Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PODER LEGISLATIVO
2
SUMÁRIO
PODER LEGISLATIVO
A primeira constituição que tratou da CPI foi a CF/1934. Todas trataram de CPI exceto a CF/1937. As
CPI’s também são função típica do Poder Legislativo. É o controle parlamentar stricto sensu.
- Objetivo:
Ajudar na tarefa legiferante. Quando a CPI faz uma investigação, ela colhe informações que
ajudam a elaboração de leis que possam evitar esses tipos de comportamento. Trazer informações relevantes
para que o poder legislativo possa exercer sua função de forma mais eficaz.
Informar a opinião pública. Fazer com que a população tome conhecimento de certos fatos.
SIM! Restrição nesse sentido encontra-se estabelecida no texto do Regimento Interno da Câmara dos
Deputados. O STF já se manifestou expressamente acerca do dispositivo, ratificando a sua
CONSTITUCIONALIDADE. Confira-se a ementa de julgamento:
1
As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
4
interno e dispor sobre sua organização. Tais competências são um poder-dever que permite regular o
exercício de suas atividades constitucionais. 2. Ação direta de inconstitucionalidade julgada
improcedente. (STF, ADI 1.635, Rel. Min. Maurício Corrêa, j. 19.10.2000)
STF - ADI 3619 – determina os requisitos para criação de CPI no âmbito federal (art. 58, §3º) e diz que se
aplicam aos estados, municípios e DF.
§ 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades
judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos
Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de
seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso,
encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
Requisito formal
Vale dizer, as CPIs somente serão criadas por requerimento de, no mínimo, 171 Deputados (1/3 de 513)
e de, também, no mínimo, 27 Senadores (1/3 de 81), em conjunto ou separadamente.
#OBS: No Brasil, a CPI é um direito público subjetivo das minorias. Essa forma de CPI foi criada pela Constituição
de Weimar – 1919. Há países que adotam a CPI como direito das maiorias, exigindo maioria absoluta ou simples
para a criação da maioria. Foi a partir disso que foi descoberto o Mensalão.
É inconstitucional Lei Orgânica ou Constituição Estadual que estabeleça quórum superior ao 1/3, de
acordo com o entendimento do STF, sendo a CPI um instrumento de proteção das minorias parlamentares.
5
No mérito, entendeu-se que a maioria não poderia, sustentando a inobservância do art. 58, §3º, da CF, e
valendo-se de meios regimentais, deslocar, para o Plenário da Câmara dos Deputados, a decisão final sobre a
efetiva criação da CPI, sob pena de se frustrar o direito da minoria à investigação parlamentar. Considerou-se
que, na espécie, o direito da minoria à investigação parlamentar teria sido transgredido e desrespeitado pela
decisão da Presidência da Câmara que admitira o processamento do recurso interposto pelo líder do PT e que,
com o acolhimento desse recurso, o Plenário dessa Casa legislativa acabara por invalidar, de modo
inconstitucional, o Ato da sua Presidência que declarara, formalmente, a criação da CPI em referência, por
corretamente considerar atendidos os requisitos constitucionais previstos no art. 58, §3º, da CF. Afirmou-se
que, reconhecido o atendimento desses requisitos pelo Presidente da Câmara, fica concluído o procedimento
de criação da CPI, sendo incabível o questionamento interno de sua legitimidade. Nesse sentido, asseverou-se
que o próprio Regimento Interno da Câmara dos Deputados, em norma compatível com a referida cláusula
constitucional, estabelece, em seu art. 35, §2º, que, "Recebido o requerimento, o Presidente o mandará à
publicação, desde que satisfeitos os requisitos regimentais; caso contrário, devolvê-lo-á ao Autor, cabendo,
desta decisão, recurso para o Plenário...". MS 26441/DF, rel. Min. Celso de Mello, 25.4.2007. (MS-26441)
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGOS 34, § 1º, E 170, INCISO I, DO REGIMENTO INTERNO DA
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO. COMISÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO. CRIAÇÃO.
DELIBERAÇÃO DO PLÉNARIO DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA. REQUISITO QUE NÃO ENCONTRA RESPALDO NO
TEXTO DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. SIMETRIA. OBSERVÂNCIA COMPULSÓRIA PELOS ESTADOS-MEMBROS.
VIOLAÇÃO DO ARTIGO 58, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL.
1. A Constituição do Brasil assegura a um terço dos membros da Câmara dos Deputados e a um terço dos
membros do Senado Federal a criação da comissão parlamentar de inquérito, deixando, porém ao próprio
parlamento o seu destino.
2. A garantia assegurada a um terço dos membros da Câmara ou do Senado estende-se aos membros das
assembleias legislativas estaduais --- garantia das minorias. O modelo federal de criação e instauração das
comissões parlamentares de inquérito constitui matéria a ser compulsoriamente observada pelas casas
legislativas estaduais.
3. A garantia da instalação da CPI independe de deliberação plenária, seja da Câmara, do Senado ou da
Assembleia Legislativa. Precedentes.
4. Não há razão para a submissão do requerimento de constituição de CPI a qualquer órgão da Assembleia
6
Legislativa. Os requisitos indispensáveis à criação das comissões parlamentares de inquérito estão dispostos,
estritamente, no artigo 58 da CB/88.
5. Pedido julgado procedente para declarar inconstitucional o trecho "só será submetido à discussão e votação
decorridas 24 horas de sua apresentação, e", constante do § 1º do artigo 34, e o inciso I do artigo 170, ambos da
Consolidação do Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. (STF - ADI: 3619 SP ,
Relator: Min. EROS GRAU, Data de Julgamento: 01/08/2006, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJ 20-04-2007
PP-00078 EMENT VOL-02272-01 PP-00127)
#OBS: STF MS 16.441 – a exigência de requerimento de 1/3 dos parlamentares deve ser examinada no
momento do protocolo do pedido perante a Mesada respectiva Casa Legislativa, independentemente de
posterior ratificação. Ou seja, a partir do momento em que o protocolo é feito esse requisito já esta
consolidada. Não se admite a desistência. Não pode retirar a assinatura.
#OBS: Na constituição das mesas e nas comissões é assegurada, tanto quanto possível, a representação
proporcional dos partidos. Na CPI não é diferente. Em sendo preenchidos os requisitos, a CPI sendo um
instrumento das minorias, o STF afirma que sua constituição é obrigatória, devendo o PRESIDENTE DO
PARLAMENTO nomear os representantes. Assim foi decidido pelo STF na CPI dos bingos. Os partidos políticos
não nomearam representantes; assim, dois Senadores impetraram MS para obrigar o Presidente do parlamento
a indicar os representantes para a formação da comissão.
Art. 58 § 1º - Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a
representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa.
De acordo com o art. 35, §1º, do RICD, considera-se fato determinado o acontecimento de relevante
interesse para a vida pública e a ordem constitucional, legal, econômica e social do País, que estiver
7
devidamente caracterizado no requerimento de constituição da Comissão, não podendo, portanto, a CPI ser
instaurada para apurar fato exclusivamente privado ou de caráter pessoal.
O STF permite que uma única CPI analise FATOS DETERMINADOS (no plural), assim, mais do que um fato
determinado pode ser investigado. EXEMPLO: CPI do Judiciário teve vários fatos determinados.
#OBS: fato conexo basta aditamento. Fato novo – requisito formal de iniciativa (1/3).
A CPI nada mais é que uma comissão criada no âmbito de uma das casas, ou em ambas. Deste modo, ela
não pode extrapolar os limites da competência do Congresso Nacional, que se circunscreve a assuntos de
interesse geral (de todo o Estado brasileiro) ou interesse específico da União (não atingem Estados ou
Municípios). A CPI não pode investigar fatos de interesse exclusivo dos Estados nem dos Municípios. Caso o faça,
estará violando o princípio federativo.
CPI não pode investigar fatos de interesse exclusivamente privado. A existência de interesse público é
obrigatória. Mas então, quem pode ser investigado pela CPI? O Poder Executivo, pessoas físicas e jurídicas,
órgãos e instituições ligados à gestão da coisa pública ou que, de alguma forma, tenham que prestar contas
sobre bens e valores públicos. O particular pode sim ser investigado, desde que tenha um interesse público
envolvido. O que determina é o fato ter interesse público ou exclusivamente privado e não a pessoa.
Diante de um mesmo fato, pode ser criada CPI na Câmara e também no Senado Federal, ou, ainda, a
investigação poderá ser conduzida pelo Judiciário, por outros órgãos ou, até, por CPIs nos
outrosentesfederativos,sehouverinteressecomum,devendocadaqualatuarnos limites de sua competência.
O fato determinado objeto da CPI tem que ter uma relação com a Casa que está apurando, ou seja, deve
estar dentre as atribuições da Casa Legislativa, que estejam estabelecidas na CF.
As pessoas podem ser insurgir contra as deliberações e decisões da CPI por meio de MS ou HC.
Competência para MS ou HC:STF pois CPI é do Congresso Nacional art. 102 I d e c art. 5º XXXV CF . Na esfera
estadual, o competente é o TJ. Na esfera municipal, o competente é o juiz.
8
#ATENÇÃO #OBSERVAÇÃO:
Suas conclusões serão, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade
civil ou criminal dos infratores. As decisões da CPI são definitivas, de modo que sua executoriedade independe
de aprovação de outro órgão.
Assim, em face da imprecisão legislativa há necessidade de definição de dois pontos básicos na atuação das
CPIs: amplitude de seu corpo de atuação e limites de seu poder investigatório.
Conclusão
A CPI conclui o inquérito parlamentar, mas não pode condenar. Os documentos sigilosos não podem ser
divulgados (assim como o MP, o juiz, a autoridade policial). Devem ficar em sigilo até o trânsito em julgado da
sentença condenatória. Nesse ponto a CPI tem poder maior do que o da autoridade policial, já que podem no
relatório divulgar os dados sigilosos.
O relatório final, a conclusão e as decisões instrutórias são tomadas por todos os membros da CPI, isso é
a aplicação do PRINCÍPIO DO COLEGIADO, não será o presidente que irá tomar a decisão. As finalidades do
relatório enviado ao MP são: apurar responsabilidade civil (improbidade) e penal (ação penal).
O MP não está vinculado ao relatório da CPI, ele tem independência funcional. O MP tem o prazo de 30,
nos termos da Lei 10.001/00, para se posicionar em relação ao relatório recebido. A Lei 10.001/00 também
dispõe sobre a prioridade dos procedimentos do MP originados de CPI, que passará a ter prioridade sobre todo
o trabalho do MP.
A CPI tem que passar ao MP somente os documentos que julgue relevantes. Há caso atual em que a CPI
se recusou a mandar os documentos para o MP e para o juiz os documentos requeridos pelo Judiciário. A Lei
1579/52 dispõe sobre CPI. A LC 105/01 também é importante para a verificação da quebra de sigilos.
Outra consequência do término da CPI reside na possibilidade de apresentação de projeto de lei ( artigo
61, CF). Igualmente, a CPI pode fazer recomendações para adoção de medidas fiscalizadoras.
Pode haver várias prorrogações, mas nunca poderá ultrapassar uma legislatura. ATENÇÃO. Em 2015
começa uma nova legislatura. Se começou em 2014 tem que acabar no final do 2014. Ela não pode passar de
uma legislatura a outra.
CD – RICD art. 35, §3º - prazo de 120 dias, prorrogável por 60 dias (deliberação do Pleno).
Congresso Nacional - não há previsão no RI. Aplica lei 1579/52, que foi parcialmente
recepcionada pela CF/88.
Art. 5º, §2º - a incumbência da CPI termina com a sessão legislativa, em que tiver sido outorgada, salvo
deliberação da respectiva Câmara prorrogando- a dentro da legislatura em curso.
- legislatura – 4 anos.
#IMPORTANTE #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
Observe-se, também, a possibilidade de instauração de CPIs simultâneas dentro de uma mesma Casa, sendo
que o Regimento Interno da Câmara dos Deputados, no seu art. 35, §4º, determinou o limite de 5, restrição esta
declarada constitucional pelo STF por estar em consonância com os incs. III e IV do art. 51, CF/88, que conferem
à Câmara “a prerrogativa de elaborar o seu regimento interno e dispor sobre sua organização. Tais
competências são um poder-dever que permite regular o exercício de suas atividades constitucionais ” (ADI
1.635, Rel. Min. Maurício Corrêa, j. 19.10.2000).
Embora sejam amplos, encontram restrições nos direitos e garantias fundamentais previstos na CF.
Aquilo que o juiz não pode a CPI também não pode.
Natureza? São considerados poderes de natureza instrumental. Servem como instrumento para que as
funções típicas possam ser realizadas de maneira mais eficaz.
Deve ser entendido como PODERES DE INSTRUÇÃO PROCESSUAL PRÓPRIOS DAS AUTORIDADES
JUDICIAIS. (inclusive, a Lei 9034/95 (Organizações Criminosas) teve o seu artigo 3º tido por inconstitucional pelo
STF, porque o juiz não investiga). O JUIZ TEM PODERES DE INSTRUÇÃO.
Poderes
A) Prender em flagrante por falso testemunho a testemunha. O investigado NÃO, pois não é
testemunha. A testemunha tem o direito de se calar no que possa produzir prova contra si, como direito
a não autoincriminação.
B) Prender em flagrante por desacato à autoridade. EXEMPLO: dar um tapa na cara do membro da
CPI.
Todos estão obrigados a depor na CPI, mas algumas autoridades podem marcar hora, dia e local, desde
que razoáveis, a CPI oferta 03 datas e horários e a autoridade escolhe).
#ATENÇÃO: Parlamentares - Se não for, significa quebra de decoro parlamentar, nos termos do art. 53, §6. Se
ele comparecer ele não está obrigado a prestar informações que tenha recebido em razão do mandato. Esse
não é um privilégio apenas dos parlamentares. No exercício de qualquer profissão.
§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas
em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações .
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) .
Índio? HC 80.240 – tem que ser ouvido dentro de sua reserva, acompanhado por representante da
FUNAI e antropólogo que tivesse conhecimento de sua cultura.
Sim Não
Ministros Gilmar Mendes e Celso de Mello Ministros Edson Fachin e Cármen Lúcia
O comparecimento do investigado perante a CPI para O comparecimento do investigado perante a CPI para
ser ouvido é facultativo. Cabe a ele decidir se irá ou não ser ouvido é compulsório. Ele tem que comparecer.
comparecer. Se decidir comparecer, ele terá direito: a) No entanto, chegando lá, o investigado tem direito: a)
ao silêncio; b) à assistência de advogado; c) de não ao silêncio; b) à assistência de advogado; c) de não
prestar compromisso de dizer a verdade; d) de não prestar compromisso de dizer a verdade; d) de não
sofrer constrangimentos. sofrer constrangimentos.
Caso o investigado não compareça, a CPI não pode Caso o investigado não compareça, a CPI poderia
determinar a sua condução coercitiva. Aplica-se para as determinar a sua condução coercitiva.
CPIs o mesmo entendimento da ADPF 395/DF.
Desse modo, tivemos dois votos favoráveis à tese de que o paciente não estava obrigado a comparecer à CPI e
dois votos contrários. Em caso de empate, prevalece a decisão mais favorável ao paciente. Assim, a 2ª Turma
do STF concedeu a ordem de habeas corpus para transformar a compulsoriedade de comparecimento em
facultatividade e deixar a cargo do paciente a decisão de comparecer ou não à Câmara dos Deputados, perante
a CPI, para ser ouvido na condição de investigado. STF. 2ª Turma. HC 171438/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado 28/5/2019 (Info 942). #IMPORTANTE
12
H) Realização de exames periciais
#OBS: As decisões da CPI que interferem no âmbito de proteção de direitos individuais devem ser
fundamentadas de maneira adequada, sendo que esta deve ser ainda contemporânea à decisão. Ou seja, exige-
se a fundamentação e para ela ser considerada válida ela tem que preencher dois requisitos: 1. A
fundamentação tem que ser feita no momento em que a decisão é tomada. 2. Ser adequada. Alegações
genéricas não servem de fundamentação. Não precisa ser tão complexa como uma decisão judicial, mas tem
que apontar as razões que justificam a decisão. PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE
O inquérito parlamentar, produzido por qualquer CPI, pode coexistir com inquéritos policiais ou
processos judiciais em curso (MS 23639).O PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE condiciona a eficácia das deliberações
de qualquer comissão parlamentar de inquérito, especialmente em tema de quebra de sigilo bancário. (MS
23669).
