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DIREITO CONSTITUCIONAL

PODER LEGISLATIVO
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SUMÁRIO

1 COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO.................................................................................................3


1.1 CPI FEDERAL........................................................................................................................................4
1.1.1 Requisitos para a criação.............................................................................................................4
1.1.2 Poderes da CPI...........................................................................................................................10
1.1.3 Limites da CPI............................................................................................................................13
1.2 CPI ESTADUAL...................................................................................................................................16
1.3 CPI MUNICIPAL..................................................................................................................................17
1.4 JURISPRUDÊNCIA SOBRE CPI.............................................................................................................18
2 GARANTIAS DO PODER LEGISLATIVO........................................................................................................26
2.1 DEPUTADOS E SENADORES...............................................................................................................29
2.1.1 Prerrogativa de foro..................................................................................................................29
2.1.2 Imunidade material...................................................................................................................33
2.1.3 Imunidade formal......................................................................................................................46
2.2 OUTROS DESDOBRAMENTOS............................................................................................................48
2.3 DEPUTADOS ESTADUAIS....................................................................................................................53
2.4 VEREADORES.....................................................................................................................................54
3 INCOMPATIBILIDADES E PERDA DE MANDATO.........................................................................................55
3.1 CESSAÇÃO DE MANDATO..................................................................................................................58
4 INFORMAÇÕES ADICIONAIS DE PODER LEGISLATIVO................................................................................65
5 ORGANIZAÇÃO E ATRIBUIÇÕES.................................................................................................................67
5.1 CONGRESSO NACIONAL.....................................................................................................................67
5.1.1 Destaques Câmara dos Deputados............................................................................................68
5.1.2 Destaques Senado.....................................................................................................................69
5.1.3 ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL.................................................................................70
5.1.4 Câmara dos Deputados..............................................................................................................74
5.1.5 Senado Federal..........................................................................................................................76
6 DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO............................................................................................78
7 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA.........................................................................................................................78
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ATUALIZADO EM 26/02/2023

PODER LEGISLATIVO

1 COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO

A primeira constituição que tratou da CPI foi a CF/1934. Todas trataram de CPI exceto a CF/1937. As
CPI’s também são função típica do Poder Legislativo. É o controle parlamentar stricto sensu.

- Objetivo:

 Ajudar na tarefa legiferante. Quando a CPI faz uma investigação, ela colhe informações que
ajudam a elaboração de leis que possam evitar esses tipos de comportamento. Trazer informações relevantes
para que o poder legislativo possa exercer sua função de forma mais eficaz.

 Servir de instrumento de fiscalização do Governo e da Administração Pública.

 Informar a opinião pública. Fazer com que a população tome conhecimento de certos fatos.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: É CONSTITUCIONAL O ESTABELECIMENTO DE RESTRIÇÃO AO NÚMERO


MÁXIMO DE CPIS INSTAURADAS SIMULTANEAMENTE EM DETERMINADA CASA PARLAMENTAR?

SIM! Restrição nesse sentido encontra-se estabelecida no texto do Regimento Interno da Câmara dos
Deputados. O STF já se manifestou expressamente acerca do dispositivo, ratificando a sua
CONSTITUCIONALIDADE. Confira-se a ementa de julgamento:

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO.


INSTAURAÇÃO. REGIMENTO INTERNO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS. RESTRIÇÃO: IMPOSSIBILIDADE DE
INSTITUÍ-LA ENQUANTO ESTIVER FUNCIONANDO PELO MENOS CINCO DELAS. 1. A restrição estabelecida
no § 4º do artigo 35 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, que limita em cinco o número de
CPIs em funcionamento simultâneo, está em consonância com os incisos III e IV do artigo 51 da
Constituição Federal, que conferem a essa Casa Legislativa a prerrogativa de elaborar o seu regimento

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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
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interno e dispor sobre sua organização. Tais competências são um poder-dever que permite regular o
exercício de suas atividades constitucionais. 2. Ação direta de inconstitucionalidade julgada
improcedente. (STF, ADI 1.635, Rel. Min. Maurício Corrêa, j. 19.10.2000)

1.1 CPI FEDERAL

O que se disser aqui, em princípio, aplica-se às CPIs municipais e estaduais.

1.1.1 Requisitos para a criação

STF - ADI 3619 – determina os requisitos para criação de CPI no âmbito federal (art. 58, §3º) e diz que se
aplicam aos estados, municípios e DF.

§ 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades
judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos
Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de
seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso,
encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

Requerimento de 1/3 dos membros.

Requisito formal

Vale dizer, as CPIs somente serão criadas por requerimento de, no mínimo, 171 Deputados (1/3 de 513)
e de, também, no mínimo, 27 Senadores (1/3 de 81), em conjunto ou separadamente.

Exclusiva da CD, exclusiva do SF ou mista – 1/3 SF +1/3 CD.

#OBS: No Brasil, a CPI é um direito público subjetivo das minorias. Essa forma de CPI foi criada pela Constituição
de Weimar – 1919. Há países que adotam a CPI como direito das maiorias, exigindo maioria absoluta ou simples
para a criação da maioria. Foi a partir disso que foi descoberto o Mensalão.

É inconstitucional Lei Orgânica ou Constituição Estadual que estabeleça quórum superior ao 1/3, de
acordo com o entendimento do STF, sendo a CPI um instrumento de proteção das minorias parlamentares.
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#ATENÇÃO: é possível a redução do quórum.

INSTALAÇÃO DE CPI E DIREITO PÚBLICO SUBJETIVO DAS MINORIAS

No mérito, entendeu-se que a maioria não poderia, sustentando a inobservância do art. 58, §3º, da CF, e
valendo-se de meios regimentais, deslocar, para o Plenário da Câmara dos Deputados, a decisão final sobre a
efetiva criação da CPI, sob pena de se frustrar o direito da minoria à investigação parlamentar. Considerou-se
que, na espécie, o direito da minoria à investigação parlamentar teria sido transgredido e desrespeitado pela
decisão da Presidência da Câmara que admitira o processamento do recurso interposto pelo líder do PT e que,
com o acolhimento desse recurso, o Plenário dessa Casa legislativa acabara por invalidar, de modo
inconstitucional, o Ato da sua Presidência que declarara, formalmente, a criação da CPI em referência, por
corretamente considerar atendidos os requisitos constitucionais previstos no art. 58, §3º, da CF. Afirmou-se
que, reconhecido o atendimento desses requisitos pelo Presidente da Câmara, fica concluído o procedimento
de criação da CPI, sendo incabível o questionamento interno de sua legitimidade. Nesse sentido, asseverou-se
que o próprio Regimento Interno da Câmara dos Deputados, em norma compatível com a referida cláusula
constitucional, estabelece, em seu art. 35, §2º, que, "Recebido o requerimento, o Presidente o mandará à
publicação, desde que satisfeitos os requisitos regimentais; caso contrário, devolvê-lo-á ao Autor, cabendo,
desta decisão, recurso para o Plenário...". MS 26441/DF, rel. Min. Celso de Mello, 25.4.2007. (MS-26441)

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGOS 34, § 1º, E 170, INCISO I, DO REGIMENTO INTERNO DA
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO. COMISÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO. CRIAÇÃO.
DELIBERAÇÃO DO PLÉNARIO DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA. REQUISITO QUE NÃO ENCONTRA RESPALDO NO
TEXTO DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. SIMETRIA. OBSERVÂNCIA COMPULSÓRIA PELOS ESTADOS-MEMBROS.
VIOLAÇÃO DO ARTIGO 58, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL.
1. A Constituição do Brasil assegura a um terço dos membros da Câmara dos Deputados e a um terço dos
membros do Senado Federal a criação da comissão parlamentar de inquérito, deixando, porém ao próprio
parlamento o seu destino.
2. A garantia assegurada a um terço dos membros da Câmara ou do Senado estende-se aos membros das
assembleias legislativas estaduais --- garantia das minorias. O modelo federal de criação e instauração das
comissões parlamentares de inquérito constitui matéria a ser compulsoriamente observada pelas casas
legislativas estaduais.
3. A garantia da instalação da CPI independe de deliberação plenária, seja da Câmara, do Senado ou da
Assembleia Legislativa. Precedentes.
4. Não há razão para a submissão do requerimento de constituição de CPI a qualquer órgão da Assembleia
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Legislativa. Os requisitos indispensáveis à criação das comissões parlamentares de inquérito estão dispostos,
estritamente, no artigo 58 da CB/88.
5. Pedido julgado procedente para declarar inconstitucional o trecho "só será submetido à discussão e votação
decorridas 24 horas de sua apresentação, e", constante do § 1º do artigo 34, e o inciso I do artigo 170, ambos da
Consolidação do Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. (STF - ADI: 3619 SP ,
Relator: Min. EROS GRAU, Data de Julgamento: 01/08/2006, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJ 20-04-2007
PP-00078 EMENT VOL-02272-01 PP-00127)

#OBS: STF MS 16.441 – a exigência de requerimento de 1/3 dos parlamentares deve ser examinada no
momento do protocolo do pedido perante a Mesada respectiva Casa Legislativa, independentemente de
posterior ratificação. Ou seja, a partir do momento em que o protocolo é feito esse requisito já esta
consolidada. Não se admite a desistência. Não pode retirar a assinatura.

#OBS: Na constituição das mesas e nas comissões é assegurada, tanto quanto possível, a representação
proporcional dos partidos. Na CPI não é diferente. Em sendo preenchidos os requisitos, a CPI sendo um
instrumento das minorias, o STF afirma que sua constituição é obrigatória, devendo o PRESIDENTE DO
PARLAMENTO nomear os representantes. Assim foi decidido pelo STF na CPI dos bingos. Os partidos políticos
não nomearam representantes; assim, dois Senadores impetraram MS para obrigar o Presidente do parlamento
a indicar os representantes para a formação da comissão.

Os partidos políticos escolhem internamente os seus representantes para participarem da CPI.

As CPI devem obediência ao princípio da REPRESENTAÇÃO PROPORCIONAL PARTIDÁRIA (artigo 58,


§1º, CF), ou seja, se um partido tiver 30% dos membros do parlamento terá direito ao mesmo percentual de
membros da comissão. Sendo a presidência pertencente ao partido com maior bancada; a segunda maior
bancada tem a relatoria.

Art. 58 § 1º - Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a
representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa.

Apuração de fato determinado.

Requisito substancial ou material.

De acordo com o art. 35, §1º, do RICD, considera-se fato determinado o acontecimento de relevante
interesse para a vida pública e a ordem constitucional, legal, econômica e social do País, que estiver
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devidamente caracterizado no requerimento de constituição da Comissão, não podendo, portanto, a CPI ser
instaurada para apurar fato exclusivamente privado ou de caráter pessoal.

O objeto da CPI é a apuração de um fato determinado, ou seja, no momento em que é feito


requerimento de instauração, é necessário que esteja detalhado e especificado o fato a ser investigado. Isso não
impede que fatos conexos, surgidos durante a investigação, sejam investigados. Basta que seja feito um
aditamento no requerimento da CPI. Foi o que ocorreu na CPI dos correios.

O STF permite que uma única CPI analise FATOS DETERMINADOS (no plural), assim, mais do que um fato
determinado pode ser investigado. EXEMPLO: CPI do Judiciário teve vários fatos determinados.

#OBS: fato conexo basta aditamento. Fato novo – requisito formal de iniciativa (1/3).

A CPI nada mais é que uma comissão criada no âmbito de uma das casas, ou em ambas. Deste modo, ela
não pode extrapolar os limites da competência do Congresso Nacional, que se circunscreve a assuntos de
interesse geral (de todo o Estado brasileiro) ou interesse específico da União (não atingem Estados ou
Municípios). A CPI não pode investigar fatos de interesse exclusivo dos Estados nem dos Municípios. Caso o faça,
estará violando o princípio federativo.

CPI não pode investigar fatos de interesse exclusivamente privado. A existência de interesse público é
obrigatória. Mas então, quem pode ser investigado pela CPI? O Poder Executivo, pessoas físicas e jurídicas,
órgãos e instituições ligados à gestão da coisa pública ou que, de alguma forma, tenham que prestar contas
sobre bens e valores públicos. O particular pode sim ser investigado, desde que tenha um interesse público
envolvido. O que determina é o fato ter interesse público ou exclusivamente privado e não a pessoa.

Diante de um mesmo fato, pode ser criada CPI na Câmara e também no Senado Federal, ou, ainda, a
investigação poderá ser conduzida pelo Judiciário, por outros órgãos ou, até, por CPIs nos
outrosentesfederativos,sehouverinteressecomum,devendocadaqualatuarnos limites de sua competência.

O fato determinado objeto da CPI tem que ter uma relação com a Casa que está apurando, ou seja, deve
estar dentre as atribuições da Casa Legislativa, que estejam estabelecidas na CF.

As pessoas podem ser insurgir contra as deliberações e decisões da CPI por meio de MS ou HC.
Competência para MS ou HC:STF pois CPI é do Congresso Nacional art. 102 I d e c art. 5º XXXV CF . Na esfera
estadual, o competente é o TJ. Na esfera municipal, o competente é o juiz.
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#ATENÇÃO #OBSERVAÇÃO:
Suas conclusões serão, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade
civil ou criminal dos infratores. As decisões da CPI são definitivas, de modo que sua executoriedade independe
de aprovação de outro órgão.

Assim, em face da imprecisão legislativa há necessidade de definição de dois pontos básicos na atuação das
CPIs: amplitude de seu corpo de atuação e limites de seu poder investigatório.

Conclusão

A CPI conclui o inquérito parlamentar, mas não pode condenar. Os documentos sigilosos não podem ser
divulgados (assim como o MP, o juiz, a autoridade policial). Devem ficar em sigilo até o trânsito em julgado da
sentença condenatória. Nesse ponto a CPI tem poder maior do que o da autoridade policial, já que podem no
relatório divulgar os dados sigilosos.

O relatório final, a conclusão e as decisões instrutórias são tomadas por todos os membros da CPI, isso é
a aplicação do PRINCÍPIO DO COLEGIADO, não será o presidente que irá tomar a decisão. As finalidades do
relatório enviado ao MP são: apurar responsabilidade civil (improbidade) e penal (ação penal).

O MP não está vinculado ao relatório da CPI, ele tem independência funcional. O MP tem o prazo de 30,
nos termos da Lei 10.001/00, para se posicionar em relação ao relatório recebido. A Lei 10.001/00 também
dispõe sobre a prioridade dos procedimentos do MP originados de CPI, que passará a ter prioridade sobre todo
o trabalho do MP.

E a autoridade que presidir processo ou procedimento, administrativo ou judicial, instaurado em


decorrência de conclusões de CPI, comunicará, semestralmente, a fase em que se encontra, até a sua conclusão,
garantindo-se a o referido processo ou ao procedimento prioridade.

A CPI tem que passar ao MP somente os documentos que julgue relevantes. Há caso atual em que a CPI
se recusou a mandar os documentos para o MP e para o juiz os documentos requeridos pelo Judiciário. A Lei
1579/52 dispõe sobre CPI. A LC 105/01 também é importante para a verificação da quebra de sigilos.

Outra consequência do término da CPI reside na possibilidade de apresentação de projeto de lei ( artigo
61, CF). Igualmente, a CPI pode fazer recomendações para adoção de medidas fiscalizadoras.

 Por prazo certo.


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Requisito temporal. Há no Congresso Nacional as comissões permanentes (se prolongam por mais de
uma legislatura – 4 anos. Ex. CCJ) e temporárias (são aquelas que se extinguem com o fim dos trabalhos ou com
o fim do prazo estipulado ou ainda com o término da legislatura).

Pode haver várias prorrogações, mas nunca poderá ultrapassar uma legislatura. ATENÇÃO. Em 2015
começa uma nova legislatura. Se começou em 2014 tem que acabar no final do 2014. Ela não pode passar de
uma legislatura a outra.

 Regimento Interno Senado art. 145, §1º – prazo previsto no requerimento.

 CD – RICD art. 35, §3º - prazo de 120 dias, prorrogável por 60 dias (deliberação do Pleno).

 Congresso Nacional - não há previsão no RI. Aplica lei 1579/52, que foi parcialmente
recepcionada pela CF/88.

Art. 5º, §2º - a incumbência da CPI termina com a sessão legislativa, em que tiver sido outorgada, salvo
deliberação da respectiva Câmara prorrogando- a dentro da legislatura em curso.

#OBS: sessão legislativa x legislatura

- sessão legislativa: 02/02 – 17/07 01/08 – 22/12.

- legislatura – 4 anos.

#IMPORTANTE #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
Observe-se, também, a possibilidade de instauração de CPIs simultâneas dentro de uma mesma Casa, sendo
que o Regimento Interno da Câmara dos Deputados, no seu art. 35, §4º, determinou o limite de 5, restrição esta
declarada constitucional pelo STF por estar em consonância com os incs. III e IV do art. 51, CF/88, que conferem
à Câmara “a prerrogativa de elaborar o seu regimento interno e dispor sobre sua organização. Tais
competências são um poder-dever que permite regular o exercício de suas atividades constitucionais ” (ADI
1.635, Rel. Min. Maurício Corrêa, j. 19.10.2000).

Na hipótese de sessão extraordinária, fica vedado o pagamento de parcela indenizatória, em razão da


convocação. Contudo, os parlamentares fazem jus à ajuda de custo.
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1.1.2 Poderes da CPI

Embora sejam amplos, encontram restrições nos direitos e garantias fundamentais previstos na CF.
Aquilo que o juiz não pode a CPI também não pode.

Natureza? São considerados poderes de natureza instrumental. Servem como instrumento para que as
funções típicas possam ser realizadas de maneira mais eficaz.

Que poderes são esses? Poderes próprios de autoridade judicial.

Deve ser entendido como PODERES DE INSTRUÇÃO PROCESSUAL PRÓPRIOS DAS AUTORIDADES
JUDICIAIS. (inclusive, a Lei 9034/95 (Organizações Criminosas) teve o seu artigo 3º tido por inconstitucional pelo
STF, porque o juiz não investiga). O JUIZ TEM PODERES DE INSTRUÇÃO.

Não são todos os poderes do juiz.

Poderes

A) Prender em flagrante por falso testemunho a testemunha. O investigado NÃO, pois não é
testemunha. A testemunha tem o direito de se calar no que possa produzir prova contra si, como direito
a não autoincriminação.

B) Prender em flagrante por desacato à autoridade. EXEMPLO: dar um tapa na cara do membro da
CPI.

C) Determinar a realização de diligências. EXEMPLOS: vistorias, exames, perícias.

D) Requisitar (determinar) auxílio de servidores públicos. EXEMPLO: requisitar auditores da


Receita Federal e do Banco Central.

E) Quebra de sigilo bancário, fiscal, telefônico e de dados.


Interceptação telefônica x quebra de sigilo telefônico – esse último é o acesso aos dados históricos da
linha de telefone. O tempo da chamada, os horários da ligação. MS 25.668.

F) Busca e apreensão de documentos e equipamentos . HC 31.039.


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G) Condução coercitiva

Todos estão obrigados a depor na CPI, mas algumas autoridades podem marcar hora, dia e local, desde
que razoáveis, a CPI oferta 03 datas e horários e a autoridade escolhe).

#ATENÇÃO: Parlamentares - Se não for, significa quebra de decoro parlamentar, nos termos do art. 53, §6. Se
ele comparecer ele não está obrigado a prestar informações que tenha recebido em razão do mandato. Esse
não é um privilégio apenas dos parlamentares. No exercício de qualquer profissão.

§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas
em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações .
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) .

Índio? HC 80.240 – tem que ser ouvido dentro de sua reserva, acompanhado por representante da
FUNAI e antropólogo que tivesse conhecimento de sua cultura.

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: O investigado pode se recusar a comparecer na sessão da CPI na


qual seria ouvido?

Sim Não
Ministros Gilmar Mendes e Celso de Mello Ministros Edson Fachin e Cármen Lúcia
O comparecimento do investigado perante a CPI para O comparecimento do investigado perante a CPI para
ser ouvido é facultativo. Cabe a ele decidir se irá ou não ser ouvido é compulsório. Ele tem que comparecer.
comparecer. Se decidir comparecer, ele terá direito: a) No entanto, chegando lá, o investigado tem direito: a)
ao silêncio; b) à assistência de advogado; c) de não ao silêncio; b) à assistência de advogado; c) de não
prestar compromisso de dizer a verdade; d) de não prestar compromisso de dizer a verdade; d) de não
sofrer constrangimentos. sofrer constrangimentos.
Caso o investigado não compareça, a CPI não pode Caso o investigado não compareça, a CPI poderia
determinar a sua condução coercitiva. Aplica-se para as determinar a sua condução coercitiva.
CPIs o mesmo entendimento da ADPF 395/DF.
Desse modo, tivemos dois votos favoráveis à tese de que o paciente não estava obrigado a comparecer à CPI e
dois votos contrários. Em caso de empate, prevalece a decisão mais favorável ao paciente. Assim, a 2ª Turma
do STF concedeu a ordem de habeas corpus para transformar a compulsoriedade de comparecimento em
facultatividade e deixar a cargo do paciente a decisão de comparecer ou não à Câmara dos Deputados, perante
a CPI, para ser ouvido na condição de investigado. STF. 2ª Turma. HC 171438/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado 28/5/2019 (Info 942). #IMPORTANTE
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H) Realização de exames periciais

#OBS: As decisões da CPI que interferem no âmbito de proteção de direitos individuais devem ser
fundamentadas de maneira adequada, sendo que esta deve ser ainda contemporânea à decisão. Ou seja, exige-
se a fundamentação e para ela ser considerada válida ela tem que preencher dois requisitos: 1. A
fundamentação tem que ser feita no momento em que a decisão é tomada. 2. Ser adequada. Alegações
genéricas não servem de fundamentação. Não precisa ser tão complexa como uma decisão judicial, mas tem
que apontar as razões que justificam a decisão. PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE

O inquérito parlamentar, produzido por qualquer CPI, pode coexistir com inquéritos policiais ou
processos judiciais em curso (MS 23639).O PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE condiciona a eficácia das deliberações
de qualquer comissão parlamentar de inquérito, especialmente em tema de quebra de sigilo bancário. (MS
23669).

A CPI tem outros poderes previstos nos regimentos internos da respectiva Casa, entretanto, esses
poderes não podem violar a reserva de jurisdição.

MS 23639 = possibilidade de existência simultânea de CPI e IP em curso.

HC 80089 = juiz não pode ser convocado pela CPI para explicar a sua sentença, ingerência de um poder
em outro.

Toda decisão da CPI deve ser fundamentada – analogia ao 93, IX CF ( INF 216, 243 E 239)

Não há necessidade de devido processo legal ou contraditório, pois o intuito é investigatório e não
acusatório (o art. 5º LIV CF fala que ninguém será privado de liberdade ou bens sem o devido processo legal – o
art. 5º LV afirma que aos litigantes e aos acusados em geral devem ser assegurados contraditório em ampla
defesa) na CPI não há litigantes e nem acusados, o cunho é meramente investigatório.

PODE NÃO PODE


Convocar autoridades - Devem respeitar a “cláusula de reserva
a) não poderia a CPI federal convocar autoridade constitucional de jurisdição”;
estadual ou municipal em vista dos princípios - Previsão constitucional de competência exclusiva
federativos e da não intervenção; dos órgãos do Poder Judiciário;
b) não poderia a CPI convocar juiz para depoimento - Não podem determinar invasão domiciliar, ou a
sobre decisão judicial pois ofenderia o princípio da interceptação telefônica – art. 5º, XI e XII CF (Lei
separação dos poderes e o privilégio de foro, isto está
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inclusive no Reg. Int. do Senado – INF 194), realizar
perícias, ouvir indiciados (o convocado tem direito ao 9.296/96 – interceptação telefônica).
silêncio – analogia com o 5º LXIII CF – INF 334),
- Determinar buscas e apreensões (desde que não
domiciliar, pois é reserva de jurisdição art. 5º XI CF–
INF 212 e 234), - Decretar prisões (só por ordem escrita de juiz – 5º
- Requerer condução de testemunhas. LXI) salvo em flagrante delito
- Quebrar sigilo bancário, fiscal e telefônico (quebrar - Determinar medidas cautelares como arresto,
sigilo de dados somente, pois interceptação telefônica sequestro, (ninguém será privado de liberdade ou
é reserva de jurisdição)– mas não podem divulgar bens sem devido processo legal – 5º LIV),
dados fora dos trabalhos internos (INF 218) - busca domiciliar, interceptação telefônica, restringir
- LC 105/01 e sigilo bancário – (ampliou as hipóteses assistência judiciária aos investigados, divulgar a
de divulgação entre instituições financeiras, entidades terceiros os dados obtidos com a quebra de sigilo,
de proteção ao crédito, autoridades competentes formular acusações,
para apuração de ilícitos, etc) – Menciona a CPI no art.
4º, p. 1º

Convém destacar o §1º do art. 4º da LC nº 105/2001, ao estabelecer que as CPIs, no exercício de sua
competência constitucional e legal de ampla investigação, obterão as informações e os documentos sigilosos de
que necessitarem, diretamente das instituições financeiras ou por intermédio do Banco Central do Brasil ou da
Comissão de Valores Mobiliários, devendo referidas solicitações ser previamente aprovadas pelo Plenário da
Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Plenário de suas respectivas comissões parlamentares de
inquérito.

A CPI não tem poderes para investigar atos de conteúdo jurisdicional, não podendo, portanto, rever os
fundamentos de uma sentença judicial. Revela-se constitucionalmente lícito, a uma Comissão Parlamentar de
Inquérito, investigar atos de caráter não jurisdicional emanados do Poder Judiciário, de seus integrantes ou de
seus servidores, especialmente se se cuidar de atos, que, por efeito de expressa determinação constitucional, se
exponham à fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Poder Legislativo
(CF, arts. 70 e 71) ou que traduzam comportamentos configuradores de infrações político-administrativas
eventualmente praticadas por Juízes do STF.
* (Atualizado em 28/06/2020) #DEOLHONAJURIS

É inconstitucional norma da Constituição Estadual que preveja a possibilidade de a Assembleia Legislativa


convocar o Presidente do Tribunal de Justiça ou o Procurador-Geral de Justiça para prestar informações na Casa,
afirmando que a sua ausência configura crime de responsabilidade. O art. 50 da CF/88, norma de reprodução
obrigatória, somente autoriza que o Poder Legislativo convoque autoridades do Poder Executivo, e não do
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Poder Judiciário ou do Ministério Público. Não podem os Estados-membros ampliar o rol de autoridades sujeitas
à convocação pelo Poder Legislativo e à sanção por crime de responsabilidade, por violação ao princípio da
simetria e à competência privativa da União para legislar sobre o tema. STF. Plenário. ADI 2911, Rel. Carlos
Britto, julgado em 10/08/2006. STF. Plenário. ADI 5416, Rel. Gilmar Mendes, julgado em 03/04/2020 (Info 977).

