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AULA 26

DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

DIREITOS POLÍTICOS

“Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e
secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.”

O art. 1º, parágrafo único, da CF, estabelece que todo o poder emana do povo, que o
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição.
Assim, a regra geral é que o poder será exercido por pessoas escolhidas pelo povo.
A forma de eleição desses representantes será a do voto direto e secreto, de caráter
universal (todos os capazes poderão votar).
Além disso, em situações específicas, a Constituição Federal estabelece que a lei deverá
permitir a participação direta da população nas decisões políticas, através de três
institutos:

Plebiscito, referendo e iniciativa popular.

a) plebiscito: consulta à população sobre determinado assunto ainda foi votado pelo
Legislativo. É prévio (antes da decisão do Legislativo) e pode permitir uma entre várias
respostas (plebiscito de 1993, sobre o regime de governo no Brasil) ou pode ser
apresentado na forma de quesito (resposta sim ou não).

b) referendo: consulta à população para ratificação ou não de decisão tomada pelo


Legislativo. Nesse admite caso, a consulta será feita na forma de quesito (somente a
resposta sim ou não). Ex.: referendo sobre a proibição de venda de armas no Brasil.

c) iniciativa popular: forma de apresentação de proposta de lei (ordinária ou


complementar) feita diretamente pela população. Para que o projeto de lei de iniciativa
popular seja aceito, deve:
a) ser subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional;
b) tais subscritores devem estar distribuídos por no mínimo 5 Estados;
c) em cada um desses Estados, devem ser colhidas as assinaturas de pelo menos
0,3% dos eleitores locais.

ALISTAMENTO ELEITORAL E DEVER DE VOTAR.

“§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:


I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

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§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do
serviço militar obrigatório, os conscritos.”

Os brasileiros naturalizados podem votar e ser votados (somente não podendo ser
candidatos a Presidente da República e Vice-Presidente da República).
Conscrito é o alistado no exército, o recruta (militar temporário, não incorporado
definitivamente às forças armadas)

A Constituição Federal estabeleceu dois tipos de eleitores:

a) Eleitores obrigatórios: devem alistar-se eleitoralmente (tirar o título) e votar em


todas as eleições (o Código Eleitoral permite que, em vez de votar, o eleitor justifique
ou pague multa). Em regra, são todos os brasileiros com mais de 18 anos.

b) Eleitores facultativos: não precisam alistar-se eleitoralmente (tirar o título) e, mesmo


que o façam, não são obrigados a votar em todas as eleições. São os analfabetos, quem
tem mais de 70 anos e quem tem entre 16 e 18 anos.

REQUISITOS PARA SER CANDIDATO.

O parágrafo 3º do art. 14 traz os requisitos para que alguém seja candidato:

“§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:


I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
V - a filiação partidária;
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito,
Vice-Prefeito e juiz de paz;
d) dezoito anos para Vereador.”

I - a nacionalidade brasileira:
Estrangeiro não pode votar nem ser votado. Brasileiro naturalizado pode votar e ser
votado, somente não podendo concorrer aos cargos previstos no art. 12, §3º, da CF.

II - o pleno exercício dos direitos políticos:


Aquele que perder seus direitos políticos (ex.: alguém que sofra de incapacidade civil
absoluta) ou estiver com eles suspensos (condenado por crime, p. ex.), não poderá ser
candidato. Além disso, o candidato deverá ter votado, ou justificado, ou pago a multa,
em todas as eleições anteriores.

III - o alistamento eleitoral:


Para ser candidato, é necessário estar alistado na Justiça Eleitoral, ou seja, deve-se
possuir título de eleitor.

IV - o domicílio eleitoral na circunscrição:


Domicílio eleitoral é o município onde o eleitor vota.
O candidato deve estar domiciliado eleitoralmente no local cujo cargo pleiteia. Assim,
candidato a vereador de Manaus deve estar alistado em Manaus, candidato a

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governador de São Paulo deve estar alistado em Município deste Estado, e assim por
diante.

V - a filiação partidária:
No Brasil, todo candidato deve estar vinculado a um partido político. Não existe, assim,
aqui, a possibilidade dos chamados “candidatos independentes”, ou seja, sem filiação
partidária.