A CPI tem outros poderes previstos nos regimentos internos da respectiva Casa, entretanto, esses
poderes não podem violar a reserva de jurisdição.
HC 80089 = juiz não pode ser convocado pela CPI para explicar a sua sentença, ingerência de um poder
em outro.
Toda decisão da CPI deve ser fundamentada – analogia ao 93, IX CF ( INF 216, 243 E 239)
Não há necessidade de devido processo legal ou contraditório, pois o intuito é investigatório e não
acusatório (o art. 5º LIV CF fala que ninguém será privado de liberdade ou bens sem o devido processo legal – o
art. 5º LV afirma que aos litigantes e aos acusados em geral devem ser assegurados contraditório em ampla
defesa) na CPI não há litigantes e nem acusados, o cunho é meramente investigatório.
Convém destacar o §1º do art. 4º da LC nº 105/2001, ao estabelecer que as CPIs, no exercício de sua
competência constitucional e legal de ampla investigação, obterão as informações e os documentos sigilosos de
que necessitarem, diretamente das instituições financeiras ou por intermédio do Banco Central do Brasil ou da
Comissão de Valores Mobiliários, devendo referidas solicitações ser previamente aprovadas pelo Plenário da
Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Plenário de suas respectivas comissões parlamentares de
inquérito.
A CPI não tem poderes para investigar atos de conteúdo jurisdicional, não podendo, portanto, rever os
fundamentos de uma sentença judicial. Revela-se constitucionalmente lícito, a uma Comissão Parlamentar de
Inquérito, investigar atos de caráter não jurisdicional emanados do Poder Judiciário, de seus integrantes ou de
seus servidores, especialmente se se cuidar de atos, que, por efeito de expressa determinação constitucional, se
exponham à fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Poder Legislativo
(CF, arts. 70 e 71) ou que traduzam comportamentos configuradores de infrações político-administrativas
eventualmente praticadas por Juízes do STF.
* (Atualizado em 28/06/2020) #DEOLHONAJURIS
#ATENÇÃO #IMPORTANTE
A CPI não pode por AUTORIDADE PRÓPRIA, ou seja, sem a integração do Poder Judiciário:
d) Determinar constrição judicial ou medidas assecuratórias (artigo 125, CPP): arresto, seqüestro, hipoteca ou
indisponibilidade de bens.
As decisões judiciais que não tenham natureza jurídica de medida investigatória não podem ser
proferidas pela CPI. EXEMPLO: arresto de bens.
Interceptação telefônica. Art. 5º, XII. É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas,
de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.
Violar domicílio. Art. 5º XI a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante
o dia, por determinação judicial;
Prisão, salvo flagrante delito. Art. 5ª LXI. - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei.
Sigilo imposto a processo judicial. Não há nenhum dispositivo específico. art 5º, X (privacidade), LX (sigilo dos
processos judiciais e publicidade).
#OBS: Os três primeiros poderes foram definidos pelo STF no MS 23.452 VER NO FINAL – decisão pragmática em
matéria de CPI. No caso do processo judicial MS 27.483. CPI dos grampos telefônicos – o Legislativo resolveu
investigar a facilidade com que o Poder Judiciário determinava a interceptação telefônica. Mas a maioria desses
processos estava sob sigilo judicial.
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
assistência da família e de advogado;
Conforme dispõe o Código de Processo Penal Brasileiro (artigos 203, 206 e 208 combinados), a
testemunha não pode se eximir da obrigação de depor, mas, sendo cônjuge de um dos investigados, não é
obrigada a firmar o compromisso de dizer a verdade (Notícias STF, 25.07.2005, em que se pode verificar a
íntegra da decisão).
16
Lembramos, ainda, o dever de a CPI permitir a presença de advogados, exercendo a defesa técnica, com
todas as prerrogativas asseguradas pelo Estatuto da Advocacia.
#OBS: crítica minha: o art. 206 do CPP assegura ao cônjuge o direito de não ser testemunha, salvo quando não
for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.. É opção. Se ele
aceitar não precisa prestar o compromisso.
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
exercício profissional; Padres, advogados, etc.
C) Medidas acautelatórias
Se ela não tem o poder de punir ou acusar, ela não pode adotar medidas para conservar a decisão final,
pois essa decisão final não é dela. MS 23.452. A CPI não possuir poder geral de cautela.
III) Arresto;
V) Hipoteca judiciária.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
EXEMPLO: STF no MS 31.689 – convocação do Governador de Goiás. CPI não pode compelir o Governador a
comparecer (condução coercitiva), pois haveria interferência na autonomia federativa. Isso não significa que ele
não possa ser investigado, se for um assunto que tenha interesse geral. Se o interesse for local não pode ser
investigado.
17
#OBS: MS E HC em razão de CPI. Autoridade coatora é aquela responsável pelo ato ou o Presidente da CPI. Se
não houver uma definição de quem foi o prolator do ato, o MS e o HC podem ser impetrados contra o
Presidente da CPI. Competência do STF.
Segundo o STF, os requisitos para criação das CPIs federais são normas de observância obrigatória:
requerimento de 1/3 (pode ser menor. A finalidade é que seja um instituto da minoria), prazo certo de duração
e fato determinado. O fato a ser apurado tem que ser um fato de interesse do Estado. Não pode ser um
interesse municipal.
Investigados – STJ – CPIs estaduais não têm competência para investigar autoridades com prerrogativa
de foro federal. (AGP 1611/RO). Isso não significa dizer que a CPI não possa investigar fatos, de interesse do
estado, em que essas autoridades estejam envolvidas. Não pode investigar o Governador (Ex. quebra de sigilo,
condução coercitiva), mas pode investigar fato em que ele esteja envolvido.
Poderes? Em regra, são os mesmo. Houve uma ação no STF (ACO 730) em que se questionou a
possibilidade de quebra de sigilo bancário pela CPI estadual. O STF por 6X5 disse que era possível. Ela se referiu
apenas ao sigilo bancário, mas a CPI pode todos aqueles poderes. É porque o caso envolvia só o sigilo bancário.
Hoje, admite-se amplamente a criação de CPI no âmbito municipal. Qual o fundamento? O mesmo
usado para criação da CPI estadual – Princípio da simetria. As divergências que existem é com relação à
extensão dos poderes da CPI municipal.
Fato de interesse local. Nada impede a instauração simultânea de CPI municipal, federal e estadual. O
que não pode é a CPI investigar fatos exclusivos de competência do outro ente. Se envolver os três, os três
podem instaurar.
Poderes? Aqui há controvérsia. Por quê? A CF fala que CPI tem poderes próprios de autoridade judicial,
além de outros previstos no regimento interno. O problema é que não existe Poder Judiciário no município . Por
18
isso STJ entende que a CPI estadual não pode investigar autoridade com foro federal, já que o Poder Judiciário
estadual também não pode. Se a CPI municipal pudesse ter poderes próprios de autoridade judicial, com base
na simetria, estaríamos acrescentando uma competência ao Município. A CF atribui ao município competências
ao legislativo e ao executivo. Por isso, a CPI municipal não tem poderes próprios de autoridade judicial. Tem
somente os poderes presentes no regimento interno, que não pode determinar poderes próprios de autoridade
judicial.
Concordamos com a conclusão, mas o nosso fundamento não é, exclusivamente, o fato de existir um
Judiciário municipal, e sim a situação do Município na Federação, especialmente por não ter representação no
Senado Federal.
Há algumas decisões no sentido da doutrina majoritária - anterior a 1988 (não houve mudança para que
se decidisse de outra forma): STF RE 96.049 (não admitiu condução coercitiva de pessoa para prestar
depoimento) TJMG ADI 134817.
Foi promulgada e publicada em 05/12/2016, com o objetivo de alterar a Lei 1.579/52, que dispõe sobre
Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI).
Art. 3º. §1º Em caso de não comparecimento da testemunha sem motivo justificado, a sua intimação será
solicitada ao juiz criminal da localidade em que resida ou se encontre, nos termos dos arts. 218 e 219 do
Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal .
19
Art. 3º-A. Caberá ao presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, por deliberação desta, solicitar, em
qualquer fase da investigação, ao juízo criminal competente medida cautelar necessária, quando se verificar a
existência de indícios veementes da proveniência ilícita de bens.
Art. 6o-A. A Comissão Parlamentar de Inquérito encaminhará relatório circunstanciado, com suas conclusões,
para as devidas providências, entre outros órgãos, ao Ministério Público ou à Advocacia-Geral da União, com
cópia da documentação, para que promovam a responsabilidade civil ou criminal por infrações apuradas e
adotem outras medidas decorrentes de suas funções institucionais”.
Decisão CLÁSSICA do STF sobre CPI: EMENTA: COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO - PODERES DE
INVESTIGAÇÃO (CF, ART. 58, §3º) - LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS - LEGITIMIDADE DO CONTROLE
JURISDICIONAL - POSSIBILIDADE DE A CPI ORDENAR, POR AUTORIDADE PRÓPRIA, A QUEBRA DOS SIGILOS
BANCÁRIO, FISCAL E TELEFÔNICO - NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO DO ATO DELIBERATIVO - DELIBERAÇÃO
DA CPI QUE, SEM FUNDAMENTAÇÃO, ORDENOU MEDIDAS DE RESTRIÇÃO A DIREITOS - MANDADO DE
SEGURANÇA DEFERIDO. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO - COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. - Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, em sede originária, mandados
de segurança e habeas corpus impetrados contra Comissões Parlamentares de Inquérito constituídas no âmbito
do Congresso Nacional ou no de qualquer de suas Casas 3. É que a Comissão Parlamentar de Inquérito, enquanto
projeção orgânica do Poder Legislativo da União, nada mais é senão a longa manus do próprio Congresso
Nacional ou das Casas que o compõem, sujeitando-se, em conseqüência, em tema de mandado de segurança ou
de habeas corpus, ao controle jurisdicional originário do Supremo Tribunal Federal (CF, art. 102, I, "d" e "i").
Precedentes. (MS 23452 / RJ - Relator(a): Min. CELSO DE MELLO. Julgamento:16/09/1999 Órgão Julgador:
Tribunal Pleno).
OS PODERES DAS COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO, EMBORA AMPLOS, NÃO SÃO ILIMITADOS E
NEM ABSOLUTOS. LIMITAÇÕES AOS PODERES INVESTIGATÓRIOS DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO. -
A Constituição da República, ao outorgar às Comissões Parlamentares de Inquérito "poderes de investigação
próprios das autoridades judiciais" (art. 58, § 3º), claramente delimitou a natureza de suas atribuições
institucionais, restringindo-as, unicamente, ao campo da indagação probatória, com absoluta exclusão de
quaisquer outras prerrogativas que se incluem, ordinariamente, na esfera de competência dos magistrados e
Tribunais, inclusive aquelas que decorrem do poder geral de cautela conferido aos juízes, como o poder de
decretar a indisponibilidade dos bens pertencentes a pessoas sujeitas à investigação parlamentar. A
circunstância de os poderes investigatórios de uma CPI serem essencialmente limitados levou a jurisprudência
constitucional do Supremo Tribunal Federal a advertir que as Comissões Parlamentares de Inquérito não podem
formular acusações e nem punir delitos (RDA 199/205, Rel. Min. PAULO BROSSARD), nem desrespeitar o
privilégio contra a autoincriminação que assiste a qualquer indiciado ou testemunha (RDA 196/197, Rel. Min.
CELSO DE MELLO - HC 79.244-DF, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE), nem decretar a prisão de qualquer pessoa,
exceto nas hipóteses de flagrância (RDA 196/195, Rel. Min. CELSO DE MELLO - RDA 199/205, Rel. Min. PAULO
BROSSARD).
*#DEOLHONAJURIS #STF: Os dados obtidos por meio da quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal devem
21
ser mantidos sob reserva. Assim, a página do Senado Federal na internet não pode divulgar os dados obtidos por
meio da quebra de sigilo determinada por comissão parlamentar de inquérito (CPI). STF. Plenário. MS 25940,
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 26/4/2018 (Info 899).
INFORMATIVO 417 (HC-86581) CPI: ATO JURISDICIONAL E PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES. Ofende o
princípio constitucional da separação e independência dos poderes (CF, art. 2º) a intimação de magistrado para
prestar esclarecimentos perante comissão parlamentar de inquérito sobre ato jurisdicional praticado. Com base
nesse entendimento, o Tribunal deferiu habeas corpus impetrado contra o requerimento de convocação de
magistrada federal para prestar depoimento perante a CPI dos Bingos instaurada pelo Senado Federal, a fim de
esclarecer as razões pelas quais concedera liminares em favor de determinada empresa, as quais teriam
acarretado prejuízos consideráveis à Caixa Econômica Federal - CEF. Precedente citado: HC 80089/RJ (DJU de
29.9.2000). HC 86581/DF, rel. Min. Ellen Gracie, 23.2.2006. (HC-86581)
A regra da prejudicialidade: A jurisprudência do STF, em regra, determina a prejudicialidade das “... ações de
mandado de segurança e de habeas corpus, sempre que – impetrados tais writs constitucionais contra
Comissões Parlamentares de Inquérito – vierem estas a extinguir-se, em virtude da conclusão de seus trabalhos
investigatórios, independentemente da aprovação, ou não, de seu relatório final” (MS 23.852-QO, Rel. Min.
Celso de Mello, j. 28.06.2001, e julgados mais recentes, como HC 100.200, Rel. Min. Joaquim Barbosa, j.
08.04.2010, MS 25.459-AgR, Rel. Min. Cezar Peluso, j. 04.02.2010 etc.).
Existe, contudo, um importante precedente no qual o STF não acatou a jurisprudência dominante da
prejudicialidade. Trata-se da ACO 622, ação popular que busca declarar a nulidade da Res. nº 507/2001, da
Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, pela qual se instituiu CPI para apurar as causas do acidente
da plataforma P-36 da PETROBRÁS, localizada na Bacia de Campos.
Apesar de a CPI ter encerrado os trabalho, o Min. Ricardo Lewandowski, que considerava a ação prejudicada,
reconsiderou a decisão, na medida em que o relatório da CPI fazia diversas recomendações, inclusive para que o
Ministério Público investigasse o fato.
É sempre necessário que o poder freie o poder (Montesquieu). Tais Comissões podem: (a) determinar as
diligências que reputarem necessárias; (b) convocar ministros de Estado;(c) tomar o depoimento de qualquer
autoridade; (d) ouvir indiciados; (e) inquirir testemunhas sob compromisso;(f) requisitar de órgão público
informações e documentos de qualquer natureza (inclusive sigilosos); (g) transportar-se aos lugares aonde for
preciso. Cuidando-se de CPI do Senado, da Câmara ou mista, pode, ainda, requerer ao Tribunal de Contas da
União a realização de inspeções e auditorias. Quanto aos dados, informações e documentos, mesmo que
resguardados por sigilo legal, desde que observadas as cautelas legais, podem as CPIs requisitá-los. Isso significa
que podem quebrar o sigilo fiscal, bancário, assim como o segredo de quaisquer outros dados, abarcando-se,por
exemplo, os telefônicos (registros relacionados com chamadas telefônicas já concretizadas), e, ainda,determinar
buscas e apreensões. O fundamental, nesse âmbito, é:(a) jamais ultrapassar o intransponível limite da 'reserva
jurisdicional constitucional', isto é, a CPI pode muita coisa, menos determinar o que a Constituição Federal
reservou com exclusividade aos juízes. Incluem-se nessa importante restrição: a prisão, salvo flagrante (CF, art.