1.1.3 Limites da CPI

#ATENÇÃO #IMPORTANTE
A CPI não pode por AUTORIDADE PRÓPRIA, ou seja, sem a integração do Poder Judiciário:

a) Determinar a BUSCA E APREENSÃO DOMICILIAR2.

b) Decretar prisão (subtração ou restrição da liberdade de locomoção).

c) Decretar a INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA (artigo 5º XII, CF).

d) Determinar constrição judicial ou medidas assecuratórias (artigo 125, CPP): arresto, seqüestro, hipoteca ou
indisponibilidade de bens.

e) Proibir que o cidadão saia da comarca ou país.

As decisões judiciais que não tenham natureza jurídica de medida investigatória não podem ser
proferidas pela CPI. EXEMPLO: arresto de bens.

A) Cláusula de reserva de Jurisdição


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Quando pratiquem atos abusivos, poderão as CPI serem submetidas à ação judicial no STF . Casa é todo espaço corporal
autônomo e limitado, essa interpretação decorre da CF e do CP (artigo 150).
CP, Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de
direito, em casa alheia ou em suas dependências: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. § 4º - A expressão "casa"
compreende: I - qualquer compartimento habitado; II - aposento ocupado de habitação coletiva; III - compartimento não
aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. § 5º - Não se compreendem na expressão "casa": I -
hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo
anterior; II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal. §1ºProceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem,
para: a) prender criminosos; b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos; c) apreender instrumentos de
falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos; d) apreender armas e munições, instrumentos
utilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso; e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à
defesa do réu; f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o
conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato; g) apreender pessoas vítimas de crimes; h) colher
qualquer elemento de convicção.
§2º Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos
mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior.
15

Reserva ao Judiciário determinados atos. O STF já determinou alguns desses atos.

Monopólio estrito de jurisdição.

Interceptação telefônica. Art. 5º, XII. É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas,
de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.

Violar domicílio. Art. 5º XI a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante
o dia, por determinação judicial;

Prisão, salvo flagrante delito. Art. 5ª LXI. - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei.

Sigilo imposto a processo judicial. Não há nenhum dispositivo específico. art 5º, X (privacidade), LX (sigilo dos
processos judiciais e publicidade).

#OBS: Os três primeiros poderes foram definidos pelo STF no MS 23.452 VER NO FINAL – decisão pragmática em
matéria de CPI. No caso do processo judicial MS 27.483. CPI dos grampos telefônicos – o Legislativo resolveu
investigar a facilidade com que o Poder Judiciário determinava a interceptação telefônica. Mas a maioria desses
processos estava sob sigilo judicial.

B) Direitos e garantias individuais

Direito de não produzir prova contra si mesmo. Art. 5º, LXIII.

LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
assistência da família e de advogado;

Conforme dispõe o Código de Processo Penal Brasileiro (artigos 203, 206 e 208 combinados), a
testemunha não pode se eximir da obrigação de depor, mas, sendo cônjuge de um dos investigados, não é
obrigada a firmar o compromisso de dizer a verdade (Notícias STF, 25.07.2005, em que se pode verificar a
íntegra da decisão).
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Lembramos, ainda, o dever de a CPI permitir a presença de advogados, exercendo a defesa técnica, com
todas as prerrogativas asseguradas pelo Estatuto da Advocacia.

#OBS: crítica minha: o art. 206 do CPP assegura ao cônjuge o direito de não ser testemunha, salvo quando não
for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.. É opção. Se ele
aceitar não precisa prestar o compromisso.

Sigilo profissional. Art. 5º, XIV.

XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
exercício profissional; Padres, advogados, etc.

C) Medidas acautelatórias

Se ela não tem o poder de punir ou acusar, ela não pode adotar medidas para conservar a decisão final,
pois essa decisão final não é dela. MS 23.452. A CPI não possuir poder geral de cautela.

I) Indisponibilidade de bens. MS 23.480;

II) Proibição de ausentar-se do país;

III) Arresto;

IV) Sequestro entes;

V) Hipoteca judiciária.

D) Autonomia dos entes federativos

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
EXEMPLO: STF no MS 31.689 – convocação do Governador de Goiás. CPI não pode compelir o Governador a
comparecer (condução coercitiva), pois haveria interferência na autonomia federativa. Isso não significa que ele
não possa ser investigado, se for um assunto que tenha interesse geral. Se o interesse for local não pode ser
investigado.
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#OBS: MS E HC em razão de CPI. Autoridade coatora é aquela responsável pelo ato ou o Presidente da CPI. Se
não houver uma definição de quem foi o prolator do ato, o MS e o HC podem ser impetrados contra o
Presidente da CPI. Competência do STF.

1.2 CPI ESTADUAL

Segundo o STF, os requisitos para criação das CPIs federais são normas de observância obrigatória:
requerimento de 1/3 (pode ser menor. A finalidade é que seja um instituto da minoria), prazo certo de duração
e fato determinado. O fato a ser apurado tem que ser um fato de interesse do Estado. Não pode ser um
interesse municipal.

Investigados – STJ – CPIs estaduais não têm competência para investigar autoridades com prerrogativa
de foro federal. (AGP 1611/RO). Isso não significa dizer que a CPI não possa investigar fatos, de interesse do
estado, em que essas autoridades estejam envolvidas. Não pode investigar o Governador (Ex. quebra de sigilo,
condução coercitiva), mas pode investigar fato em que ele esteja envolvido.

Poderes? Em regra, são os mesmo. Houve uma ação no STF (ACO 730) em que se questionou a
possibilidade de quebra de sigilo bancário pela CPI estadual. O STF por 6X5 disse que era possível. Ela se referiu
apenas ao sigilo bancário, mas a CPI pode todos aqueles poderes. É porque o caso envolvia só o sigilo bancário.

1.3 CPI MUNICIPAL

Hoje, admite-se amplamente a criação de CPI no âmbito municipal. Qual o fundamento? O mesmo
usado para criação da CPI estadual – Princípio da simetria. As divergências que existem é com relação à
extensão dos poderes da CPI municipal.

Requisitos? Os mesmos. Normas de observância obrigatória.

Fato de interesse local. Nada impede a instauração simultânea de CPI municipal, federal e estadual. O
que não pode é a CPI investigar fatos exclusivos de competência do outro ente. Se envolver os três, os três
podem instaurar.

Poderes? Aqui há controvérsia. Por quê? A CF fala que CPI tem poderes próprios de autoridade judicial,
além de outros previstos no regimento interno. O problema é que não existe Poder Judiciário no município . Por
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isso STJ entende que a CPI estadual não pode investigar autoridade com foro federal, já que o Poder Judiciário
estadual também não pode. Se a CPI municipal pudesse ter poderes próprios de autoridade judicial, com base
na simetria, estaríamos acrescentando uma competência ao Município. A CF atribui ao município competências
ao legislativo e ao executivo. Por isso, a CPI municipal não tem poderes próprios de autoridade judicial. Tem
somente os poderes presentes no regimento interno, que não pode determinar poderes próprios de autoridade
judicial.

Concordamos com a conclusão, mas o nosso fundamento não é, exclusivamente, o fato de existir um
Judiciário municipal, e sim a situação do Município na Federação, especialmente por não ter representação no
Senado Federal.

Há algumas decisões no sentido da doutrina majoritária - anterior a 1988 (não houve mudança para que
se decidisse de outra forma): STF RE 96.049 (não admitiu condução coercitiva de pessoa para prestar
depoimento) TJMG ADI 134817.

#NOVIDADELEGISLATIVA (LEI 13.367/2016):

Foi promulgada e publicada em 05/12/2016, com o objetivo de alterar a Lei 1.579/52, que dispõe sobre
Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI).

Art. 1o As Comissões Parlamentares de Inquérito, criadas na forma do § 3o do art. 58 da Constituição Federal ,


terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com ampla ação nas pesquisas destinadas a apurar fato
determinado e por prazo certo.

Parágrafo único. A criação de Comissão Parlamentar de Inquérito dependerá de requerimento de um terço da


totalidade dos membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em conjunto ou separadamente.

Art. 2o No exercício de suas atribuições, poderão as Comissões Parlamentares de Inquérito determinar


diligências que reputarem necessárias e requerer a convocação de Ministros de Estado, tomar o depoimento
de quaisquer autoridades federais, estaduais ou municipais, ouvir os indiciados, inquirir testemunhas sob
compromisso, requisitar da administração pública direta, indireta ou fundacional informações e documentos, e
transportar-se aos lugares onde se fizer mister a sua presença.

Art. 3º. §1º Em caso de não comparecimento da testemunha sem motivo justificado, a sua intimação será
solicitada ao juiz criminal da localidade em que resida ou se encontre, nos termos dos arts. 218 e 219 do
Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal .
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Art. 3º-A. Caberá ao presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, por deliberação desta, solicitar, em
qualquer fase da investigação, ao juízo criminal competente medida cautelar necessária, quando se verificar a
existência de indícios veementes da proveniência ilícita de bens.

Art. 6o-A. A Comissão Parlamentar de Inquérito encaminhará relatório circunstanciado, com suas conclusões,
para as devidas providências, entre outros órgãos, ao Ministério Público ou à Advocacia-Geral da União, com
cópia da documentação, para que promovam a responsabilidade civil ou criminal por infrações apuradas e
adotem outras medidas decorrentes de suas funções institucionais”.

1.4 JURISPRUDÊNCIA SOBRE CPI

Decisão CLÁSSICA do STF sobre CPI: EMENTA: COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO - PODERES DE
INVESTIGAÇÃO (CF, ART. 58, §3º) - LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS - LEGITIMIDADE DO CONTROLE
JURISDICIONAL - POSSIBILIDADE DE A CPI ORDENAR, POR AUTORIDADE PRÓPRIA, A QUEBRA DOS SIGILOS
BANCÁRIO, FISCAL E TELEFÔNICO - NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO DO ATO DELIBERATIVO - DELIBERAÇÃO
DA CPI QUE, SEM FUNDAMENTAÇÃO, ORDENOU MEDIDAS DE RESTRIÇÃO A DIREITOS - MANDADO DE
SEGURANÇA DEFERIDO. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO - COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. - Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, em sede originária, mandados
de segurança e habeas corpus impetrados contra Comissões Parlamentares de Inquérito constituídas no âmbito
do Congresso Nacional ou no de qualquer de suas Casas 3. É que a Comissão Parlamentar de Inquérito, enquanto
projeção orgânica do Poder Legislativo da União, nada mais é senão a longa manus do próprio Congresso
Nacional ou das Casas que o compõem, sujeitando-se, em conseqüência, em tema de mandado de segurança ou
de habeas corpus, ao controle jurisdicional originário do Supremo Tribunal Federal (CF, art. 102, I, "d" e "i").
Precedentes. (MS 23452 / RJ - Relator(a): Min. CELSO DE MELLO. Julgamento:16/09/1999 Órgão Julgador:
Tribunal Pleno).

O CONTROLE JURISDICIONAL DE ABUSOS PRATICADOS POR COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO NÃO


OFENDE O PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES. - A essência do postulado da divisão funcional do poder,
além de derivar da necessidade de conter os excessos dos órgãos que compõem o aparelho de Estado,
representa o princípio conservador das liberdades do cidadão e constitui o meio mais adequado para tornar
efetivos e reais os direitos e garantias proclamados pela Constituição. Esse princípio, que tem assento no art. 2º
da Carta Política, não pode constituir e nem qualificar-se como um inaceitável manto protetor de
comportamentos abusivos e arbitrários, por parte de qualquer agente do Poder Público ou de qualquer
3
A prova do TRF4/2016 considerou correta a seguinte alternativa a respeito dessa temática: “Compete ao Supremo
Tribunal Federal o controle jurisdicional dos atos de Comissão Parlamentar de Inquérito que envolvam ilegalidade ou
ofensa a direitos individuais, na medida em que a Comissão Parlamentar de Inquérito procede como se fosse a
Câmara dos Deputados, o Senado Federal ou o Congresso Nacional como um todo.”
20
instituição estatal. - O Poder Judiciário, quando intervém para assegurar as franquias constitucionais e para
garantir a integridade e a supremacia da Constituição, desempenha, de maneira plenamente legítima, as
atribuições que lhe conferiu a própria Carta da República. O regular exercício da função jurisdicional, por isso
mesmo, desde que pautado pelo respeito à Constituição, não transgride o princípio da separação de poderes.
Desse modo, não se revela lícito afirmar, na hipótese de desvios jurídico-constitucionais nas quais incida uma
Comissão Parlamentar de Inquérito, que o exercício da atividade de controle jurisdicional possa traduzir
situação de ilegítima interferência na esfera de outro Poder da República. (Mandado de Segurança nº 23.452-RJ).

O CONTROLE DO PODER CONSTITUI UMA EXIGÊNCIA DE ORDEM POLÍTICO-JURÍDICA ESSENCIAL AO REGIME


DEMOCRÁTICO. - O sistema constitucional brasileiro, ao consagrar o princípio da limitação de poderes, teve por
objetivo instituir modelo destinado a impedir a formação de instâncias hegemônicas de poder no âmbito do
Estado, em ordem a neutralizar, no plano político-jurídico, a possibilidade de dominação institucional de
qualquer dos Poderes da República sobre os demais órgãos da soberania nacional. Com a finalidade de obstar
que o exercício abusivo das prerrogativas estatais possa conduzir a práticas que transgridam o regime das
liberdades públicas e que sufoquem, pela opressão do poder, os direitos e garantias individuais, atribuiu-se, ao
Poder Judiciário, a função eminente de controlar os excessos cometidos por qualquer das esferas
governamentais, inclusive aqueles praticados por Comissão Parlamentar de Inquérito, quando incidir em abuso
de poder ou em desvios inconstitucionais, no desempenho de sua competência investigatória. (Mandado de
Segurança nº. 24.082-2 DF)

OS PODERES DAS COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO, EMBORA AMPLOS, NÃO SÃO ILIMITADOS E
NEM ABSOLUTOS. LIMITAÇÕES AOS PODERES INVESTIGATÓRIOS DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO. -
A Constituição da República, ao outorgar às Comissões Parlamentares de Inquérito "poderes de investigação
próprios das autoridades judiciais" (art. 58, § 3º), claramente delimitou a natureza de suas atribuições
institucionais, restringindo-as, unicamente, ao campo da indagação probatória, com absoluta exclusão de
quaisquer outras prerrogativas que se incluem, ordinariamente, na esfera de competência dos magistrados e
Tribunais, inclusive aquelas que decorrem do poder geral de cautela conferido aos juízes, como o poder de
decretar a indisponibilidade dos bens pertencentes a pessoas sujeitas à investigação parlamentar. A
circunstância de os poderes investigatórios de uma CPI serem essencialmente limitados levou a jurisprudência
constitucional do Supremo Tribunal Federal a advertir que as Comissões Parlamentares de Inquérito não podem
formular acusações e nem punir delitos (RDA 199/205, Rel. Min. PAULO BROSSARD), nem desrespeitar o
privilégio contra a autoincriminação que assiste a qualquer indiciado ou testemunha (RDA 196/197, Rel. Min.
CELSO DE MELLO - HC 79.244-DF, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE), nem decretar a prisão de qualquer pessoa,
exceto nas hipóteses de flagrância (RDA 196/195, Rel. Min. CELSO DE MELLO - RDA 199/205, Rel. Min. PAULO
BROSSARD).

*#DEOLHONAJURIS #STF: Os dados obtidos por meio da quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal devem
21
ser mantidos sob reserva. Assim, a página do Senado Federal na internet não pode divulgar os dados obtidos por
meio da quebra de sigilo determinada por comissão parlamentar de inquérito (CPI). STF. Plenário. MS 25940,
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 26/4/2018 (Info 899).

#NÃOCUSTALEMBRAR: DIREITOS E GARANTIA INDIVIDUAIS NÃO TÊM CARÁTER ABSOLUTO

A QUEBRA DO SIGILO CONSTITUI PODER INERENTE À COMPETÊNCIA INVESTIGATÓRIA DAS COMISSÕES


PARLAMENTARES DE INQUÉRITO. - O sigilo bancário, o sigilo fiscal e o sigilo telefônico (sigilo este que incide
sobre os dados/registros telefônicos e que não se identifica com a inviolabilidade das comunicações telefônicas)
- ainda que representem projeções específicas do direito à intimidade, fundado no art. 5º, X, da Carta Política -
não se revelam oponíveis, em nosso sistema jurídico, às Comissões Parlamentares de Inquérito, eis que o ato
que lhes decreta a quebra traduz natural derivação dos poderes de investigação que foram conferidos, pela
própria Constituição da República, aos órgãos de investigação parlamentar. As Comissões Parlamentares de
Inquérito, no entanto, para decretarem, legitimamente, por autoridade própria, a quebra do sigilo bancário, do
sigilo fiscal e/ou do sigilo telefônico, relativamente a pessoas por elas investigadas, devem demonstrar, a partir
de meros indícios, a existência concreta de causa provável que legitime a medida excepcional (ruptura da esfera
de intimidade de quem se acha sob investigação), justificando a necessidade de sua efetivação no procedimento
de ampla investigação dos fatos determinados que deram causa à instauração do inquérito parlamentar, sem
prejuízo de ulterior controle jurisdicional dos atos em referência (CF, art. 5º, XXXV). - As deliberações de
qualquer Comissão Parlamentar de Inquérito, à semelhança do que também ocorre com as decisões judiciais
(RTJ 140/514), quando destituídas de motivação, mostram-se írritas e despojadas de eficácia jurídica, pois
nenhuma medida restritiva de direitos pode ser adotada pelo Poder Público, sem que o ato que a decreta seja
adequadamente fundamentado pela autoridade estatal. - O caráter privilegiado das relações Advogado-cliente:
a questão do sigilo profissional do Advogado, enquanto depositário de informações confidenciais resultantes de
suas relações com o cliente.

- MOTIVAÇÃO PER RELATIONEM CONSTANTE DA DELIBERAÇÃO EMANADA DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE


INQUÉRITO. Tratando-se de motivação per relationem, impõe-se à Comissão Parlamentar de Inquérito - quando
esta faz remissão a elementos de fundamentação existentes aliunde ou constantes de outra peça - demonstrar a
efetiva existência do documento consubstanciador da exposição das razões de fato e de direito que justificariam
o ato decisório praticado, em ordem a propiciar, não apenas o conhecimento do que se contém no relato
expositivo, mas, sobretudo, para viabilizar o controle jurisdicional da decisão adotada pela CPI. É que tais
fundamentos - considerada a remissão a eles feita - passam a incorporar-se ao próprio ato decisório ou
deliberativo que a eles se reportou. Não se revela viável indicar, a posteriori, já no âmbito do processo de
mandado de segurança, as razões que deveriam ter sido expostas por ocasião da deliberação tomada pela
Comissão Parlamentar de Inquérito-CONTEMPORANEIRDADE, pois a existência contemporânea da motivação - e
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não a sua justificação tardia - constitui pressuposto de legitimação da própria resolução adotada pelo órgão de
investigação legislativa, especialmente quando esse ato deliberativo implicar ruptura da cláusula de reserva
pertinente a dados sigilosos.

A QUESTÃO DA DIVULGAÇÃO DOS DADOS RESERVADOS E O DEVER DE PRESERVAÇÃO DOS REGISTROS


SIGILOSOS. - A Comissão Parlamentar de Inquérito, embora disponha, expropria auctoritate, de competência
para ter acesso a dados reservados, não pode, agindo arbitrariamente, conferir indevida publicidade a registros
sobre os quais incide a cláusula de reserva derivada do sigilo bancário, do sigilo fiscal e do sigilo telefônico. Com
a transmissão das informações pertinentes aos dados reservados, transmite-se à Comissão Parlamentar de
Inquérito - enquanto depositária desses elementos informativos -, a nota de confidencialidade relativa aos
registros sigilosos. Constitui conduta altamente censurável - com todas as conseqüências jurídicas (inclusive
aquelas de ordem penal) que dela possam resultar - a transgressão, por qualquer membro de uma Comissão
Parlamentar de Inquérito, do dever jurídico de respeitar e de preservar o sigilo concernente aos dados a ela
transmitidos. Havendo justa causa - e achando-se configurada a necessidade de revelar os dados sigilosos, seja
no relatório final dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (como razão justificadora da adoção de
medidas a serem implementadas pelo Poder Público), seja para efeito das comunicações destinadas ao
Ministério Público ou a outros órgãos do Poder Público, para os fins a que se refere o art. 58, § 3º, da
Constituição, seja, ainda, por razões imperiosas ditadas pelo interesse social - a divulgação do segredo,
precisamente porque legitimada pelos fins que a motivaram, não configurará situação de ilicitude, muito
embora traduza providência revestida de absoluto grau de excepcionalidade.

POSTULADO CONSTITUCIONAL DA RESERVA DE JURISDIÇÃO: UM TEMA AINDA PENDENTE DE DEFINIÇÃO PELO


SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. O postulado da reserva constitucional de jurisdição importa em submeter, à
esfera única de decisão dos magistrados, a prática de determinados atos cuja realização, por efeito de explícita
determinação constante do próprio texto da Carta Política, somente pode emanar do juiz, e não de terceiros,
inclusive daqueles a quem se haja eventualmente atribuído o exercício de "poderes de investigação próprios das
autoridades judiciais". A cláusula constitucional da reserva de jurisdição - que incide sobre determinadas
matérias, como a busca domiciliar (CF, art. 5º, XI), a interceptação telefônica (CF, art. 5º, XII) e a decretação da
prisão de qualquer pessoa, ressalvada a hipótese de flagrância (CF, art. 5º, LXI) - traduz a noção de que, nesses
temas específicos, assiste ao Poder Judiciário, não apenas o direito de proferir a última palavra, mas, sobretudo,
a prerrogativa de dizer, desde logo, a primeira palavra, excluindo-se, desse modo, por força e autoridade do que
dispõe a própria Constituição, a possibilidade do exercício de iguais atribuições, por parte de quaisquer outros
órgãos ou autoridades do Estado. Doutrina. - O princípio constitucional da reserva de jurisdição, embora
reconhecido por cinco (5) Juízes do Supremo Tribunal Federal - Min. CELSO DE MELLO (Relator), Min. MARCO
AURÉLIO, Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Min. NÉRI DA SILVEIRA e Min. CARLOS VELLOSO (Presidente) - não foi
objeto de consideração por parte dos demais eminentes Ministros do Supremo Tribunal Federal, que
entenderam suficiente, para efeito de concessão do writ mandamental, a falta de motivação do ato impugnado.
23

INFORMATIVO 434 (INQ-2314) “CPMI DAS AMBULÂNCIAS”: REQUISIÇÃO DE DOCUMENTOS E SIGILO


(TRANSCRIÇÕES) “CPMI das Ambulâncias”: Requisição de Documentos e Sigilo (Transcrições) Inq
2314/MT*RELATOR: MIN. GILMAR MENDES DESPACHO: O Presidente da Comissão Parlamentar Mista de
Inquérito – CPMI das “Ambulâncias”, criada com a finalidade de apurar as denúncias envolvendo a denominada
“Operação Sanguessuga”, solicita, por meio do Ofício n° 095/06, a revogação do sigilo dos documentos em
poder da comissão, tendo em vista a freqüente divulgação ocorrida através dos meios de comunicação. Os
referidos documentos constituem cópias dos autos dos Inquéritosn°s 2.314/DF, 2.315/DF, 2.316/DF, 2.317/DF,
2.318/DF, 2.319/DF, 2.320/DF, 2.321/DF, 2.322/DF, 2.323/DF, 2.324/DF, 2.325/DF, 2.326/DF, 2.327/DF e
2.328/DF, instaurados, a pedido do Procurador-Geral da República, com o objetivo de apurar a participação de
parlamentares nos fatos objeto da denominada “Operação Sanguessuga”– que tramitam em segredo de justiça
neste Supremo Tribunal Federal, todos sob minha relatoria –, cujo acesso foi autorizado ao Presidente da CPMI
das Ambulâncias, por meio de despacho cujo teor transcrevo a seguir, verbis: “Na Petição no 84.406/2006
(Ofício no 012/06), o Presidente da “Comissão Parlamentar Mista de Inquérito das Ambulâncias” (“CPMI das
Ambulâncias”), Deputado Federal Antônio Carlos Biscaia, pleiteia, verbis: “Na qualidade de Presidente da
Comissão Parlamentar de Inquérito, criada pelo Requerimento n.° 245, de 2004, com a finalidade de apurar as
denúncias envolvendo a ‘Operação Sanguessuga’, realizada pela Polícia Federal, para investigar quadrilha que
atuava na aquisição fraudulenta de insumos estratégicos para a saúde, e em conformidade com o artigo 58 da
Constituição Federal e 148 do Regimento Interno do Senado Federal combinado com o artigo 2° da Lei 1.579/52,
solicito a Vossa Excelência, cópia dos requerimentos de instauração de inquérito e processos contra
parlamentares deferidos ou não por essa Egrégia Corte, com relação à denominada ‘Operação Sanguessuga’.
Por oportuno, informo que haverá manutenção de sigilo sobre os documentos e dados fornecidos. A partir da
interpretação do art. 58, § 3o, da Constituição, a jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal é pacífica ao
admitir, inclusive, a possibilidade de decretação de quebra de sigilo promovida por comissões parlamentares de
inquérito. Nesses casos, exige-se, entretanto, que a referida decretação apresente fundamentação idônea,
ainda que sucinta, nos termos do art. 93, IX, da CF. Ademais, é necessário que a fundamentação de eventual
quebra de sigilo seja compatível com o objeto que tenha ensejado a instauração da Comissão Parlamentar em
questão (Cf., entre outros: MS no 23.669/DF, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 17.04.2000; MS no 24.750/DF, DJ
de 02.02.2004, e MS no 24.751/DF, DJ de 02.02.2004, ambos de minha relatoria). Em princípio, em que pese o
caráter sigiloso da tramitação destes autos, observo relação de pertinência entre os motivos que ensejaram a
instauração da “CPMI das Ambulâncias” e as investigações policiais na denominada “Operação Sanguessuga”.
(...)Como se pode aferir, a autorização conferida ao presidente da comissão parlamentar para ter acesso às
cópias dos autos dos referidos inquéritos está condicionada à observância de dois requisitos: a) o acesso aos
autos deve se restringir aos documentos cujas diligências já foram devidamente concluídas pela autoridade
policial;b) o exame das cópias obtidas deve ficar restrito à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, a qual
deverá adotar rígidas providências para que seu conteúdo não seja indevidamente divulgado. Tais medidas são
imprescindíveis para se assegurar a eficácia das investigações criminais que no momento estão sendo realizadas
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com o escopo de elucidar os fatos objeto da denominada “Operação Sanguessuga”. Destarte, todo inquérito
deve ser revestido do sigilo necessário à efetiva apuração dos fatos objeto da investigação criminal. (...)
Portanto, o dever imposto à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito – CPMI das “Ambulâncias” restringe-se
ao resguardo do conteúdo dos documentos, não devendo representar qualquer empecilho aos trabalhos
investigatórios reputados necessários pela própria comissão para o alcance de suas finalidades institucionais. A
comissão não está impedida, por exemplo, de realizar convocações de parlamentares por ela investigados para
prestar depoimentos ou de utilizar os dados obtidos dos documentos sigilosos para eventuais questionamentos,
observações, comentários, perguntas e acareações. Assim, se é certo, por um lado, que as CPI´s devem zelar
pela confidencialidade dos documentos aos quais teve acesso – seja através do trabalho de cooperação e troca
institucional de informações com os demais Poderes, seja pela quebra dos sigilos bancário e fiscal dos
investigados – , por outro lado também devem ser assegurados às comissões os poderes que lhes foram
constitucionalmente atribuídos para utilizar os dados obtidos como instrumento de realização de seus trabalhos
investigatórios, os quais muitas vezes exigem a divulgação, ainda que relativa, de seu conteúdo sigiloso, como
ocorre normalmente com a elaboração dos relatórios parciais e conclusivos das investigações legislativas, assim
como em comunicações ao Ministério Público ou a outros órgãos do Poder Público. (...) Cabe apenas à própria
comissão, respeitados os parâmetros legais e constitucionais, julgar quais são os meios necessários ao
desempenho eficaz de suas atividades investigatórias, e como devem ser eles manejados para o fiel
cumprimento de suas finalidades institucionais. A ordem constitucional assegura às comissões parlamentares de
inquérito um âmbito de autonomia investigatória em relação à esfera de investigação policial e, por isso, podem
ser distintos os indiciados no inquérito parlamentar e no inquérito policial, mesmo que estes visem a apurar
fatos conexos. (...) Nesse sentido, é possível concluir que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito – CPMI das
“Ambulâncias” está incumbida do dever jurídico-constitucional de preservar o sigilo dos documentos cujas
cópias foram retiradas dos inquéritos que tramitam neste Supremo Tribunal Federal, o que não a impede de
realizar convocações de seus próprios investigados para prestar depoimento. (...) Brasília, 18 de julho de 2006.
Ministro Gilmar Mendes Vice-Presidente (RISTF, art. 37, I c/c art. 13, VIII) * inquérito sob segredo de justiça.

