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DIREITO CONSTITUCIONAL

Direitos Políticos
Art. 1º, Parágrafo Único da CF/88. Todo o poder emana do povo, que o
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
desta Constituição.
Os direitos políticos são dados aos integrantes do povo para participarem da vida política do
Estado, ou seja, exercerem a soberania popular.
Nesse sentido, cidadão é o brasileiro, nato ou naturalizado, no gozo dos direitos políticos.

São direitos políticos:


• Direito de Sufrágio;
• Alistabilidade;
• Elegibilidade;
• Iniciativa popular de lei;
• Ação popular;
• Organização e participação de partidos políticos.
Esses direitos são adquiridos mediante o alistamento eleitoral que podem ser divididos em dois
grandes grupos:
• Direitos Políticos Positivos
• Direitos Políticos Negativos

Direitos Políticos Positivos


Asseguram a participação popular na vida pública, são direitos que resguardam a participação
do indivíduo.
As formas de exercício da soberania popular podem se dar por:
• Participação em eleições – votar e ser votado;
• Participação em referendos, plebiscitos e iniciativa popular;

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• Criação, organização e composição de partidos políticos.

Direito ao Sufrágio
Sufrágio é o direito público subjetivo de natureza política de elegermos e sermos eleitos, ou
seja, o direito de votar (alistabilidade) e de ser votado (elegibilidade), participando assim da
vida política do Estado e da sociedade.
O sufrágio é o direito político.
O voto representa o exercício desse direito.
O escrutínio o modo como o direito é exercido.

Sufrágio Universal – cláusula pétrea – se caracteriza pela possibilidade de todos os cidadãos


votar e ser votado, independentemente de distinções quanto à classe social ou econômica,
quanto ao sexo ou capacidade intelectual.
A existência de requisitos como o do alistamento eleitoral, a nacionalidade e a idade mínima,
não afastam a universalidade do sufrágio.

Características do voto na atual CF/88:

• Direto. Em regra, a escolha dos membros do Legislativo e do Executivo é feita


diretamente pelos eleitores, salvo nos casos previstos na CF/88, art. 81 §1º.
• Igual para todos. Um homem, um voto.

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• Periódico. Alternância do poder é características das repúblicas.
• Livre. E o escrutínio é uma das formas de assegurar isto e evitar coação.
• Personalíssimo. Não pode o eleitor ser representado.
• Obrigatório. Art. 14, §1º da CF/88. Entre os 18 e os 70 anos de idade.

ALISTABILIDADE (CAPACIDADE ELEITORAL ATIVA)


O alistamento é o modo de aquisição dos direitos políticos. Através deste, junto à Justiça
Eleitoral, é que o cidadão pode votar em eleições, plebiscitos e referendos ou participar de
iniciativa popular demonstrando sua vontade política.
O referendo, plebiscito e a iniciativa popular são modos de participação direta do cidadão na
condução da democracia. Eles são regidos pela lei nº 9.079/98.

Plebiscito e referendo
São instrumentos de consulta formulada ao povo para que deliberem sobre matéria de acentuada
relevância, de natureza constitucional, de natureza legislativa ou administrativa.
Plebiscito é consulta prévia (concordar/discordar) exigido nos casos de desmembramento,
incorporação, fusão ou subdivisão de estados e municípios. (art. 18, § 3º e 4º).
Referendo é consulta realizada posteriormente à edição do ato legislativo ou administrativo,
com o intuito de ratificá-lo ou rejeitá-lo.
A iniciativa popular consiste na apresentação de projeto de lei à Câmara dos Deputados,
subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuídos pelo menos por 5 Estados,
com pelo menos de 0,03% dos eleitores de cada um deles. (art. 61, §2º da CF/88)

Obrigatoriedade e Facultatividade
Art. 14, § 1º da CF/88:

O alistamento eleitoral e o voto são:

I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;

II - facultativos para:

a) os analfabetos;

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b) os maiores de setenta anos;

c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

Nos casos do voto facultativo, mesmo alistados, os cidadãos não são obrigados a votar.
O TSE editou resolução no sentido de que a pessoa portadora de deficiência física que
inviabiliza ou torne extremamente oneroso o exercício de suas obrigações eleitorais não pode
sofrer qualquer penalidade por não se alistar ou deixar de votar.
De acordo com o Código Eleitoral, o alistamento eleitoral também não é obrigatório
para os inválidos e os que se encontrem fora do país (Lei 4.737/68, art. 6º, I, alíneas “a” e “c”)

Quem não poderá se alistar como eleitores?