26
5º, inc. LXI); a busca domiciliar (CF, art. 5º,inc. X) e a interceptação ou escuta telefônica (art. 5º,inc. XII);(b)
impedir, em nome da tutela da privacidade constitucional (art. 5º inc. X), a publicidade do que é sigiloso, mesmo
porque, quem quebra esse sigilo passa a ser dele detentor;(c) não confundir 'poderes de investigação do
juiz'(CF, art. 58, § 3º) com o poder geral de cautela judicial: isso significa que a CPI não pode adotar nenhuma
medida assecuratória real ou restritiva do 'jus libertatis', incluindo-se a apreensão, sequestro ou
indisponibilidade de bens ou mesmo a proibição de se afastar do país. "Torna-se importante assinalar, neste
ponto, que, mesmo naqueles casos em que se revelar possível o exercício, por uma Comissão Parlamentar de
Inquérito, dos mesmos poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, ainda assim a prática dessas
prerrogativas estará necessariamente sujeita aos mesmos condicionamentos, às mesmas limitações e aos
mesmos princípios que regem o desempenho, pelos juízes, da competência institucional que lhes foi conferida
pelo ordenamento positivo. Isso significa, por exemplo, que qualquer medida restritiva de direitos, além de
excepcional, dependerá, para reputar-se válida e legítima, da necessária motivação, pois, sem esta, tal ato - à
semelhança do que ocorre com as decisões judiciais (CF, art. 93, IX)-reputar-se-á írrito e destituído de eficácia
jurídica (RTJ 140/514,Rel. Min, CELSO DE MELLO, v.g.).Em uma palavra: as Comissões Parlamentares de
Inquérito, no desempenho de seus poderes de investigação, estão sujeitas às mesmas normas e limitações que
incidem sobre os magistrados judiciais, quando no exercício de igual prerrogativa. Vale dizer: as Comissões
Parlamentares de Inquérito somente podem exercer as atribuições investigatórias que lhes são inerentes, desde
que o façam nos mesmos termos e segundo as mesmas exigências que a Constituição e as leis da República
impõem aos juízes. Assim sendo, tendo presentes as razões expostas, considerando o relevo jurídico da tese
suscitada nesta impetração -especialmente a alegação de ofensa ao princípio da reserva constitucional de
jurisdição -, concedo, em termos, a medida liminar ora postulada (fls. 10, item n. 1), para, até a prestação de
informações pela autoridade ora apontada como coatora, suspender a eficácia do ato ora impugnado (ato este
que resultou da aprovação do Requerimento nº 81) e sustar a execução de qualquer medida de busca e
apreensão e de quebra dos sigilos telefônico, bancário e fiscal do impetrante. (STF - MS: 23452 RJ , Relator: Min.
CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 01/06/1999, Data de Publicação: DJ DATA-08-06-99 P-00011)
Não são privilégios e sim garantias. Fazem parte do chamado Estatuto dos Congressistas.
As garantias são imprescindíveis ao exercício adequado da função legiferante. A finalidade não é a mera
27
concessão de privilégios. Presidencialismo de coalisão – poder legislativo submisso ao executivo. A maioria dos
processos legislativos são do executivo. A MP tranca a pauta. Vasto rol de iniciativa de PL ao Presidente.
Essas garantias não são individuais. São garantias institucionais. São garantias estabelecidas ao
Parlamentar, independentemente de quem ele seja. Qual a consequência disso? A irrenunciabilidade das
garantias parlamentares.
#OBS: Afastamento do Parlamentar. É comum que deputados e senadores sejam convidados a exercer o cargo
de Ministro de Estado. Quando o Parlamentar é temporariamente afastado essas garantias permanecem?
Ocorre a suspensão das imunidades (material e formal), mas não da prerrogativa de foro (continua no STF,
mesmo que vá para cargo que não tenha essa prerrogativa).
#IMPORTANTE!!!
Súmula 4 STF: CANCELADA. Após CF 88 ela não é mais aplicada, apesar de não ter havido uma revogação formal.
Segundo o entendimento do STF, o afastamento do Deputado ou Senador do exercício do mandato para
investir-se nos cargos permitidos pela CF (art. 56, I), dentre eles de Ministro de Estado, suspende-lhes a
imunidade parlamentar. Por outro lado, o foro por prerrogativa de função permanece normalmente (STF, Inq-
QO 1070/TO, DJ 11/10/2001).
São comumente classificadas da seguinte forma: imunidade material, imunidade processual, privilégio
de foro, isenção do serviço militar e limitação ao dever de testemunhar.
Súmula nº 245 do STF: “A imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem essa prerrogativa.”OBS. Tem
prevalecido que a natureza jurídica da imunidade material é de causa de exclusão da tipicidade, impedindo até
mesmo a instauração de inquérito ou qualquer outro ato de persecução. Portanto, se o fato é atípico, não há
possibilidade de coautoria, pois não há infração penal. Assim, a súmula 245 diz respeito à imunidade processual,
não material.
Súmula n.º 704 do STF: “Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a
atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos
denunciados”.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
A imunidade parlamentar é uma proteção adicional ao direito fundamental de todas as pessoas à liberdade de
expressão, previsto no art. 5º, IV e IX, da CF/88. Assim, mesmo quando desbordem e se enquadrem em tipos
penais, as palavras dos congressistas, desde que guardem alguma pertinência com suas funções parlamentares,
estarão cobertas pela imunidade material do art. 53, “caput”, da CF/88. STF. 1ª Turma. Inq 4088/DF e Inq
4097/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 1º/12/2015 (Info 810).
No caso envolvendo a prisão do Senador Delcídio do Amaral, podemos apontar algumas conclusões:
1) Como regra, os membros do Congresso Nacional não podem ser presos antes da condenação definitiva.
Exceção: poderão ser presos caso estejam em flagrante delito de um crime inafiançável (art. 53, § 2º da CF/88).
2) Segundo entendeu o STF, o Senador e as demais pessoas envolvidas teriam praticado, no mínimo, dois
crimes: a) integrar organização criminosa (art. 2º, caput, da Lei 12.850/2013); b) embaraçar investigação
envolvendo organização criminosa (art. 2º, § 1º da Lei 12.850/2013).
3) O STF entendeu que as condutas do Senador configurariam crime permanente, considerando que ele,
até antes de ser preso, integrava pessoalmente a organização criminosa (art. 2º, caput) e, além disso, estaria, há
dias, embaraçando a investigação da Lava Jato (art. 2º, § 1º). Desse modo, ele estaria por todos esses dias
cometendo os dois crimes acima, em estado, portanto, de flagrância.
4) Os crimes do art. 2º, caput e do § 1º da Lei nº 12.850/2013 que, em tese, foram praticados pelo
Senador, não são, a princípio, inafiançáveis considerando que não se encontram listados no art. 323 do CPP. Não
se tratam, portanto, de crimes absolutamente inafiançáveis. No entanto, como, no caso concreto, estariam
presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva (tentativa de calar o depoimento de
colaborador, tentativa de influenciar os julgadores e planejamento de fuga), havia uma situação que não admite
fiança, com base no art. 324, IV, do CPP.
5) O STF admite a prisão preventiva de Deputado Federal ou Senador? Surgiram duas correntes: 1ª) SIM.
Para Rogério Sanches e Marcelo Novelino, o STF teria autorizado a prisão preventiva do Senador, relativizando o
art. 53, § 2º da CF/88. 2ª) NÃO. Não é possível a prisão preventiva de Deputado Estadual, Deputado Federal ou
Senador porque a única prisão cautelar que o art. 53, § 2º da CF/88 admite é a prisão em flagrante de crime
inafiançável. É a posição que entendo mais acertada.
29
6) É lícita a prova consistente em gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem
conhecimento do outro. Assim, se “A” e “B” estão conversando, “A” pode gravar essa conversa mesmo que “B”
não saiba. Para o STF, a gravação de conversa feita por um dos interlocutores sem o conhecimento dos demais é
considerada lícita, quando ausente causa legal de sigilo ou de reserva da conversação.
7) Depois de concretizada a prisão em flagrante do parlamentar, qual é o procedimento que deverá ser
adotado em seguida? A CF determina que os autos deverão ser remetidos dentro de 24 horas à Casa respectiva,
para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão (art. 53, § 2º). Esse voto é aberto.
Assim, o STF remeteu os autos ao Senado Federal que, por 59 votos contra 13, decidiu manter a prisão do
Senador. STF. 2ª Turma. AC 4036 e 4039 Referendo-MC/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgados em 25/11/2015
(Info 809).
*#DEOLHONAJURIS #STF: Restrição ao foro por prerrogativa de função. As normas da Constituição de 1988 que
estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de função devem ser interpretadas restritivamente,
aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados durante o exercício do cargo e em razão dele.
Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado como Deputado Federal, não se
justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª instância mesmo ocupando o cargo de
parlamentar federal.
Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após a investidura no mandato, se o delito não apresentar
relação direta com as funções exercidas, também não haverá foro privilegiado. Foi fixada, portanto, a seguinte
tese: O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e
relacionados às funções desempenhadas.
Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de
alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o
agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo. STF.
Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018 (Info 900).
*#DEOLHONAJURIS #STF: O parlamentar, na condição de cidadão, pode exercer plenamente seu direito
fundamental de acesso a informações de interesse pessoal ou coletivo, nos termos do art. 5º, inciso XXXIII, da
30
Constituição Federal e das normas de regência desse direito. O parlamentar, na qualidade de cidadão, não pode
ter cerceado o exercício do seu direito de acesso, via requerimento administrativo ou judicial, a documentos e
informações sobre a gestão pública, desde que não estejam, excepcionalmente, sob regime de sigilo ou sujeitos
à aprovação de CPI. O fato de as casas legislativas, em determinadas situações, agirem de forma colegiada, por
intermédio de seus órgãos, não afasta, tampouco restringe, os direitos inerentes ao parlamentar como
indivíduo. STF. Plenário. RE 865401/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 25/4/2018 (repercussão geral) (Info
899)
Está prevista no art. 53, §1º. Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)§ 1º Os
Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo
Tribunal Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
É a partir da expedição do diploma que se inicia a prerrogativa de foro. Não é a partir da posse. A
diplomação é como se fosse a nomeação do servidor.
Competência é do STF. Qualquer ação? Art. 102, I, b – compete ao STF processar e julgar,
originariamente, nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do
Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República.
4
Foi considerada correta na prova do TRF4/2016 a seguinte alternativa: “O membro do Congresso Nacional que se licencia
do mandato para investir-se no cargo de Ministro de Estado NÃO perde os laços que o unem, organicamente, ao
Parlamento. Consequentemente, permanece em seu favor a garantia constitucional da prerrogativa de foro em matéria
penal.”
5
Informativo 401 (ADI-2860) IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA E PRERROGATIVA DE FORO O Tribunal concluiu julgamento
de duas ações diretas ajuizadas pela Associação Nacional dos Membros do Ministério Público - CONAMP e pela Associação
dos Magistrados Brasileiros - AMB para declarar, por maioria, a inconstitucionalidade dos §§ 1º e 2º do art. 84 do Código de
Processo Penal, inseridos pelo art. 1º da Lei 10.628/2002 — v. Informativo 362. Entendeu-se que o § 1º do art. 84 do CPP,
além de ter feito interpretação autêntica da Carta Magna, o que seria reservado à norma de hierarquia constitucional,
usurpou a competência do STF como guardião da Constituição Federal ao inverter a leitura por ele já feita de norma
constitucional, o que, se admitido, implicaria submeter a interpretação constitucional do Supremo ao referendo do
legislador ordinário. Considerando, ademais, que o § 2º do art. 84 do CPP veiculou duas regras — a que estende, à ação de
improbidade administrativa, a competência especial por prerrogativa de função para inquérito e ação penais e a que
manda aplicar, em relação à mesma ação de improbidade, a previsão do § 1º do citado artigo — concluiu-se que a primeira
resultaria na criação de nova hipótese de competência originária não prevista no rol taxativo da Constituição Federal , e,
a segunda estaria atingida por arrastamento. Ressaltou-se, ademais, que a ação de improbidade administrativa é de
natureza civil, conforme se depreende do § 4º do art. 37 da CF, e que o STF jamais entendeu ser competente para o
conhecimento de ações civis, por ato de ofício, ajuizadas contra as autoridades para cujo processo penal o seria. Vencidos
os Ministros Eros Grau, Gilmar Mendes e Ellen Gracie.
31
Infrações penais comuns abrange crimes dolosos contra a vida (a regra do art. 5ª é geral e a do art. 102
é específica, devendo prevalecer esta última), crimes eleitorais e até contravenções penais. Crime comum, para
tanto, é crime diverso do de responsabilidade.
Obs. a iniciativa do procedimento investigatório deve ser confiada ao MPF, sob a supervisão do Ministro
Relator do STF. A Polícia Federal não está autorizada a abrir de ofício inquérito policial envolvendo autoridades
com prerrogativa de foro no STF. Não é necessária a licença da respectiva casa (Rcl 511). Há necessidade de
autorização para instauração de inquérito policial contra parlamentar? Não há necessidade de autorização da
Casa Legislativa, porém há necessidade de autorização do STF (Inq. 2411 QO/ MT – 24.10.07)
#OBS: há duas situações em que mesmo que se termine o mandato os processos continuam no STF:
Quando o julgamento já tiver sido iniciado antes do término do mandato (Inq. 2295).
Quando houver renúncia com “abuso de direito”. AP 396 – A renúncia ocorreu com claro
objetivo de não ser julgado pelo STF, objetivando a escolha do juízo. Obs. caso recente no
Mensalão – Eduardo Azevedo renunciou bem antes – foi para o primeiro grau.
Resumindo:
Como regra, o Deputado ou Senador que deixa o cargo não continua sendo julgado pelo STF;
Exceção¹: o STF continuará sendo competente se o julgamento já havia sido iniciado;
Exceção²: o STF continuará sendo competente se a renúncia caracterizou-se como fraude processual.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
Determinado Deputado Federal respondia a uma ação penal que tramitava no STF em virtude do cargo que
ocupava (art. 102, I, “b”, da CF/88).
Foram praticados todos os atos de instrução. Após o Ministério Público apresentar alegações finais, o réu
renunciou ao mandato.
O STF decidiu que cessou sua competência para julgar o réu. Como consequência, determinou a remessa do
feito ao juízo de 1º grau.
Para o STF, a situação dos autos é diferente do precedente firmado na AP 396/RO, no qual o réu (também ex-
32
Deputado Federal) renunciou ao mandanto um dia antes do julgamento. Segundo a Corte, naquele caso, o
processo já estava pronto para ser julgado. Ademais, afirmou-se que não havia, na presente hipótese, perigo de
prescrição da pena em abstrato.
(STF. Plenário. AP 536 QO/MG, rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 27/3/2014.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
Determinado Senador respondia a uma ação penal que tramitava no STF em virtude do cargo que ocupava (art.
102, I, “B”, da CF/88).
A 1ª Turma do STF decidiu, neste caso concreto, declinar a competência e remeter o processo para que o juízo
de 1º grau faça o julgamento da ação penal.
Limite temporal para que a renúncia produza efeitos no processo: segundo posição defendida pelos Ministros
Roberto Barroso e Rosa Weber, nas ações penais originárias do STF, se o parlamentar renunciar ao mandato
após o encerramento da instrução, a competência para o processo e julgamento da ação penal continua sendo
do STF (essa renúncia não gerará o efeito de cessar a competência do Supremo para julgar o processo).
(STF. Plenário. AP 605 QO/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 12/07/2014. (Inf. 754).
O critério seria: após o final da instrução, a renúncia não desloca mais a competência. Como neste caso,
a renúncia foi anterior ao final da instrução, declina-se a competência. Entendo que se a renúncia se verificar
posteriormente, nós continuaríamos a exercer a jurisdição.
PARLAMENTAR PODE RENUNCIAR AO MANDATO PARA NÃO SER JULGADO NO STF? Via de regra sim, a
renúncia ao mandato é ato legítimo.
Porém, quando verificada evidente manobra para escapar de condenação, sobretudo em razão da
proximidade do julgamento, o ato é ilegítimo.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
Assim já decidiu o STF: Deputado federal. Renúncia ao mandato. Abuso de direito: reconhecimento da com-
petência do STF para continuidade do julgamento da presente ação penal. (...) Renúncia de mandato: ato
legítimo. Não se presta, porém, a ser utilizada como subterfúgio para deslocamento de competências
constitucionalmente definidas, que não podem ser objeto de escolha pessoal. Impossibilidade de ser
33
aproveitada como expediente para impedir o julgamento em tempo à absolvição ou à condenação e, neste caso,
à definição de penas. No caso, a renúncia do mandato foi apresentada à Casa Legislativa em 27 -10-2010,
véspera do julgamento da presente ação penal pelo Plenário do Supremo Tribunal: pretensões nitidamente
incompatíveis com os princípios e as regras constitucionais porque exclui a aplicação da regra de competência
deste Supremo Tribunal. (...) As provas documentais e testemunhais revelam que o réu, no cargo de diretor
financeiro da Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia, praticou os crimes de peculato, na forma
continuada, e de quadrilha narrados na denúncia, o que impõe a sua condenação. Questão de ordem resolvida
no sentido de reconhecer a subsistência da competência deste STF para continuidade do julgamento.” (AP 396,
Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 28-10-2010, Plenário, DJE de 28-4-2011.) Vide: AP 333, Rel. Min.