INFORMATIVO 417 (HC-86581) CPI: ATO JURISDICIONAL E PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES. Ofende o
princípio constitucional da separação e independência dos poderes (CF, art. 2º) a intimação de magistrado para
prestar esclarecimentos perante comissão parlamentar de inquérito sobre ato jurisdicional praticado. Com base
nesse entendimento, o Tribunal deferiu habeas corpus impetrado contra o requerimento de convocação de
magistrada federal para prestar depoimento perante a CPI dos Bingos instaurada pelo Senado Federal, a fim de
esclarecer as razões pelas quais concedera liminares em favor de determinada empresa, as quais teriam
acarretado prejuízos consideráveis à Caixa Econômica Federal - CEF. Precedente citado: HC 80089/RJ (DJU de
29.9.2000). HC 86581/DF, rel. Min. Ellen Gracie, 23.2.2006. (HC-86581)

INFORMATIVO 416 (MS-25832) CPI - INQUIRIÇÃO EM SESSÃO RESERVADA - PRETENSÃO DO IMPETRANTE -


CENSURA JUDICIAL – INADMISSIBILIDADE CPI - Inquirição em Sessão reservada - Pretensão do impetrante -
25
Censura judicial – Inadmissibilidade (Transcrições) MS 25832 MC/DF* RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO
EMENTA: PRETENDIDA INTERDIÇÃO DE USO, POR MEMBROS DE CPI, DE DADOS SIGILOSOS A QUE TIVERAM
ACESSO. INVIABILIDADE. POSTULAÇÃO QUE TAMBÉM OBJETIVA VEDAR O ACESSO DA IMPRENSA E DE PESSOAS
ESTRANHAS À CPI À INQUIRIÇÃO DO IMPETRANTE. INADMISSIBILIDADE. INACEITÁVEL ATO DE CENSURA
JUDICIAL. A ESSENCIALIDADE DA LIBERDADE DE INFORMAÇÃO, ESPECIALMENTE QUANDO EM DEBATE O
INTERESSE PÚBLICO. A PUBLICIDADE DAS SESSÕES DOS ÓRGÃOS DO PODER LEGISLATIVO, INCLUSIVE DAS CPIs,
COMO CONCRETIZAÇÃO DESSA VALIOSA FRANQUIA CONSTITUCIONAL. NECESSIDADE DE DESSACRALIZAR O
SEGREDO. PRECEDENTES (STF). PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO INDEFERIDO.

A regra da prejudicialidade: A jurisprudência do STF, em regra, determina a prejudicialidade das “... ações de
mandado de segurança e de habeas corpus, sempre que – impetrados tais writs constitucionais contra
Comissões Parlamentares de Inquérito – vierem estas a extinguir-se, em virtude da conclusão de seus trabalhos
investigatórios, independentemente da aprovação, ou não, de seu relatório final” (MS 23.852-QO, Rel. Min.
Celso de Mello, j. 28.06.2001, e julgados mais recentes, como HC 100.200, Rel. Min. Joaquim Barbosa, j.
08.04.2010, MS 25.459-AgR, Rel. Min. Cezar Peluso, j. 04.02.2010 etc.).

Existe, contudo, um importante precedente no qual o STF não acatou a jurisprudência dominante da
prejudicialidade. Trata-se da ACO 622, ação popular que busca declarar a nulidade da Res. nº 507/2001, da
Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, pela qual se instituiu CPI para apurar as causas do acidente
da plataforma P-36 da PETROBRÁS, localizada na Bacia de Campos.

Apesar de a CPI ter encerrado os trabalho, o Min. Ricardo Lewandowski, que considerava a ação prejudicada,
reconsiderou a decisão, na medida em que o relatório da CPI fazia diversas recomendações, inclusive para que o
Ministério Público investigasse o fato.

É sempre necessário que o poder freie o poder (Montesquieu). Tais Comissões podem: (a) determinar as
diligências que reputarem necessárias; (b) convocar ministros de Estado;(c) tomar o depoimento de qualquer
autoridade; (d) ouvir indiciados; (e) inquirir testemunhas sob compromisso;(f) requisitar de órgão público
informações e documentos de qualquer natureza (inclusive sigilosos); (g) transportar-se aos lugares aonde for
preciso. Cuidando-se de CPI do Senado, da Câmara ou mista, pode, ainda, requerer ao Tribunal de Contas da
União a realização de inspeções e auditorias. Quanto aos dados, informações e documentos, mesmo que
resguardados por sigilo legal, desde que observadas as cautelas legais, podem as CPIs requisitá-los. Isso significa
que podem quebrar o sigilo fiscal, bancário, assim como o segredo de quaisquer outros dados, abarcando-se,por
exemplo, os telefônicos (registros relacionados com chamadas telefônicas já concretizadas), e, ainda,determinar
buscas e apreensões. O fundamental, nesse âmbito, é:(a) jamais ultrapassar o intransponível limite da 'reserva
jurisdicional constitucional', isto é, a CPI pode muita coisa, menos determinar o que a Constituição Federal
reservou com exclusividade aos juízes. Incluem-se nessa importante restrição: a prisão, salvo flagrante (CF, art.
26
5º, inc. LXI); a busca domiciliar (CF, art. 5º,inc. X) e a interceptação ou escuta telefônica (art. 5º,inc. XII);(b)
impedir, em nome da tutela da privacidade constitucional (art. 5º inc. X), a publicidade do que é sigiloso, mesmo
porque, quem quebra esse sigilo passa a ser dele detentor;(c) não confundir 'poderes de investigação do
juiz'(CF, art. 58, § 3º) com o poder geral de cautela judicial: isso significa que a CPI não pode adotar nenhuma
medida assecuratória real ou restritiva do 'jus libertatis', incluindo-se a apreensão, sequestro ou
indisponibilidade de bens ou mesmo a proibição de se afastar do país. "Torna-se importante assinalar, neste
ponto, que, mesmo naqueles casos em que se revelar possível o exercício, por uma Comissão Parlamentar de
Inquérito, dos mesmos poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, ainda assim a prática dessas
prerrogativas estará necessariamente sujeita aos mesmos condicionamentos, às mesmas limitações e aos
mesmos princípios que regem o desempenho, pelos juízes, da competência institucional que lhes foi conferida
pelo ordenamento positivo. Isso significa, por exemplo, que qualquer medida restritiva de direitos, além de
excepcional, dependerá, para reputar-se válida e legítima, da necessária motivação, pois, sem esta, tal ato - à
semelhança do que ocorre com as decisões judiciais (CF, art. 93, IX)-reputar-se-á írrito e destituído de eficácia
jurídica (RTJ 140/514,Rel. Min, CELSO DE MELLO, v.g.).Em uma palavra: as Comissões Parlamentares de
Inquérito, no desempenho de seus poderes de investigação, estão sujeitas às mesmas normas e limitações que
incidem sobre os magistrados judiciais, quando no exercício de igual prerrogativa. Vale dizer: as Comissões
Parlamentares de Inquérito somente podem exercer as atribuições investigatórias que lhes são inerentes, desde
que o façam nos mesmos termos e segundo as mesmas exigências que a Constituição e as leis da República
impõem aos juízes. Assim sendo, tendo presentes as razões expostas, considerando o relevo jurídico da tese
suscitada nesta impetração -especialmente a alegação de ofensa ao princípio da reserva constitucional de
jurisdição -, concedo, em termos, a medida liminar ora postulada (fls. 10, item n. 1), para, até a prestação de
informações pela autoridade ora apontada como coatora, suspender a eficácia do ato ora impugnado (ato este
que resultou da aprovação do Requerimento nº 81) e sustar a execução de qualquer medida de busca e
apreensão e de quebra dos sigilos telefônico, bancário e fiscal do impetrante. (STF - MS: 23452 RJ , Relator: Min.
CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 01/06/1999, Data de Publicação: DJ DATA-08-06-99 P-00011)

2 GARANTIAS DO PODER LEGISLATIVO

Não são privilégios e sim garantias. Fazem parte do chamado Estatuto dos Congressistas.

Qual a finalidade dessas garantias?

 Garantir a independência do Poder Legislativo;

 Assegurar a liberdade de seus membros.

As garantias são imprescindíveis ao exercício adequado da função legiferante. A finalidade não é a mera
27
concessão de privilégios. Presidencialismo de coalisão – poder legislativo submisso ao executivo. A maioria dos
processos legislativos são do executivo. A MP tranca a pauta. Vasto rol de iniciativa de PL ao Presidente.

Essas garantias não são individuais. São garantias institucionais. São garantias estabelecidas ao
Parlamentar, independentemente de quem ele seja. Qual a consequência disso? A irrenunciabilidade das
garantias parlamentares.

#OBS: Afastamento do Parlamentar. É comum que deputados e senadores sejam convidados a exercer o cargo
de Ministro de Estado. Quando o Parlamentar é temporariamente afastado essas garantias permanecem?
Ocorre a suspensão das imunidades (material e formal), mas não da prerrogativa de foro (continua no STF,
mesmo que vá para cargo que não tenha essa prerrogativa).

#IMPORTANTE!!!
Súmula 4 STF: CANCELADA. Após CF 88 ela não é mais aplicada, apesar de não ter havido uma revogação formal.
Segundo o entendimento do STF, o afastamento do Deputado ou Senador do exercício do mandato para
investir-se nos cargos permitidos pela CF (art. 56, I), dentre eles de Ministro de Estado, suspende-lhes a
imunidade parlamentar. Por outro lado, o foro por prerrogativa de função permanece normalmente (STF, Inq-
QO 1070/TO, DJ 11/10/2001).

São comumente classificadas da seguinte forma: imunidade material, imunidade processual, privilégio
de foro, isenção do serviço militar e limitação ao dever de testemunhar.

Súmula nº 3 do STF: “A imunidade concedida a deputados estaduais é restrita à Justiça do Estado”.


(CANCELADA)

Súmula nº 245 do STF: “A imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem essa prerrogativa.”OBS. Tem
prevalecido que a natureza jurídica da imunidade material é de causa de exclusão da tipicidade, impedindo até
mesmo a instauração de inquérito ou qualquer outro ato de persecução. Portanto, se o fato é atípico, não há
possibilidade de coautoria, pois não há infração penal. Assim, a súmula 245 diz respeito à imunidade processual,
não material.

Súmula n.º 704 do STF: “Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a
atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos
denunciados”.

IMUNIDADE FORMAL IMUNIDADE MATERIAL


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Prisão Opiniões, palavras e votos
Processo Penal

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
A imunidade parlamentar é uma proteção adicional ao direito fundamental de todas as pessoas à liberdade de
expressão, previsto no art. 5º, IV e IX, da CF/88. Assim, mesmo quando desbordem e se enquadrem em tipos
penais, as palavras dos congressistas, desde que guardem alguma pertinência com suas funções parlamentares,
estarão cobertas pela imunidade material do art. 53, “caput”, da CF/88. STF. 1ª Turma. Inq 4088/DF e Inq
4097/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 1º/12/2015 (Info 810).

No caso envolvendo a prisão do Senador Delcídio do Amaral, podemos apontar algumas conclusões:

1) Como regra, os membros do Congresso Nacional não podem ser presos antes da condenação definitiva.
Exceção: poderão ser presos caso estejam em flagrante delito de um crime inafiançável (art. 53, § 2º da CF/88).

2) Segundo entendeu o STF, o Senador e as demais pessoas envolvidas teriam praticado, no mínimo, dois
crimes: a) integrar organização criminosa (art. 2º, caput, da Lei 12.850/2013); b) embaraçar investigação
envolvendo organização criminosa (art. 2º, § 1º da Lei 12.850/2013).

3) O STF entendeu que as condutas do Senador configurariam crime permanente, considerando que ele,
até antes de ser preso, integrava pessoalmente a organização criminosa (art. 2º, caput) e, além disso, estaria, há
dias, embaraçando a investigação da Lava Jato (art. 2º, § 1º). Desse modo, ele estaria por todos esses dias
cometendo os dois crimes acima, em estado, portanto, de flagrância.

4) Os crimes do art. 2º, caput e do § 1º da Lei nº 12.850/2013 que, em tese, foram praticados pelo
Senador, não são, a princípio, inafiançáveis considerando que não se encontram listados no art. 323 do CPP. Não
se tratam, portanto, de crimes absolutamente inafiançáveis. No entanto, como, no caso concreto, estariam
presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva (tentativa de calar o depoimento de
colaborador, tentativa de influenciar os julgadores e planejamento de fuga), havia uma situação que não admite
fiança, com base no art. 324, IV, do CPP.

5) O STF admite a prisão preventiva de Deputado Federal ou Senador? Surgiram duas correntes: 1ª) SIM.
Para Rogério Sanches e Marcelo Novelino, o STF teria autorizado a prisão preventiva do Senador, relativizando o
art. 53, § 2º da CF/88. 2ª) NÃO. Não é possível a prisão preventiva de Deputado Estadual, Deputado Federal ou
Senador porque a única prisão cautelar que o art. 53, § 2º da CF/88 admite é a prisão em flagrante de crime
inafiançável. É a posição que entendo mais acertada.
29
6) É lícita a prova consistente em gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem
conhecimento do outro. Assim, se “A” e “B” estão conversando, “A” pode gravar essa conversa mesmo que “B”
não saiba. Para o STF, a gravação de conversa feita por um dos interlocutores sem o conhecimento dos demais é
considerada lícita, quando ausente causa legal de sigilo ou de reserva da conversação.

7) Depois de concretizada a prisão em flagrante do parlamentar, qual é o procedimento que deverá ser
adotado em seguida? A CF determina que os autos deverão ser remetidos dentro de 24 horas à Casa respectiva,
para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão (art. 53, § 2º). Esse voto é aberto.
Assim, o STF remeteu os autos ao Senado Federal que, por 59 votos contra 13, decidiu manter a prisão do
Senador. STF. 2ª Turma. AC 4036 e 4039 Referendo-MC/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgados em 25/11/2015
(Info 809).

Sempre existiram nas CF brasileiras.

Foro por prerrogativa de função é uma faceta das imunidades.

*#DEOLHONAJURIS #STF: Restrição ao foro por prerrogativa de função. As normas da Constituição de 1988 que
estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de função devem ser interpretadas restritivamente,
aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados durante o exercício do cargo e em razão dele.
Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado como Deputado Federal, não se
justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª instância mesmo ocupando o cargo de
parlamentar federal.

Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após a investidura no mandato, se o delito não apresentar
relação direta com as funções exercidas, também não haverá foro privilegiado. Foi fixada, portanto, a seguinte
tese: O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e
relacionados às funções desempenhadas.

Marco para o fim do foro: término da instrução

Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de
alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o
agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo. STF.
Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018 (Info 900).

2.1 DEPUTADOS E SENADORES

*#DEOLHONAJURIS #STF: O parlamentar, na condição de cidadão, pode exercer plenamente seu direito
fundamental de acesso a informações de interesse pessoal ou coletivo, nos termos do art. 5º, inciso XXXIII, da
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Constituição Federal e das normas de regência desse direito. O parlamentar, na qualidade de cidadão, não pode
ter cerceado o exercício do seu direito de acesso, via requerimento administrativo ou judicial, a documentos e
informações sobre a gestão pública, desde que não estejam, excepcionalmente, sob regime de sigilo ou sujeitos
à aprovação de CPI. O fato de as casas legislativas, em determinadas situações, agirem de forma colegiada, por
intermédio de seus órgãos, não afasta, tampouco restringe, os direitos inerentes ao parlamentar como
indivíduo. STF. Plenário. RE 865401/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 25/4/2018 (repercussão geral) (Info
899)

2.1.1 Prerrogativa de foro4

Está prevista no art. 53, §1º. Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)§ 1º Os
Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo
Tribunal Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)

É a partir da expedição do diploma que se inicia a prerrogativa de foro. Não é a partir da posse. A
diplomação é como se fosse a nomeação do servidor.

Com o término do mandato perde a prerrogativa – REGRA DA ATUALIDADE DO MANDATO. Após o


término do mandato, o processo retornará à 1ª instância (na ADI 2797/DF e ADI 28605, o STF julgou
inconstitucional a Lei n.º10.628/02, que alterava o art. 84 do CPP).

Competência é do STF. Qualquer ação? Art. 102, I, b – compete ao STF processar e julgar,
originariamente, nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do
Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República.
4
Foi considerada correta na prova do TRF4/2016 a seguinte alternativa: “O membro do Congresso Nacional que se licencia
do mandato para investir-se no cargo de Ministro de Estado NÃO perde os laços que o unem, organicamente, ao
Parlamento. Consequentemente, permanece em seu favor a garantia constitucional da prerrogativa de foro em matéria
penal.”
5
Informativo 401 (ADI-2860) IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA E PRERROGATIVA DE FORO O Tribunal concluiu julgamento
de duas ações diretas ajuizadas pela Associação Nacional dos Membros do Ministério Público - CONAMP e pela Associação
dos Magistrados Brasileiros - AMB para declarar, por maioria, a inconstitucionalidade dos §§ 1º e 2º do art. 84 do Código de
Processo Penal, inseridos pelo art. 1º da Lei 10.628/2002 — v. Informativo 362. Entendeu-se que o § 1º do art. 84 do CPP,
além de ter feito interpretação autêntica da Carta Magna, o que seria reservado à norma de hierarquia constitucional,
usurpou a competência do STF como guardião da Constituição Federal ao inverter a leitura por ele já feita de norma
constitucional, o que, se admitido, implicaria submeter a interpretação constitucional do Supremo ao referendo do
legislador ordinário. Considerando, ademais, que o § 2º do art. 84 do CPP veiculou duas regras — a que estende, à ação de
improbidade administrativa, a competência especial por prerrogativa de função para inquérito e ação penais e a que
manda aplicar, em relação à mesma ação de improbidade, a previsão do § 1º do citado artigo — concluiu-se que a primeira
resultaria na criação de nova hipótese de competência originária não prevista no rol taxativo da Constituição Federal , e,
a segunda estaria atingida por arrastamento. Ressaltou-se, ademais, que a ação de improbidade administrativa é de
natureza civil, conforme se depreende do § 4º do art. 37 da CF, e que o STF jamais entendeu ser competente para o
conhecimento de ações civis, por ato de ofício, ajuizadas contra as autoridades para cujo processo penal o seria. Vencidos
os Ministros Eros Grau, Gilmar Mendes e Ellen Gracie.
31

Infrações penais comuns abrange crimes dolosos contra a vida (a regra do art. 5ª é geral e a do art. 102
é específica, devendo prevalecer esta última), crimes eleitorais e até contravenções penais. Crime comum, para
tanto, é crime diverso do de responsabilidade.

Obs. a iniciativa do procedimento investigatório deve ser confiada ao MPF, sob a supervisão do Ministro
Relator do STF. A Polícia Federal não está autorizada a abrir de ofício inquérito policial envolvendo autoridades
com prerrogativa de foro no STF. Não é necessária a licença da respectiva casa (Rcl 511). Há necessidade de
autorização para instauração de inquérito policial contra parlamentar? Não há necessidade de autorização da
Casa Legislativa, porém há necessidade de autorização do STF (Inq. 2411 QO/ MT – 24.10.07)

#OBS: há duas situações em que mesmo que se termine o mandato os processos continuam no STF:

 Quando o julgamento já tiver sido iniciado antes do término do mandato (Inq. 2295).

 Quando houver renúncia com “abuso de direito”. AP 396 – A renúncia ocorreu com claro
objetivo de não ser julgado pelo STF, objetivando a escolha do juízo. Obs. caso recente no
Mensalão – Eduardo Azevedo renunciou bem antes – foi para o primeiro grau.

Resumindo:

Como regra, o Deputado ou Senador que deixa o cargo não continua sendo julgado pelo STF;
Exceção¹: o STF continuará sendo competente se o julgamento já havia sido iniciado;
Exceção²: o STF continuará sendo competente se a renúncia caracterizou-se como fraude processual.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
Determinado Deputado Federal respondia a uma ação penal que tramitava no STF em virtude do cargo que
ocupava (art. 102, I, “b”, da CF/88).

Foram praticados todos os atos de instrução. Após o Ministério Público apresentar alegações finais, o réu
renunciou ao mandato.

O STF decidiu que cessou sua competência para julgar o réu. Como consequência, determinou a remessa do
feito ao juízo de 1º grau.

Para o STF, a situação dos autos é diferente do precedente firmado na AP 396/RO, no qual o réu (também ex-
32
Deputado Federal) renunciou ao mandanto um dia antes do julgamento. Segundo a Corte, naquele caso, o
processo já estava pronto para ser julgado. Ademais, afirmou-se que não havia, na presente hipótese, perigo de
prescrição da pena em abstrato.
(STF. Plenário. AP 536 QO/MG, rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 27/3/2014.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
Determinado Senador respondia a uma ação penal que tramitava no STF em virtude do cargo que ocupava (art.
102, I, “B”, da CF/88).

Antes de terminarem os atos de instrução, o réu renunciou ao seu mandato.

A 1ª Turma do STF decidiu, neste caso concreto, declinar a competência e remeter o processo para que o juízo
de 1º grau faça o julgamento da ação penal.

Limite temporal para que a renúncia produza efeitos no processo: segundo posição defendida pelos Ministros
Roberto Barroso e Rosa Weber, nas ações penais originárias do STF, se o parlamentar renunciar ao mandato
após o encerramento da instrução, a competência para o processo e julgamento da ação penal continua sendo
do STF (essa renúncia não gerará o efeito de cessar a competência do Supremo para julgar o processo).
(STF. Plenário. AP 605 QO/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 12/07/2014. (Inf. 754).

O critério seria: após o final da instrução, a renúncia não desloca mais a competência. Como neste caso,
a renúncia foi anterior ao final da instrução, declina-se a competência. Entendo que se a renúncia se verificar
posteriormente, nós continuaríamos a exercer a jurisdição.

PARLAMENTAR PODE RENUNCIAR AO MANDATO PARA NÃO SER JULGADO NO STF? Via de regra sim, a
renúncia ao mandato é ato legítimo.

Porém, quando verificada evidente manobra para escapar de condenação, sobretudo em razão da
proximidade do julgamento, o ato é ilegítimo.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF

Assim já decidiu o STF: Deputado federal. Renúncia ao mandato. Abuso de direito: reconhecimento da com-
petência do STF para continuidade do julgamento da presente ação penal. (...) Renúncia de mandato: ato
legítimo. Não se presta, porém, a ser utilizada como subterfúgio para deslocamento de competências
constitucionalmente definidas, que não podem ser objeto de escolha pessoal. Impossibilidade de ser
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aproveitada como expediente para impedir o julgamento em tempo à absolvição ou à condenação e, neste caso,
à definição de penas. No caso, a renúncia do mandato foi apresentada à Casa Legislativa em 27 -10-2010,
véspera do julgamento da presente ação penal pelo Plenário do Supremo Tribunal: pretensões nitidamente
incompatíveis com os princípios e as regras constitucionais porque exclui a aplicação da regra de competência
deste Supremo Tribunal. (...) As provas documentais e testemunhais revelam que o réu, no cargo de diretor
financeiro da Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia, praticou os crimes de peculato, na forma
continuada, e de quadrilha narrados na denúncia, o que impõe a sua condenação. Questão de ordem resolvida
no sentido de reconhecer a subsistência da competência deste STF para continuidade do julgamento.” (AP 396,
Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 28-10-2010, Plenário, DJE de 28-4-2011.) Vide: AP 333, Rel. Min.
Joaquim Barbosa, julgamento em 5-12-2007, Plenário, DJE de 11-4-2008.

*#DIZERODIREITO #AJUDAMARCINHO:
FOI FIXADO MARCO TEMPORAL:
Se o parlamentar federal (Deputado Federal ou Senador) está respondendo a uma ação penal no STF e, antes
de ser julgado, ele deixe de ocupar o cargo (exs: renunciou, não se reelegeu etc) cessa o foro por prerrogativa
de função e o processo deverá ser remetido para julgamento em 1ª instância?
O STF decidiu estabelecer uma regra para situações como essa:
• Se o réu deixou de ocupar o cargo antes de a instrução terminar: cessa a competência do STF e o processo
deve ser remetido para a 1ª instância.
• Se o réu deixou de ocupar o cargo depois de a instrução se encerrar: o STF permanece sendo competente
para julgar a ação penal.

Assim, o STF estabeleceu um marco temporal a partir do qual a competência para processar e julgar ações
penais – seja do STF ou de qualquer outro órgão jurisdicional – não será mais afetada em razão de o agente
deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo (exs: renúncia, não reeleição, eleição para cargo
diverso).

Quando se considera encerrada a instrução, para os fins acima explicados?


Considera-se encerrada a instrução processual com a publicação do despacho de intimação para apresentação
de alegações finais.
Nesse momento fica prorrogada a competência do juízo para julgar a ação penal mesmo que ocorra alguma
mudança no cargo ocupado pelo réu.
Desse modo, mesmo que o agente público venha a ocupar outro cargo ou deixe o cargo que ocupava, qualquer
que seja o motivo, isso não acarretará modificação de competência.
Ex1: João respondia processo criminal em 1ª instância; o MP foi intimado para apresentar alegações finais por
escrito; no dia seguinte o réu foi diplomado Deputado Federal; mesmo assim, o juiz de 1ª instância continuará
sendo competente para julgar a ação penal considerando que a mudança ocorreu após ter se encerrado a
34
instrução.
Ex2: Pedro, Deputado Federal, respondia ação penal no STF; foi publicado despacho intimando o MP para
apresentação de alegações finais; uma semana depois, o réu foi diplomado Prefeito; mesmo Pedro tendo
deixado de ser Deputado Federal, o STF continuará sendo competente para julgar o processo criminal contra
ele.

