


Assim, é possível que o mesmo grupo familiar exerça dois mandatos
consecutivos, não importando se por uma mesma pessoa ou duas.

A aplicação da hipótese de inelegibilidade reflexa é feita objetivamente,


de acordo com a hipótese de incidência constitucionalmente prevista.

Assim, desde que seja provado o parentesco e havendo o exercício do


cargo político, incide a causa de inelegibilidade, independentemente da
rivalidade existente entre os familiares.

Parentes na mesma chapa: Não há previsão legal que impeça familiares


de concorrerem conjuntamente na disputa do cargo do Poder Executivo.
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Familiares podem compor a mesma chapa, como titular e vice, desde que
não incidam em outra causa de inelegibilidade.

Substituição: A expressão “titular” constante no art. 14, §7º, da


CRFB/88, deve ser tomada como o exercício pleno do cargo. Assim, ainda
que por reduzido período e a qualquer título, a substituição do titular
pelo vice faz incidir a inelegibilidade reflexa.

União estável e união homoafetiva: Para efeito de inelegibilidade


reflexa, segundo o TSE, a condição de cônjuge inclui aqueles que
convivem em união estável (Recurso Especial Eleitoral no 8439, Acórdão,
Relator(a) Min. Marco Aurélio Mendes De Farias Mello, Publicação:
PSESS - Publicado em Sessão, Data 25/10/2012), bem como em união
homoafetiva (Recurso Especial Eleitoral no 24564, Acórdão, Relator(a)
Min. Gilmar Ferreira Mendes, Publicação: PSESS - Publicado em Sessão,
Data 01/10/2004).

Inelegibilidade reflexa e eleições suplementares: A eleição


suplementar é aquela que ocorre, dentre outras situações, na hipótese de
cassação do diploma ou perda de mandato de candidato eleito em pleito
majoritário.

É dizer: ocorrida a cassação, por exemplo, será determinada a realização


de nova eleição, denominada eleição suplementar.

Segundo entendimento do STF proferido no julgamento do RE


843455/DF (STF. Plenário. RE 843455/DF, Rel. Ministro Teori Zavascki,
julgado em 07/10/2015 - Info 802), as hipóteses de inelegibilidade
previstas no art. 14, §7º, da CRFB/88, inclusive quanto ao prazo de seis
meses, são aplicáveis às eleições suplementares.

Além disso, na oportunidade, o STF firmou o entendimento no sentido de


que quem pudesse se reeleger poderia ser sucedido pelo cônjuge do
mesmo modo que, ao contrário, quem não pudesse se reeleger não
poderia por ele ser sucedido.
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Nessa linha, no caso submetido ao Plenário, considerando que o


candidato cassado estava inelegível, essa inelegibilidade teria se
transmitido ao cônjuge.

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