Joaquim Barbosa, julgamento em 5-12-2007, Plenário, DJE de 11-4-2008.
*#DIZERODIREITO #AJUDAMARCINHO:
FOI FIXADO MARCO TEMPORAL:
Se o parlamentar federal (Deputado Federal ou Senador) está respondendo a uma ação penal no STF e, antes
de ser julgado, ele deixe de ocupar o cargo (exs: renunciou, não se reelegeu etc) cessa o foro por prerrogativa
de função e o processo deverá ser remetido para julgamento em 1ª instância?
O STF decidiu estabelecer uma regra para situações como essa:
• Se o réu deixou de ocupar o cargo antes de a instrução terminar: cessa a competência do STF e o processo
deve ser remetido para a 1ª instância.
• Se o réu deixou de ocupar o cargo depois de a instrução se encerrar: o STF permanece sendo competente
para julgar a ação penal.
Assim, o STF estabeleceu um marco temporal a partir do qual a competência para processar e julgar ações
penais – seja do STF ou de qualquer outro órgão jurisdicional – não será mais afetada em razão de o agente
deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo (exs: renúncia, não reeleição, eleição para cargo
diverso).
*#MUDANÇADEENTENDIMENTO:
CRIMES COMETIDOS POR DEPUTADO FEDERAL OU SENADOR
SITUAÇÃO COMPETÊNCIA
Crime cometido ANTES DA DIPLOMAÇÃO como Deputado ou
Senador
As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de função devem
ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados durante o
exercício do cargo e em razão dele. assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser
diplomado como deputado federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª
instância mesmo ocupando o cargo de parlamentar federal. além disso, mesmo que o crime tenha sido
cometido após a investidura no mandato, se o delito não apresentar relação direta com as funções exercidas,
também não haverá foro privilegiado.
35
Foi fixada, portanto, a seguinte tese (#VAICAIRNASUAPROVA):
O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e
relacionados às funções desempenhadas. STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
03/05/2018.
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: Prefeito cometeu o crime durante o exercício do mandato e o delito
está relacionado com as suas funções: a competência para julgá-lo será, em regra, do Tribunal de Justiça. Se
esse Prefeito, antes de o processo terminar, for reeleito para um segundo mandato (consecutivo e ininterrupto),
neste caso, o Tribunal de Justiça continuará sendo competente para julgá-lo. Por outro lado, se o agente deixar
o cargo de Prefeito e, quatro anos mais tarde, for eleito novamente Prefeito do mesmo Município, nesta
situação a competência para julgar o crime será do juízo de 1ª instância. A prorrogação do foro por prerrogativa
de função só ocorre se houve reeleição, não se aplicando em caso de eleição para um novo mandato após o
agente ter ficado sem ocupar função pública. Ex: em 2011, Pedro, Prefeito, em seu primeiro mandato, cometeu
o crime de corrupção passiva. Pedro foi denunciado e passou a responder um processo penal no TJ. Em 2012,
Pedro disputou a campanha eleitoral buscando a reeleição. Contudo, ele perdeu. Com isso, Pedro ficou sem
mandato eletivo. Vale esclarecer que o processo continuou tramitando normalmente no TJ. Em 2016, Pedro
concorreu novamente ao cargo de Prefeito do mesmo Município, tendo sido eleito. Em 01/01/2017, João
assumiu como Prefeito por força dessa nova eleição. O processo de Pedro não será julgado pelo TJ, mas sim pelo
juízo de 1ª instância. STF. 1ª Turma. RE 1185838/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 14/5/2019 (Info 940).
#IMPORTANTE
#OUSESABER: O que se entende por “ciranda dos processos” ou “valsa processual”? A AP 333 julgou a tentativa
de homicídio praticada por Ronaldo Cunha Lima (à época do crime governador da PB) em face de Tarcísio Burity
(também foi governador da PB), o processo iniciou no STJ, dada a condição do réu de governador. Na sequência,
foi o réu eleito senador e, por duas vezes, deputado federal, levando o caso para julgamento no STF. Faltando 5
dias para o julgamento na Suprema Corte, o então Deputado Federal renunciou ao mandato para fugir do
julgamento. Por 7x4 o STF afirmou perder a competência e encaminhou o processo para a Vara Criminal comum
de João Pessoa. Essa ida e vinda de processos (STJ, STF, vara comum) em razão da fraude para fugir da
competência do STF foi chamada pelo Min. Gilmar de "ciranda de processos" e pelo Min. Joaquim Barbosa de
"valsa processual". Em 2010, na AP 396, em que o Deputado Federal Natan Donadon tentou usar o mesmo
expediente para fugir do julgamento pelo STF, a Corte Suprema por 7×4 MUDOU DE ENTENDIMENTO, passando
a considerar a renúncia neste caso UMA FRAUDE PROCESSUAL INACEITÁVEL, passando a julgar o caso.
A competência é do Tribunal competente, para os deputados estaduais, sendo que os vereadores não
possuem privilégio de foro.
36
Importante ressaltar que os atos processuais praticados pelo juízo natural antes da investidura do réu
no cargo que detém foro privilegiado são considerados válidos pelo STF.
O Tribunal negou provimento a agravo regimental interposto, nos autos de inquérito, contra decisão
que determinara a baixa dos autos ao Juízo da 3ª Vara Criminal da Comarca de Campo Grande, em razão de o
querelado, suplente de Senador, acusado da suposta prática dos delitos previstos nos artigos 20, 21 e 22, todos
da Lei 5.250/67, deixar de exercer mandato parlamentar, em face do retorno do titular ao cargo. Na linha da
jurisprudência da Corte, considerou-se que, embora juntamente com cada Senador sejam eleitos dois
suplentes,a posse no cargo, que constitui ato formal indispensável para o gozo das prerrogativas ligadas à
função legislativa, dá-se apenas com relação àquele que efetivamente o exerce, em caráter interino ou
permanente. Asseverou-se que os suplentes não têm jus às prerrogativas inerentes ao cargo enquanto o titular
estiver em exercício, possuindo, apenas, mera expectativa do direito de substituir, eventualmente, o Senador
com o qual foram eleitos.
Ressaltou-se, ainda, que a diplomação dos suplentes constitui formalidade anterior e necessária à
eventual investidura no cargo, nos termos dos artigos 4º e 5º, do Regimento Interno do Senado Federal, não se
podendo, entretanto, depreender disso que a eles seja aplicado, automaticamente, o Estatuto dos
Congressistas, ou seja, o conjunto de normas constitucionais que estatui o regime jurídico dos membros do
Congresso Nacional, prevendo suas prerrogativas e direitos, seus deveres e incompatibilidades, salvo se
assumirem o cargo interina ou definitivamente.
Dessa forma, entendeu-se que a atração da competência do Supremo, de natureza intuitu funciona e,
ocorre, desde a diplomação, unicamente em relação ao titular eleito para exercer o cargo, havendo, por isso, de
se fazer uma interpretação restritiva do art. 53, § 1º, da CF, porquanto dirigido apenas a Senadores e Deputados
Federais, aos quais o texto confere, excepcionalmente, certas prerrogativas, em prol do exercício livre e
desembaraçado do mandato. Por fim, aduziu-se que, se o legislador quisesse estender a referida proteção aos
suplentes, teria providenciado a sua inclusão na Constituição Federal ou remetido a sua disciplina a legislação
ordinária. Precedente citado: ADI 2797/DF (DJU de 19.12.2006). Inq 2453 AgR/MS, rel. Min. Ricardo
Lewandowski, 17.5.2007. (Inq-2453).
Competência para homologação do acordo de colaboração premiada se o delatado tiver foro por prerrogativa
de função
37
Se a delação do colaborador mencionar fatos criminosos que teriam sido praticados por autoridade (ex:
Governador) e que teriam que ser julgados por foro privativo (ex: STJ), este acordo de colaboração deverá,
obrigatoriamente, ser celebrado pelo Ministério Público respectivo (PGR), com homologação pelo Tribunal
competente (STJ). Assim, se os fatos delatados tiverem que ser julgados originariamente por um Tribunal (foro
por prerrogativa de função), o próprio acordo de colaboração premiada deverá ser homologado por este
respectivo Tribunal, mesmo que o delator não tenha foro privilegiado. A delação de autoridade com
prerrogativa de foro atrai a competência do respectivo Tribunal para a respectiva homologação e, em
consequência, do órgão do Ministério Público que atua perante a Corte. Se o delator ou se o delatado tiverem
foro por prerrogativa de função, a homologação da colaboração premiada será de competência do respectivo
Tribunal.
REPETINDO:
Imagine que um indivíduo que não tem foro por prerrogativa de função queira fazer um acordo de colaboração
premiada. Ele diz o seguinte: quero delatar o Governador, ou seja, desejo revelar crimes que o Governador atual
cometeu no exercício do cargo e que estejam com ele relacionados. Esse acordo pode ser homologado pelo
juízo de 1ª instância?
• O STJ decidiu que sim. O acordo pode ser celebrado pelo Ministério Público de 1ª instância e homologado pelo
juízo de 1ª instância. Após a homologação, remete-se a investigação para o Tribunal competente (no caso, o STJ,
por força do art. 105, I, “a”).
• Para o STF: NÃO. Se a delação do colaborador mencionar autoridade com prerrogativa de foro (ex:
Governador), este acordo deve ser celebrado pelo Ministério Público respectivo (PGR), com homologação pelo
Tribunal competente (STJ).
Obs.: como a decisão do STJ foi reformada pelo STF, não precisa você “guardar” o que o STJ decidiu. Isso porque
o STJ irá se curvar diante do entendimento do STF. Basta entender e memorizar o que o STF concluiu porque é o
que prevaleceu.
38
2.1.2 Imunidade material
“Freeedom of speech”
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras
e votos. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) .
A doutrina sustenta que engloba também imunidade administrativa e política. Não há menção sobre
qual é o momento de incidência da imunidade. Contudo, há entendimento de que a imunidade material deve
ser assegurada também a partir da diplomação.
Manifestações ocorridas fora do Congresso Nacional: a manifestação só estará protegida se tiver relação
com o exercício do mandato.
No caso concreto, determinado Deputado Federal afirmou, em seu blog pessoal, que certo Delegado de Polícia
teria praticado fato definido como prevaricação.
A 1ª Turma do STF recebeu a denúncia formulada contra o Deputado por entender que, no caso concreto,
deveria ser afastada a tese da imunidade parlamentar apresentada pela defesa.
A Min. Rel. Rosa Weber ressaltou que a imunidade parlamentar material (Art. 53 da CF/88) só é absoluta
quando as afirmações de um parlamentar sobre qualquer assunto ocorrem dentro do Congresso Nacional. No
entendimento da Ministra, fora do parlamento é necessário que as afirmações tenham relação direta com o
exercício do mandato. Na hipótese, o STF entendeu que as declarações do Deputado não tinha relação direta
com o exercício de seu mandato. (STF, 1ª Turma. Inq 3672/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 14/10/2014
(Info 763).
A garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material (CF, art. 53, caput) – que representa
um instrumento vital destinado a viabilizar o exercício independente do mandato representativo – somente
protege o membro do Congresso Nacional, qualquer que seja o âmbito espacial (locus) em que este exerça a
liberdade de opinião (ainda que fora do recinto da própria Casa Legislativa), nas hipóteses específicas em que as
suas manifestações guardem conexão com o desempenho da função legislativa (prática in officio) ou tenham
sido proferidas em razão dela (prática propterofficium), eis que a superveniente promulgação da EC 35/2001
não ampliou, em sede penal, a abrangência tutelar da cláusula da inviolabilidade. A prerrogativa indisponível da
imunidade material – que constitui garantia inerente ao desempenho da função parlamentar (não traduzindo,
por isso mesmo, qualquer privilégio de ordem pessoal) – não se estende a palavras, nem a manifestações do
congressista, que se revelem estranhas ao exercício, por ele, do mandato legislativo. A cláusula constitucional da
inviolabilidade (CF, art. 53, caput), para legitimamente proteger o parlamentar, supõe a existência do necessário
nexo de implicação recíproca entre as declarações moralmente ofensivas, de um lado, e a prática inerente ao
ofício congressional, de outro. Doutrina. Precedentes.” (Inq 1.024-QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em
21-11-2002, Plenário, DJ de 4-3-2005.) No mesmo sentido: Inq 2.332-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento
em 10-2-2011, Plenário, DJE de 1º-3-2011.
Vê-se, assim, que a incidência desta imunidade relaciona-se com o exercício do mandato,
independentemente de onde tenha sido feito o pronunciamento.
DENTRO DO RECINTO6: imunidade absoluta, salvo falta de decoro parlamentar. Dentro do Parlamento,
6
Informativo 365 (Inq-2130) CARTA ANÔNIMA. VEICULAÇÃO PELA "INTERNET". CALÚNIA. IMUNIDADE PARLAMENTAR
MATERIAL O Tribunal rejeitou denúncia oferecida contra deputado federal pela suposta prática dos delitos de calúnia,
injúria e difamação, previstos na Lei 5.250/67 (Lei de Imprensa), decorrentes de divulgação, por meio de informativo
eletrônico semanal, do conteúdo de uma carta anônima que noticiava fatos ofensivos à honra de coronel da polícia
militar do Estado de Minas Gerais e que o apontava como suposto autor de atos de corrupção passiva. Inicialmente, o
Tribunal asseverou que o caso deveria ser analisado com base no Código Penal e não na Lei de Imprensa, haja vista que
informativo eletrônico semanal ou boletim impresso, gerado em gabinete de deputado federal, localizado na Câmara dos
Deputados, não poderia ser considerado jornal ou publicação periódica e nem serviço de radiodifusão ou serviço noticioso
de que cuida o parágrafo único do art. 12 da citada Lei ("Art. 12. Aqueles que, através dos meios de informação e
divulgação, praticarem abusos no exercício da liberdade de manifestação do pensamento e informação ficarão sujeitos às
penas desta Lei e responderão pelos prejuízos que causarem. Parágrafo único. São meios de informação e divulgação, para
os efeitos deste artigo, os jornais e outras publicações periódicas, os serviços de radiodifusão e os serviços noticiosos").
Entendeu-se, também, tratar-se, em tese, do crime de calúnia, praticado na modalidade de divulgação, previsto no §1º do
art. 138 do CP ("Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: § 1º - Na mesma pena
incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga."), uma vez que os fatos divulgados noticiavam suposta
prática de crimes de corrupção passiva. Não obstante, concluiu-se, tendo em conta ser o denunciado deputado federal e,
ainda, de ser seu gabinete uma extensão da Casa Legislativa, que a divulgação efetivada, independentemente do meio
utilizado, estaria acobertada pela imunidade parlamentar material por não estar desvinculada do exercício parlamentar,
já que os fatos noticiados constituiriam, em tese, crimes contra a administração pública, incidindo, na hipótese, o disposto
no art. 53 da CF/88, na redação dada pela EC 35/2001 ("Os deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos."). Inq 2130/DF, rel. Min. Ellen Gracie, 13.10.2004. (Inq-2130)
40
a imunidade abrange qualquer manifestação do parlamentar, mesmo que se trate de aspectos privados,
particulares. Fica sujeito, contudo à punição da própria Casa Legislativa.