Por que se escolheu esse critério do encerramento da instrução?


Por três razões:
1ª) Trata-se de um marco temporal objetivo, de fácil aferição, e que deixa pouca margem de manipulação para
os investigados e réus e afasta a discricionariedade da decisão dos tribunais de declínio de competência;
2ª) Este critério privilegia o princípio da identidade física do juiz, ao valorizar o contato do magistrado julgador
com as provas produzidas na ação penal;
3ª) Já existia precedente do STF já adotando este marco temporal.

*#MUDANÇADEENTENDIMENTO:
CRIMES COMETIDOS POR DEPUTADO FEDERAL OU SENADOR
SITUAÇÃO COMPETÊNCIA
Crime cometido ANTES DA DIPLOMAÇÃO como Deputado ou
Senador

Crime cometido DEPOIS DA DIPLOMAÇÃO (durante o exercício do


Juízo de 1ª instância
cargo), mas o delito NÃO TEM RELAÇÃO COM AS FUNÇÕES
desempenhadas.
Ex: embriaguez ao volante.

Crime cometido DEPOIS DA DIPLOMAÇÃO (durante o exercício do


cargo) e o delito está RELACIONADO COM AS FUNÇÕES
STF
DESEMPENHADAS.
Ex: corrupção passiva.

As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de função devem
ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados durante o
exercício do cargo e em razão dele. assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser
diplomado como deputado federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª
instância mesmo ocupando o cargo de parlamentar federal. além disso, mesmo que o crime tenha sido
cometido após a investidura no mandato, se o delito não apresentar relação direta com as funções exercidas,
também não haverá foro privilegiado.
35
Foi fixada, portanto, a seguinte tese (#VAICAIRNASUAPROVA):
O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e
relacionados às funções desempenhadas. STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
03/05/2018.

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: Prefeito cometeu o crime durante o exercício do mandato e o delito
está relacionado com as suas funções: a competência para julgá-lo será, em regra, do Tribunal de Justiça. Se
esse Prefeito, antes de o processo terminar, for reeleito para um segundo mandato (consecutivo e ininterrupto),
neste caso, o Tribunal de Justiça continuará sendo competente para julgá-lo. Por outro lado, se o agente deixar
o cargo de Prefeito e, quatro anos mais tarde, for eleito novamente Prefeito do mesmo Município, nesta
situação a competência para julgar o crime será do juízo de 1ª instância. A prorrogação do foro por prerrogativa
de função só ocorre se houve reeleição, não se aplicando em caso de eleição para um novo mandato após o
agente ter ficado sem ocupar função pública. Ex: em 2011, Pedro, Prefeito, em seu primeiro mandato, cometeu
o crime de corrupção passiva. Pedro foi denunciado e passou a responder um processo penal no TJ. Em 2012,
Pedro disputou a campanha eleitoral buscando a reeleição. Contudo, ele perdeu. Com isso, Pedro ficou sem
mandato eletivo. Vale esclarecer que o processo continuou tramitando normalmente no TJ. Em 2016, Pedro
concorreu novamente ao cargo de Prefeito do mesmo Município, tendo sido eleito. Em 01/01/2017, João
assumiu como Prefeito por força dessa nova eleição. O processo de Pedro não será julgado pelo TJ, mas sim pelo
juízo de 1ª instância. STF. 1ª Turma. RE 1185838/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 14/5/2019 (Info 940).
#IMPORTANTE

#OUSESABER: O que se entende por “ciranda dos processos” ou “valsa processual”? A AP 333 julgou a tentativa
de homicídio praticada por Ronaldo Cunha Lima (à época do crime governador da PB) em face de Tarcísio Burity
(também foi governador da PB), o processo iniciou no STJ, dada a condição do réu de governador. Na sequência,
foi o réu eleito senador e, por duas vezes, deputado federal, levando o caso para julgamento no STF. Faltando 5
dias para o julgamento na Suprema Corte, o então Deputado Federal renunciou ao mandato para fugir do
julgamento. Por 7x4 o STF afirmou perder a competência e encaminhou o processo para a Vara Criminal comum
de João Pessoa. Essa ida e vinda de processos (STJ, STF, vara comum) em razão da fraude para fugir da
competência do STF foi chamada pelo Min. Gilmar de "ciranda de processos" e pelo Min. Joaquim Barbosa de
"valsa processual". Em 2010, na AP 396, em que o Deputado Federal Natan Donadon tentou usar o mesmo
expediente para fugir do julgamento pelo STF, a Corte Suprema por 7×4 MUDOU DE ENTENDIMENTO, passando
a considerar a renúncia neste caso UMA FRAUDE PROCESSUAL INACEITÁVEL, passando a julgar o caso.

A competência é do Tribunal competente, para os deputados estaduais, sendo que os vereadores não
possuem privilégio de foro.
36
Importante ressaltar que os atos processuais praticados pelo juízo natural antes da investidura do réu
no cargo que detém foro privilegiado são considerados válidos pelo STF.

SUPLENTE DE SENADOR E PRERROGATIVA DE FORO

O Tribunal negou provimento a agravo regimental interposto, nos autos de inquérito, contra decisão
que determinara a baixa dos autos ao Juízo da 3ª Vara Criminal da Comarca de Campo Grande, em razão de o
querelado, suplente de Senador, acusado da suposta prática dos delitos previstos nos artigos 20, 21 e 22, todos
da Lei 5.250/67, deixar de exercer mandato parlamentar, em face do retorno do titular ao cargo. Na linha da
jurisprudência da Corte, considerou-se que, embora juntamente com cada Senador sejam eleitos dois
suplentes,a posse no cargo, que constitui ato formal indispensável para o gozo das prerrogativas ligadas à
função legislativa, dá-se apenas com relação àquele que efetivamente o exerce, em caráter interino ou
permanente. Asseverou-se que os suplentes não têm jus às prerrogativas inerentes ao cargo enquanto o titular
estiver em exercício, possuindo, apenas, mera expectativa do direito de substituir, eventualmente, o Senador
com o qual foram eleitos.

Ressaltou-se, ainda, que a diplomação dos suplentes constitui formalidade anterior e necessária à
eventual investidura no cargo, nos termos dos artigos 4º e 5º, do Regimento Interno do Senado Federal, não se
podendo, entretanto, depreender disso que a eles seja aplicado, automaticamente, o Estatuto dos
Congressistas, ou seja, o conjunto de normas constitucionais que estatui o regime jurídico dos membros do
Congresso Nacional, prevendo suas prerrogativas e direitos, seus deveres e incompatibilidades, salvo se
assumirem o cargo interina ou definitivamente.

Dessa forma, entendeu-se que a atração da competência do Supremo, de natureza intuitu funciona e,
ocorre, desde a diplomação, unicamente em relação ao titular eleito para exercer o cargo, havendo, por isso, de
se fazer uma interpretação restritiva do art. 53, § 1º, da CF, porquanto dirigido apenas a Senadores e Deputados
Federais, aos quais o texto confere, excepcionalmente, certas prerrogativas, em prol do exercício livre e
desembaraçado do mandato. Por fim, aduziu-se que, se o legislador quisesse estender a referida proteção aos
suplentes, teria providenciado a sua inclusão na Constituição Federal ou remetido a sua disciplina a legislação
ordinária. Precedente citado: ADI 2797/DF (DJU de 19.12.2006). Inq 2453 AgR/MS, rel. Min. Ricardo
Lewandowski, 17.5.2007. (Inq-2453).

*#STF #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #DIZERODIREITO:

Competência para homologação do acordo de colaboração premiada se o delatado tiver foro por prerrogativa
de função
37
Se a delação do colaborador mencionar fatos criminosos que teriam sido praticados por autoridade (ex:
Governador) e que teriam que ser julgados por foro privativo (ex: STJ), este acordo de colaboração deverá,
obrigatoriamente, ser celebrado pelo Ministério Público respectivo (PGR), com homologação pelo Tribunal
competente (STJ). Assim, se os fatos delatados tiverem que ser julgados originariamente por um Tribunal (foro
por prerrogativa de função), o próprio acordo de colaboração premiada deverá ser homologado por este
respectivo Tribunal, mesmo que o delator não tenha foro privilegiado. A delação de autoridade com
prerrogativa de foro atrai a competência do respectivo Tribunal para a respectiva homologação e, em
consequência, do órgão do Ministério Público que atua perante a Corte. Se o delator ou se o delatado tiverem
foro por prerrogativa de função, a homologação da colaboração premiada será de competência do respectivo
Tribunal.

Análise da legitimidade do delatado para impugnar o acordo de colaboração premiada


Em regra, o delatado não tem legitimidade para impugnar o acordo de colaboração premiada. Assim, em regra,
a pessoa que foi delatada não poderá impetrar um habeas corpus alegando que esse acordo possui algum
vício. Isso porque se trata de negócio jurídico personalíssimo. Esse entendimento, contudo, não se aplica em
caso de homologação sem respeito à prerrogativa de foro. Desse modo, é possível que o delatado questione o
acordo se a impugnação estiver relacionada com as regras constitucionais de prerrogativa de foro. Em outras
palavras, se o delatado for uma autoridade com foro por prerrogativa de função e, apesar disso, o acordo tiver
sido homologado em 1ª instância, será permitido que ele impugne essa homologação alegando usurpação de
competência. STF. 2ª Turma. HC 151605/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 20/3/2018 (Info 895).

REPETINDO:

Imagine que um indivíduo que não tem foro por prerrogativa de função queira fazer um acordo de colaboração
premiada. Ele diz o seguinte: quero delatar o Governador, ou seja, desejo revelar crimes que o Governador atual
cometeu no exercício do cargo e que estejam com ele relacionados. Esse acordo pode ser homologado pelo
juízo de 1ª instância?

• O STJ decidiu que sim. O acordo pode ser celebrado pelo Ministério Público de 1ª instância e homologado pelo
juízo de 1ª instância. Após a homologação, remete-se a investigação para o Tribunal competente (no caso, o STJ,
por força do art. 105, I, “a”).

• Para o STF: NÃO. Se a delação do colaborador mencionar autoridade com prerrogativa de foro (ex:
Governador), este acordo deve ser celebrado pelo Ministério Público respectivo (PGR), com homologação pelo
Tribunal competente (STJ).

Obs.: como a decisão do STJ foi reformada pelo STF, não precisa você “guardar” o que o STJ decidiu. Isso porque
o STJ irá se curvar diante do entendimento do STF. Basta entender e memorizar o que o STF concluiu porque é o
que prevaleceu.
38
2.1.2 Imunidade material

“Freeedom of speech”

Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras
e votos. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) .

A doutrina sustenta que engloba também imunidade administrativa e política. Não há menção sobre
qual é o momento de incidência da imunidade. Contudo, há entendimento de que a imunidade material deve
ser assegurada também a partir da diplomação.

Manifestações ocorridas fora do Congresso Nacional: a manifestação só estará protegida se tiver relação
com o exercício do mandato.

#IMPORTANTE #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF


A imunidade material de parlamentar (art. 53, caput, da CF/88) quanto a crimes contra a honra só alcança as
supostas ofensas irrogadas fora do Parlamento quando guardarem conexão com o exercício da atividade
parlamentar.

No caso concreto, determinado Deputado Federal afirmou, em seu blog pessoal, que certo Delegado de Polícia
teria praticado fato definido como prevaricação.

A 1ª Turma do STF recebeu a denúncia formulada contra o Deputado por entender que, no caso concreto,
deveria ser afastada a tese da imunidade parlamentar apresentada pela defesa.

A Min. Rel. Rosa Weber ressaltou que a imunidade parlamentar material (Art. 53 da CF/88) só é absoluta
quando as afirmações de um parlamentar sobre qualquer assunto ocorrem dentro do Congresso Nacional. No
entendimento da Ministra, fora do parlamento é necessário que as afirmações tenham relação direta com o
exercício do mandato. Na hipótese, o STF entendeu que as declarações do Deputado não tinha relação direta
com o exercício de seu mandato. (STF, 1ª Turma. Inq 3672/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 14/10/2014
(Info 763).

Manifestações ocorridas no Plenário: estão protegidas independentemente de terem conexão com o


exercício do mandato. Inq 2295. Eventuais abusos tem que ser coibidos pela Casa Parlamentar, cassando o
mandato, por exemplo.
39
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF

Sobre o tema, o STF:

A garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material (CF, art. 53, caput) – que representa
um instrumento vital destinado a viabilizar o exercício independente do mandato representativo – somente
protege o membro do Congresso Nacional, qualquer que seja o âmbito espacial (locus) em que este exerça a
liberdade de opinião (ainda que fora do recinto da própria Casa Legislativa), nas hipóteses específicas em que as
suas manifestações guardem conexão com o desempenho da função legislativa (prática in officio) ou tenham
sido proferidas em razão dela (prática propterofficium), eis que a superveniente promulgação da EC 35/2001
não ampliou, em sede penal, a abrangência tutelar da cláusula da inviolabilidade. A prerrogativa indisponível da
imunidade material – que constitui garantia inerente ao desempenho da função parlamentar (não traduzindo,
por isso mesmo, qualquer privilégio de ordem pessoal) – não se estende a palavras, nem a manifestações do
congressista, que se revelem estranhas ao exercício, por ele, do mandato legislativo. A cláusula constitucional da
inviolabilidade (CF, art. 53, caput), para legitimamente proteger o parlamentar, supõe a existência do necessário
nexo de implicação recíproca entre as declarações moralmente ofensivas, de um lado, e a prática inerente ao
ofício congressional, de outro. Doutrina. Precedentes.” (Inq 1.024-QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em
21-11-2002, Plenário, DJ de 4-3-2005.) No mesmo sentido: Inq 2.332-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento
em 10-2-2011, Plenário, DJE de 1º-3-2011.

Vê-se, assim, que a incidência desta imunidade relaciona-se com o exercício do mandato,
independentemente de onde tenha sido feito o pronunciamento.

DENTRO DO RECINTO6: imunidade absoluta, salvo falta de decoro parlamentar. Dentro do Parlamento,
6
Informativo 365 (Inq-2130) CARTA ANÔNIMA. VEICULAÇÃO PELA "INTERNET". CALÚNIA. IMUNIDADE PARLAMENTAR
MATERIAL O Tribunal rejeitou denúncia oferecida contra deputado federal pela suposta prática dos delitos de calúnia,
injúria e difamação, previstos na Lei 5.250/67 (Lei de Imprensa), decorrentes de divulgação, por meio de informativo
eletrônico semanal, do conteúdo de uma carta anônima que noticiava fatos ofensivos à honra de coronel da polícia
militar do Estado de Minas Gerais e que o apontava como suposto autor de atos de corrupção passiva. Inicialmente, o
Tribunal asseverou que o caso deveria ser analisado com base no Código Penal e não na Lei de Imprensa, haja vista que
informativo eletrônico semanal ou boletim impresso, gerado em gabinete de deputado federal, localizado na Câmara dos
Deputados, não poderia ser considerado jornal ou publicação periódica e nem serviço de radiodifusão ou serviço noticioso
de que cuida o parágrafo único do art. 12 da citada Lei ("Art. 12. Aqueles que, através dos meios de informação e
divulgação, praticarem abusos no exercício da liberdade de manifestação do pensamento e informação ficarão sujeitos às
penas desta Lei e responderão pelos prejuízos que causarem. Parágrafo único. São meios de informação e divulgação, para
os efeitos deste artigo, os jornais e outras publicações periódicas, os serviços de radiodifusão e os serviços noticiosos").
Entendeu-se, também, tratar-se, em tese, do crime de calúnia, praticado na modalidade de divulgação, previsto no §1º do
art. 138 do CP ("Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: § 1º - Na mesma pena
incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga."), uma vez que os fatos divulgados noticiavam suposta
prática de crimes de corrupção passiva. Não obstante, concluiu-se, tendo em conta ser o denunciado deputado federal e,
ainda, de ser seu gabinete uma extensão da Casa Legislativa, que a divulgação efetivada, independentemente do meio
utilizado, estaria acobertada pela imunidade parlamentar material por não estar desvinculada do exercício parlamentar,
já que os fatos noticiados constituiriam, em tese, crimes contra a administração pública, incidindo, na hipótese, o disposto
no art. 53 da CF/88, na redação dada pela EC 35/2001 ("Os deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos."). Inq 2130/DF, rel. Min. Ellen Gracie, 13.10.2004. (Inq-2130)
40
a imunidade abrange qualquer manifestação do parlamentar, mesmo que se trate de aspectos privados,
particulares. Fica sujeito, contudo à punição da própria Casa Legislativa.

FORA DO RECINTO: tudo que tiver pertinência7 com a atividade parlamentar.


CPI: dentro da CPI o que o parlamentar disser está amparado pela imunidade.

IMUNIDADE PARLAMENTAR

Deputado que, em entrevista à imprensa, afirma que determinada Deputada “não merece ser
estuprada” não está protegido pela imunidade material.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
A imunidade parlamentar material (art. 53 da CF/88) protege os Deputados Federais e Senadores, qualquer que

7
Informativo 355 (RE-226643) IMUNIDADE PARLAMENTAR E NEXO DE CAUSALIDADE
A garantia de imunidade parlamentar, em sentido material, prevista no art. 53, caput, da CF, com a redação dada pela EC
35/2001, visa assegurar a liberdade de opinião, palavras e votos dos parlamentares federais, em qualquer local, mesmo que
fora do recinto da respectiva Casa Legislativa, desde que suas manifestações sejam proferidas no exercício do mandato ou
em razão dele ("Os deputados e senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e
votos"). Com base nesse entendimento, a Turma manteve acórdão de tribunal de justiça local que condenara o recorrente,
deputado federal à época, ao pagamento de indenização por dano moral, por entender inexistente nexo causal entre sua
atividade de parlamentar e as declarações proferidas contra o recorrido, no sentido de que este seria incompetente,
vagabundo e dado a orgias. Precedentes citados: RE 210917/RJ (DJU 18.6.2001); RE 220687/MG (DJU de 28.5.99); Inq 874
AgR/BA (DJU de 26.5.95); Inq 1710/SP (DJU de 28.6.2002).
Informativo 353 (Inq-2036) IMUNIDADE PARLAMENTAR E PERTINÊNCIA TEMÁTICA
A garantia de imunidade parlamentar, em sentido material, prevista no art. 53, caput, da CF, com a redação dada pela EC
35/2001, visa assegurar a liberdade de opinião, palavras e votos dos parlamentares federais, em qualquer local, mesmo que
fora do recinto da respectiva Casa legislativa, desde que suas manifestações sejam proferidas no exercício do mandato ou
em razão dele. Com esse entendimento, o Tribunal recebeu, em parte, queixa-crime oferecida contra deputado federal
pela suposta prática dos crimes de calúnia, injúria e difamação, previstos na Lei 5.250/67, decorrentes de diversas matérias,
que seriam ofensivas à honra de prefeito, veiculadas em programa televisivo do qual o querelado é jornalista. Rejeitaram-
se, inicialmente, os seguintes vícios formais apontados pelo querelado: a) de ilegitimidade ativa, consistente na assertiva de
que, por ser o querelante funcionário público, a ação penal deveria ser pública (Lei 5.250/67, art. 40, I, b), haja vista a
jurisprudência do STF no sentido de que a ação penal pública, quando se trata de ofensa por causa do ofício, há de ser
entendida como alternativa à disposição do ofendido e não como privação do seu direito de queixa e, ainda, por ter havido
transcurso do prazo decimal (Lei 5.250/67, art. 40, §1º) e quinzenal (CPP, art. 46), sem que houvesse atuação do Ministério
Público, o que autorizaria a propositura da ação subsidiária da pública pelo ofendido; b) de deficiência do mandato
outorgado pelo querelante aos advogados que subscreveram a queixa-crime, decorrente da ausência de menção no
instrumento procuratório de todos os fatos e dias da suposta ofensa, bem como dos artigos de lei pelos quais o querelante
autorizara a ação penal contra o querelado, visto que a procuração teria preenchido as exigências legais, em especial as
contidas no art. 44 do CPP; c) de falta de justa causa por inexistência de dolo específico, em virtude dessa matéria situar-se
no âmbito da instrução probatória; d) de impossibilidade de recebimento da inicial em face da inexistência de transcrição
oficial da fita em VHS e de não ter sido a gravação original requisitada junto à ANATEL e à RBA, porquanto desnecessária a
notificação do art. 57 da Lei de Imprensa, dado que com a ação penal teria sido juntada fita reprodutora do inteiro teor do
programa e nas datas pertinentes ao processo, cuja autenticidade não teria sido impugnada. Recebeu-se a queixa em
relação aos crimes de difamação e de injúria, tendo em vista que muitas das declarações proferidas pelo querelado
teriam ultrapassado os limites da liberdade jornalística, pois revestidas de potencialidade para lesionar de forma direta a
honra objetiva e subjetiva do querelante, sem que tais fatos tivessem correspondência com o exercício do munus
parlamentar. Considerou-se não configurado o crime de calúnia por se entender que, em relação a esse delito, teria havido,
quando muito, mera referência à intenção de desvio de verbas públicas, a se deduzir da acusação de uma futura reserva de
numerário público para pagar campanha de candidata do partido dos trabalhadores. Inq 2036/PA, rel. Min. Carlos Britto,
23.6.2004.(Inq-2036).
41
seja o âmbito espacial (local) em que exerçam a liberdade de opinião. No entanto, para isso é necessário que as
suas declarações tenham conexão (relação) com o desempenho da função legislativa ou tenham sido proferidas
em razão dela.

Para que as afirmações feitas pelo parlamentar possam ser consideradas como “relacionadas ao exercício do
mandato”, elas devem ter, ainda de forma mínima, um teor político.

Exemplos de afirmações relacionadas com o mandato: declarações sobre fatos que estejam sendo debatidos
pela sociedade; discursos sobre fatos que estão sendo investigados por CPI ou pelos órgãos de persecução penal
(Polícia, MP); opiniões sobre temas que sejam de interesse de setores da sociedade, do eleitorado, de
organizações ou grupos representados no parlamento etc.

Palavras e opiniões meramente pessoais, sem relação com o debate democrático de fatos ou ideias não
possuem vínculo com o exercício das funções de um parlamentar e, portanto, não estão protegidos pela
imunidade material.

No caso concreto, as palavras do Deputado Federal dizendo que a parlamentar não merecia ser estuprada
porque seria muito feia não são declarações que possuem relação com o exercício do mandato e, por essa
razão, não estão amparadas pela imunidade material.
(STF. 1ª Turma. Inq. 3932/DF e Pet 5243/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 21/06/2016 (Info 831).

O Deputado Federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) afirmou que a também Deputada Federal Maria do Rosário
(PT-RS), “não merece ser estuprada por ser muito ruim, muito feia, não faz meu gênero ”. E acrescentou que, se
fosse estuprador, "não iria estuprá-la porque ela não merece". O STJ entendeu que a conduta do parlamentar
não está abrangido pela imunidade parlamentar e que, portanto, ele deveria ser condenado a pagar indenização
por danos morais em favor da Deputada. Decidiu o Tribunal: As opiniões ofensivas proferidas por deputados
federais e veiculadas por meio da imprensa, em manifestações que não guardam nenhuma relação com o
exercício do mandato, não estão abarcadas pela imunidade material prevista no art. 53 da CF/88 e são aptas a
gerar dano moral. STJ. 3ª Turma. REsp 1.642.310-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/8/2017 (Info 609).
Existe uma posição jurisprudencial no sentido de que as declarações proferidas pelo parlamentar dentro do
Congresso Nacional seriam sempre protegidas pela imunidade parlamentar ainda que as palavras não tivessem
relação com o exercício do mandato. Esse entendimento existe mesmo? SIM. Há diversos julgados do STF
afirmando que a imunidade parlamentar material (art. 53 da CF/88) é absoluta quando as afirmações do
Deputado ou Senador sobre qualquer assunto ocorrem dentro do Congresso Nacional. A situação poderia
ser assim resumida:

Ofensas feitas DENTRO do Parlamento: a imunidade é absoluta. O parlamentar é imune


42
mesmo que a manifestação não tenha relação direta com o exercício de seu mandato.
Ofensas feitas FORA do Parlamento: a imunidade é relativa. Para que o parlamentar seja
imune, é necessário que a manifestação feita tenha relação com o exercício do seu mandato.

O entendimento segundo o qual, dentro do Parlamento, a imunidade abrange qualquer manifestação


do parlamentar, mesmo que se trate de aspectos privados, particulares não poderia ser aplicado ao caso
concreto, considerando que as palavras e a entrevista foram dadas dentro das dependências da Câmara dos
Deputados?

O STF afirmou que as declarações prestadas pelo Deputado dentro do plenário até poderiam estar
abarcadas por este entendimento. No entanto, no dia seguinte ele deu uma entrevista na qual reafirmou as
palavras. Portanto, neste momento, a imunidade não é absoluta.

Mas a entrevista foi dada dentro do gabinete do Deputado...

Mesmo assim. Para o STF, o fato de o parlamentar estar em seu gabinete no momento em que
concedeu a entrevista é um fato meramente acidental, de menor importância. Isso porque não foi ali (no
gabinete) que as ofensas se tornaram públicas. Elas se tornaram públicas por meio da imprensa e da internet,
quando a entrevista foi veiculada.

Dessa forma, tratando-se de declarações prestadas em entrevista concedida a veículo de grande


circulação não incide o entendimento de que a imunidade material seria absoluta. É necessário avaliar,
portanto, se as palavras proferidas estavam ou não relacionadas com a função parlamentar. E, como, no caso
concreto não estavam, ele não estará protegido pela imunidade material do art. 53 da CF/88.

As imunidades materiais tem natureza jurídica de causa excludente de tipicidade (Inq. 2273 e Pet. 4934).

* (Atualizado em 10/05/2020) #DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF O fato de o parlamentar estar na Casa


legislativa no momento em que proferiu as declarações não afasta a possibilidade de cometimento de crimes
contra a honra, nos casos em que as ofensas são divulgadas pelo próprio parlamentar na Internet. O então
Deputado Federal Wladimir Costa (SD-PA) proferiu discurso no Plenário da Câmara dos Deputados no qual
afirmou que determinados artistas seriam “bandidos”, “membros de quadrilha”, “verdadeiros ladrões”,
“verdadeiros vagabundos da Lei Rouanet”. Esses artistas ingressaram com queixa-crime contra o então
Deputado afirmando que ele teria cometido os crimes de difamação (art. 139) e injúria (art. 140 do Código
Penal). O STF recebeu esta queixa-crime. O fato de o parlamentar estar na Casa legislativa no momento em que
proferiu as declarações não afasta a possibilidade de cometimento de crimes contra a honra, porque ele depois
43
divulgou essas ofensas na Internet. Outro argumento está no fato de que a inviolabilidade material somente
abarca as declarações que apresentem nexo direto e evidente com o exercício das funções parlamentares. No
caso concreto, embora tenha feito alusão à Lei Rouanet, o parlamentar nada acrescentou ao debate público
sobre a melhor forma de distribuição dos recursos destinados à cultura, limitando-se a proferir palavras
ofensivas à dignidade dos querelantes. A liberdade de expressão política dos parlamentares, ainda que vigorosa,
deve se manter nos limites da civilidade. STF. 1ª Turma. PET 7174/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o
ac. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/3/2020 (Info 969).