Os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos. § 2º, art. 14 da
CF/88.

ELEGIBILIDADE (CAPACIDADE ELEITORAL PASSIVA)


Consiste no direito de pleitear, mediante eleição, mandados políticos.
Condições de elegibilidade é ter, segundo o § 3º, art. 14 da CF/88:
• A nacionalidade brasileira; exceção: portugueses equiparados.
• O pleno exercício dos direitos políticos;
• O alistamento eleitoral;
• O domicílio eleitoral na circunscrição;
• A filiação partidária;
• Idade mínima de:
o 35 anos para presidente, vice e senador.
o 30 anos para govenador, e vice.
o 21 anos para deputados, federal e estadual (distrital), prefeitos, juiz de paz.
o 18 anos para vereador.
Se os direitos políticos de um nacional forem perdidos ou suspenções, este estará impedido de
candidatar-se.

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O domicílio eleitoral na circunscrição é exigido pelo prazo de um ano de antecedência do pleito,
e é baseado não só na residência, mas, segundo jurisprudência, em um vínculo político, afetivo
e social.

Direitos Políticos Negativos


São determinações constitucionais que importam na privação do direito de particular do
processo político e dos órgãos governamentais, como as contidas nas normas referentes à
inelegibilidade, perda e suspenção dos direitos políticos.

INELEGIBILIDADE
É a falta de capacidade eleitoral passiva, ou seja, não ter capacidade de ser votado.
Pode a inelegibilidade ser classificadas em:
• Inelegibilidade Absoluta. Que impedem a candidatura a qualquer cargo.
• Inelegibilidade Relativa. São relacionadas a determinados motivos ou circunstâncias,
não impedindo a capacidade passiva integralmente.

Inelegibilidade Absoluta
Ligadas a uma condição pessoal, a CF/88 estabelece os casos de ilegibilidade absoluta.
(taxativamente)
CF/88, art. 14, § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

*Inalistáveis são os estrangeiros e os conscritos.


*São conscritos os que estiverem em período do serviço militar obrigatório.

Inelegibilidade Relativa
São relacionadas a motivos/circunstâncias relacionadas ao cargo, parentesco ou, até mesmo,
pela proteção da moralidade pública.
Esses motivos são estabelecidos na CF/88 no art. 14 desde o §5º até o §8º. Estas hipóteses
podem serem ampliadas por Lei Complementar.
INELEGIBILIDADE RELATIVA EM RAZÃO DO CARGO
Cargos Eletivos
Seguindo as diretrizes do §5º e 6º do art. 14 da CF/88, os chefes de estado:
• Somente podem ter uma reeleição.
o Se o chefe de E. já tiver 2 mandatos, não pode este candidatar-se a vice chefia
do E.

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o É contado um mandato assim que o candidato toma posse do poder, ou seja, se
ele cumpriu um mandato inteiro e o segundo ele renunciou no meio, este teve
dois mandatos, não podendo assim reeleger-se logo em seguida.

Estas regras visam privilegiar a temporariedade e a alternância do poder.


• Para concorrer a outro cargo é necessário renunciar a chefia do executivo com pelo
menos 6 meses de antecedência do pleito(votação).
o A isso é dado o nome de desincompatibilização, pois os chefes de estado não
podem se candidatar a outro cargo se ainda estiverem em exercício.
Inelegibilidade Reflexa – continuidade de mandato por cônjuge e consanguíneos
Segundo o § 7º, são inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes
consanguíneos ou afins, até 2º grau ou por adoção, do chefe e vice chefe de E. ou de quem os
haja substituídos dentro de 6 meses anteriores da eleição, salvo se for uma reeleição.
o Consanguíneos: pais, irmãos, avós, filhos, netos e mais.
o Afins: sogro, padrasto, avós e netos do cônjuge, cunhados, enteados, genro,
nora e mais.
o A dissolução da sociedade ou vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta
a inelegibilidade prevista no §7º.

Essas regras também se aplicam em casos de desmembramento do território de jurisdição


(Estado ou Município).
• Caso o titular de uma chefia do executivo possa ser candidato à reeleição para o período
subsequente, se este se desincompatibilizar, seu cônjuge ou parente podem se candidatar
para o mesmo cargo e, se eleito, este mandato será considerado como o segundo
mandato consecutivo, o que impedirá uma terceira candidatura de qualquer um deles no
pleito seguinte.
Cargos Não Eletivos
Seguindo as diretrizes do §8º do art. 14 da CF/88, é elegível o militar alistável (os que não
estiverem em período do serviço militar obrigatório), atendidas as seguintes condições:

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• </-10 anos de atuação; deverá afastar-se da atividade.
• >/+10 anos de atuação; será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
É proibida a filiação partidárias dos militares ativos.
Militares: forças armadas, polícias e bombeiros.
INELEGIBILIDADE INSTITUÍDA POR LEI
CF/88, art. 14.
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim
de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida
pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder
econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.