IMUNIDADE PARLAMENTAR
Deputado que, em entrevista à imprensa, afirma que determinada Deputada “não merece ser
estuprada” não está protegido pela imunidade material.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
A imunidade parlamentar material (art. 53 da CF/88) protege os Deputados Federais e Senadores, qualquer que
7
Informativo 355 (RE-226643) IMUNIDADE PARLAMENTAR E NEXO DE CAUSALIDADE
A garantia de imunidade parlamentar, em sentido material, prevista no art. 53, caput, da CF, com a redação dada pela EC
35/2001, visa assegurar a liberdade de opinião, palavras e votos dos parlamentares federais, em qualquer local, mesmo que
fora do recinto da respectiva Casa Legislativa, desde que suas manifestações sejam proferidas no exercício do mandato ou
em razão dele ("Os deputados e senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e
votos"). Com base nesse entendimento, a Turma manteve acórdão de tribunal de justiça local que condenara o recorrente,
deputado federal à época, ao pagamento de indenização por dano moral, por entender inexistente nexo causal entre sua
atividade de parlamentar e as declarações proferidas contra o recorrido, no sentido de que este seria incompetente,
vagabundo e dado a orgias. Precedentes citados: RE 210917/RJ (DJU 18.6.2001); RE 220687/MG (DJU de 28.5.99); Inq 874
AgR/BA (DJU de 26.5.95); Inq 1710/SP (DJU de 28.6.2002).
Informativo 353 (Inq-2036) IMUNIDADE PARLAMENTAR E PERTINÊNCIA TEMÁTICA
A garantia de imunidade parlamentar, em sentido material, prevista no art. 53, caput, da CF, com a redação dada pela EC
35/2001, visa assegurar a liberdade de opinião, palavras e votos dos parlamentares federais, em qualquer local, mesmo que
fora do recinto da respectiva Casa legislativa, desde que suas manifestações sejam proferidas no exercício do mandato ou
em razão dele. Com esse entendimento, o Tribunal recebeu, em parte, queixa-crime oferecida contra deputado federal
pela suposta prática dos crimes de calúnia, injúria e difamação, previstos na Lei 5.250/67, decorrentes de diversas matérias,
que seriam ofensivas à honra de prefeito, veiculadas em programa televisivo do qual o querelado é jornalista. Rejeitaram-
se, inicialmente, os seguintes vícios formais apontados pelo querelado: a) de ilegitimidade ativa, consistente na assertiva de
que, por ser o querelante funcionário público, a ação penal deveria ser pública (Lei 5.250/67, art. 40, I, b), haja vista a
jurisprudência do STF no sentido de que a ação penal pública, quando se trata de ofensa por causa do ofício, há de ser
entendida como alternativa à disposição do ofendido e não como privação do seu direito de queixa e, ainda, por ter havido
transcurso do prazo decimal (Lei 5.250/67, art. 40, §1º) e quinzenal (CPP, art. 46), sem que houvesse atuação do Ministério
Público, o que autorizaria a propositura da ação subsidiária da pública pelo ofendido; b) de deficiência do mandato
outorgado pelo querelante aos advogados que subscreveram a queixa-crime, decorrente da ausência de menção no
instrumento procuratório de todos os fatos e dias da suposta ofensa, bem como dos artigos de lei pelos quais o querelante
autorizara a ação penal contra o querelado, visto que a procuração teria preenchido as exigências legais, em especial as
contidas no art. 44 do CPP; c) de falta de justa causa por inexistência de dolo específico, em virtude dessa matéria situar-se
no âmbito da instrução probatória; d) de impossibilidade de recebimento da inicial em face da inexistência de transcrição
oficial da fita em VHS e de não ter sido a gravação original requisitada junto à ANATEL e à RBA, porquanto desnecessária a
notificação do art. 57 da Lei de Imprensa, dado que com a ação penal teria sido juntada fita reprodutora do inteiro teor do
programa e nas datas pertinentes ao processo, cuja autenticidade não teria sido impugnada. Recebeu-se a queixa em
relação aos crimes de difamação e de injúria, tendo em vista que muitas das declarações proferidas pelo querelado
teriam ultrapassado os limites da liberdade jornalística, pois revestidas de potencialidade para lesionar de forma direta a
honra objetiva e subjetiva do querelante, sem que tais fatos tivessem correspondência com o exercício do munus
parlamentar. Considerou-se não configurado o crime de calúnia por se entender que, em relação a esse delito, teria havido,
quando muito, mera referência à intenção de desvio de verbas públicas, a se deduzir da acusação de uma futura reserva de
numerário público para pagar campanha de candidata do partido dos trabalhadores. Inq 2036/PA, rel. Min. Carlos Britto,
23.6.2004.(Inq-2036).
41
seja o âmbito espacial (local) em que exerçam a liberdade de opinião. No entanto, para isso é necessário que as
suas declarações tenham conexão (relação) com o desempenho da função legislativa ou tenham sido proferidas
em razão dela.
Para que as afirmações feitas pelo parlamentar possam ser consideradas como “relacionadas ao exercício do
mandato”, elas devem ter, ainda de forma mínima, um teor político.
Exemplos de afirmações relacionadas com o mandato: declarações sobre fatos que estejam sendo debatidos
pela sociedade; discursos sobre fatos que estão sendo investigados por CPI ou pelos órgãos de persecução penal
(Polícia, MP); opiniões sobre temas que sejam de interesse de setores da sociedade, do eleitorado, de
organizações ou grupos representados no parlamento etc.
Palavras e opiniões meramente pessoais, sem relação com o debate democrático de fatos ou ideias não
possuem vínculo com o exercício das funções de um parlamentar e, portanto, não estão protegidos pela
imunidade material.
No caso concreto, as palavras do Deputado Federal dizendo que a parlamentar não merecia ser estuprada
porque seria muito feia não são declarações que possuem relação com o exercício do mandato e, por essa
razão, não estão amparadas pela imunidade material.
(STF. 1ª Turma. Inq. 3932/DF e Pet 5243/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 21/06/2016 (Info 831).
O Deputado Federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) afirmou que a também Deputada Federal Maria do Rosário
(PT-RS), “não merece ser estuprada por ser muito ruim, muito feia, não faz meu gênero ”. E acrescentou que, se
fosse estuprador, "não iria estuprá-la porque ela não merece". O STJ entendeu que a conduta do parlamentar
não está abrangido pela imunidade parlamentar e que, portanto, ele deveria ser condenado a pagar indenização
por danos morais em favor da Deputada. Decidiu o Tribunal: As opiniões ofensivas proferidas por deputados
federais e veiculadas por meio da imprensa, em manifestações que não guardam nenhuma relação com o
exercício do mandato, não estão abarcadas pela imunidade material prevista no art. 53 da CF/88 e são aptas a
gerar dano moral. STJ. 3ª Turma. REsp 1.642.310-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/8/2017 (Info 609).
Existe uma posição jurisprudencial no sentido de que as declarações proferidas pelo parlamentar dentro do
Congresso Nacional seriam sempre protegidas pela imunidade parlamentar ainda que as palavras não tivessem
relação com o exercício do mandato. Esse entendimento existe mesmo? SIM. Há diversos julgados do STF
afirmando que a imunidade parlamentar material (art. 53 da CF/88) é absoluta quando as afirmações do
Deputado ou Senador sobre qualquer assunto ocorrem dentro do Congresso Nacional. A situação poderia
ser assim resumida:
O STF afirmou que as declarações prestadas pelo Deputado dentro do plenário até poderiam estar
abarcadas por este entendimento. No entanto, no dia seguinte ele deu uma entrevista na qual reafirmou as
palavras. Portanto, neste momento, a imunidade não é absoluta.
Mesmo assim. Para o STF, o fato de o parlamentar estar em seu gabinete no momento em que
concedeu a entrevista é um fato meramente acidental, de menor importância. Isso porque não foi ali (no
gabinete) que as ofensas se tornaram públicas. Elas se tornaram públicas por meio da imprensa e da internet,
quando a entrevista foi veiculada.
As imunidades materiais tem natureza jurídica de causa excludente de tipicidade (Inq. 2273 e Pet. 4934).
1) Causa de exclusão da ilicitude. CRÍTICA: excludentes de ilicitude não obstam inquérito e ação
penal, não se coadunando com a circunstância da imunidade material;
2) Causa de isenção de pena. CRÍTICA: casos de isenção de pena não obstam inquérito e ação
44
penal, não se coadunando com a circunstância da imunidade material;
3) Causa de exclusão de tipicidade. Por ser fato atípico, impede a instauração de inquérito policial
ou ação penal. É O ENTENDIMENTO QUE TEM PREVALECIDO NO STF:
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Não há justa causa para o exercício da ação penal se o fato increpado ao
acusado (detentor de foro por prerrogativa de função) está estreitamente ligado ao exercício do mandato
parlamentar (...). Torna-se imperioso, portanto, o reconhecimento da manifesta ausência de tipicidade da
conduta descrita na inicial acusatória. No caso, as palavras proferidas pelo querelado (senador da República)
estão acobertadas pela inviolabilidade parlamentar, descrita no art. 53 da CF de 1988. E passa ao largo de
qualquer dúvida a compreensão de que tal inviolabilidade significa insusceptibilidade de cometimento de crime.
Noutros termos: os fatos objeto da queixa-crime se encontram imbricados com a função parlamentar do
senador da República acionado. Fatos que, de imediata percepção, se enquadram no contexto da disputa
política, por ocasião das eleições para o Senado Federal, no Estado do Amapá. Em suma: o quadro
fático-probatório demonstrou o deliberado intento do querelado de defender a legitimidade de sua própria
investidura no cargo de senador da República, fazendo para os seus eleitores em particular e o público em geral
um amplo retrospecto da disputa eleitoral do ano de 2002. Muito mais para o efeito de registro histórico do que
propriamente externar propósito violador da honra do querelante.” (Inq 2.674, Rel. Min. Ayres Britto,
julgamento em 26-11-2009, Plenário, DJE de 26-2-2010.)
#OBS: mesmo quando termina o mandato aquelas palavras que foram proferidas durante o mandato devem ser
protegidas.
#OBS: STF (AI 401) – O fato coberto pela inviolabilidade quando divulgado na imprensa também confere
proteção aos meios de comunicação.
#OBS: CPI – o parlamentar é inviolável. E a pessoa que não é e está lá? Essa pessoa pode ofender também o
parlamentar? STF (Inq 1247) –a resposta imediata a uma injúria perpetrada por parlamentar e acobertada pela
imunidade também deve ficar imune.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
Informativo 438 (Pet-3686) IMUNIDADE PARLAMENTAR - RESPONSABILIDADE PENAL E CIVIL DO CONGRESSISTA
- INTERPELAÇÃO JUDICIAL – INADMISSIBILIDADE (Transcrições) RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO
EMENTA: INTERPELAÇÃO JUDICIAL. PEDIDO DE EXPLICAÇÕES. LEI DE IMPRENSA (ART. 25) E CÓDIGO PENAL (ART.
144). OFENSAS EQUÍVOCAS QUE TERIAM CONSTADO DE DISCURSO PROFERIDO DA TRIBUNA DO SENADO DA
45
REPÚBLICA. IMUNIDADE PARLAMENTAR EM SENTIDO MATERIAL. A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DO DISCURSO
PARLAMENTAR, MESMO QUANDO VEICULADO, POSTERIORMENTE, PELOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL.
AMPLITUDE DA GARANTIA INSTITUCIONAL DA IMUNIDADE PARLAMENTAR MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE DE
RESPONSABILIZAÇÃO - PENAL E CIVIL - DE MEMBRO DO CONGRESSO NACIONAL “POR QUAISQUER DE SUAS
OPINIÕES, PALAVRAS E VOTOS” (CF, ART. 53, “CAPUT”), NOTADAMENTE QUANDO PROFERIDOS DA TRIBUNA DO
PARLAMENTO. CONSEQÜENTE INADMISSIBILIDADE, EM TAL CONTEXTO, DE INTERPELAÇÃO JUDICIAL DE
SENADOR DA REPÚBLICA OU DE DEPUTADO FEDERAL. DOUTRINA. PRECEDENTES. PEDIDO DE EXPLICAÇÕES A
QUE SE NEGA SEGUIMENTO.
DECISÃO: Trata-se de pedido de “interpelação judicial” deduzido com fundamento no art. 25 da Lei nº 5.250/67
e no art. 144 do Código Penal (fls. 02/09). Pretende-se, com a medida processual ajuizada, que o ora
interpelando, que é Senador da República, ofereça explicações necessárias ao esclarecimento de afirmações que
por ele teriam sido proferidas da tribuna do Senado da República e reproduzidas, segundo alega o requerente,
em diversos meios de comunicação social (fls. 02). Analiso, preliminarmente, a admissibilidade da presente
interpelação judicial, considerada a garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material, que
exclui a responsabilidade – penal e civil – do congressista “por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos” (CF,
art. 53, “caput”, “in fine”). O pedido de explicações constitui típica providência de ordem cautelar destinada a
aparelhar ação penal principal tendente à obtenção de sentença penal condenatória, razão pela qual -
consoante adverte MANOEL PEDRO PIMENTEL (“Legislação Penal Especial”, p. 168, 1972, RT) - somente é
processável no juízo criminal, e não perante o juízo civil. O interessado, ao formular a interpelação judicial,
invoca, perante o Estado-Juiz, tutela cautelar penal, visando a que se esclareçam situações revestidas de
equivocidade ou dubiedade, a fim de que se viabilize o exercício futuro de ação penal condenatória. A
notificação, pela natureza penal cautelar de que se reveste, processa-se perante o mesmo órgão judiciário que é
competente para julgar a ação penal principal ajuizável contra o suposto ofensor. Essa é a razão pela qual,
tratando-se de membro do Poder Legislativo da União, como o ora notificando, revela-se competente, para
processar originariamente o pedido de explicações, o próprio Supremo Tribunal Federal: “COMPETÊNCIA PENAL
ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARA O PEDIDO DE EXPLICAÇÕES. - A competência penal
originária do Supremo Tribunal Federal, para processar pedido de explicações em juízo, deduzido com
fundamento na Lei de Imprensa (art. 25) ou com apoio no Código Penal (art. 144), somente se concretizará
quando o interpelado dispuser, ‘ratione muneris’, da prerrogativa de foro, perante a Suprema Corte, nas
infrações penais comuns (CF, art. 102, I, b e c).” (RTJ 170/60-61, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno) “A
interpelação judicial fundada na Lei de Imprensa (art. 25) ou no Código Penal (art. 144), desde que requerida
contra membro do Congresso Nacional, deve ser formulada perante o Supremo Tribunal Federal, por constituir
medida cautelar preparatória de ação penal referente aos delitos contra a honra.” (RTJ 159/107, Rel. Min.
CELSO DE MELLO, Pleno) Cabe observar, no entanto, que não se justificará o pedido de explicações, se e quando
o interpelando for membro do Congresso Nacional e a ele se imputar a prática de declarações moralmente
ofensivas, impregnadas de equivocidade ou de ambigüidade, proferidas no desempenho do mandato legislativo,
46
ainda mais se as supostas ofensas resultarem de discurso pronunciado da própria tribuna parlamentar. É que,
em tal situação, atua, em favor do congressista, a prerrogativa da imunidade parlamentar, que descaracteriza a
própria tipicidade penal dos crimes contra a honra. Como se sabe, a cláusula inscrita no art. 53, “caput”, da
Constituição da República, na redação dada pela ECnº 35/2001, exclui, na hipótese nela referida, a própria
natureza delituosa do fato, que, de outro modo, tratando-se do cidadão comum, qualificar-se-ia como crime
contra a honra, consoante acentua o magistério da doutrina (JOSÉ AFONSO DA SILVA, “Curso de Direito
Constitucional Positivo”, p. 532, item n. 15, 20ª ed., 2002, Malheiros; CELSO RIBEIRO BASTOS, “Comentários à
Constituição do Brasil”, vol. 4, tomo I/187, 1995, Saraiva; LUIZ FLÁVIO GOMES, “Imunidades Parlamentares:
Nova Disciplina Jurídica da Inviolabilidade Penal, das Imunidades e das Prerrogativas Parlamentares (EC 35/01)”,
“in” “Juizados Criminais Federais, Seus Reflexos nos Juizados Estaduais e Outros Estudos”, p. 94/97, item n. 4.9,
2002, RT; UADI LAMMÊGO BULOS, “Constituição Federal Anotada”, p. 705/707, 4ª ed., 2002, Saraiva, v.g.). Se é
certo, portanto, que a garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material representa
importante prerrogativa de ordem institucional, não é menos exato que a Carta da República somente legitima a
sua invocação, quando o membro do Congresso Nacional, no exercício do mandato - ou em razão deste -
proferir palavras ou expender opiniões que possam assumir qualificação jurídico-penal no plano dos
denominados “delitos de opinião”. Impõe-se registrar, desse modo, presente esse contexto, que o exercício do
mandato atua como verdadeiro suposto constitucional, apto a legitimar a invocação dessa especial prerrogativa
jurídica, destinada a proteger, por suas “opiniões, palavras e votos”, o membro do Congresso Nacional,
independentemente do “locus” em que proferidas as expressões contumeliosas (RT 648/318 – RTJ 131/1039 –
RTJ 133/90 – RTJ 135/509-510, v.g.), notadamente quando forem elas pronunciadas da tribuna das Casas
legislativas, tal como sucedeu na espécie, circunstância esta que põe o congressista (como o Senador ora
requerido) sob a imediata proteção da garantia da imunidade parlamentar, considerada a jurisprudência que o
Supremo Tribunal Federal firmou na matéria ora em exame (RTJ 104/441 – RTJ 112/481 – RTJ 129/970 - RTJ
135/509 – RTJ 141/406 – RTJ 155/396-397 – RTJ 166/844 – RTJ 167/180 – RTJ 169/969 – RTJ 191/448):
“IMUNIDADE PARLAMENTAR EM SENTIDO MATERIAL (INVIOLABILIDADE). SUPERVENIÊNCIA DA EC 35/2001.