*(Atualizado em 31/07/2022) #DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO - Não estão protegidas pela imunidade


parlamentar as manifestações injuriosas de Senador proferidas em redes sociais de forma dolosa e genérica,
com intenção de destruir reputações, sem qualquer indicação de prova que pudesse corroborar as acusações.
A liberdade de expressão não alcança a prática de discursos dolosos (actual malice), com intuito
manifestamente difamatório, de juízos depreciativos de mero valor, de injúrias em razão da forma ou de críticas
aviltantes. A garantia da imunidade parlamentar, que deve ser compreendida de forma extensiva para a
garantia do adequado desempenho de mandatos parlamentares, não alcança os atos que sejam praticados sem
claro nexo de vinculação recíproca do discurso com o desempenho das funções parlamentares (teoria funcional)
ou nos casos em que for utilizada para a prática de flagrantes abusos, usos criminosos, fraudulentos ou
ardilosos. Caso concreto: em vídeos divulgados no Twitter, Facebook, Instagram e YouTube, o Senador Jorge
Kajuru afirma que determinado Senador seria um “pateta bilionário” que “entrou na política por negócio”.
Também disse que um ex-Deputado Federal teria feito parte de esquema de jogos de azar e seria “chefe de
quadrilha”. Prevaleceu o voto-vista do Ministro Gilmar Mendes no sentido de que as declarações de Kajuru são
desvinculadas do mandato parlamentar. Para o Ministro, as manifestações do Senador têm conteúdo injurioso e
foram proferidas de forma dolosa e genérica, com intenção de destruir reputações, sem qualquer indicação de
prova que pudesse corroborar as acusações. STF. 2ª Turma. Pet 8242, 8259, 8262, 8263, 8267 e 8366 AgR/DF,
Rel. Min. Celso de Mello, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgados em 3/5/2022 (Info 1053).

NATUREZA JURÍDICA DA IMUNIDADE MATERIAL:

Há, sobre o tema, 03 correntes:

1) Causa de exclusão da ilicitude. CRÍTICA: excludentes de ilicitude não obstam inquérito e ação
penal, não se coadunando com a circunstância da imunidade material;

2) Causa de isenção de pena. CRÍTICA: casos de isenção de pena não obstam inquérito e ação
44
penal, não se coadunando com a circunstância da imunidade material;

3) Causa de exclusão de tipicidade. Por ser fato atípico, impede a instauração de inquérito policial
ou ação penal. É O ENTENDIMENTO QUE TEM PREVALECIDO NO STF:

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Não há justa causa para o exercício da ação penal se o fato increpado ao
acusado (detentor de foro por prerrogativa de função) está estreitamente ligado ao exercício do mandato
parlamentar (...). Torna-se imperioso, portanto, o reconhecimento da manifesta ausência de tipicidade da
conduta descrita na inicial acusatória. No caso, as palavras proferidas pelo querelado (senador da República)
estão acobertadas pela inviolabilidade parlamentar, descrita no art. 53 da CF de 1988. E passa ao largo de
qualquer dúvida a compreensão de que tal inviolabilidade significa insusceptibilidade de cometimento de crime.
Noutros termos: os fatos objeto da queixa-crime se encontram imbricados com a função parlamentar do
senador da República acionado. Fatos que, de imediata percepção, se enquadram no contexto da disputa
política, por ocasião das eleições para o Senado Federal, no Estado do Amapá. Em suma: o quadro
fático-probatório demonstrou o deliberado intento do querelado de defender a legitimidade de sua própria
investidura no cargo de senador da República, fazendo para os seus eleitores em particular e o público em geral
um amplo retrospecto da disputa eleitoral do ano de 2002. Muito mais para o efeito de registro histórico do que
propriamente externar propósito violador da honra do querelante.” (Inq 2.674, Rel. Min. Ayres Britto,
julgamento em 26-11-2009, Plenário, DJE de 26-2-2010.)

#OBS: mesmo quando termina o mandato aquelas palavras que foram proferidas durante o mandato devem ser
protegidas.

#OBS: STF (AI 401) – O fato coberto pela inviolabilidade quando divulgado na imprensa também confere
proteção aos meios de comunicação.

#OBS: CPI – o parlamentar é inviolável. E a pessoa que não é e está lá? Essa pessoa pode ofender também o
parlamentar? STF (Inq 1247) –a resposta imediata a uma injúria perpetrada por parlamentar e acobertada pela
imunidade também deve ficar imune.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
Informativo 438 (Pet-3686) IMUNIDADE PARLAMENTAR - RESPONSABILIDADE PENAL E CIVIL DO CONGRESSISTA
- INTERPELAÇÃO JUDICIAL – INADMISSIBILIDADE (Transcrições) RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO

EMENTA: INTERPELAÇÃO JUDICIAL. PEDIDO DE EXPLICAÇÕES. LEI DE IMPRENSA (ART. 25) E CÓDIGO PENAL (ART.
144). OFENSAS EQUÍVOCAS QUE TERIAM CONSTADO DE DISCURSO PROFERIDO DA TRIBUNA DO SENADO DA
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REPÚBLICA. IMUNIDADE PARLAMENTAR EM SENTIDO MATERIAL. A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DO DISCURSO
PARLAMENTAR, MESMO QUANDO VEICULADO, POSTERIORMENTE, PELOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL.
AMPLITUDE DA GARANTIA INSTITUCIONAL DA IMUNIDADE PARLAMENTAR MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE DE
RESPONSABILIZAÇÃO - PENAL E CIVIL - DE MEMBRO DO CONGRESSO NACIONAL “POR QUAISQUER DE SUAS
OPINIÕES, PALAVRAS E VOTOS” (CF, ART. 53, “CAPUT”), NOTADAMENTE QUANDO PROFERIDOS DA TRIBUNA DO
PARLAMENTO. CONSEQÜENTE INADMISSIBILIDADE, EM TAL CONTEXTO, DE INTERPELAÇÃO JUDICIAL DE
SENADOR DA REPÚBLICA OU DE DEPUTADO FEDERAL. DOUTRINA. PRECEDENTES. PEDIDO DE EXPLICAÇÕES A
QUE SE NEGA SEGUIMENTO.

DECISÃO: Trata-se de pedido de “interpelação judicial” deduzido com fundamento no art. 25 da Lei nº 5.250/67
e no art. 144 do Código Penal (fls. 02/09). Pretende-se, com a medida processual ajuizada, que o ora
interpelando, que é Senador da República, ofereça explicações necessárias ao esclarecimento de afirmações que
por ele teriam sido proferidas da tribuna do Senado da República e reproduzidas, segundo alega o requerente,
em diversos meios de comunicação social (fls. 02). Analiso, preliminarmente, a admissibilidade da presente
interpelação judicial, considerada a garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material, que
exclui a responsabilidade – penal e civil – do congressista “por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos” (CF,
art. 53, “caput”, “in fine”). O pedido de explicações constitui típica providência de ordem cautelar destinada a
aparelhar ação penal principal tendente à obtenção de sentença penal condenatória, razão pela qual -
consoante adverte MANOEL PEDRO PIMENTEL (“Legislação Penal Especial”, p. 168, 1972, RT) - somente é
processável no juízo criminal, e não perante o juízo civil. O interessado, ao formular a interpelação judicial,
invoca, perante o Estado-Juiz, tutela cautelar penal, visando a que se esclareçam situações revestidas de
equivocidade ou dubiedade, a fim de que se viabilize o exercício futuro de ação penal condenatória. A
notificação, pela natureza penal cautelar de que se reveste, processa-se perante o mesmo órgão judiciário que é
competente para julgar a ação penal principal ajuizável contra o suposto ofensor. Essa é a razão pela qual,
tratando-se de membro do Poder Legislativo da União, como o ora notificando, revela-se competente, para
processar originariamente o pedido de explicações, o próprio Supremo Tribunal Federal: “COMPETÊNCIA PENAL
ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARA O PEDIDO DE EXPLICAÇÕES. - A competência penal
originária do Supremo Tribunal Federal, para processar pedido de explicações em juízo, deduzido com
fundamento na Lei de Imprensa (art. 25) ou com apoio no Código Penal (art. 144), somente se concretizará
quando o interpelado dispuser, ‘ratione muneris’, da prerrogativa de foro, perante a Suprema Corte, nas
infrações penais comuns (CF, art. 102, I, b e c).” (RTJ 170/60-61, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno) “A
interpelação judicial fundada na Lei de Imprensa (art. 25) ou no Código Penal (art. 144), desde que requerida
contra membro do Congresso Nacional, deve ser formulada perante o Supremo Tribunal Federal, por constituir
medida cautelar preparatória de ação penal referente aos delitos contra a honra.” (RTJ 159/107, Rel. Min.
CELSO DE MELLO, Pleno) Cabe observar, no entanto, que não se justificará o pedido de explicações, se e quando
o interpelando for membro do Congresso Nacional e a ele se imputar a prática de declarações moralmente
ofensivas, impregnadas de equivocidade ou de ambigüidade, proferidas no desempenho do mandato legislativo,
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ainda mais se as supostas ofensas resultarem de discurso pronunciado da própria tribuna parlamentar. É que,
em tal situação, atua, em favor do congressista, a prerrogativa da imunidade parlamentar, que descaracteriza a
própria tipicidade penal dos crimes contra a honra. Como se sabe, a cláusula inscrita no art. 53, “caput”, da
Constituição da República, na redação dada pela ECnº 35/2001, exclui, na hipótese nela referida, a própria
natureza delituosa do fato, que, de outro modo, tratando-se do cidadão comum, qualificar-se-ia como crime
contra a honra, consoante acentua o magistério da doutrina (JOSÉ AFONSO DA SILVA, “Curso de Direito
Constitucional Positivo”, p. 532, item n. 15, 20ª ed., 2002, Malheiros; CELSO RIBEIRO BASTOS, “Comentários à
Constituição do Brasil”, vol. 4, tomo I/187, 1995, Saraiva; LUIZ FLÁVIO GOMES, “Imunidades Parlamentares:
Nova Disciplina Jurídica da Inviolabilidade Penal, das Imunidades e das Prerrogativas Parlamentares (EC 35/01)”,
“in” “Juizados Criminais Federais, Seus Reflexos nos Juizados Estaduais e Outros Estudos”, p. 94/97, item n. 4.9,
2002, RT; UADI LAMMÊGO BULOS, “Constituição Federal Anotada”, p. 705/707, 4ª ed., 2002, Saraiva, v.g.). Se é
certo, portanto, que a garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material representa
importante prerrogativa de ordem institucional, não é menos exato que a Carta da República somente legitima a
sua invocação, quando o membro do Congresso Nacional, no exercício do mandato - ou em razão deste -
proferir palavras ou expender opiniões que possam assumir qualificação jurídico-penal no plano dos
denominados “delitos de opinião”. Impõe-se registrar, desse modo, presente esse contexto, que o exercício do
mandato atua como verdadeiro suposto constitucional, apto a legitimar a invocação dessa especial prerrogativa
jurídica, destinada a proteger, por suas “opiniões, palavras e votos”, o membro do Congresso Nacional,
independentemente do “locus” em que proferidas as expressões contumeliosas (RT 648/318 – RTJ 131/1039 –
RTJ 133/90 – RTJ 135/509-510, v.g.), notadamente quando forem elas pronunciadas da tribuna das Casas
legislativas, tal como sucedeu na espécie, circunstância esta que põe o congressista (como o Senador ora
requerido) sob a imediata proteção da garantia da imunidade parlamentar, considerada a jurisprudência que o
Supremo Tribunal Federal firmou na matéria ora em exame (RTJ 104/441 – RTJ 112/481 – RTJ 129/970 - RTJ
135/509 – RTJ 141/406 – RTJ 155/396-397 – RTJ 166/844 – RTJ 167/180 – RTJ 169/969 – RTJ 191/448):
“IMUNIDADE PARLAMENTAR EM SENTIDO MATERIAL (INVIOLABILIDADE). SUPERVENIÊNCIA DA EC 35/2001.
ÂMBITO DE INCIDÊNCIA. NECESSIDADE DE QUE OS ‘DELITOS DE OPINIÃO’ TENHAM SIDO COMETIDOS NO
EXERCÍCIO DO MANDATO LEGISLATIVO OU EM RAZÃO DELE. INDISPENSABILIDADE DA EXISTÊNCIA DESSE NEXO
DE IMPLICAÇÃO RECÍPROCA. CONEXÃO OCORRENTE NA ESPÉCIE. PEDIDO DE ARQUIVAMENTO DEFERIDO. - A
garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material (CF, art. 53, caput), que representa um
instrumento vital destinado a viabilizar o exercício independente do mandato representativo, somente protege
o membro do Congresso Nacional, qualquer que seja o âmbito espacial (‘locus’) em que este exerça a liberdade
de opinião - ainda que fora do recinto da própria Casa legislativa -, desde que as suas manifestações guardem
conexão com o desempenho da função legislativa (prática ‘in officio’) ou tenham sido proferidas em razão dela
(prática ‘propterofficium’), não obstante a superveniente promulgação da EC 35/2001, que não ampliou, em
sede penal, a abrangência tutelar da cláusula de inviolabilidade. - A prerrogativa indisponível da imunidade
material - que constitui garantia inerente ao desempenho da função parlamentar (não traduzindo, por isso
mesmo, qualquer privilégio de ordem pessoal) - não se estende a palavras, nem a manifestações do
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congressista, que nenhuma relação tenham com o exercício do mandato legislativo. - É que a cláusula
constitucional da inviolabilidade (CF, art. 53, ‘caput’), para legitimamente proteger o parlamentar, supõe que
exista o necessário nexo de implicação recíproca entre as declarações moralmente ofensivas, de um lado, e a
prática inerente ao ofício congressional, de outro. Doutrina. Precedentes.” (Inq 617/RR, Rel. Min. CELSO DE
MELLO, “in” Informativo/STF nº 275, de 2002).

Esse entendimento jurisprudencial mostra-se fiel à “mens constitutionis”, que reconhece, a propósito do tema,
que o instituto da imunidade parlamentar em sentido material existe para viabilizar o exercício independente do
mandato representativo, revelando-se, por isso mesmo, garantia inerente ao congressista que se encontre no
pleno desempenho da atividade legislativa (PONTES DE MIRANDA, “Comentários à Constituição de 1967 com a
Emenda nº 1 de 1969”, tomo III/10 e 43, 2ª ed., 1970, RT; JOÃO BARBALHO, “Constituição Federal Brasileira”, p.
64, edição fac-similar, 1992, Senado Federal; PINTO FERREIRA, “Comentários à Constituição Brasileira”, vol.
2/625, 1990, Saraiva; JOSÉ CRETELLA JUNIOR, “Comentários à Constituição de 1988”, vol. V/2624-2625, item n.
204, 1991, Forense Universitária; MICHEL TEMER, “Elementos de Direito Constitucional”, p. 129/130, item n. 5,
18ª ed., 2002, Malheiros; PEDRO ALEIXO, “Imunidades Parlamentares”, p. 59/65, 1961, Belo Horizonte; CELSO
RIBEIRO BASTOS, “Comentários à Constituição do Brasil”, vol. 4, tomo I/187, 1995, Saraiva; RENÉ ARIEL DOTTI,
“Curso de Direito Penal - Parte Geral”, p. 398, item n. 25, 2001, Forense, v.g.). Cumpre assinalar, de outro lado,
que a garantia constitucional da imunidade parlamentar material, considerada a função tutelar que lhe é
inerente, estende-se, por identidade de razões, ao plano da responsabilidade civil, para, nesse outro domínio,
também proteger, com o manto da inviolabilidade, o membro do Congresso Nacional, “por quaisquer de suas
opiniões, palavras e votos” (CF, art. 53, “caput”), tal como tive o ensejo de decidir, nesta Suprema Corte, em
julgamento que está assim ementado: “IMUNIDADE PARLAMENTAR EM SENTIDO MATERIAL (INVIOLABILIDADE).
DISCURSO PROFERIDO POR DEPUTADO DA TRIBUNA DA CASA LEGISLATIVA. ENTREVISTA JORNALÍSTICA DE
CONTEÚDO IDÊNTICO AO DO DISCURSO PARLAMENTAR. IMPOSSIBILIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL DO
MEMBRO DO PODER LEGISLATIVO. PRESSUPOSTOS DE INCIDÊNCIA DA GARANTIA CONSTITUCIONAL DA
IMUNIDADE PARLAMENTAR. PRÁTICA ‘IN OFFICIO’ E PRÁTICA ‘PROPTER OFFICIUM’. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO. - A garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material (CF, art. 53, ‘caput’) exclui
a responsabilidade civil do membro do Poder Legislativo, por danos eventualmente resultantes de
manifestações, orais ou escritas, desde que motivadas pelo desempenho do mandato (prática ‘in officio’) ou
externadas em razão deste (prática ‘propterofficium’), qualquer que seja o âmbito espacial (‘locus’) em que se
haja exercido a liberdade de opinião, ainda que fora do recinto da própria Casa legislativa. - A EC 35/2001, ao
dar nova fórmula redacional ao art. 53, ‘caput’, da Constituição da República, consagrou diretriz, que, firmada
anteriormente pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ 177/1375-1376, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE), já
reconhecia, em favor do membro do Poder Legislativo, a exclusão de sua responsabilidade civil, como
decorrência da garantia fundada na imunidade parlamentar material, desde que satisfeitos determinados
pressupostos legitimadores da incidência dessa excepcional prerrogativa jurídica. - Essa prerrogativa político-
jurídica - que protege o parlamentar em tema de responsabilidade civil - supõe, para que possa ser invocada,
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que exista o necessário nexo de implicação recíproca entre as declarações moralmente ofensivas, de um lado, e
a prática inerente ao ofício legislativo, de outro, salvo se as declarações contumeliosas houverem sido
proferidas no recinto da Casa legislativa, notadamente da tribuna parlamentar, hipótese em que será absoluta a
inviolabilidade constitucional. Doutrina. Precedentes. - Se o membro do Poder Legislativo, não obstante
amparado pela imunidade parlamentar material, incidir em abuso dessa prerrogativa constitucional, expor-se-á
à jurisdição censória da própria Casa legislativa a que pertence (CF, art. 55, § 1º). Precedentes: RE 140.867/MS,
Rel. p/ o acórdão Min. MAURÍCIO CORRÊA (Pleno) – Inq 1.958/AC, Rel. p/ o acórdão Min. CARLOS BRITTO
(Pleno).” (AI 473.092/AC, Rel. Min. CELSO DE MELLO, “in” Informativo/STF nº 379, de 2005) Impende observar,
por oportuno, presente esse contexto, que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, mesmo antes da
promulgação da EC 35/2001, que deu nova fórmula redacional à regra inscrita no art. 53, “caput”, da
Constituição, já havia firmado entendimento no sentido de estender o alcance da imunidade material ao plano
da responsabilidade civil, em ordem a impedir que o membro do Poder Legislativo pudesse ser condenado ao
pagamento de indenização pecuniária, por palavras, opiniões, votos ou críticas resultantes da prática do ofício
legislativo. Cabe relembrar, neste ponto, que o Plenário desta Suprema Corte, ao julgar o RE 210.917/RJ, Rel.
Min. SEPÚLVEDA PERTENCE (RTJ 177/1375-1376), assim se pronunciou: “A imunidade parlamentar material se
estende à divulgação pela imprensa, por iniciativa do congressista ou de terceiros, do fato coberto pela
inviolabilidade. A inviolabilidade parlamentar elide não apenas a criminalidade ou a imputabilidade criminal do
parlamentar, mas também a sua responsabilidade civil por danos oriundos da manifestação coberta pela
imunidade ou pela divulgação dela: é conclusão assente, na doutrina nacional e estrangeira, por quantos se têm
ocupado especificamente do tema.” (grifei) Essa diretriz jurisprudencial – que reconhece, uma vez satisfeitos
determinados pressupostos, que a exclusão da responsabilidade civil (tanto quanto a da responsabilidade penal)
do membro do Poder Legislativo qualifica-se como projeção decorrente da prerrogativa da imunidade
parlamentar material – tem sido observada pelo Supremo Tribunal Federal: “(...) A inviolabilidade parlamentar
alcança, também, o campo da responsabilidade civil. (...).”(...) Só estará sujeito, para correção dos excessos ou
dos abusos, ao poder disciplinar previsto nos Regimentos Internos. (...). É necessário fixar, todavia, que a
inviolabilidade (...) está vinculada ao exercício do mandato ou das funções legislativas. (...). A cláusula que
subordina a inviolabilidade ao exercício do mandato impõe acatamento ao caráter teleológico da imunidade.”
(grifei) Cumpre enfatizar, a respeito desse aspecto do tema, que alguns eminentes autores, mesmo antes do
advento da EC 35/2001, já proclamavam que a garantia da imunidade parlamentar em sentido material
estendia-se, no domínio de sua específica proteção constitucional, também ao plano da responsabilidade civil
(MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO, “Comentários à Constituição Brasileira de 1988”, vol. 2/45, 1992,
Saraiva; PONTES DE MIRANDA, “Comentários à Constituição de 1946”, vol. II/243, 2ª ed., 1953, Max Limonad;
CARLOS MAXIMILIANO, “Comentários à Constituição Brasileira”, vol. II/49, item n. 297, 5ª ed., 1954, Freitas
Bastos; PAULO M. DE LACERDA, “Princípios de Direito Constitucional Brasileiro”, vol. II/173, item n. 387, Erbas
de Almeida e Cia; MARCELO CAETANO, “Direito Constitucional”, vol. II/183, item n. 71, 1978, Forense). Esse
entendimento reflete-se, hoje, notadamente a partir da promulgação da EC 35/2001, em autorizado magistério
doutrinário (UADI LAMMÊGO BULOS, “Constituição Federal Anotada”, p. 757, item n. 3, 5ª ed., 2003, Saraiva;
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JOSÉ AFONSO DA SILVA, “Curso de Direito Constitucional Positivo”, p. 534, item n. 15, 24ª ed., 2005, Malheiros;
ALEXANDRE DE MORAES, “Constituição do Brasil Interpretada”, p. 1.020/1.021, item n. 53.2, 2ª ed., 2003, Atlas;
RUI STOCO, “Tratado de Responsabilidade Civil”, p. 886/887, item n. 40.00, 6ª ed., 2004, RT, v.g.).

(...) Vê-se, portanto, que, por não se revelar cabível a instauração de processo de natureza penal ou de caráter
civil (indenização) contra os congressistas (como o ora requerido) “por quaisquer de suas opiniões, palavras e
votos” – porque amparados pela garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material -,
torna-se juridicamente inviável a própria formulação, contra eles, do pedido de explicações. É que – não custa
rememorar – o pedido de explicações qualifica-se como verdadeira ação de natureza cautelar destinada a
viabilizar o exercício ulterior de ação principal (tanto a ação penal quanto a ação de indenização civil),
cumprindo, desse modo, a interpelação judicial, uma típica função instrumental inerente às providências
processuais revestidas de cautelaridade. Não se desconhece que, entre o pedido de explicações em juízo, de um
lado, e a causa principal, de outro, há uma evidente relação de acessoriedade, pois a medida a que aludem o
art. 25 da Lei de Imprensa (Lei nº 5.250/67) e o art. 144 do Código Penal reveste-se, como precedentemente
salientado, de um nítido caráter de instrumentalidade. Tal observação se impõe, porque a incidência da
imunidade parlamentar material - por tornar inviável o ajuizamento da ação penal de conhecimento e da ação
de indenização civil, ambas de índole principal - afeta a possibilidade jurídica de formulação e, até mesmo, de
processamento do próprio pedido de explicações, em face da natureza meramente acessória de que se reveste
tal providência de ordem cautelar. Em uma palavra: onde não couber a responsabilização penal e civil do
congressista por delitos contra a honra, porque amparado pela garantia constitucional da imunidade
parlamentar material, aí também não se viabilizará a utilização, contra ele, da medida cautelar da interpelação
judicial, porque juridicamente destituída de conseqüências tanto no âmbito criminal quanto na esfera civil. Esse
entendimento – que acentua o caráter de instrumentalidade, de acessoriedade e de conseqüente dependência
da interpelação judicial – encontra apoio em autorizado magistério doutrinário (DAMÁSIO E. DE JESUS, “Direito
Penal: Parte Especial”, vol. 2/235, item n. 4, 26ª ed., 2004, Saraiva; JULIO FABBRINI MIRABETE, “Código Penal
Interpretado”, p. 1.139, item n. 144.1, 5ª ed., atualizada por Renato N. Fabbrini, 2005, Atlas; FERNANDO CAPEZ,
“Curso de Direito Penal: Parte Especial”, vol. 2/268, item n. 4, “d”, 2ª ed., 2003, Saraiva; FREDERICO ABRAHÃO
DE OLIVEIRA, “Crimes contra a Honra”, p. 100, item n. 2.4.2, 2ª ed., 1996, Sagra-Luzzatto), valendo referir, no
ponto, ante a extrema pertinência de suas observações, a lição de CELSO DELMANTO, ROBERTO DELMANTO,
ROBERTO DELMANTO JÚNIOR e FÁBIO M. DE ALMEIDA DELMANTO (“Código Penal Comentado”, p. 287, 5ª ed.,
2000, Renovar): “Entendemos que o pedido de explicações pressupõe a viabilidade de uma futura ação penal.
Por isso, não se pode admitir a interpelação se, por exemplo, a eventual ofensa está acobertada pela exclusão
do crime (CP, art. 142) ou a punibilidade já se acha extinta (CP, art. 107).” (grifei) Também a jurisprudência dos
Tribunais reflete essa mesma orientação (RT 546/364-365 – RT 613/341 - RT 717/411 – IJ 61/MG, Rel. Min. FELIX
FISCHER - IJ 66/PB, Rel. Min. JORGE SCARTEZZINI, v.g.). Essa diretriz, por sua vez, tem sido igualmente observada
em sucessivos julgamentos proferidos no âmbito desta Suprema Corte (Pet 3.205/DF, Rel. Min. EROS GRAU –
Pet 3.585/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – Pet 3.588/DF, Rel. Min. NELSON JOBIM, v.g.). Não há, pois,
50
em face das razões expostas, como dar trânsito à presente interpelação judicial, motivo pelo qual, por entendê-
la incabível, nego-lhe seguimento nesta Suprema Corte. Arquivem-se os presentes autos. Publique-se. Brasília,
28 de agosto de 2006. Ministro CELSO DE MELLO Relator * decisão publicada no DJU de 31.8.2006

Informativo 291 (INQ-1024) IMUNIDADE PARLAMENTAR: IRRETROATIVIDADE

O Tribunal, resolvendo questão de ordem suscitada pelo Min. Celso de Mello, relator, rejeitou a proposta da
Procuradoria-Geral da República no sentido de reconhecer a extinção de punibilidade do ora indiciado,
deputado federal, acusado da prática de crime contra a honra de prefeito por meio de imprensa quando ainda
não era parlamentar, sob a alegação de que se teria registrado a "abolitio criminis" por efeito da superveniente
promulgação da EC 35/2001. Considerou-se que não se pode aplicar, retroativamente, a cláusula da imunidade
parlamentar em sentido material, estendendo-a a atos praticados antes da investidura do denunciado no ofício
legislativo, salientando que o objetivo da imunidade é garantir o livre exercício do mandato e não proteger
quem não é parlamentar. O Tribunal ainda determinou a citação do parlamentar para ver-se interrogado no
termos da Lei 8.038/90. Inq (QO) 1.024-PR, rel. Min. Celso de Mello, 21.11.2002. (INQ-1024)

Informativo 267 PARLAMENTAR AFASTADO DO CARGO E PRESCRIÇÃO


Considerando que a prescrição, que fora suspensa ante a ausência de deliberação da Câmara dos Deputados
sobre o pedido de licença prévia (CF, art. 53, § 2º, na redação anterior à EC 35/2001), voltou a correr quando o
parlamentar encontrava-se licenciado, o Tribunal, julgando inquérito contra deputado federal pela suposta
prática do crime eleitoral de injúria cometido em 1992 - inquérito que foi levado a julgamento pela incidência
imediata da EC 35/2001 -, entendeu evidente a consumação da prescrição, bienal no caso, pela circunstância de
que o referido deputado ocupara, por aproximadamente 5 anos, dois cargos de ministro de Estado. Incidência,
na espécie, da orientação firmada quando do cancelamento do Verbete 4 da Súmula do STF, no sentido de que
o congressista afastado do cargo perde o direito à imunidade parlamentar e, via de consequência, há o término
da suspensão da prescrição. INQ 725-RJ, rel. Ministra Ellen Gracie, 8.5.2002.(INQ-725).