No ordenamento infraconstitucional, situações de inelegibilidade são previstas na Lei nº


64/1990 (alterada pela Lei nº 132/2010), a famosa fixa limpa, que tem base na vida pregressa
do candidato.

Perda ou Suspenção dos Direitos Políticos

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos
casos de:

I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;

II - incapacidade civil absoluta;

III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;

IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º,
VIII;

V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

Perda – privação definitiva dos direitos políticos. Acontece em casos de cancelamento da


naturalização por sentença transitada em julgado e por solicitação expressa de perda de
nacionalidade perante autoridade brasileira competente, assim como dispõe o art. 12, §4º, inc.
II. E na recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou respectiva prestação alternativa
(chamada de escusa de consciência).

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Suspensão – privação temporária dos direitos políticos decorrentes de:


• Incapacidade civil absoluta. Hoje somente os menores de 16 anos são inteiramente
incapazes.
• Condenação criminal transitada em julgado, enquanto persistir seus efeitos.
• Improbidade administrativa.

Princípio da Anterioridade Eleitoral


Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se
aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.

Partidos Políticos
Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado, que dependem de registro de seu
ato constitutivo nos termos da lei civil, para adquirirem a personalidade jurídica. Ademais, seus
estatutos devem ser registrados no TSE, sendo-lhes assegurados o acesso ao fundo partidário e
o acesso gratuito ao rádio e a televisão.
Em seu art. 17, a Constituição Federal assegura a liberdade de criação, fusão, incorporação e
extinção dos partidos políticos, independentemente de autorização do Estado, devendo observar
os seguintes preceitos:
• Caráter nacional;
• Proibição de recebimento de recurso financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou
de subordinação a estes;
• Prestação de contas à Justiça Eleitoral;

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• Funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

Sistemas Eleitorais
É o conjunto de regras e técnicas previstas na Constituição e pela lei para disciplinar a forma
como os candidatos ao mandato eletivo serão escolhidos e eleitos, ou seja, são procedimentos
que transformarão a vontade popular em mandato.
Os sistemas básicos existentes são o majoritário e o proporcional, que podem ser combinados
entre si, para formar os sistemas mistos.

Sistema majoritário
O mandato eletivo dica com o candidato mais votado, independentemente dos votos do seu
partido.
No Brasil é o sistema adotado para as eleições dos cargos na seguinte forma:
• Maioria absoluta – 50% + 1. Somente um turno. Se não alcançar, realiza o 2º turno que
elege o mais votado. (Presidente, governador e prefeito de município com mais de
200mil eleitores)
• Maioria simples – vence o mais votado em apenas um turno. (Senado, prefeitos de
municípios com menos de 200mil eleitores)

Sistema proporcional
É utilizado nas eleições para o Legislativo (com exceção do Senado). Câmara dos Deputados,
Câmara Legislativa, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais.
Este sistema busca a proporcionalidade de representação dos partidos nos legislativa.
Com esse sistema leva em conta os votos totais dado ao partido, é preciso criar um sistema
para posicional os candidatos no momento da distribuição dos mandatos alcançado pelo partido.

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*Coligações partidárias consistem em alianças feitas entre partidos para que eles trabalhem
juntos a eleição de um mesmo candidato.
Assim, o § 1º do art. 17, com redação pela EC 97/2017, veda as coligações para eleitos
proporcionais, ou seja, para cargos do legislativo, com exceção do Senada, a partir de 2020.

Fidelidade Partidária
É a garantia deque a vaga adquirida numa eleição proporcional é do partido e não do candidato.
Assim, quando sem justa causa, houver pedido de cancelamento da filiação partidária ou de
transferência do candidato é reconhecido o direito do partido de preservar a vaga obtida.
Permitir essas mudanças seria desequilibrar a proporcionalidade, fraudando a vontade popular
e o pleno exercício da oposição política.

O §3º traz a chamada “cláusula de barreira”, que consiste numa norma impeditiva ou restritiva
da atuação parlamentar de partidos políticos que não conseguirem alcançar determinado
percentual de votos ou eleger determinado número de parlamentares.

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