ÂMBITO DE INCIDÊNCIA. NECESSIDADE DE QUE OS ‘DELITOS DE OPINIÃO’ TENHAM SIDO COMETIDOS NO
EXERCÍCIO DO MANDATO LEGISLATIVO OU EM RAZÃO DELE. INDISPENSABILIDADE DA EXISTÊNCIA DESSE NEXO
DE IMPLICAÇÃO RECÍPROCA. CONEXÃO OCORRENTE NA ESPÉCIE. PEDIDO DE ARQUIVAMENTO DEFERIDO. - A
garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material (CF, art. 53, caput), que representa um
instrumento vital destinado a viabilizar o exercício independente do mandato representativo, somente protege
o membro do Congresso Nacional, qualquer que seja o âmbito espacial (‘locus’) em que este exerça a liberdade
de opinião - ainda que fora do recinto da própria Casa legislativa -, desde que as suas manifestações guardem
conexão com o desempenho da função legislativa (prática ‘in officio’) ou tenham sido proferidas em razão dela
(prática ‘propterofficium’), não obstante a superveniente promulgação da EC 35/2001, que não ampliou, em
sede penal, a abrangência tutelar da cláusula de inviolabilidade. - A prerrogativa indisponível da imunidade
material - que constitui garantia inerente ao desempenho da função parlamentar (não traduzindo, por isso
mesmo, qualquer privilégio de ordem pessoal) - não se estende a palavras, nem a manifestações do
47
congressista, que nenhuma relação tenham com o exercício do mandato legislativo. - É que a cláusula
constitucional da inviolabilidade (CF, art. 53, ‘caput’), para legitimamente proteger o parlamentar, supõe que
exista o necessário nexo de implicação recíproca entre as declarações moralmente ofensivas, de um lado, e a
prática inerente ao ofício congressional, de outro. Doutrina. Precedentes.” (Inq 617/RR, Rel. Min. CELSO DE
MELLO, “in” Informativo/STF nº 275, de 2002).
Esse entendimento jurisprudencial mostra-se fiel à “mens constitutionis”, que reconhece, a propósito do tema,
que o instituto da imunidade parlamentar em sentido material existe para viabilizar o exercício independente do
mandato representativo, revelando-se, por isso mesmo, garantia inerente ao congressista que se encontre no
pleno desempenho da atividade legislativa (PONTES DE MIRANDA, “Comentários à Constituição de 1967 com a
Emenda nº 1 de 1969”, tomo III/10 e 43, 2ª ed., 1970, RT; JOÃO BARBALHO, “Constituição Federal Brasileira”, p.
64, edição fac-similar, 1992, Senado Federal; PINTO FERREIRA, “Comentários à Constituição Brasileira”, vol.
2/625, 1990, Saraiva; JOSÉ CRETELLA JUNIOR, “Comentários à Constituição de 1988”, vol. V/2624-2625, item n.
204, 1991, Forense Universitária; MICHEL TEMER, “Elementos de Direito Constitucional”, p. 129/130, item n. 5,
18ª ed., 2002, Malheiros; PEDRO ALEIXO, “Imunidades Parlamentares”, p. 59/65, 1961, Belo Horizonte; CELSO
RIBEIRO BASTOS, “Comentários à Constituição do Brasil”, vol. 4, tomo I/187, 1995, Saraiva; RENÉ ARIEL DOTTI,
“Curso de Direito Penal - Parte Geral”, p. 398, item n. 25, 2001, Forense, v.g.). Cumpre assinalar, de outro lado,
que a garantia constitucional da imunidade parlamentar material, considerada a função tutelar que lhe é
inerente, estende-se, por identidade de razões, ao plano da responsabilidade civil, para, nesse outro domínio,
também proteger, com o manto da inviolabilidade, o membro do Congresso Nacional, “por quaisquer de suas
opiniões, palavras e votos” (CF, art. 53, “caput”), tal como tive o ensejo de decidir, nesta Suprema Corte, em
julgamento que está assim ementado: “IMUNIDADE PARLAMENTAR EM SENTIDO MATERIAL (INVIOLABILIDADE).
DISCURSO PROFERIDO POR DEPUTADO DA TRIBUNA DA CASA LEGISLATIVA. ENTREVISTA JORNALÍSTICA DE
CONTEÚDO IDÊNTICO AO DO DISCURSO PARLAMENTAR. IMPOSSIBILIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL DO
MEMBRO DO PODER LEGISLATIVO. PRESSUPOSTOS DE INCIDÊNCIA DA GARANTIA CONSTITUCIONAL DA
IMUNIDADE PARLAMENTAR. PRÁTICA ‘IN OFFICIO’ E PRÁTICA ‘PROPTER OFFICIUM’. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO. - A garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material (CF, art. 53, ‘caput’) exclui
a responsabilidade civil do membro do Poder Legislativo, por danos eventualmente resultantes de
manifestações, orais ou escritas, desde que motivadas pelo desempenho do mandato (prática ‘in officio’) ou
externadas em razão deste (prática ‘propterofficium’), qualquer que seja o âmbito espacial (‘locus’) em que se
haja exercido a liberdade de opinião, ainda que fora do recinto da própria Casa legislativa. - A EC 35/2001, ao
dar nova fórmula redacional ao art. 53, ‘caput’, da Constituição da República, consagrou diretriz, que, firmada
anteriormente pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ 177/1375-1376, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE), já
reconhecia, em favor do membro do Poder Legislativo, a exclusão de sua responsabilidade civil, como
decorrência da garantia fundada na imunidade parlamentar material, desde que satisfeitos determinados
pressupostos legitimadores da incidência dessa excepcional prerrogativa jurídica. - Essa prerrogativa político-
jurídica - que protege o parlamentar em tema de responsabilidade civil - supõe, para que possa ser invocada,
48
que exista o necessário nexo de implicação recíproca entre as declarações moralmente ofensivas, de um lado, e
a prática inerente ao ofício legislativo, de outro, salvo se as declarações contumeliosas houverem sido
proferidas no recinto da Casa legislativa, notadamente da tribuna parlamentar, hipótese em que será absoluta a
inviolabilidade constitucional. Doutrina. Precedentes. - Se o membro do Poder Legislativo, não obstante
amparado pela imunidade parlamentar material, incidir em abuso dessa prerrogativa constitucional, expor-se-á
à jurisdição censória da própria Casa legislativa a que pertence (CF, art. 55, § 1º). Precedentes: RE 140.867/MS,
Rel. p/ o acórdão Min. MAURÍCIO CORRÊA (Pleno) – Inq 1.958/AC, Rel. p/ o acórdão Min. CARLOS BRITTO
(Pleno).” (AI 473.092/AC, Rel. Min. CELSO DE MELLO, “in” Informativo/STF nº 379, de 2005) Impende observar,
por oportuno, presente esse contexto, que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, mesmo antes da
promulgação da EC 35/2001, que deu nova fórmula redacional à regra inscrita no art. 53, “caput”, da
Constituição, já havia firmado entendimento no sentido de estender o alcance da imunidade material ao plano
da responsabilidade civil, em ordem a impedir que o membro do Poder Legislativo pudesse ser condenado ao
pagamento de indenização pecuniária, por palavras, opiniões, votos ou críticas resultantes da prática do ofício
legislativo. Cabe relembrar, neste ponto, que o Plenário desta Suprema Corte, ao julgar o RE 210.917/RJ, Rel.
Min. SEPÚLVEDA PERTENCE (RTJ 177/1375-1376), assim se pronunciou: “A imunidade parlamentar material se
estende à divulgação pela imprensa, por iniciativa do congressista ou de terceiros, do fato coberto pela
inviolabilidade. A inviolabilidade parlamentar elide não apenas a criminalidade ou a imputabilidade criminal do
parlamentar, mas também a sua responsabilidade civil por danos oriundos da manifestação coberta pela
imunidade ou pela divulgação dela: é conclusão assente, na doutrina nacional e estrangeira, por quantos se têm
ocupado especificamente do tema.” (grifei) Essa diretriz jurisprudencial – que reconhece, uma vez satisfeitos
determinados pressupostos, que a exclusão da responsabilidade civil (tanto quanto a da responsabilidade penal)
do membro do Poder Legislativo qualifica-se como projeção decorrente da prerrogativa da imunidade
parlamentar material – tem sido observada pelo Supremo Tribunal Federal: “(...) A inviolabilidade parlamentar
alcança, também, o campo da responsabilidade civil. (...).”(...) Só estará sujeito, para correção dos excessos ou
dos abusos, ao poder disciplinar previsto nos Regimentos Internos. (...). É necessário fixar, todavia, que a
inviolabilidade (...) está vinculada ao exercício do mandato ou das funções legislativas. (...). A cláusula que
subordina a inviolabilidade ao exercício do mandato impõe acatamento ao caráter teleológico da imunidade.”
(grifei) Cumpre enfatizar, a respeito desse aspecto do tema, que alguns eminentes autores, mesmo antes do
advento da EC 35/2001, já proclamavam que a garantia da imunidade parlamentar em sentido material
estendia-se, no domínio de sua específica proteção constitucional, também ao plano da responsabilidade civil
(MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO, “Comentários à Constituição Brasileira de 1988”, vol. 2/45, 1992,
Saraiva; PONTES DE MIRANDA, “Comentários à Constituição de 1946”, vol. II/243, 2ª ed., 1953, Max Limonad;
CARLOS MAXIMILIANO, “Comentários à Constituição Brasileira”, vol. II/49, item n. 297, 5ª ed., 1954, Freitas
Bastos; PAULO M. DE LACERDA, “Princípios de Direito Constitucional Brasileiro”, vol. II/173, item n. 387, Erbas
de Almeida e Cia; MARCELO CAETANO, “Direito Constitucional”, vol. II/183, item n. 71, 1978, Forense). Esse
entendimento reflete-se, hoje, notadamente a partir da promulgação da EC 35/2001, em autorizado magistério
doutrinário (UADI LAMMÊGO BULOS, “Constituição Federal Anotada”, p. 757, item n. 3, 5ª ed., 2003, Saraiva;
49
JOSÉ AFONSO DA SILVA, “Curso de Direito Constitucional Positivo”, p. 534, item n. 15, 24ª ed., 2005, Malheiros;
ALEXANDRE DE MORAES, “Constituição do Brasil Interpretada”, p. 1.020/1.021, item n. 53.2, 2ª ed., 2003, Atlas;
RUI STOCO, “Tratado de Responsabilidade Civil”, p. 886/887, item n. 40.00, 6ª ed., 2004, RT, v.g.).
(...) Vê-se, portanto, que, por não se revelar cabível a instauração de processo de natureza penal ou de caráter
civil (indenização) contra os congressistas (como o ora requerido) “por quaisquer de suas opiniões, palavras e
votos” – porque amparados pela garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material -,
torna-se juridicamente inviável a própria formulação, contra eles, do pedido de explicações. É que – não custa
rememorar – o pedido de explicações qualifica-se como verdadeira ação de natureza cautelar destinada a
viabilizar o exercício ulterior de ação principal (tanto a ação penal quanto a ação de indenização civil),
cumprindo, desse modo, a interpelação judicial, uma típica função instrumental inerente às providências
processuais revestidas de cautelaridade. Não se desconhece que, entre o pedido de explicações em juízo, de um
lado, e a causa principal, de outro, há uma evidente relação de acessoriedade, pois a medida a que aludem o
art. 25 da Lei de Imprensa (Lei nº 5.250/67) e o art. 144 do Código Penal reveste-se, como precedentemente
salientado, de um nítido caráter de instrumentalidade. Tal observação se impõe, porque a incidência da
imunidade parlamentar material - por tornar inviável o ajuizamento da ação penal de conhecimento e da ação
de indenização civil, ambas de índole principal - afeta a possibilidade jurídica de formulação e, até mesmo, de
processamento do próprio pedido de explicações, em face da natureza meramente acessória de que se reveste
tal providência de ordem cautelar. Em uma palavra: onde não couber a responsabilização penal e civil do
congressista por delitos contra a honra, porque amparado pela garantia constitucional da imunidade
parlamentar material, aí também não se viabilizará a utilização, contra ele, da medida cautelar da interpelação
judicial, porque juridicamente destituída de conseqüências tanto no âmbito criminal quanto na esfera civil. Esse
entendimento – que acentua o caráter de instrumentalidade, de acessoriedade e de conseqüente dependência
da interpelação judicial – encontra apoio em autorizado magistério doutrinário (DAMÁSIO E. DE JESUS, “Direito
Penal: Parte Especial”, vol. 2/235, item n. 4, 26ª ed., 2004, Saraiva; JULIO FABBRINI MIRABETE, “Código Penal
Interpretado”, p. 1.139, item n. 144.1, 5ª ed., atualizada por Renato N. Fabbrini, 2005, Atlas; FERNANDO CAPEZ,
“Curso de Direito Penal: Parte Especial”, vol. 2/268, item n. 4, “d”, 2ª ed., 2003, Saraiva; FREDERICO ABRAHÃO
DE OLIVEIRA, “Crimes contra a Honra”, p. 100, item n. 2.4.2, 2ª ed., 1996, Sagra-Luzzatto), valendo referir, no
ponto, ante a extrema pertinência de suas observações, a lição de CELSO DELMANTO, ROBERTO DELMANTO,
ROBERTO DELMANTO JÚNIOR e FÁBIO M. DE ALMEIDA DELMANTO (“Código Penal Comentado”, p. 287, 5ª ed.,
2000, Renovar): “Entendemos que o pedido de explicações pressupõe a viabilidade de uma futura ação penal.
Por isso, não se pode admitir a interpelação se, por exemplo, a eventual ofensa está acobertada pela exclusão
do crime (CP, art. 142) ou a punibilidade já se acha extinta (CP, art. 107).” (grifei) Também a jurisprudência dos
Tribunais reflete essa mesma orientação (RT 546/364-365 – RT 613/341 - RT 717/411 – IJ 61/MG, Rel. Min. FELIX
FISCHER - IJ 66/PB, Rel. Min. JORGE SCARTEZZINI, v.g.). Essa diretriz, por sua vez, tem sido igualmente observada
em sucessivos julgamentos proferidos no âmbito desta Suprema Corte (Pet 3.205/DF, Rel. Min. EROS GRAU –
Pet 3.585/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – Pet 3.588/DF, Rel. Min. NELSON JOBIM, v.g.). Não há, pois,
50
em face das razões expostas, como dar trânsito à presente interpelação judicial, motivo pelo qual, por entendê-
la incabível, nego-lhe seguimento nesta Suprema Corte. Arquivem-se os presentes autos. Publique-se. Brasília,
28 de agosto de 2006. Ministro CELSO DE MELLO Relator * decisão publicada no DJU de 31.8.2006
O Tribunal, resolvendo questão de ordem suscitada pelo Min. Celso de Mello, relator, rejeitou a proposta da
Procuradoria-Geral da República no sentido de reconhecer a extinção de punibilidade do ora indiciado,
deputado federal, acusado da prática de crime contra a honra de prefeito por meio de imprensa quando ainda
não era parlamentar, sob a alegação de que se teria registrado a "abolitio criminis" por efeito da superveniente
promulgação da EC 35/2001. Considerou-se que não se pode aplicar, retroativamente, a cláusula da imunidade
parlamentar em sentido material, estendendo-a a atos praticados antes da investidura do denunciado no ofício
legislativo, salientando que o objetivo da imunidade é garantir o livre exercício do mandato e não proteger
quem não é parlamentar. O Tribunal ainda determinou a citação do parlamentar para ver-se interrogado no
termos da Lei 8.038/90. Inq (QO) 1.024-PR, rel. Min. Celso de Mello, 21.11.2002. (INQ-1024)
Súmula 245 STF – não se aplica à imunidade material. A imunidade parlamentar não se estende ao
correu (se tem réu, tem crime. se tem crime estamos falando da imunidade formal. decisão política Na material
não há crime) sem essa prerrogativa.