Informativo 190 (HC-80100) QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO E LICENÇA DA CÂMARA


A pendência de pedido de licença à Câmara dos Deputados, para recebimento ou rejeição de denúncia oferecida
contra deputado federal, não impede que, no curso do inquérito, se decrete a quebra do seu sigilo bancário .
Com base nesse entendimento, o Tribunal indeferiu habeas corpus impetrado contra decisão do Min. Sepúlveda
Pertence que, nos autos do inquérito, decretara a quebra de sigilo bancário do paciente, conforme requerido
pelo Ministério Público Federal. Vencido o Min. Marco Aurélio, que deferia o habeas corpus, por entender que a
imunidade parlamentar prevista no art. 53 da CF impede a decretação de tal medida antes da licença da Câmara
dos Deputados. HC 80.100-DF, rel. Min. Octavio Gallotti, 24.5.2000. (HC-80100)
51
2.1.3 Imunidade formal

“Freedom from arrest”

Incoercibilidade pessoal relativa. Ela sofreu profundas modificações com a EC 35/01.

Súmula 245 STF – não se aplica à imunidade material. A imunidade parlamentar não se estende ao
correu (se tem réu, tem crime. se tem crime estamos falando da imunidade formal. decisão política Na material
não há crime) sem essa prerrogativa.

Há duas espécies de imunidade formal: prisão e processual.

a) Prisão – expedição do diploma.

Art. 53. § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo
em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à
Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.

Trata-se de uma decisão política, mas o CN examina se politicamente é adequado e se há o


preenchimento das condições de prisão 8. Atenção: antes desse envio à Casa respectiva, o juiz quando examina o
flagrante através de uma análise jurídica do caso.
8
Informativo 437 (HC-89417) OPERAÇÃO DOMINÓ: PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL E IMUNIDADE PARLAMENTAR
A Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus impetrado em favor do Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de
Rondônia, denunciado, com terceiros, com base em investigações procedidas na denominada “Operação Dominó”, pela
suposta prática, como líder de organização criminosa, dos delitos de formação de quadrilha, corrupção, exploração de
prestígio, concussão, lavagem de dinheiro e outros. No caso, a prisão cautelar do paciente fora decretada em virtude do
estado de flagrância decorrente do crime de quadrilha. Alegava a impetração: a) incompetência de Ministra do STJ para
determinar a custódia e, em conseqüência, julgar a ação penal proposta perante aquela Corte e b) nulidade da prisão, por
inobservância da imunidade parlamentar (CF, art. 53, § 3º, c/c o art. 27, § 1º), haja vista que esta somente permitiria a
prisão em flagrante de crime inafiançável, a qual deve ser comunicada à Assembléia Legislativa do referido Estado-membro,
para que os seus pares possam resolver sobre a medida. Ainda aduzia que, na espécie, a prisão seria incabível, dada a
afiançabilidade do crime de quadrilha.
No tocante à imunidade parlamentar, ressaltou-se que o presente caso não comportaria interpretação literal da regra
proibitiva da prisão de parlamentar (CF, art. 53, §§ 2º e 3º), e sim solução que conduzisse à aplicação efetiva e eficaz de
todo o sistema constitucional. Aduziu-se que a situação descrita nos autos evidenciaria absoluta anomalia institucional,
jurídica e ética, uma vez que praticamente a totalidade dos membros da Assembléia Legislativa do Estado de Rondônia
estaria indiciada ou denunciada por crimes relacionados à mencionada organização criminosa, que se ramificaria por
vários órgãos estatais. Assim, tendo em conta essa conjuntura, considerou-se que os pares do paciente não disporiam de
autonomia suficiente para decidir sobre a sua prisão, porquanto ele seria o suposto chefe dessa organização. Em
conseqüência, salientou-se que aplicar o pretendido dispositivo constitucional, na espécie, conduziria a resultado oposto
ao buscado pelo ordenamento jurídico. Entendeu-se, pois, que à excepcionalidade do quadro haveria de corresponder a
excepcionalidade da forma de interpretar e aplicar os princípios e regras constitucionais, sob pena de se prestigiar regra de
exceção que culminasse na impunidade dos parlamentares. O Min. Sepúlveda Pertence destacou em seu voto a incidência
do art. 7º da Lei 9.034/95, que veda a concessão de fiança aos integrantes de crime organizado, o qual compreende o delito
de quadrilha. Vencidos os Ministros Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio que deferiam o writ ao fundamento de ser
aplicável a imunidade parlamentar. HC 89417/RO, rel. Min. Cármen Lúcia, 22.8.2006. (HC-89417).
52

Se o parlamentar for preso em flagrante de crime inafiançável, os autos serão remetidos à Casa
Legislativa em 24 horas, para que por voto de maioria absoluta resolva sobre a prisão. O objetivo é impedir
prisões arbitrárias, decorrentes de perseguições políticas.

A que tipo de prisão o parlamentar não se submete? A prisão penal cautelar, apenas. Na condenação
definitiva, o dispositivo constitucional não se aplica.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
No caso envolvendo a prisão do Senador Delcídio do Amaral, podemos apontar algumas conclusões: 1) Como
regra, os membros do Congresso Nacional não podem ser presos antes da condenação definitiva. Exceção:
poderão ser presos caso estejam em flagrante delito de um crime inafiançável (art. 53, § 2º da CF/88). 2)
Segundo entendeu o STF, o Senador e as demais pessoas envolvidas teriam praticado, no mínimo, dois crimes:
a) integrar organização criminosa (art. 2º, caput, da Lei 12.850/2013); b) embaraçar investigação envolvendo
organização criminosa (art. 2º, § 1º da Lei 12.850/2013). 3) O STF entendeu que as condutas do Senador
configurariam crime permanente, considerando que ele, até antes de ser preso, integrava pessoalmente a
organização criminosa (art. 2º, caput) e, além disso, estaria, há dias, embaraçando a investigação da Lava Jato
(art. 2º, § 1º). Desse modo, ele estaria por todos esses dias cometendo os dois crimes acima, em estado,
portanto, de flagrância. 4) Os crimes do art. 2º, caput e do § 1º da Lei nº 12.850/2013 que, em tese, foram
praticados pelo Senador, não são, a princípio, inafiançáveis considerando que não se encontram listados no art.
323 do CPP. Não se tratam, portanto, de crimes absolutamente inafiançáveis. No entanto, como, no caso
concreto, estariam presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva (tentativa de calar o
depoimento de colaborador, tentativa de influenciar os julgadores e planejamento de fuga), havia uma situação
que não admite fiança, com base no art. 324, IV, do CPP. 5) O STF admite a prisão preventiva de Deputado
Federal ou Senador? Surgiram duas correntes: 1ª) SIM. Para Rogério Sanches e Marcelo Novelino, o STF teria
autorizado a prisão preventiva do Senador, relativizando o art. 53, § 2º da CF/88. 2ª) NÃO. Não é possível a
prisão preventiva de Deputado Estadual, Deputado Federal ou Senador porque a única prisão cautelar que o art.
53, § 2º da CF/88 admite é a prisão em flagrante de crime inafiançável. É a posição que entendo mais acertada.
6) É lícita a prova consistente em gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem conhecimento do
outro. Assim, se “A” e “B” estão conversando, “A” pode gravar essa conversa mesmo que “B” não saiba. Para o
STF, a gravação de conversa feita por um dos interlocutores sem o conhecimento dos demais é considerada
lícita, quando ausente causa legal de sigilo ou de reserva da conversação. 7) Depois de concretizada a prisão em
flagrante do parlamentar, qual é o procedimento que deverá ser adotado em seguida? A CF determina que os
autos deverão ser remetidos dentro de 24 horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus
membros, resolva sobre a prisão (art. 53, § 2º). Esse voto é aberto. Assim, o STF remeteu os autos ao Senado
Federal que, por 59 votos contra 13, decidiu manter a prisão do Senador. STF. 2ª Turma. AC 4036 e 4039
Referendo-MC/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgados em 25/11/2015 (Info 809)
53

O Poder Judiciário possui competência para impor aos parlamentares, por autoridade própria, as medidas
cautelares previstas no art. 319 do CPP, seja em substituição de prisão em flagrante delito por crime
inafiançável, por constituírem medidas individuais e específicas menos gravosas; seja autonomamente, em
circunstâncias de excepcional gravidade. Obs: no caso de Deputados Federais e Senadores, a competência para
impor tais medidas cautelares é do STF (art. 102, I, “b”, da CF/88). Importante, contudo, fazer uma ressalva: se a
medida cautelar imposta pelo STF impossibilitar, direta ou indiretamente, que o Deputado Federal ou Senador
exerça o seu mandato, então, neste caso, o Supremo deverá encaminhar a sua decisão, no prazo de 24 horas, à
Câmara dos Deputados ou ao Senado Federal para que a respectiva Casa delibere se a medida cautelar imposta
pela Corte deverá ou não ser mantida. Assim, o STF pode impor a Deputado Federal ou Senador qualquer das
medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP. No entanto, se a medida imposta impedir, direta ou
indiretamente, que esse Deputado ou Senador exerça seu mandato, então, neste caso, a Câmara ou o Senado
poderá rejeitar (“derrubar”) a medida cautelar que havia sido determinada pelo Judiciário. Aplica-se, por
analogia, a regra do §2º do art. 53 da CF/88 também para as medidas cautelares diversas da prisão. STF.
Plenário. ADI 5526/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
11/10/2017 (Info 881).

#MUDANÇADEENTENDIMENTO: Houve uma mudança de entendimento do STF? SIM. Em 2016, o Plenário do


STF aplicou a medida cautelar do inciso VI do art. 319 do CPP e afastou o Eduardo Cunha do seu cargo de
Deputado Federal e da função de Presidente da Câmara dos Deputados durante a tramitação dos inquéritos que
ele respondia. Naquela ocasião, o STF afastou Cunha do cargo e não cogitou dar à Câmara dos Deputados a
possibilidade de reverter essa decisão. Em outras palavras, no caso de Cunha, o STF impôs a medida cautelar e o
Parlamento não pode se manifestar sobre isso. STF. Plenário. AC 4070/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em
5/5/2016 (Info 579).

*#DEOLHONAJURIS#DIZERODIREITO#STF: Deputados Estaduais gozam das mesmas imunidades formais


previstas para os parlamentares federais no art. 53 da CF/88. São constitucionais dispositivos da Constituição do
Estado que estendem aos Deputados Estaduais as imunidades formais previstas no art. 53 da Constituição
Federal para Deputados Federais e Senadores. A leitura da Constituição da República revela, sob os ângulos
literal e sistemático, que os Deputados Estaduais também têm direito às imunidades formal e material e à
inviolabilidade que foram conferidas pelo constituinte aos congressistas (membros do Congresso Nacional). Isso
porque tais imunidades foram expressamente estendidas aos Deputados pelo § 1º do art. 27 da CF/88. STF.
Plenário. ADI 5823 MC/RN, ADI 5824 MC/RJ e ADI 5825 MC/MT, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min.
Marco Aurélio, julgados em 8/5/2019 (Info 939). Assembleia Legislativa pode rejeitar a prisão preventiva e as
medidas cautelares impostas pelo Poder Judiciário contra Deputados Estaduais É constitucional resolução da
Assembleia Legislativa que, com base na imunidade parlamentar formal (art. 53, § 2º c/c art. 27, § 1º da CF/88),
54
revoga a prisão preventiva e as medidas cautelares penais que haviam sido impostas pelo Poder Judiciário
contra Deputado Estadual, determinando o pleno retorno do parlamentar ao seu mandato. O Poder Legislativo
estadual tem a prerrogativa de sustar decisões judiciais de natureza criminal, precárias e efêmeras, cujo teor
resulte em afastamento ou limitação da função parlamentar. STF. Plenário. ADI 5823 MC/RN, ADI 5824 MC/RJ e
ADI 5825 MC/MT, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgados em 8/5/2019 (Info
939).

*(Atualizado em 26/02/2023) #DEOLHONAJURIS - Por força do § 1º do art. 27 da Constituição Federal de


1988, as imunidades materiais e formais conferidas aos membros do Congresso Nacional (deputados federais
e senadores) estendem-se aos deputados estaduais. Em relação aos membros do Poder Legislativo, o legislador
constituinte originário fez essa extensão de forma expressa. Para tanto, referiu-se, em primeiro lugar, às
inviolabilidades, que equivalem à imunidade material, e, em seguida, às demais imunidades, que equivalem às
imunidades formais. Isso ficou claro durante os debates constituintes, nos quais, a fim de afastar qualquer
dúvida quanto à extensão de ambas as imunidades aos parlamentares estaduais, optou-se pelo uso de duas
palavras distintas: inviolabilidade e imunidades. Essa metodologia é no sentido de que, para cada palavra do
referido § 1º do art. 27, há um parágrafo correspondente do art. 53 da Constituição Federal. Nesse contexto,
por observância ao princípio republicano, é constitucional norma do constituinte derivado que mantém a exata
e rigorosa disciplina das regras de repetição obrigatória referentes às imunidades parlamentares. Com base
nesse entendimento, o Plenário, por maioria, em apreciação conjunta, julgou improcedentes as ações para
declarar a constitucionalidade dos §§ 2º ao 5º do art. 102 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, e os §§
2º ao 5º do art. 29 da Constituição do Estado do Mato Grosso, na redação dada pela Emenda Constitucional
42/2006, assim como das Resoluções aprovadas pelas respectivas Assembleias Legislativas. STF, ADI 5.824/RJ e
5.825/MT, relator Ministro Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em 16.12.2022 (Info. 1081).

2.2 OUTROS DESDOBRAMENTOS

Impossibilidade de prisão civil por dívida alimentícia; impossibilidade de ser conduzido para depor.
Marcelo Novelino entende que deve ser preso, pois a hipótese da Constituição se refere apenas à prisão penal
cautelar. TJ DF decidiu nesse sentido, pois não pode o congressista ser preso por esse fundamento, não sendo
excepcionada pela CF.

E se o crime for afiançável? É possível a intervenção para cessar a prática delituosa, porem não se pode
lavrar o auto de prisão em flagrante.
55
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
O Tribunal, por maioria, confirmando despacho do Ministro Celso de Mello, Presidente, indeferiu pedido feito
por súdito estrangeiro, submetido à prisão preventiva para extradição, no sentido de que lhe fosse concedido o
direito à prisão especial garantido aos parlamentares nacionais, sob a alegação de ser membro de parlamento
estrangeiro. Entendeu-se que o art. 295 do CPP ("Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição
da autoridade competente, quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva: ... III - Os membros do
Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e das Assembléias Legislativas dos Estados;")
comporta interpretação restritiva, não sendo possível estender o benefício excepcional da prisão especial por
analogia. Vencido o Min. Marco Aurélio, que entendia aplicável à espécie o referido dispositivo, tendo em vista
a inviolabilidade do direito à igualdade garantido aos estrangeiros residentes no País (CF, art. 5º). Prisão
Preventiva para Extradição (AgRg) 315-Áustria, rel. Min. Octavio Gallotti, 20.8.98.

A) Processo

§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo
Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo
voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 35, de 2001).

Os crimes anteriores à diplomação não podem ser sustados, somente os posteriores. Todos vão
para o STF, mas a sustação fica restrita aos praticados depois da diplomação. A persecução penal dos
parlamentares, portanto, sofrerá tratamento diferenciado, dependendo do momento da prática do crime. Para
os crimes praticados antes da diplomação, não haverá incidência de qualquer imunidade formal em relação ao
processo, podendo o parlamentar ser normalmente processado e julgado (*AGORA NA PRIMEIRA INSTÂNCIA
MESMO). Já para os crimes praticados após a diplomação, o parlamentar poderá ser processado e julgado (no
foro privilegiado), enquanto durar o mandato, CASO HAJA RELAÇÃO COM O CARGO.

Porém, a pedido de partido político com representação na Casa Legislativa respectiva, esta poderá
sustar o andamento da ação penal pelo voto ostensivo e nominal da maioria absoluta de seus membros, no
prazo de 45 dias do pedido. A suspensão da ação penal persistirá enquanto durar o mandato, e acarretará,
igualmente, a suspensão da prescrição.

Sempre que falar em maioria dos membros é maioria absoluta. Quando falar maioria dos presentes é
maioria relativa.

§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias
56
do seu recebimento pela Mesa Diretora. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001).

§5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 35, de 2001).

Com a EC nº 35/01, o princípio da improcessabilidade (somente com autorização da Casa Legislativa) foi
substituído pelo princípio da processabilidade. Só se aplica ao crime praticado após a diplomação. Nesse caso,
se for crime anterior não pode haver suspensão do processo. A sustação do processo suspende a prescrição.

Súmula 704. Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por
continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados.

Isso vale tanto para processos distintos como para o mesmo processo, como ocorreu no caso do
mensalão.

#OBS: o que ocorre quando o parlamentar que teve um processo suspenso é reeleito? Se ele foi reeleito ele vai
ser diplomado novamente. O crime não será mais posterior à diplomação, pois houve uma nova. Ele irá
responder mesmo que seja reeleito. Não poderá haver uma nova suspensão. AC 700-Agr.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #IMPORTANTE
A instauração ou prosseguimento de inquérito contra parlamentar depende de autorização do STF (não da Casa
Legislativa), conforme julgado abaixo:

Questão de Ordem em Inquérito. 1. Trata-se de questão de ordem suscitada pela defesa de Senador da
República, em sede de inquérito originário promovido pelo Ministério Público Federal (MPF), para que o
Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) defina a legitimidade, ou não, da instauração do inquérito e do
indiciamento realizado diretamente pela Polícia Federal (PF). 2. Apuração do envolvimento do parlamentar
quanto à ocorrência das supostas práticas delituosas sob investigação na denominada "Operação Sanguessuga".
3. Antes da intimação para prestar depoimento sobre os fatos objeto deste inquérito, o Senador foi
previamente indiciado por ato da autoridade policial encarregada do cumprimento da diligência. 4.
Considerações doutrinárias e jurisprudenciais acerca do tema da instauração de inquéritos em geral e dos
inquéritos originários de competência do STF: i) a jurisprudência do STF é pacífica no sentido de que, nos
inquéritos policiais em geral, não cabe a juiz ou a Tribunal investigar, de ofício, o titular de prerrogativa de foro;
ii) qualquer pessoa que, na condição exclusiva de cidadão, apresente "notitia criminis", diretamente a este
Tribunal é parte manifestamente ilegítima para a formulação de pedido de recebimento de denúncia para a
apuração de crimes de ação penal pública incondicionada. Precedentes: INQ no 149/DF, Rel. Min. Rafael Mayer,
57
Pleno, DJ 27.10.1983; INQ (AgR) no 1.793/DF, Rel. Min. Ellen Gracie, Pleno, maioria, DJ 14.6.2002; PET - AgR - ED
no 1.104/DF, Rel. Min. Sydney Sanches, Pleno, DJ 23.5.2003; PET no 1.954/DF, Rel. Min. Maurício Corrêa, Pleno,
maioria, DJ 1º.8.2003; PET (AgR) no 2.805/DF, Rel. Min. Nelson Jobim, Pleno, maioria, DJ 27.2.2004; PET no
3.248/DF, Rel. Min. Ellen Gracie, decisão monocrática, DJ 23.11.2004; INQ no 2.285/DF, Rel. Min. Gilmar
Mendes, decisão monocrática, DJ 13.3.2006 e PET (AgR) no 2.998/MG, 2ª Turma, unânime, DJ 6.11.2006; iii)
diferenças entre a regra geral, o inquérito policial disciplinado no Código de Processo Penal e o inquérito
originário de competência do STF regido pelo art. 102, I, b, da CF e pelo RI/STF. A prerrogativa de foro é uma
garantia voltada não exatamente para os interesses do titulares de cargos relevantes, mas, sobretudo, para a
própria regularidade das instituições. Se a Constituição estabelece que os agentes políticos respondem, por
crime comum, perante o STF (CF, art. 102, I, b), não há razão constitucional plausível para que as atividades
diretamente relacionadas à supervisão judicial (abertura de procedimento investigatório) sejam retiradas do
controle judicial do STF. A iniciativa do procedimento investigatório deve ser confiada ao MPF contando com a
supervisão do Ministro-Relator do STF. 5. A Polícia Federal não está autorizada a abrir de ofício inquérito policial
para apurar a conduta de parlamentares federais ou do próprio Presidente da República (no caso do STF). No
exercício de competência penal originária do STF (CF, art. 102, I, "b" c/c Lei nº 8.038/1990, art. 2º e RI/STF, arts.
230 a 234), a atividade de supervisão judicial deve ser constitucionalmente desempenhada durante toda a
tramitação das investigações desde a abertura dos procedimentos investigatórios até o eventual oferecimento,
ou não, de denúncia pelo dominus litis. 6. Questão de ordem resolvida no sentido de anular o ato formal de
indiciamento promovido pela autoridade policial em face do parlamentar investigado.(Inq 2411 QO, Relator(a):
Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 10/10/2007, DJe-074 DIVULG 24-04-2008 PUBLIC 25-04-2008
EMENT VOL-02316-01 PP-00103 RTJ VOL-00204-02 PP-00632).

A nova disciplina da imunidade formal, em face de sua natureza processual, tem aplicação imediata 9,
permitindo aos tribunais o início da ação penal em relação a todas as infrações penais praticadas por
parlamentares, inclusive em relação àquelas em que a licença - até então exigida - tivesse sido negada.

9
INFORMATIVO 265 (INQ-1566) EC 35/2001: PREJUDICIALIDADE DA LICENÇA PRÉVIA (TRANSCRIÇÕES)
(...) Ao contrário da inviolabilidade ou imunidade material que elide a criminalidade do fato ou, pelo menos, a
responsabilidade do agente - e, substantiva, por isso, instituto de Direito Penal -, a "licença prévia" antes exigida
caracterizava mera condição de procedibilidade, a qual - até que deferida ou enquanto durasse a investidura parlamentar
do acusado - configurava empecilho temporário ao exercício da jurisdição, impedindo a instauração ou o curso do processo.
Do que resulta induvidoso - independentemente de qualquer indagação sobre a eficácia temporal de emenda à
Constituição - a aplicabilidade imediata aos casos pendentes da norma constitucional que fez desnecessária a licença
prévia da Câmara. Tenho, assim, por prejudicado pela EC 35/01 o pedido de licença para o processo contra o primeiro
denunciado. Na disciplina constitucional anterior, a pendência do pedido de licença prévia implicava a suspensão do curso
da prescrição (antigo art. 53, § 3º, CF), desde a data do despacho que a determinara até a sua concessão ou o termo do
mandato do acusado (cf. STF, Inq. 547, 10.02.93, Pertence, RTJ 149/692). Extinto o instituto, desde a vigência da EC 35/01,
voltou a fluir, também em favor do Deputado denunciado, o prazo prescricional restante. Consolidou-se na Casa o
entendimento de que a investidura do acusado no Congresso Nacional e o conseqüente deslocamento da competência
originária para o Supremo Tribunal não afetam a validade dos atos anteriormente praticados perante o Juízo então
competente, incluído o oferecimento da denúncia, que prescinde de ratificação pelo Procurador-Geral (Inq. 571-QO
26.06.92, Pertence, RTJ 147/902; AgInq. 592, 24.03.93, Moreira, RTJ 150/41; EDHC 72986, Pl, 05.06.96, M. Aurélio,
19.12.96; Inq. 1028-QO, 03.04.97, Moreira, RTJ 163/885; HC 78222, 16.12.98, M. Aurélio).
58
O partido pode pedir a qualquer tempo, mas a Casa deve decidir em 45 dias. Seria anti-republicano e
inconstitucional dizer que se poderia sustar o processo e a prescrição continuar correndo.

A.1) Competências da Casa Legislativa:

 Por iniciativa de qualquer partido político nela representado;

 Por voto da maioria dos membros (absoluta, portanto);

 Pode sustar o andamento da ação penal SE O CRIME FOR PRATICADO APÓS A DIPLOMAÇÃO;

 A sustação deve ocorrer antes da decisão final do STF;

 O pedido de sustação deve ser apreciado em até 45 dias pela Mesa Diretora;

 A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato (art. 53, § 5º, CF);

 Com relação ao coautor, deve haver cisão do processo;

 EXTINTO O MANDATO: reinicia a fluência do prazo prescricional; possibilita o prosseguimento


imediato do processo (Desnecessidade de nova manifestação da casa legislativa).

#OUSESABER: A imunidade formal envolve o foro privilegiado (STF), a proteção do parlamentar contra a
prisão (salvo em flagrante de crime inafiançável) e, nos crimes praticados após a diplomação, uma vez recebida
a denúncia, torna possível a sustação do andamento do processo penal instaurado pelo Supremo Tribunal
Federal. Ainda, outras garantias envolvem: • Não obrigatoriedade de testemunhar sobre informações recebidas
ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam
informações; • Quórum qualificado para suspensão das imunidades durante o estado de sítio, apenas em atos
praticados fora do recinto do Congresso Nacional, incompatíveis com a execução da medida. • Necessidade de
prévia licença da Casa respectiva para incorporação às Forças Armadas. A imunidade protege o parlamentar
desde a expedição do diploma pela Justiça Eleitoral competente. A diplomação é ato anterior à posse. O
diploma é o atestado expedido pela Justiça Eleitoral certificando a regular eleição do candidato.