VI - a idade mínima de:


a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito,
Vice-Prefeito e juiz de paz;
d) dezoito anos para Vereador.

CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE.

Os parágrafos 4º e 5º do art. 14 trazem algumas condições adicionais para que alguém


seja candidato, trazendo hipóteses de inelegibilidade (casos em que a pessoa não
poderá ser candidato).

“§ 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.”

Inalistável é aquele não pode ser eleitor. Assim, quem não pode votar não pode também
ser votado. Os analfabetos podem votar, mas não podem ser candidatos.

“§ 5º - O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os


Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão
ser reeleitos para um único período subseqüente.”

A Constituição Federal permite que o ocupante de um cargo eletivo do Executivo


concorra apenas uma vez à reeleição.
Se reeleito, somente poderá ser candidato a outro cargo eletivo, não ao mesmo. Mas
poderá concorrer de novo ao cargo desde que aguarde o período de um mandato.
Tal restrição se aplica não somente ao ocupante efetivo do cargo, mas também àqueles
que o houverem sucedido, em qualquer momento do mandato.
Suceder é assumir o lugar do titular definitivamente. Substituir é assumir o lugar do
titular apenas temporariamente.
Assim, por exemplo, se vagar o cargo de Presidente e o Vice-Presidente assumir o seu
lugar (em 2015, por exemplo), este poderá disputar a próxima eleição para Presidente
(em 2018), mas não poderá concorrer à reeleição para Presidente na eleição seguinte
(em 2022), uma vez que exerceu o cargo de Presidente como titular no mandato
anterior.
Mas e se o Vice-Presidente somente substituir (temporariamente) o Presidente? Nesse
caso, de acordo com a Res. TSE 20.889:
a) se a substituição ocorrer nos últimos 6 (seis) meses do mandato ele poderá disputar
a próxima eleição para Presidente mas não poderá disputar a reeleição no pleito
seguinte.
b) se a substituição ocorrer antes dos 6 (seis) meses finais do mandato, ele poderá
disputar a próxima eleição para Presidente e também poderá concorrer à reeleição no
pleito seguinte.

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“§ 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores
de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos
até seis meses antes do pleito.”

Além de não poderem se reeleger para o mesmo cargo mais de uma vez, os ocupantes
de cargos eletivos do Executivo, se quiserem concorrer a outros cargos (como
senadores, deputados, vereadores), precisam se desencompatibilizar do cargo que
ocupam em até seis meses antes da data da eleição.
Essa restrição não se aplica ao Vice-Presidente, aos Vice-Governadores nem aos Vice-
Prefeitos, desde que não tenham sucedido ou substituído o titular nos seis meses
anteriores à eleição (Lei Complementar 64/90).

“§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes


consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República,
de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os
haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de
mandato eletivo e candidato à reeleição.”

Essa disposição visa impedir que os ocupantes de cargos utilizem-se de sua influência
para eleger seus cônjuges ou parentes até o segundo grau, consangüíneos e afins (pais,
filhos, avós, netos, irmãos, sogros, genros e cunhados).
Veja-se que a restrição aplica-se somente ao território de jurisdição do titular. Assim,
por exemplo, o filho do Governador do Estado de São Paulo não pode concorrer à
prefeitura de Campinas, mas pode ser candidato a deputado federal.
O texto abre somente uma exceção: se o parente ou cônjuge já for titular de mandato
eletivo, ele pode concorrer à reeleição.

“§ 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:


I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e,
se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.”

Se o militar puder votar também poderá ser candidato, exigindo, porém, a CF, que os
que tiverem menos de 10 anos de atividade, deverão afastar-se da atividade (deverão
pedir baixa). Já os que tiverem mais de 10 anos somente passarão para a inatividade
se forem eleitos.

“§ 9º - Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de


sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício
de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade
das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função,
cargo ou emprego na administração direta ou indireta.”

“§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de


quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder
econômico, corrupção ou fraude.”

Diplomação é o ato formal pelo qual a Justiça Eleitoral reconhece os candidatos eleitos
e seus suplentes, entregando-lhes um certificado (diploma).

“§ 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça,


respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.

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