Art. 53. § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo
em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à
Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.
Se o parlamentar for preso em flagrante de crime inafiançável, os autos serão remetidos à Casa
Legislativa em 24 horas, para que por voto de maioria absoluta resolva sobre a prisão. O objetivo é impedir
prisões arbitrárias, decorrentes de perseguições políticas.
A que tipo de prisão o parlamentar não se submete? A prisão penal cautelar, apenas. Na condenação
definitiva, o dispositivo constitucional não se aplica.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
No caso envolvendo a prisão do Senador Delcídio do Amaral, podemos apontar algumas conclusões: 1) Como
regra, os membros do Congresso Nacional não podem ser presos antes da condenação definitiva. Exceção:
poderão ser presos caso estejam em flagrante delito de um crime inafiançável (art. 53, § 2º da CF/88). 2)
Segundo entendeu o STF, o Senador e as demais pessoas envolvidas teriam praticado, no mínimo, dois crimes:
a) integrar organização criminosa (art. 2º, caput, da Lei 12.850/2013); b) embaraçar investigação envolvendo
organização criminosa (art. 2º, § 1º da Lei 12.850/2013). 3) O STF entendeu que as condutas do Senador
configurariam crime permanente, considerando que ele, até antes de ser preso, integrava pessoalmente a
organização criminosa (art. 2º, caput) e, além disso, estaria, há dias, embaraçando a investigação da Lava Jato
(art. 2º, § 1º). Desse modo, ele estaria por todos esses dias cometendo os dois crimes acima, em estado,
portanto, de flagrância. 4) Os crimes do art. 2º, caput e do § 1º da Lei nº 12.850/2013 que, em tese, foram
praticados pelo Senador, não são, a princípio, inafiançáveis considerando que não se encontram listados no art.
323 do CPP. Não se tratam, portanto, de crimes absolutamente inafiançáveis. No entanto, como, no caso
concreto, estariam presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva (tentativa de calar o
depoimento de colaborador, tentativa de influenciar os julgadores e planejamento de fuga), havia uma situação
que não admite fiança, com base no art. 324, IV, do CPP. 5) O STF admite a prisão preventiva de Deputado
Federal ou Senador? Surgiram duas correntes: 1ª) SIM. Para Rogério Sanches e Marcelo Novelino, o STF teria
autorizado a prisão preventiva do Senador, relativizando o art. 53, § 2º da CF/88. 2ª) NÃO. Não é possível a
prisão preventiva de Deputado Estadual, Deputado Federal ou Senador porque a única prisão cautelar que o art.
53, § 2º da CF/88 admite é a prisão em flagrante de crime inafiançável. É a posição que entendo mais acertada.
6) É lícita a prova consistente em gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem conhecimento do
outro. Assim, se “A” e “B” estão conversando, “A” pode gravar essa conversa mesmo que “B” não saiba. Para o
STF, a gravação de conversa feita por um dos interlocutores sem o conhecimento dos demais é considerada
lícita, quando ausente causa legal de sigilo ou de reserva da conversação. 7) Depois de concretizada a prisão em
flagrante do parlamentar, qual é o procedimento que deverá ser adotado em seguida? A CF determina que os
autos deverão ser remetidos dentro de 24 horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus
membros, resolva sobre a prisão (art. 53, § 2º). Esse voto é aberto. Assim, o STF remeteu os autos ao Senado
Federal que, por 59 votos contra 13, decidiu manter a prisão do Senador. STF. 2ª Turma. AC 4036 e 4039
Referendo-MC/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgados em 25/11/2015 (Info 809)
53
O Poder Judiciário possui competência para impor aos parlamentares, por autoridade própria, as medidas
cautelares previstas no art. 319 do CPP, seja em substituição de prisão em flagrante delito por crime
inafiançável, por constituírem medidas individuais e específicas menos gravosas; seja autonomamente, em
circunstâncias de excepcional gravidade. Obs: no caso de Deputados Federais e Senadores, a competência para
impor tais medidas cautelares é do STF (art. 102, I, “b”, da CF/88). Importante, contudo, fazer uma ressalva: se a
medida cautelar imposta pelo STF impossibilitar, direta ou indiretamente, que o Deputado Federal ou Senador
exerça o seu mandato, então, neste caso, o Supremo deverá encaminhar a sua decisão, no prazo de 24 horas, à
Câmara dos Deputados ou ao Senado Federal para que a respectiva Casa delibere se a medida cautelar imposta
pela Corte deverá ou não ser mantida. Assim, o STF pode impor a Deputado Federal ou Senador qualquer das
medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP. No entanto, se a medida imposta impedir, direta ou
indiretamente, que esse Deputado ou Senador exerça seu mandato, então, neste caso, a Câmara ou o Senado
poderá rejeitar (“derrubar”) a medida cautelar que havia sido determinada pelo Judiciário. Aplica-se, por
analogia, a regra do §2º do art. 53 da CF/88 também para as medidas cautelares diversas da prisão. STF.
Plenário. ADI 5526/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
11/10/2017 (Info 881).
Impossibilidade de prisão civil por dívida alimentícia; impossibilidade de ser conduzido para depor.
Marcelo Novelino entende que deve ser preso, pois a hipótese da Constituição se refere apenas à prisão penal
cautelar. TJ DF decidiu nesse sentido, pois não pode o congressista ser preso por esse fundamento, não sendo
excepcionada pela CF.
E se o crime for afiançável? É possível a intervenção para cessar a prática delituosa, porem não se pode
lavrar o auto de prisão em flagrante.
55
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
O Tribunal, por maioria, confirmando despacho do Ministro Celso de Mello, Presidente, indeferiu pedido feito
por súdito estrangeiro, submetido à prisão preventiva para extradição, no sentido de que lhe fosse concedido o
direito à prisão especial garantido aos parlamentares nacionais, sob a alegação de ser membro de parlamento
estrangeiro. Entendeu-se que o art. 295 do CPP ("Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição
da autoridade competente, quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva: ... III - Os membros do
Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e das Assembléias Legislativas dos Estados;")
comporta interpretação restritiva, não sendo possível estender o benefício excepcional da prisão especial por
analogia. Vencido o Min. Marco Aurélio, que entendia aplicável à espécie o referido dispositivo, tendo em vista
a inviolabilidade do direito à igualdade garantido aos estrangeiros residentes no País (CF, art. 5º). Prisão
Preventiva para Extradição (AgRg) 315-Áustria, rel. Min. Octavio Gallotti, 20.8.98.
A) Processo
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo
Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo
voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 35, de 2001).
Os crimes anteriores à diplomação não podem ser sustados, somente os posteriores. Todos vão
para o STF, mas a sustação fica restrita aos praticados depois da diplomação. A persecução penal dos
parlamentares, portanto, sofrerá tratamento diferenciado, dependendo do momento da prática do crime. Para
os crimes praticados antes da diplomação, não haverá incidência de qualquer imunidade formal em relação ao
processo, podendo o parlamentar ser normalmente processado e julgado (*AGORA NA PRIMEIRA INSTÂNCIA
MESMO). Já para os crimes praticados após a diplomação, o parlamentar poderá ser processado e julgado (no
foro privilegiado), enquanto durar o mandato, CASO HAJA RELAÇÃO COM O CARGO.
Porém, a pedido de partido político com representação na Casa Legislativa respectiva, esta poderá
sustar o andamento da ação penal pelo voto ostensivo e nominal da maioria absoluta de seus membros, no
prazo de 45 dias do pedido. A suspensão da ação penal persistirá enquanto durar o mandato, e acarretará,
igualmente, a suspensão da prescrição.
Sempre que falar em maioria dos membros é maioria absoluta. Quando falar maioria dos presentes é
maioria relativa.
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias
56
do seu recebimento pela Mesa Diretora. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001).
§5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 35, de 2001).
Com a EC nº 35/01, o princípio da improcessabilidade (somente com autorização da Casa Legislativa) foi
substituído pelo princípio da processabilidade. Só se aplica ao crime praticado após a diplomação. Nesse caso,
se for crime anterior não pode haver suspensão do processo. A sustação do processo suspende a prescrição.
Súmula 704. Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por
continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados.
Isso vale tanto para processos distintos como para o mesmo processo, como ocorreu no caso do
mensalão.
#OBS: o que ocorre quando o parlamentar que teve um processo suspenso é reeleito? Se ele foi reeleito ele vai
ser diplomado novamente. O crime não será mais posterior à diplomação, pois houve uma nova. Ele irá
responder mesmo que seja reeleito. Não poderá haver uma nova suspensão. AC 700-Agr.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #IMPORTANTE
A instauração ou prosseguimento de inquérito contra parlamentar depende de autorização do STF (não da Casa
Legislativa), conforme julgado abaixo:
Questão de Ordem em Inquérito. 1. Trata-se de questão de ordem suscitada pela defesa de Senador da
República, em sede de inquérito originário promovido pelo Ministério Público Federal (MPF), para que o
Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) defina a legitimidade, ou não, da instauração do inquérito e do
indiciamento realizado diretamente pela Polícia Federal (PF). 2. Apuração do envolvimento do parlamentar
quanto à ocorrência das supostas práticas delituosas sob investigação na denominada "Operação Sanguessuga".
3. Antes da intimação para prestar depoimento sobre os fatos objeto deste inquérito, o Senador foi
previamente indiciado por ato da autoridade policial encarregada do cumprimento da diligência. 4.
Considerações doutrinárias e jurisprudenciais acerca do tema da instauração de inquéritos em geral e dos
inquéritos originários de competência do STF: i) a jurisprudência do STF é pacífica no sentido de que, nos
inquéritos policiais em geral, não cabe a juiz ou a Tribunal investigar, de ofício, o titular de prerrogativa de foro;
ii) qualquer pessoa que, na condição exclusiva de cidadão, apresente "notitia criminis", diretamente a este
Tribunal é parte manifestamente ilegítima para a formulação de pedido de recebimento de denúncia para a
apuração de crimes de ação penal pública incondicionada. Precedentes: INQ no 149/DF, Rel. Min. Rafael Mayer,
57
Pleno, DJ 27.10.1983; INQ (AgR) no 1.793/DF, Rel. Min. Ellen Gracie, Pleno, maioria, DJ 14.6.2002; PET - AgR - ED
no 1.104/DF, Rel. Min. Sydney Sanches, Pleno, DJ 23.5.2003; PET no 1.954/DF, Rel. Min. Maurício Corrêa, Pleno,
maioria, DJ 1º.8.2003; PET (AgR) no 2.805/DF, Rel. Min. Nelson Jobim, Pleno, maioria, DJ 27.2.2004; PET no
3.248/DF, Rel. Min. Ellen Gracie, decisão monocrática, DJ 23.11.2004; INQ no 2.285/DF, Rel. Min. Gilmar
Mendes, decisão monocrática, DJ 13.3.2006 e PET (AgR) no 2.998/MG, 2ª Turma, unânime, DJ 6.11.2006; iii)
diferenças entre a regra geral, o inquérito policial disciplinado no Código de Processo Penal e o inquérito
originário de competência do STF regido pelo art. 102, I, b, da CF e pelo RI/STF. A prerrogativa de foro é uma
garantia voltada não exatamente para os interesses do titulares de cargos relevantes, mas, sobretudo, para a
própria regularidade das instituições. Se a Constituição estabelece que os agentes políticos respondem, por
crime comum, perante o STF (CF, art. 102, I, b), não há razão constitucional plausível para que as atividades
diretamente relacionadas à supervisão judicial (abertura de procedimento investigatório) sejam retiradas do
controle judicial do STF. A iniciativa do procedimento investigatório deve ser confiada ao MPF contando com a
supervisão do Ministro-Relator do STF. 5. A Polícia Federal não está autorizada a abrir de ofício inquérito policial
para apurar a conduta de parlamentares federais ou do próprio Presidente da República (no caso do STF). No
exercício de competência penal originária do STF (CF, art. 102, I, "b" c/c Lei nº 8.038/1990, art. 2º e RI/STF, arts.
230 a 234), a atividade de supervisão judicial deve ser constitucionalmente desempenhada durante toda a
tramitação das investigações desde a abertura dos procedimentos investigatórios até o eventual oferecimento,
ou não, de denúncia pelo dominus litis. 6. Questão de ordem resolvida no sentido de anular o ato formal de
indiciamento promovido pela autoridade policial em face do parlamentar investigado.(Inq 2411 QO, Relator(a):
Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 10/10/2007, DJe-074 DIVULG 24-04-2008 PUBLIC 25-04-2008
EMENT VOL-02316-01 PP-00103 RTJ VOL-00204-02 PP-00632).
A nova disciplina da imunidade formal, em face de sua natureza processual, tem aplicação imediata 9,
permitindo aos tribunais o início da ação penal em relação a todas as infrações penais praticadas por
parlamentares, inclusive em relação àquelas em que a licença - até então exigida - tivesse sido negada.
9
INFORMATIVO 265 (INQ-1566) EC 35/2001: PREJUDICIALIDADE DA LICENÇA PRÉVIA (TRANSCRIÇÕES)
(...) Ao contrário da inviolabilidade ou imunidade material que elide a criminalidade do fato ou, pelo menos, a
responsabilidade do agente - e, substantiva, por isso, instituto de Direito Penal -, a "licença prévia" antes exigida
caracterizava mera condição de procedibilidade, a qual - até que deferida ou enquanto durasse a investidura parlamentar
do acusado - configurava empecilho temporário ao exercício da jurisdição, impedindo a instauração ou o curso do processo.
Do que resulta induvidoso - independentemente de qualquer indagação sobre a eficácia temporal de emenda à
Constituição - a aplicabilidade imediata aos casos pendentes da norma constitucional que fez desnecessária a licença
prévia da Câmara. Tenho, assim, por prejudicado pela EC 35/01 o pedido de licença para o processo contra o primeiro
denunciado. Na disciplina constitucional anterior, a pendência do pedido de licença prévia implicava a suspensão do curso
da prescrição (antigo art. 53, § 3º, CF), desde a data do despacho que a determinara até a sua concessão ou o termo do
mandato do acusado (cf. STF, Inq. 547, 10.02.93, Pertence, RTJ 149/692). Extinto o instituto, desde a vigência da EC 35/01,
voltou a fluir, também em favor do Deputado denunciado, o prazo prescricional restante. Consolidou-se na Casa o
entendimento de que a investidura do acusado no Congresso Nacional e o conseqüente deslocamento da competência
originária para o Supremo Tribunal não afetam a validade dos atos anteriormente praticados perante o Juízo então
competente, incluído o oferecimento da denúncia, que prescinde de ratificação pelo Procurador-Geral (Inq. 571-QO
26.06.92, Pertence, RTJ 147/902; AgInq. 592, 24.03.93, Moreira, RTJ 150/41; EDHC 72986, Pl, 05.06.96, M. Aurélio,
19.12.96; Inq. 1028-QO, 03.04.97, Moreira, RTJ 163/885; HC 78222, 16.12.98, M. Aurélio).
58
O partido pode pedir a qualquer tempo, mas a Casa deve decidir em 45 dias. Seria anti-republicano e
inconstitucional dizer que se poderia sustar o processo e a prescrição continuar correndo.