2.3 DEPUTADOS ESTADUAIS


59
Art. 27, §1º, CF, estende aos Deputados Estaduais o estatuto dos congressistas. A Súmula nº 3 STF, que
afirma que a imunidade dos Deputados Estaduais está restrita a Justiça do Estado, foi cancelada. Justificava-se
pelo fato de que somente a Constituição Estadual estabelecia as normas de imunidade para os Deputados
Estaduais. Atualmente, a imunidade dos Deputados Estaduais não se restringe apenas ao território do
respectivo Estado, ela é assegurada em todo território nacional.

Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado
na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os
Deputados Federais acima de doze.

§ 1º - Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição
sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e
incorporação às Forças Armadas.

Poderia haver um tratamento mais leve ou mais rigoroso na Constituição Estadual? O entendimento é
de que as regras referentes aos parlamentares federais, devem ser aplicadas de forma integral e imediata aos
parlamentares estaduais. Integral - não pode haver nenhuma diferença de tratamento. Não pode diminuir ou
aumentar as garantias. Com a alteração promovida pela EC nº 35, aplicava-se a regra da Constituição Federal,
enquanto as Constituições Estaduais não se adaptassem às novas regras. Ex disso é o fim do voto secreto na
cassação de mandato. Se as CE ainda não preveem essa regra, aplica-se automaticamente a CF.

A prerrogativa de foro dos Deputados Estaduais é, em regra, do Tribunal de Justiça. O STF entende que
quando a CF fala em “imunidades”, compreende o sentido de abranger não apenas as imunidades materiais,
mas também a prerrogativa de foro. Entende, portanto, que as imunidades dos Deputados Estaduais foram
estabelecidas pela CF. Não se aplica a Súmula nº 721 STF, que estabelece que a competência do Júri prevalece
quando o foro é previsto unicamente na CE, já que o foro dos deputados estaduais é estabelecido na CF.

No caso de crimes eleitorais, a competência não será do TJ, e sim do Tribunal Regional Eleitoral. No caso
de crimes contra bens, interesses ou serviços da União, autarquias ou empresas públicas federais, a
competência será do TRF.

#OUSABER: Lei estadual pode determinar que a remuneração dos Deputados Estaduais sejam um percentual
fixo sobre o subsídio dos Deputados Federais? Segundo o STF, NÃO!!! Este entendimento foi expressado quando
o STF julgou inconstitucional artigo da Lei n.º 7.456/2003, do Estado do Espírito Santo, que vinculava a
remuneração dos deputados estaduais à 75% da remuneração dos deputados federais. A norma foi
questionada na ADI n.º 3461, na qual se alegou que o dispositivo violava a autonomia dos estados, estabelecia
60
vinculação inconstitucional entre remunerações, violava o princípio da isonomia e previa gasto sem a devida
dotação orçamentária.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
É constitucional norma da Constituição estadual que preveja que as proibições e os impedimentos estabelecidos
para os Deputados Estaduais deverão ser aplicados também para o Governador e o Vice-Governador do Estado.
STF. Plenário. ADI 253/MT, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/5/2015 (Info 787).

Deputado Estadual que, ao defender a privatização de banco estadual, presta declarações supostamente falsas
sobre o montante das dívidas dessa instituição financeira não comete o delito do art. 3º da Lei nº 7.492/86,
estando acobertado pela imunidade material. STF. 1ª Turma. HC 115397/ES, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado
em 16/5/2017 (Info 865).

2.4 VEREADORES

VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na
circunscrição do município10.

A CF/88 inovou ao trazer a imunidade material para os vereadores. A expressão “circunscrição do


município” significa “dentro dos limites territoriais do município”. Há quem entenda em sentido diverso,
devendo a imunidade material das opiniões, palavras e votos se estender à função parlamentar no âmbito
municipal, mesmo que fora do seu território.

O vereador possui imunidade formal em relação à prisão ou processo? As Constituições Estaduais


podem conferir essa inviolabilidade? Segundo o entendimento do STF, as imunidades formais não podem ser
estendidas aos vereadores pelas Constituições Estaduais (ADI 558).

Prerrogativa de foro: não há previsão na CF, todavia, o STF entende que a Constituição Estadual pode
atribuir essa prerrogativa aos vereadores (geralmente ao TJ). Se a lei orgânica municipal fixar essa prerrogativa,
essa previsão não será válida. Apenas a Constituição Estadual pode estabelecer competências para o TJ.

Se houver prerrogativa de foro fixada na Constituição Estadual será aplicada a Súmula nº 721 STF –
10
O TRF4/2016 considerou correta a seguinte alternativa a respeito dessa temática: “Segundo orientação do Supremo
Tribunal Federal, nos limites da circunscrição do Município e havendo pertinência com o exercício do mandato, os
vereadores são imunes judicialmente por suas palavras, suas opiniões e seus votos . Não obstante, a ausência de controle
judicial não imuniza completamente as manifestações dos parlamentares, que podem ser repreendidas pelo
Legislativo.”
61
norma de maior hierarquia (Rcl 7936, HC 95506).

#ATENÇÃO #IMPORTANTE: É possível que o Juiz de primeiro grau, fundamentadamente, imponha a


parlamentares municipais as medidas cautelares de afastamento de suas funções legislativas sem necessidade
de remessa à Casa respectiva para deliberação. STJ. 5ª Turma.RHC 88.804-RN, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, julgado em 07/11/2017 (Info 617).

INCORPORAÇÃO ÀS FORÇAS ARMADAS

Isenção do Serviço Militar:

Não deixa de ser uma espécie de imunidade, porque o parlamentar fica imune a uma obrigação imposta
pela Constituição a todos os brasileiros (art. 143). A incorporação às Forças Armadas, mesmo em tempo de
guerra, dependerá de prévia licença da sua Casa. Se renunciar ao mandato, pode incorporar-se sem a licença.

§7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em
tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
35, de 2001)

ESTADO DE SÍTIO

§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser


suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora
do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 35, de 2001).

Dentro da Casa permanece a imunidade, mas poderão ser suspensas, EXEMPLO: secretas.

3 INCOMPATIBILIDADES E PERDA DE MANDATO

Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:

I - desde a expedição do diploma:

a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de
economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas
uniformes;
62
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis "ad nutum",
nas entidades constantes da alínea anterior;

II - desde a posse:

a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com
pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada;
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades referidas no inciso I, "a";
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, "a";
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.

São normas de observância obrigatória, ou seja, estendem-se aos deputados estaduais e vereadores.

Não se confundem as inelegibilidades, absolutas (art. 14, §4º - inalistáveis e analfabetos) ou relativas
(art. 14, §9º), pois estas ocorrem antes das eleições. As incompatibilidades, por sua vez, se diferenciam porque
se aplicam após as eleições.

As incompatibilidades impedem, após a diplomação ou a posse, a prática de determinados atos pelo


eleito ou o exercício de determinados cargos, empregos ou funções públicos remunerados.

Não se confundem também com os chamados crimes de responsabilidade. Os crimes de


responsabilidade são mecanismos de fiscalização colocados à disposição do Poder Legislativo para controlar
membros do Executivo e do Judiciário. A função que pode gerar o crime de responsabilidade é administrativa
(art. 29, §3º, CF).

As incompatibilidades e demais hipóteses de perda de mandato se aplicam a parlamentares licenciados,


uma vez que estes não perdem o vínculo com a Casa (art. 56, I, CF), MS 25.579. No entanto, não se aplicam aos
suplentes.

Segundo Alexandre de Moraes, podem ser classificadas em funcionais (art. 54, I, ‘b’ e II, ‘b’); negociais
ou contratuais (art. 54, I, ‘a’); políticas (art. 54, II, ‘d’) e profissionais (art. 54, II, ‘a’ e II, ‘c’). A Constituição não as
estende aos cônjuges e parentes do parlamentar, o que é feito, até o segundo grau, pelos Códigos de Ética e
Decoro de algumas casas legislativas, especialmente em relação às incompatibilidades do art. 54, I, ‘a’ e 54, II,
‘a’.
Vale lembrar que o art. 38, I, da Constituição, contém outra incompatibilidade, ao proibir a acumulação
de mandato eletivo com cargo público, exceto para os vereadores, se os horários forem compatíveis.
63
Por fim, conforme já decidido pelo STF, as restrições constitucionais inerentes ao exercício do mandato
parlamentar não se estendem ao suplente (MS n.º 21.266/DF).

ESQUEMATIZAÇÃO PARA MEMORIZAÇÃO:


INCOMPATIBILIDADES DE DEPUTADOS E SENADORES
(extensíveis a deputados estaduais, distritais e vereadores)

DESDE A EXPEDIÇÃO DO DIPLOMA DESDE A POSSE


Firmar ou manter CONTRATO com:
- pessoa jurídica de direito público,
- Ser proprietários, controladores ou diretores de
- autarquia,
empresa que goze de favor decorrente de contrato
- empresa pública,
com
- sociedade de economia mista ou
- pessoa jurídica de direito público,
- empresa concessionária de serviço público,
- ou nela exercer função remunerada;
***salvo quando o contrato estabelecer cláusulas
uniformes***
Ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis “ad
nutum”, nas entidades referidas:
Aceitar ou exercer cargo, função ou emprego - pessoa jurídica de direito público,
remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis ad - autarquia,
nutum, nas entidades constantes na alínea anterior; - empresa pública,
- sociedade de economia mista ou
- empresa concessionária de serviço público,
Patrocinar causa em que seja interessada qualquer
das entidades:
- pessoa jurídica de direito público,
- autarquia,
- empresa pública,
- sociedade de economia mista ou
- empresa concessionária de serviço público.
Serem titulares de mais de um cargo ou mandato
eletivo.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
O art. 30, II, da Lei nº 8.906/94, prevê que os membros do Poder Legislativo (Vereadores, Deputados e
Senadores) são impedidos de exercer a advocacia contra ou a favor das pessoas jurídicas de direito público,
empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas, entidades paraestatais ou empresas
64
concessionárias ou permissionárias de serviço público. Essa proibição abrange a advocacia envolvendo qualquer
dos entes federativos (União, Estados, DF e Municípios). Assim, o desempenho de mandato eletivo no Poder
Legislativo impede o exercício da advocacia a favor ou contra pessoa jurídica de direito público pertencente a
qualquer das esferas de governo – municipal, estadual ou federal. Ex1: um Deputado Estadual, além de não
poder advogar em causas relacionadas com o Estadomembro, também está impedido de advogar em processos
envolvendo os Municípios ou a União. Ex2: um Vereador não pode advogar contra o INSS, mesmo sendo esta
uma autarquia federal. Ex3: um Deputado Federal não pode, advogando em causa própria, ajuizar uma ação
popular, qualquer que seja o ente federativo envolvido. STJ. 1ª Seção. EAREsp 519.194-AM, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 14/6/2017 (Info 607).

3.1 CESSAÇÃO DE MANDATO

Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:

I- que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior;


II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar;
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que
pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada;
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição;
VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado.
§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso das
prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas.
§ 2º - Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo
Senado Federal, maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado
no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
§ 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou
mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Congresso
Nacional, assegurada ampla defesa.
§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos
deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º. (Incluído pela
Emenda Constitucional de Revisão nº 6, de 1994) .

A CF faz distinção entre cassação e extinção. No caso da cassação a própria casa do parlamentar é quem
decide se vai haver ou não essa medida. Maioria absoluta. Essa decisão era feita em escrutínio secreto. Agora a
65
CF é omissa. Quando a CF não prevê o sigilo expressamente, a regra deve ser a publicidade. Vale também para
deputado estadual e vereador.

Inciso VI - Prevalece no STF o entendimento de que mesmo o STF condenando, cabe ao Parlamento
decidir se o mandato vai ser cassado. Mas no art. 15 fala que os direitos políticos serão suspensos. Mas essa é
uma regra geral e há aqui uma específica.

No caso da extinção, o Judiciário não pode entrar no mérito da questão.

Na extinção não há decisão sobre a perda do mandato. É um ato vinculado. Pode ser feito de ofício ou
por provocação. Os ministros que votaram no mensalão pela perda automática invocam o inciso IV.

Depois de instaurado o processo para a perda do mandato, a renúncia acarreta a suspensão da


renúncia.

EXTINÇÃO do mandato “é o perecimento do mandato pela ocorrência de fato ou ato que torna
automaticamente inexistente a investidura eletiva, tais como a morte, a renúncia, o não comparecimento a
certo número de sessões expressamente fixado (desinteresse que a Constituição eleva à condição de renúncia),
perda ou suspensão dos direitos políticos”.

Cassação - É instaurado um processo político para a decretação da perda do mandato. A decisão é


constitutiva (art. 55, § 2º; “decidida”). Nos casos do art. 55, incs. III, IV e V, que são de simples extinção do
mandato, a manifestação pela Mesa é meramente declaratória (art. 55, § 3º; “declarada”).

Quanto ao art. 55, II, o termo “decoro parlamentar” deve ser entendido como o conjunto de regras
legais e morais que devem reger a conduta dos parlamentares, no sentido de dignificação da atividade
legislativa, não cabendo ao Poder Judiciário decidir sobre a tipicidade da conduta do parlamentar nas previsões
regimentais caracterizadoras da falta de decoro parlamentar.

Pode-se dizer que há certa redundância entre os incisos IV e VI do art. 55 (IV - que perder ou tiver
suspensos os direitos políticos; VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado), já que a
condenação criminal transitada em julgado é causa de suspensão dos direitos políticos, conforme o art. 15, III,
da Constituição. Entretanto, como observa Alexandre de Moraes, “Os parlamentares federais, porém, no
exercício do mandato que forem condenados criminalmente, salvo se incidirem na hipótese do art. 55, VI e
parágrafo 2º da CF, não perderão automaticamente o mandato, mas não poderão disputar novas eleições
enquanto durarem os efeitos da decisão condenatória”.
66
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
O ex-Deputado Federal Eduardo Cunha impetrou mandado de segurança no STF pedindo a suspensão do
processo de cassação que tramitava contra ele na Câmara dos Deputados por quebra de decoro parlamentar. O
pedido do impetrante foi negado. O STF só pode interferir em procedimentos legislativos (ex: processo de
cassação) em uma das seguintes hipóteses: a) para assegurar o cumprimento da Constituição Federal; b) para
proteger direitos fundamentais; ou c) para resguardar os pressupostos de funcionamento da democracia e das
instituições republicanas. Exemplo típico na jurisprudência é a preservação dos direitos das minorias, onde o
Supremo poderá intervir. No caso concreto, o STF entendeu que nenhuma dessas situações estava presente. Em
se tratando de processos de cunho acentuadamente político, como é o caso da cassação de mandato
parlamentar, o STF deve se pautar pela deferência (respeito) às decisões do Legislativo e pela autocontenção,
somente intervindo em casos excepcionalíssimos. Dessa forma, neste caso, o STF optou pela técnica da
autocontenção (judicial self-restraint), que é o oposto do chamado ativismo judicial. Na autocontenção, o Poder
Judiciário deixa de atuar (interferir) em questões consideradas estritamente políticas. STF. Plenário. MS
34.327/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/9/2016 (Info 838).

#OUSESABER #OLHAOGANCHO: O que se entende por judicial self restraint? Trata-se da técnica da
autocontenção do Poder Judiciário, em que este deixa de atuar, por entender que se trata de uma questão de
cunho eminentemente político. Vê-se, portanto, que é uma contraposição ao ativismo judicial. Tal expressão
foi utilizada recentemente pelo STF, ao apreciar o MS 34.327/DF, em que o ex-Deputado Federal Eduardo Cunha
pedia para suspender o seu processo de cassação, tendo o STF decidido que não era o caso de o Judiciário
intervir (judicial self-restraint).

ESQUEMATIZAÇÃO: PERDA DE MANDATO

CASSAÇÃO EXTINÇÃO
NÃO depende de deliberação.
Depende de DELIBERAÇÃO das Casas por maioria É ato meramente declaratório da Mesa Diretora, de
absoluta, devendo ser assegurada a ampla defesa. ofício ou por provocação de qualquer de seus
membros;
- quando deixar de comparecer, em cada sessão
legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da
- quando infringir qualquer das proibições do art. 54;
Casa a que pertencer (salvo licença ou missão por esta
autorizada);
- quando o procedimento for declarado incompatível
- que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
com o decoro parlamentar;
- quando sofrer condenação criminal em sentença - quando o decretar a justiça eleitoral;
67
transitada em julgado – MENSALÃO.

Constituição Estadual não pode tratar sobre perda de mandato dos Deputados Estaduais de forma
diferente do que é previsto para os Deputados Federais.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
É inconstitucional norma da Constituição estadual que preveja que o Deputado Estadual perderá o mandato em
caso de condenação criminal nos crimes apenados com reclusão, atentatórios ao decoro parlamentar. Isso
porque a CE, ao tratar sobre perda de mandato do parlamentar estadual, deverá seguir as mesmas regras
impostas pela CF/88 aos deputados federais.

Segundo o art. 55, VI, da CF/88, o Deputado Federal deverá perder o mandato sempre que sofrer condenação
criminal transitada em julgada, independentemente da natureza da pena e do tipo de crime. Logo, a CE viola a
CF/88 ao limitar a perda aos casos em que o parlamentar for condenado por crime apenado com reclusão e
atentatório ao decoro parlamentar.
(STF. Plenário. ADI 3200/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 22/5/2014.

*A GRANDE QUESTÃO DO MOMENTO, NESSE TEMA:


A perda do mandato de parlamentar condenado criminalmente por sentença transitada em julgado é
automática ou depende de deliberação da Casa? DEPENDE: #SELIGANAEVOLUÇÃOJURISPRUDENCIAL

*Vale lembrar que em caso de condenação criminal transitada em julgado, haverá a perda imediata do
mandato eletivo no caso de Vereadores, Prefeitos, Governadores e Presidente da República.

Essa questão vem sendo objeto de controvérsias recentemente, sobretudo a partir do “Caso Mensalão” (AP
470) e pode ser assim sintetizada:

1 – Entendimento tradicional (antes do julgamento da AP 470):

Síntese: a perda do mandato dependeria de deliberação da Casa Legislativa, pois a regra do art. 55, § 2º seria
especial em relação ao art. 15, III da CF.

2 – Posição do STF no caso Mensalão (AP 470):

Síntese:
- a condenação a pena por mais de 4 anos de reclusão ou que diga respeito a ato de improbidade administrativa
68
– o que ocorre nos crimes contra a Administração Pública, tais como peculato e corrupção passiva, deve implicar
automaticamente a perda dos mandatos eletivos;
- não se trata de juízo político, pois a perda do mandato eletivo se caracteriza como efeito irreversível da
sentença condenatória;
- a Casa Legislativa pode decretar a perda nos casos em que a sentença condenatória não o fizer, em razão de
não estarem presentes os requisitos legais (CP, art. 92, I, “a” e “b”, e parágrafo único), ou por ter sido proferida
anteriormente à expedição do diploma, com trânsito em julgado ocorrente em momento posterior.

*Em outras palavras: · Se na decisão condenatória o STF não determinou a perda do mandato eletivo, nos
termos do art. 92, I, do CP: a perda do mandato somente poderá ocorrer se a maioria absoluta da Câmara ou do
Senado assim votar (aplica-se o art. 55, § 2º da CF/88); · Se na decisão condenatória o STF determinou a perda
do mandato eletivo, nos termos do art. 92, I, do CP: a perda do mandato ocorrerá sem necessidade de votação
pela Câmara ou Senado (não se aplica o art. 55, § 2º). O procedimento estabelecido no art. 55 da CF disciplina
circunstâncias em que a perda de mandato eletivo parlamentar pode ser decretada com base em juízo político.
No entanto, esse procedimento não é aplicável quando a aludida perda foi determinada em decisão do Poder
Judiciário como efeito irreversível da sentença condenatória. Em outras palavras, se o STF determinou a perda
do cargo, a Casa Legislativa deverá simplesmente cumprir a decisão. Se o STF não determinou a perda do cargo,
mesmo assim a Casa Legislativa pode entender que não é correto manter um Deputado ou Senador com
mandato quando ele tiver sido condenado e decidir pela perda do cargo, com base no art. 55, § 2º, da CF/88.
Logo, para esta segunda corrente, se o Deputado Federal ou o Senador foi condenado criminalmente, com
sentença judicial transitada em julgado, o STF poderá determinar a perda do mandato eletivo, nos termos do
art. 92, I, do CP. Nessa hipótese, não será necessária votação pela respectiva Casa (não se aplica o art. 55, § 2º
da CF/88). A condenação já tem o condão de acarretar a perda do mandato. O STF já adotou esta corrente no
julgamento do “Mensalão” (AP 470/MG, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 10 e 13/12/2012) (Info 692)

3 – O Entendimento do STF no caso do Senador Ivo Cassol (AP 565, 8.8.2013):

Congresso é quem cassa, decide STF ao condenar Cassol. A corte ainda definiu que cabe ao Congresso Nacional
decidir sobre a cassação do mandato de eleitos condenados criminalmente, alterando posição firmada no
julgamento da Ação Penal 470, o processo do mensalão. A mudança se deve à entrada dos dois mais novos
ministros na corte, Teori Zavascki e Roberto Barroso.

Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: VI – que sofrer condenação criminal em sentença
transitada em julgado. (...) § 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será DECIDIDA pela Câmara
dos Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de
partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
69
Logo, para esta primeira corrente, mesmo o Deputado Federal ou o Senador tendo sido condenado
criminalmente, com sentença judicial transitada em julgado, ele somente perderá o mandato se assim DECIDIR
a maioria absoluta da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal. O STF adotou esta corrente no julgamento
do Senador Ivo Cassol (AP 565/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 7 e 8/8/2013) (Info 714).

4 – Posição do STF no julgamento dos embargos de declaração da AP 470


(setembro de 2013):

No julgamento dos embargos de declaração da AP 470, em setembro de 2013, o STF voltou a afirmar cabe ao
Supremo a decisão a respeito da perda do mandato, cabendo ao legislativo apenas cumprir a ordem.

5 – A concessão da liminar pelo Min. Barroso no caso do Deputado Donadon (setembro de 2013):

[...] uma interpretação individual do ministro Barroso deu novos ingredientes ao debate. O magistrado
concedeu uma liminar ao PSDB, suspendendo os efeitos da decisão da Câmara de preservar o mandato de
Donadon. O argumento de Barroso foi que o deputado presidiário não conseguiria progredir para o regime
semiaberto antes do término do mandato. A interpretação abriria brecha para que parlamentares condenados
ao regime semiaberto, no qual a pessoa pode trabalhar durante o dia, permaneçam com os mandatos. Crítico à
posição do colega, o ministro Gilmar Mendes alertou que essa possibilidade criaria o tal “mandato salame”. Ele
disse que a Constituição prevê como regra geral que cabe a cada uma das Casas do Congresso a decisão sobre a
perda do mandato do deputado ou do senador que sofrer condenação criminal. "Esta regra geral, no entanto,
não se aplica em caso de condenação em regime inicial fechado, por tempo superior ao prazo remanescente do
mandato parlamentar. Em tal situação, a perda se dá automaticamente, por força da impossibilidade jurídica e
física de seu exercício", disse o ministro. Como consequência, quando se tratar de deputado cujo prazo de
prisão em regime fechado exceda o período que falta para a conclusão de seu mandato, a perda se dá como
resultado direto e inexorável da condenação, sendo a decisão da Câmara dos Deputados vinculada e
declaratória.

*6 – ENTENDIMENTO ATUAL DO STF: #IMPORTANTE #ATUALIZANDOAFUC

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF Se o STF condenar criminalmente um Deputado Federal ou Senador,


haverá a perda automática do mandato ou isso ainda dependerá de uma deliberação (decisão) da Câmara ou do
Senado, respectivamente? A condenação criminal transitada em julgado é suficiente, por si só, para acarretar a
perda automática do mandato eletivo de Deputado Federal ou de Senador?

1ª Turma do STF: DEPENDE.


70
• Se o Deputado ou Senador for condenado a mais de 120 dias em regime fechado: a perda do cargo será uma
consequência lógica da condenação. Neste caso, caberá à Mesa da Câmara ou do Senado apenas declarar que
houve a perda (sem poder discordar da decisão do STF), nos termos do art. 55, III e § 3º da CF/88.

• Se o Deputado ou Senador for condenado a uma pena em regime aberto ou semiaberto: a condenação
criminal não gera a perda automática do cargo. O Plenário da Câmara ou do Senado irá deliberar, nos termos do
art. 55, § 2º, da CF/88, se o condenado deverá ou não perder o mandato.

STF. 1ª Turma. AP 694/MT, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 2/5/2017 (Info 863). STF. 1ª Turma. AP 968/SP,
Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 22/5/2018 (Info 903).

#OBS: Você entendeu o motivo dessa conclusão? Não vamos decorar, vamos entender e ler a fundamentação:

Se o Deputado ou Senador for condenado a mais de 120 dias em regime fechado, ele deverá cumprir a pena em
penitenciária e não poderá sair para trabalho externo. Logo, não poderá frequentar o Congresso Nacional,
devendo, por consequência, perder o mandato com base no art. 55, III, da CF/88: Art. 55. Perderá o mandato o
Deputado ou Senador: (...) III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões
ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada; Esse inciso III prevê a perda do
mandato ao parlamentar que, em cada sessão legislativa, faltar a 1/3 das sessões ordinárias. Como a sessão
legislativa é anual (equivalente a 1 ano), 1/3 significa 4 meses (120 dias). Logo, se o parlamentar irá ficar preso
durante mais de 120 dias, ele não poderá comparecer às sessões neste período e, portanto, deverá ser
declarada a perda de seu mandato.

No caso deste inciso III, a perda do mandado é DECLARADA pela Mesa Diretora da Câmara ou do Senado: Art.
55 (...) § 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de
ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no
Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.

#NÃOCONFUNDIR: Declaração não é o mesmo que deliberação (decisão). Assim, ocorrendo a situação descrita
no inciso III do art. 55, a Mesa da Casa respectiva não tem o poder de decidir se o Parlamentar irá perder ou não
o mandato. A Mesa é obrigada a simplesmente declarar (reconhecer, formalizar) que o Parlamentar perdeu o
mandato. Assim, no caso do inciso III, não há necessidade de deliberação do Plenário e a perda do mandato
deve ser automaticamente declarada pela Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.

2ª Turma do STF: NÃO. A perda não é automática. A Casa é que irá deliberar. O STF apenas comunica, por meio
de ofício, à Mesa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal informando sobre a condenação do
parlamentar. A Mesa da Câmara ou do Senado irá, então, deliberar (decidir) como entender de direito (como
quiser) se o parlamentar irá perder ou não o mandato eletivo, conforme prevê o art. 55, VI, § 2º, da CF/88.
Assim, mesmo com a condenação criminal, quem decide se haverá a perda do mandato é a Câmara dos
Deputados ou o Senado Federal. STF. 2ª Turma. AP 996/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/5/2018 (Info
71
904) (obs: o Relator Edson Fachin ficou vencido neste ponto). #IMPORTANTE

* #DEOLHONATABELA #AJUDAMARCINHO #COLANARETINA #ENTENDIMENTOATUALSTF #DIVERGÊNCIA:

Se o STF condenar criminalmente um Deputado Federal ou Senador, haverá a perda automática do mandato
ou isso ainda dependerá de uma deliberação (decisão) da Câmara ou do Senado, respectivamente? A
condenação criminal transitada em julgado é suficiente, por si só, para acarretar a perda automática do
mandato eletivo de Deputado Federal ou de Senador?
1ª Turma do STF: DEPENDE 2ª Turma do STF: NÃO. A perda não é automática. A
Casa é que irá deliberar
• Se o Deputado ou Senador for condenado a mais de O STF apenas comunica, por meio de ofício, à Mesa da
120 dias em regime fechado: a perda do cargo será Câmara dos Deputados ou do Senado Federal
uma consequência lógica da condenação. Neste caso, informando sobre a condenação do parlamentar. A
caberá à Mesa da Câmara ou do Senado apenas Mesa da Câmara ou do Senado irá, então, deliberar
declarar que houve a perda (sem poder discordar da (decidir) como entender de direito (como quiser) se o
decisão do STF), nos termos do art. 55, III e § 3º da parlamentar irá perder ou não o mandato eletivo,
CF/88. • Se o Deputado ou Senador for condenado a conforme prevê o art. 55, VI, § 2º, da CF/88.
uma pena em regime aberto ou semiaberto: a
condenação criminal não gera a perda automática do Assim, mesmo com a condenação criminal, quem
cargo. O Plenário da Câmara ou do Senado irá decide se haverá a perda do mandato é a Câmara dos
deliberar, nos termos do art. 55, § 2º, se o condenado Deputados ou o Senado Federal. STF. 2ª Turma. AP
deverá ou não perder o mandato. STF. 1ª Turma. AP 996, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/05/2018
694/MT, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 2/5/2017 (obs: o Relator Edson Fachin ficou vencido neste
(Info 863). STF. 1ª Turma. AP 968/SP, Rel. Min. Luiz ponto).
Fux, julgado em 22/5/2018 (Info 903).

4 INFORMAÇÕES ADICIONAIS DE PODER LEGISLATIVO

PODER: pode significar soberania (todo o poder emana do povo), órgão (são poderes da União o
Legislativo, o Executivo, o Judiciário) e função (O Poder Legislativo, Executivo etc).

O PODER LEGISLATIVO. UNIDADE E DUALIDADE DE CÂMARAS.

Estrutura e funcionamento: opera por meio do Congresso Nacional, que é bicameral (Câmara e Senado).

BICAMERALISMO: o bicameralismo é uma característica da federação, pois é necessária a instalação de


um órgão representativo dos Estados. Apesar de ser uma característica da federação, nem sempre é o reflexo de
um federalismo. Ex: Inglaterra (Estado Unitário) – câmara dos lordes e câmara dos comuns. Saliento que o
72
bicameralismo é só federal, diferentemente dos Estados e Municípios, onde é consagrado o unicameralismo (CF,
arts. 27, 29 e 32).

DIREITO POSITIVO BRASILEIRO

O poder é um só e emana do povo. Existem funções do Estado que são identificadas desde de
Aristóteles: Função legislativa (fazer a lei / INOVAR A ORDEM JURÍDICA / ELABORANDO AS NORMAS JURÍDICAS),
função executiva e função judiciária (aplicação das leis para a solução dos conflitos). MONTESQUIEU trabalhou a
tripartição de funções em uma tripartição orgânica, para garantir a não-cumulação de poder num órgão.

A Constituição Federal normatizou em seu art. 2º o Princípio da Separação de Poderes – ou, como quer
parte da doutrina, separação das funções a cargo do Estado – estabelecendo a independência e harmonia entre
os Poderes. O próprio legislador constituinte atribuiu diversas funções a todos os poderes, sem, contudo,
caracterizá-las com exclusividade absoluta. Assim, cada um dos poderes possui uma função predominante ou
típica, que o caracteriza como detentor de parcela da soberania estatal, além de outras funções previstas no
próprio texto constitucional.

O Legislativo tem duas funções típicas:

a) inovação da ordem jurídica (legislar);

b) fiscalização: que pode ser de duas formas: POLÍTICO-ADMINISTRATIVA e ECONÔMICA-


ORÇAMENTÁRIA.

São funções atípicas administrar e julgar, a exemplo da contratação de pessoal e julgamento do


Presidente da República por crime de responsabilidade, respectivamente. Com o advento da E.C. n.º 32/01, o
Poder Legislativo Federal passou também a realizar controle de constitucionalidade repressivo de medidas
provisórias, nos termos do art. 62, § 5º, da Constituição, introduzido por aquela Emenda. Mas, sob certo
aspecto, tal atribuição está incluída na função típica de legislar, já que o STF classifica o controle de
constitucionalidade como atividade legislativa negativa.

O Poder Legislativo Federal é bicameral, e exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara
dos Deputados (Baixa Câmara) e do Senado Federal (Alta Câmara), sem que haja predominância substancial de
uma Câmara sobre a outra, sem embargo das críticas quanto ao impróprio papel reservado à Câmara dos
Deputados, de dar a palavra final nas matérias mais importantes, que são as iniciadas pelo Presidente da
República, STF e Tribunais Superiores, conforme art. 64.
73
Já os poderes legislativos estaduais, distritais e municipais são unicamerais.

Câmara: sistema proporcional. 513 deputados federais. Mínimo de 8 e máximo de 70 por Estado.
Território tem 4 deputados federais. Idade mínima: 21 anos.

Senado: sistema majoritário. 81 senadores. 3 senadores por Estado. Mandato de 8 anos, renovação de
1/3 e 2/3, de 4 em 4 anos. Idade mínima de 35 anos.

5 ORGANIZAÇÃO E ATRIBUIÇÕES

ESFERA FEDERAL

Congresso Nacional = Senado Federal (representante dos Estados) e Câmara dos Deputados
(representante do povo)

ESFERA ESTADUAL E DISTRITAL

Assembleia Legislativa ou Câmara Legislativa (DF)11

ESFERA MUNICIPAL

Câmara de Vereadores

*#OUSESABER: Pode-se determinar no Estado a possibilidade de recondução dos membros da mesa da


Assembleia Legislativa na eleição subsequente?

Nos termos do art. 57, §4º, na eleição das mesas do Congresso Nacional, é vedada a recondução para o mesmo
cargo de seus membros na eleição subsequente. No entanto, tal dispositivo não é de reprodução obrigatória
para os Estados-Membros, pois não constitui um princípio constitucional estabelecido, já que não se trata de um
preceito sensível à organização dos Poderes do Estado. Deste modo, de acordo com o STF, em julgamento da
ADI 2.371-MC, de Rel. Min. Moreira Alves, tal competência se encontra inserida na capacidade de auto-

11
*A atuação da Procuradoria da Assembleia Legislativa deve ficar limitada à defesa das prerrogativas inerentes ao Poder
Legislativo. Em outras palavras, é possível a existência de Procuradoria da Assembleia Legislativa, mas este órgão ficará
responsável apenas pela defesa das prerrogativas do Poder Legislativo A representação estadual como um todo,
independentemente do Poder, compete à Procuradoria-Geral do Estado (PGE), tendo em conta o princípio da unicidade
institucional da representação judicial e da consultoria jurídica para Estados e Distrito Federal. No entanto, às vezes, há
conflito entre os Poderes. Ex: o Poder Legislativo cobra do Poder Executivo o repasse de um valor que ele entende devido e
que não foi feito. Nestes casos, é possível, em tese a propositura de ação judicial pela Assembleia Legislativa e quem irá
representar judicialmente o órgão será a Procuradoria da ALE. STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 25/10/2018 (Info 921).
74
organização conferida aos estados federados.

(*) ATUALIZADO EM 11/03/2022: IMPORTANTE. TEMA JÁ APRECIADO NO INFO 1030. Constituições estaduais
podem prever a reeleição de membros das mesas diretoras das assembleias legislativas para mandatos
consecutivos, mas essa recondução é limitada a uma única vez.
1.O art. 57, § 4º, da CF, não é norma de reprodução obrigatória por parte dos Estados- membros.
2. É inconstitucional a reeleição em número ilimitado, para mandatos consecutivos, dos membros das Mesas
Diretoras das Assembleias Legislativas Estaduais para os mesmos cargos que ocupam, sendo-lhes permitida uma
única recondução. STF. Plenário. ADI 6720/AL, ADI 6721/RJ e ADI 6722/RO, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados
em 24/9/2021 (Info 1031).

*(Atualizado em 27/01/2023) #DEOLHONAJURIS - (i) a eleição dos membros das Mesas das Assembleias
Legislativas estaduais deve observar o limite de uma única reeleição ou recondução, limite cuja observância
independe de os mandatos consecutivos referirem-se à mesma legislatura; (ii) a vedação à reeleição ou
recondução aplica-se somente para o mesmo cargo da mesa diretora, não impedindo que membro da mesa
anterior se mantenha no órgão de direção, desde que em cargo distinto; (iii) o limite de uma única reeleição ou
recondução, acima veiculado, deve orientar a formação da Mesa da Assembleia Legislativa no período posterior
à data de publicação da ata de julgamento da ADI 6.524, de modo que não serão consideradas, para fins de
inelegibilidade, as composições eleitas antes de 7.1.2021, salvo se configurada a antecipação fraudulenta das
eleições como burla ao entendimento do Supremo Tribunal Federal. ADI 6688/PR, ADI 6698/MS, ADI 6714/PR,
ADI 7016/MS, relator Ministro Gilmar Mendes, julgamento finalizado em 7.12.2022. ADI 6683/AP, ADI 6686/PE,
ADI 6687/PI, ADI 6711/PI, relator Ministro Nunes Marques, julgamento finalizado em 7.12.2022. (Info 1079 -
STF)

*(Atualizado em 28/02/2021) #DEOLHONAJURIS Não é possível a recondução dos presidentes das casas
legislativas para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente, dentro da mesma legislatura, sendo
permitido em caso de nova legislatura. Não é possível a recondução dos Presidentes da Câmara dos Deputados
e do Senado Federal para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente, dentro da mesma legislatura.
Por outro lado, é possível a reeleição dos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal em caso
de nova legislatura. Ex: o mandato de Presidente da Câmara e de Presidente do Senado é de 2 anos. Cada
legislatura tem a duração de 4 anos. Imagine que João foi eleito Deputado Federal para a legislatura de 2013 a
2016. Suponhamos que ele foi escolhido para ser Presidente da Câmara no período de 2013-2014. Significa que
João não poderá ser reeleito como Presidente da Câmara para o biênio de 2015-2016. Isso porque seria uma
reeleição dentro da mesma legislatura. Ex2: Pedro foi eleito Deputado Federal para a legislatura de 2013 a 2016.
Suponhamos que ele foi escolhido para ser Presidente da Câmara no período de 2015-2016. Em 2016, ele foi
reeleito Deputado Federal para a legislatura de 2017 a 2020. Significa que Pedro poderá ser novamente
Presidente da Câmara para no biênio de 2017-2018. Isso porque seria uma reeleição para nova legislatura. O
75
fundamento para isso está no art. 57, § 4º da CF/88: § 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões
preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e
eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na
eleição imediatamente subsequente. Havia uma tentativa de se dar interpretação conforme e dizer que o § 4º
do art. 57 da CF/88 foi derrogado pela Emenda Constitucional nº 16/97, que permitiu uma reeleição para os
cargos do Poder Executivo. O STF, contudo, não concordou com a alegação e manteve a literalidade do art. 57, §
4º. STF. Plenário. ADI 6524, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/12/2020 (Info 1003).

*(Atualizado em 11/12/2021): É permitida apenas uma reeleição (ou recondução) sucessiva ao mesmo cargo da
mesa diretora de assembleia legislativa estadual, independentemente de os mandatos consecutivos se
referirem à mesma legislatura. Teses fixadas pelo STF:

I) a eleição dos membros das mesas das assembleias legislativas estaduais deve observar o limite de uma única
reeleição ou recondução, limite cuja observância independe de os mandatos consecutivos referirem-se à mesma
legislatura;

II) a vedação à reeleição ou recondução aplica-se somente para o mesmo cargo da mesa diretora, não
impedindo que membro da mesa anterior se mantenha no órgão de direção, desde que em cargo distinto; e

III) o limite de uma única reeleição ou recondução, acima veiculado, deve orientar a formação das mesas das
assembleias legislativas que foram eleitas após a publicação do acórdão da ADI 6.524, mantendo-se inalterados
os atos anteriores. STF. Plenário. ADI 6684/ES, ADI 6707/ES, ADI 6709/TO e ADI 6710/SE, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/9/2021 (Info 1030).

5.1 CONGRESSO NACIONAL

Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal.

Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos.

LEGISLATURA: o Congresso Nacional atua de quatro em quatro anos, em períodos determinados


legislaturas (a atual legislatura se iniciou em 01 de fevereiro de 2011, com a posse dos novos deputados e
senadores, e se encerrará no dia 31 de janeiro de 2015). Esse período de quatro anos (legislatura), compreende
quatro sessões legislativas ordinárias.

Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em
76
cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.
§ 1º - O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será
estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no
ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de
setenta Deputados.
§ 2º - Cada Território elegerá quatro Deputados.

5.1.1 Destaques Câmara dos Deputados

 Representantes do povo;

 Eleitos proporcionalmente à população de cada Estado (sistema representativo proporcional a


partir da definição do quociente partidário para cada Partido ou coligação, que resulta da divisão do
número de votos válidos dados sob a mesma legenda ou coligação, que resulta da divisão do número de
votos válidos dados sob a mesma legenda ou coligação de legendas (desprezada a fração) pelo
quociente eleitoral).

 Quociente eleitoral: é determinado dividindo-se o número de votos válidos apurados pelo de


lugares a preencher em cada circunscrição eleitoral (desprezada a fração se igual ou inferior a meio,
equivalente a um, se superior).

 A Lei Complementar 78/93, que disciplina a fixação do número de deputados, estabeleceu que o
número de deputados federais não ultrapassará 513 (quinhentos e treze) representantes. Esse número
deve ser distribuído por Estado e pelo Distrito Federal, proporcional à sua população, cujos dados
devem ser fornecidos pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no ano anterior às
eleições, para a atualização estatística demográficadas unidades da Federação.

 Deputados Federais devem ser maiores de 21 anos; nenhum Estado ou DF terá menos de 8 ou
mais de70 deputados.

Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o
princípio majoritário.

§ 1º - Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.
77
§ 2º - A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos,
alternadamente, por um e dois terços.

§ 3º - Cada Senador será eleito com dois suplentes.

5.1.2 Destaques Senado

 Representantes dos Estados e DF;

 Sua existência se deve à forma federativa de Estado, em face da necessidade de, nos Estados
Federais, as ordens políticas regionais (os Estados-membros e o DF) serem representados no órgão
legislativo do governo central (União).

 São 03 senadores por Estado ou DF (eleito com 2 suplentes), independe da população;

 Mandatos de 8 anos; a cada 4 anos renova-se 1/3 e 2/3, alternadamente.

Na Câmara dos Deputados vige o princípio proporcional porque a quantidade de deputados varia de
acordo com a população dos Estados. Já Senadores têm número fixo.

Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão
tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.

Quórum para deliberações: as deliberações de cada Casa ou do Congresso serão tomadas por maioria
de votos, presente a maioria de seus membros, salvo disposição constitucional em contrário (art. 47). Em casos
expressos, a Constituição contempla hipóteses de deliberação por maioria absoluta (lei complementar, veto
etc.), por três quintos dos membros da Casa (emenda constitucional), por dois terços dos membros da Casa
(autorização, pela Câmara, de processo contra o Presidente da República, Vice-Presidente e Ministros de Estado;
condenação, pelo Senado, do Presidente da República e outras autoridades, por crime de responsabilidade).
Maioria absoluta é mais da metade dos membros, constitui-se a partir do primeiro número inteiro acima da
metade, sendo erro considerá-la como metade mais um.

ESQUEMATIZANDO

Maioria Simples 50% + 1 dos presentes (quórum para aprovação das deliberações, via de
78
regra).
50% + 1 do número total de membros (quórum exigido para a realização das
Maioria Absoluta deliberações, bem como aprovação de determinadas matérias, como lei
complementar).
Exige-se um quórum acima de 50% + 1 do total de membros. Ex. 3/5 (60%)
para a aprovação de emendas ou 2/3 (66,6%) da Câmara dos Deputados para
Maioria Qualificada
autorizar a instauração de processo contra o Presidente da República, o Vice,
ou os Ministros de Estado.

Esse dispositivo regula o quorum inicial dos trabalhos: somente com maioria absoluta dos seus
membros poder-se-á iniciar os trabalhos, com um número menor, não pode haver sessão. Por simetria
constitucional essa regra se aplica ao Legislativo Estadual e Municipal. Se a sessão começar com o quorum certo
e no meio saírem os parlamentares, ela será derrubada, encerrando-se os trabalhos. Podem existir sessões
somente de pronunciamento, nas quais não há exigência de quorum.

A regra de aprovação é de MAIORIA SIMPLES ou MAIORIA RELATIVA, que é a maioria dos PRESENTES.
Assim, não tem um número fixo (a MAIORIA ABSOLUTA sempre tem um número fixo). Mas pelo texto
constitucional há previsões excepcionais:

A) LEI COMPLEMENTAR e QUEBRA DA GARANTIA DA MAGISTRATURA:

Artigo 69. Somente será aprovada por MAIORIA ABSOLUTA;

B) EMENDA CONSTITUCIONAL:

Maioria de 3/5 = 60% (não é o maior quórum constitucional legislativo.

C) IMPEACHMENT e APROVAÇÃO DAS LEIS ORGÂNICAS MUNICIPAIS:

Artigo 29 = quórum de deliberação legislativa: 2/3 = 66%.

5.1.3 ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL

O Congresso Nacional não faz só leis. José Afonso da Silva divide as atividades em cinco grupos:

a) Atribuições legislativas;
79

b) Atribuições meramente deliberativas;

c) Atribuições de fiscalização e controle;

d) Atribuições de julgamento de crimes de responsabilidade;

e) Atribuições constituintes.

ATRIBUIÇÕES LEGISLATIVAS: fazer as leis, de acordo com a competência, em observância ao


processo legislativo e com a sanção do Presidente da República. Art. 48.

ATRIBUIÇÕES MERAMENTE ADMINISTRATIVAS: através de decretos legislativos ou


resoluções. Consiste na prática de atos concretos, resoluções referendárias, autorizações, aprovações, sustação
de atos, fixação de situações e julgamento técnico. Estão no art. 49. Não há participação do Presidente da
República.

ATRIBUIÇÕES DE FISCALIZAÇÃO E CONTROLE: através de vários procedimentos, tais como:

1) pedidos de informação, por escrito, encaminhados pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal aos Ministros de Estado ou a quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à
Presidência da República, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não-atendimento no
prazo de trinta dias, bem como declarações falsas;

2) comissões parlamentares de inquérito ;

3) controle externo, com o auxílio do Tribunal de Contas e da Comissão mista permanente a qual
se refere o art. 166, §1º, e que compreende todas as atribuições contidas nos arts. 71 e 72 da
Constituição (Seção IX, da Fiscalização contábil, financeira e orçamentária), culminando com o
julgamento das contas prestadas anualmente pelo Presidente da República;

4) fiscalização e controle dos atos do Poder Executivo , incluídos os da administração indireta (art.
49, X); e

5) tomada de contas pela Câmara dos Deputados , quando o Presidente não as prestar no prazo de
sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, ou seja, até 15 de abril (arts. 51, II, e 84, XXIV).
80
ATRIBUIÇÕES DE JULGAMENTO DE CRIMES DE RESPONSABILIDADE: no julgamento do
Presidente e Vice-Presidente da República, dos Ministros de Estado e Comandantes da Marinha, do Exército e
da Aeronáutica (nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles), a Câmara dos Deputados funciona como
órgão de admissibilidade do processo e o Senado Federal como tribunal político, sob a presidência do
Presidente do Supremo Tribunal Federal. O Senado Federal julga também (sem o prévio juízo de admissibilidade
pela Câmara dos Deputados) os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de
Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da
União.

#OBS: a autorização da Câmara, como condição de procedibilidade, em relação aos Ministros de Estado, se
limita aos crimes comuns e de responsabilidade CONEXOS com os da mesma natureza imputados ao Presidente
da República. Quando os crimes não forem conexos com os imputados ao Presidente da República, os Ministros
de Estado podem ser processados por eles independentemente de autorização da Casa Popular. Assim, sendo
autônomos (não conexos), devem ser processados e julgados pelo Supremo Tribunal Federal.

ATRIBUIÇÕES CONSTITUINTES: compreende emendas à Constituição.

Os artigos 48, 49, 50, 51 e 52 estão interligados.

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o
especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente
sobre: (COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DA UNIÃO).

I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;


II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e
emissões de curso forçado;
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;
V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União;
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas
Assembléias Legislativas;
VII - transferência temporária da sede do Governo Federal;
VIII - concessão de anistia;
IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos
Territórios e organização judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 69, de 2012)
X – criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o
81
art. 84, VI, b; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)
XII - telecomunicações e radiodifusão;
XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações;
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal.
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, por lei de iniciativa conjunta dos
Presidentes da República, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal,
observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, §
4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

Os artigos 49, 51 e 52 tratam de atos interna corporis que regulam competências não somente
legislativas, mas também administrativas (executivas) e julgadoras.

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: (ATOS INTERNA CORPORIS).

I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou
compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei
complementar;
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência
exceder a quinze dias;
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer
uma dessas medidas;
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de
delegação legislativa;
VI - mudar temporariamente sua sede;
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37,
XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado
o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a
82
execução dos planos de governo;
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os
da administração indireta;
XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes;
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão;
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra
de riquezas minerais;
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e
quinhentos hectares.

Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar
Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para
prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, importando crime de
responsabilidade a ausência sem justificação adequada. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão
nº 2, de 1994).

§ 1º - Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer
de suas Comissões, por sua iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa respectiva, para expor assunto de
relevância de seu Ministério.

§ 2º - As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar pedidos escritos de
informações a Ministros de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste artigo, importando em
crime de responsabilidade a recusa, ou o não - atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação
de informações falsas. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 2, de 1994).

5.1.4 Câmara dos Deputados

Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: (ATOS INTERNA CORPORIS)

I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-
Presidente da República e os Ministros de Estado; (PROCESSO CRIMINAL COMUM OU DE RESPONSABILIDADE,
que não tem natureza criminal é de natureza-político administrativa) (IMUNIDADE FORMAL).
83

#OUSESABER: A imunidade formal prevista no art. 51, I, e no art. 86, caput, da CF/88 não se estende para os
codenunciados que não se encontrem investidos nos cargos de Presidente da República, Vice-Presidente da
República e Ministro de Estado. Certo ou errado?
CERTO! A imunidade formal prevista no art. 51, I, e no art. 86, caput, da CF/88 não se estende para os
codenunciados que não se encontrem investidos nos cargos de Presidente da República, Vice-Presidente da
República e Ministro de Estado. A finalidade dessa imunidade é proteger o exercício regular dos cargos de
Presidente (e Vice) da República e de Ministro de Estado, razão pela qual não é extensível a codenunciados que
não se encontrem investidos em tais funções. STF. Plenário. Inq 4483 AgR-segundo/DF e Inq 4327 AgR-
segundo/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgados em 14 e 19/12/2017 (Info 888).

Assim, de acordo com o STF, o regime de imunidades previsto na Constituição Federal, por se tratar de exceção
à norma de responsabilização por atos que afrontem regras dispostas no ordenamento jurídico positivo, não
admite interpretação extensiva, sendo legítima a incidência apenas nas restritas hipóteses elencadas pelo Poder
Constituinte. Portanto, se a Câmara dos Deputados impede o processamento da denúncia, isso vale,
exclusivamente, com relação ao Presidente da República, ao Vice-Presidente e aos Ministros de Estado
denunciados, sendo inviável a extensão dos efeitos de tal decisão, de natureza eminentemente política, a outras
pessoas que não se encontrem investidas nos referidos cargos. Além disso, a jurisprudência do STF é no sentido
de que, como regra, deverá haver o desmembramento dos processos quando houver corréus sem prerrogativa.
Apenas excepcionalmente será admitido que o STF julgue pessoas sem foro privativo, quando ficar demonstrado
que o julgamento em separado possa causar prejuízo relevante à prestação jurisdicional. No caso concreto, não
se verificou qualquer prejuízo no desmembramento dos autos em relação aos não detentores de foro por
prerrogativa de função no STF.

II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso


Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;

III - elaborar seu regimento interno;

IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos,
empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os
parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998).

V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.


84
O termo PRIVATIVO aqui não admite delegação. A Constituição Federal não foi precisa, no aspecto
semântico, quando utilizou o referido termo.

5.1.5 Senado Federal

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: (ATOS INTERNA CORPORIS)


I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como
os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma
natureza conexos com aqueles; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99).

II -processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça
e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União
nos crimes de responsabilidade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).

III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de:
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;
c) Governador de Território;
d) Presidente e diretores do Banco Central;
e) Procurador-Geral da República;
f) titulares de outros cargos que a lei determinar;

IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão
diplomática de caráter permanente; (EMBAIXADOR E CÔNSUL).

V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios e dos Municípios;

VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder
Público federal;

VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo
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e interno;

IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios;

X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do
Supremo Tribunal Federal;

XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República
antes do término de seu mandato;

XII - elaborar seu regimento interno;

XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos,
empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os
parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998).

XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus


componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos
Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003).

Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal
Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal,
à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais
sanções judiciais cabíveis.

Nos crimes de responsabilidade, não pode ser decretada a prisão preventiva do chefe do poder
executivo:

1) Não têm natureza criminal; e

2) Nem no julgamento final há condenação à pena privativa de liberdade.


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*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: A Resolução 33/2006, do Senado Federal, autorizou que os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios transferissem a cobrança de suas dívidas ativas, por meio de endossos-
mandatos, a instituições financeiras. Essa Resolução foi editada sob o fundamento de que estaria tratando sobre
operações de crédito, nos termos do art. 52, VII, da CF/88: Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
(...) VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder
Público federal. O STF julgou inconstitucional essa Resolução porque a cessão a instituições financeiras, por
endosso-mandato, de valores inscritos em dívida ativa estatal não pode ser enquadrada no conceito de
operação de crédito (art. 29, III, da LC 101/2000). Não há, portanto, correspondência entre o conceito de
operação de crédito da LRF e a “cessão” disciplinada pela Resolução nº 33/2006. A alteração na forma de
cobrança da dívida ativa (seja ela tributária ou não-tributária) exige lei em sentido estrito, de modo que não
pode o Senado Federal disciplinar a matéria por meio de resolução. STF. Plenário. ADI 3786/DF e ADI 3845/DF,
Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgados em 3/10/2019 (Info 954).

6 DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVOS
Constituição Federal Art. 44 a 58

7 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

- Direito constitucional esquematizado® - Pedro Lenza. – 19. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo: Saraiva,
2015);

- Anotações de aula;

- Informativos do site Dizer o Direito

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