Pode sustar o andamento da ação penal SE O CRIME FOR PRATICADO APÓS A DIPLOMAÇÃO;
O pedido de sustação deve ser apreciado em até 45 dias pela Mesa Diretora;
A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato (art. 53, § 5º, CF);
#OUSESABER: A imunidade formal envolve o foro privilegiado (STF), a proteção do parlamentar contra a
prisão (salvo em flagrante de crime inafiançável) e, nos crimes praticados após a diplomação, uma vez recebida
a denúncia, torna possível a sustação do andamento do processo penal instaurado pelo Supremo Tribunal
Federal. Ainda, outras garantias envolvem: • Não obrigatoriedade de testemunhar sobre informações recebidas
ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam
informações; • Quórum qualificado para suspensão das imunidades durante o estado de sítio, apenas em atos
praticados fora do recinto do Congresso Nacional, incompatíveis com a execução da medida. • Necessidade de
prévia licença da Casa respectiva para incorporação às Forças Armadas. A imunidade protege o parlamentar
desde a expedição do diploma pela Justiça Eleitoral competente. A diplomação é ato anterior à posse. O
diploma é o atestado expedido pela Justiça Eleitoral certificando a regular eleição do candidato.
Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado
na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os
Deputados Federais acima de doze.
§ 1º - Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição
sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e
incorporação às Forças Armadas.
Poderia haver um tratamento mais leve ou mais rigoroso na Constituição Estadual? O entendimento é
de que as regras referentes aos parlamentares federais, devem ser aplicadas de forma integral e imediata aos
parlamentares estaduais. Integral - não pode haver nenhuma diferença de tratamento. Não pode diminuir ou
aumentar as garantias. Com a alteração promovida pela EC nº 35, aplicava-se a regra da Constituição Federal,
enquanto as Constituições Estaduais não se adaptassem às novas regras. Ex disso é o fim do voto secreto na
cassação de mandato. Se as CE ainda não preveem essa regra, aplica-se automaticamente a CF.
A prerrogativa de foro dos Deputados Estaduais é, em regra, do Tribunal de Justiça. O STF entende que
quando a CF fala em “imunidades”, compreende o sentido de abranger não apenas as imunidades materiais,
mas também a prerrogativa de foro. Entende, portanto, que as imunidades dos Deputados Estaduais foram
estabelecidas pela CF. Não se aplica a Súmula nº 721 STF, que estabelece que a competência do Júri prevalece
quando o foro é previsto unicamente na CE, já que o foro dos deputados estaduais é estabelecido na CF.
No caso de crimes eleitorais, a competência não será do TJ, e sim do Tribunal Regional Eleitoral. No caso
de crimes contra bens, interesses ou serviços da União, autarquias ou empresas públicas federais, a
competência será do TRF.
#OUSABER: Lei estadual pode determinar que a remuneração dos Deputados Estaduais sejam um percentual
fixo sobre o subsídio dos Deputados Federais? Segundo o STF, NÃO!!! Este entendimento foi expressado quando
o STF julgou inconstitucional artigo da Lei n.º 7.456/2003, do Estado do Espírito Santo, que vinculava a
remuneração dos deputados estaduais à 75% da remuneração dos deputados federais. A norma foi
questionada na ADI n.º 3461, na qual se alegou que o dispositivo violava a autonomia dos estados, estabelecia
60
vinculação inconstitucional entre remunerações, violava o princípio da isonomia e previa gasto sem a devida
dotação orçamentária.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
É constitucional norma da Constituição estadual que preveja que as proibições e os impedimentos estabelecidos
para os Deputados Estaduais deverão ser aplicados também para o Governador e o Vice-Governador do Estado.
STF. Plenário. ADI 253/MT, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/5/2015 (Info 787).
Deputado Estadual que, ao defender a privatização de banco estadual, presta declarações supostamente falsas
sobre o montante das dívidas dessa instituição financeira não comete o delito do art. 3º da Lei nº 7.492/86,
estando acobertado pela imunidade material. STF. 1ª Turma. HC 115397/ES, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado
em 16/5/2017 (Info 865).
2.4 VEREADORES
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na
circunscrição do município10.
Prerrogativa de foro: não há previsão na CF, todavia, o STF entende que a Constituição Estadual pode
atribuir essa prerrogativa aos vereadores (geralmente ao TJ). Se a lei orgânica municipal fixar essa prerrogativa,
essa previsão não será válida. Apenas a Constituição Estadual pode estabelecer competências para o TJ.
Se houver prerrogativa de foro fixada na Constituição Estadual será aplicada a Súmula nº 721 STF –
10
O TRF4/2016 considerou correta a seguinte alternativa a respeito dessa temática: “Segundo orientação do Supremo
Tribunal Federal, nos limites da circunscrição do Município e havendo pertinência com o exercício do mandato, os
vereadores são imunes judicialmente por suas palavras, suas opiniões e seus votos . Não obstante, a ausência de controle
judicial não imuniza completamente as manifestações dos parlamentares, que podem ser repreendidas pelo
Legislativo.”
61
norma de maior hierarquia (Rcl 7936, HC 95506).
Não deixa de ser uma espécie de imunidade, porque o parlamentar fica imune a uma obrigação imposta
pela Constituição a todos os brasileiros (art. 143). A incorporação às Forças Armadas, mesmo em tempo de
guerra, dependerá de prévia licença da sua Casa. Se renunciar ao mandato, pode incorporar-se sem a licença.
§7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em
tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
35, de 2001)
ESTADO DE SÍTIO
Dentro da Casa permanece a imunidade, mas poderão ser suspensas, EXEMPLO: secretas.
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de
economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas
uniformes;
62
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis "ad nutum",
nas entidades constantes da alínea anterior;
II - desde a posse:
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com
pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada;
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades referidas no inciso I, "a";
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, "a";
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.
São normas de observância obrigatória, ou seja, estendem-se aos deputados estaduais e vereadores.
Não se confundem as inelegibilidades, absolutas (art. 14, §4º - inalistáveis e analfabetos) ou relativas
(art. 14, §9º), pois estas ocorrem antes das eleições. As incompatibilidades, por sua vez, se diferenciam porque
se aplicam após as eleições.
Segundo Alexandre de Moraes, podem ser classificadas em funcionais (art. 54, I, ‘b’ e II, ‘b’); negociais
ou contratuais (art. 54, I, ‘a’); políticas (art. 54, II, ‘d’) e profissionais (art. 54, II, ‘a’ e II, ‘c’). A Constituição não as
estende aos cônjuges e parentes do parlamentar, o que é feito, até o segundo grau, pelos Códigos de Ética e
Decoro de algumas casas legislativas, especialmente em relação às incompatibilidades do art. 54, I, ‘a’ e 54, II,
‘a’.
Vale lembrar que o art. 38, I, da Constituição, contém outra incompatibilidade, ao proibir a acumulação
de mandato eletivo com cargo público, exceto para os vereadores, se os horários forem compatíveis.
63
Por fim, conforme já decidido pelo STF, as restrições constitucionais inerentes ao exercício do mandato
parlamentar não se estendem ao suplente (MS n.º 21.266/DF).
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
O art. 30, II, da Lei nº 8.906/94, prevê que os membros do Poder Legislativo (Vereadores, Deputados e
Senadores) são impedidos de exercer a advocacia contra ou a favor das pessoas jurídicas de direito público,
empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas, entidades paraestatais ou empresas
64
concessionárias ou permissionárias de serviço público. Essa proibição abrange a advocacia envolvendo qualquer
dos entes federativos (União, Estados, DF e Municípios). Assim, o desempenho de mandato eletivo no Poder
Legislativo impede o exercício da advocacia a favor ou contra pessoa jurídica de direito público pertencente a
qualquer das esferas de governo – municipal, estadual ou federal. Ex1: um Deputado Estadual, além de não
poder advogar em causas relacionadas com o Estadomembro, também está impedido de advogar em processos
envolvendo os Municípios ou a União. Ex2: um Vereador não pode advogar contra o INSS, mesmo sendo esta
uma autarquia federal. Ex3: um Deputado Federal não pode, advogando em causa própria, ajuizar uma ação
popular, qualquer que seja o ente federativo envolvido. STJ. 1ª Seção. EAREsp 519.194-AM, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 14/6/2017 (Info 607).
A CF faz distinção entre cassação e extinção. No caso da cassação a própria casa do parlamentar é quem
decide se vai haver ou não essa medida. Maioria absoluta. Essa decisão era feita em escrutínio secreto. Agora a
65
CF é omissa. Quando a CF não prevê o sigilo expressamente, a regra deve ser a publicidade. Vale também para
deputado estadual e vereador.
Inciso VI - Prevalece no STF o entendimento de que mesmo o STF condenando, cabe ao Parlamento
decidir se o mandato vai ser cassado. Mas no art. 15 fala que os direitos políticos serão suspensos. Mas essa é
uma regra geral e há aqui uma específica.
Na extinção não há decisão sobre a perda do mandato. É um ato vinculado. Pode ser feito de ofício ou
por provocação. Os ministros que votaram no mensalão pela perda automática invocam o inciso IV.
EXTINÇÃO do mandato “é o perecimento do mandato pela ocorrência de fato ou ato que torna
automaticamente inexistente a investidura eletiva, tais como a morte, a renúncia, o não comparecimento a
certo número de sessões expressamente fixado (desinteresse que a Constituição eleva à condição de renúncia),
perda ou suspensão dos direitos políticos”.
Quanto ao art. 55, II, o termo “decoro parlamentar” deve ser entendido como o conjunto de regras
legais e morais que devem reger a conduta dos parlamentares, no sentido de dignificação da atividade
legislativa, não cabendo ao Poder Judiciário decidir sobre a tipicidade da conduta do parlamentar nas previsões
regimentais caracterizadoras da falta de decoro parlamentar.
Pode-se dizer que há certa redundância entre os incisos IV e VI do art. 55 (IV - que perder ou tiver
suspensos os direitos políticos; VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado), já que a
condenação criminal transitada em julgado é causa de suspensão dos direitos políticos, conforme o art. 15, III,
da Constituição. Entretanto, como observa Alexandre de Moraes, “Os parlamentares federais, porém, no
exercício do mandato que forem condenados criminalmente, salvo se incidirem na hipótese do art. 55, VI e
parágrafo 2º da CF, não perderão automaticamente o mandato, mas não poderão disputar novas eleições
enquanto durarem os efeitos da decisão condenatória”.
66
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
O ex-Deputado Federal Eduardo Cunha impetrou mandado de segurança no STF pedindo a suspensão do
processo de cassação que tramitava contra ele na Câmara dos Deputados por quebra de decoro parlamentar. O
pedido do impetrante foi negado. O STF só pode interferir em procedimentos legislativos (ex: processo de
cassação) em uma das seguintes hipóteses: a) para assegurar o cumprimento da Constituição Federal; b) para
proteger direitos fundamentais; ou c) para resguardar os pressupostos de funcionamento da democracia e das
instituições republicanas. Exemplo típico na jurisprudência é a preservação dos direitos das minorias, onde o
Supremo poderá intervir. No caso concreto, o STF entendeu que nenhuma dessas situações estava presente. Em
se tratando de processos de cunho acentuadamente político, como é o caso da cassação de mandato
parlamentar, o STF deve se pautar pela deferência (respeito) às decisões do Legislativo e pela autocontenção,
somente intervindo em casos excepcionalíssimos. Dessa forma, neste caso, o STF optou pela técnica da
autocontenção (judicial self-restraint), que é o oposto do chamado ativismo judicial. Na autocontenção, o Poder
Judiciário deixa de atuar (interferir) em questões consideradas estritamente políticas. STF. Plenário. MS
34.327/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/9/2016 (Info 838).
#OUSESABER #OLHAOGANCHO: O que se entende por judicial self restraint? Trata-se da técnica da
autocontenção do Poder Judiciário, em que este deixa de atuar, por entender que se trata de uma questão de
cunho eminentemente político. Vê-se, portanto, que é uma contraposição ao ativismo judicial. Tal expressão
foi utilizada recentemente pelo STF, ao apreciar o MS 34.327/DF, em que o ex-Deputado Federal Eduardo Cunha
pedia para suspender o seu processo de cassação, tendo o STF decidido que não era o caso de o Judiciário
intervir (judicial self-restraint).
CASSAÇÃO EXTINÇÃO
NÃO depende de deliberação.
Depende de DELIBERAÇÃO das Casas por maioria É ato meramente declaratório da Mesa Diretora, de
absoluta, devendo ser assegurada a ampla defesa. ofício ou por provocação de qualquer de seus
membros;
- quando deixar de comparecer, em cada sessão
legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da
- quando infringir qualquer das proibições do art. 54;
Casa a que pertencer (salvo licença ou missão por esta
autorizada);
- quando o procedimento for declarado incompatível
- que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
com o decoro parlamentar;
- quando sofrer condenação criminal em sentença - quando o decretar a justiça eleitoral;
67
transitada em julgado – MENSALÃO.
Constituição Estadual não pode tratar sobre perda de mandato dos Deputados Estaduais de forma
diferente do que é previsto para os Deputados Federais.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
É inconstitucional norma da Constituição estadual que preveja que o Deputado Estadual perderá o mandato em
caso de condenação criminal nos crimes apenados com reclusão, atentatórios ao decoro parlamentar. Isso
porque a CE, ao tratar sobre perda de mandato do parlamentar estadual, deverá seguir as mesmas regras
impostas pela CF/88 aos deputados federais.
Segundo o art. 55, VI, da CF/88, o Deputado Federal deverá perder o mandato sempre que sofrer condenação
criminal transitada em julgada, independentemente da natureza da pena e do tipo de crime. Logo, a CE viola a
CF/88 ao limitar a perda aos casos em que o parlamentar for condenado por crime apenado com reclusão e
atentatório ao decoro parlamentar.
(STF. Plenário. ADI 3200/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 22/5/2014.
*Vale lembrar que em caso de condenação criminal transitada em julgado, haverá a perda imediata do
mandato eletivo no caso de Vereadores, Prefeitos, Governadores e Presidente da República.
Essa questão vem sendo objeto de controvérsias recentemente, sobretudo a partir do “Caso Mensalão” (AP
470) e pode ser assim sintetizada:
Síntese: a perda do mandato dependeria de deliberação da Casa Legislativa, pois a regra do art. 55, § 2º seria
especial em relação ao art. 15, III da CF.
Síntese:
- a condenação a pena por mais de 4 anos de reclusão ou que diga respeito a ato de improbidade administrativa
68
– o que ocorre nos crimes contra a Administração Pública, tais como peculato e corrupção passiva, deve implicar
automaticamente a perda dos mandatos eletivos;
- não se trata de juízo político, pois a perda do mandato eletivo se caracteriza como efeito irreversível da
sentença condenatória;
- a Casa Legislativa pode decretar a perda nos casos em que a sentença condenatória não o fizer, em razão de
não estarem presentes os requisitos legais (CP, art. 92, I, “a” e “b”, e parágrafo único), ou por ter sido proferida
anteriormente à expedição do diploma, com trânsito em julgado ocorrente em momento posterior.
*Em outras palavras: · Se na decisão condenatória o STF não determinou a perda do mandato eletivo, nos
termos do art. 92, I, do CP: a perda do mandato somente poderá ocorrer se a maioria absoluta da Câmara ou do
Senado assim votar (aplica-se o art. 55, § 2º da CF/88); · Se na decisão condenatória o STF determinou a perda
do mandato eletivo, nos termos do art. 92, I, do CP: a perda do mandato ocorrerá sem necessidade de votação
pela Câmara ou Senado (não se aplica o art. 55, § 2º). O procedimento estabelecido no art. 55 da CF disciplina
circunstâncias em que a perda de mandato eletivo parlamentar pode ser decretada com base em juízo político.
No entanto, esse procedimento não é aplicável quando a aludida perda foi determinada em decisão do Poder
Judiciário como efeito irreversível da sentença condenatória. Em outras palavras, se o STF determinou a perda
do cargo, a Casa Legislativa deverá simplesmente cumprir a decisão. Se o STF não determinou a perda do cargo,
mesmo assim a Casa Legislativa pode entender que não é correto manter um Deputado ou Senador com
mandato quando ele tiver sido condenado e decidir pela perda do cargo, com base no art. 55, § 2º, da CF/88.
Logo, para esta segunda corrente, se o Deputado Federal ou o Senador foi condenado criminalmente, com
sentença judicial transitada em julgado, o STF poderá determinar a perda do mandato eletivo, nos termos do
art. 92, I, do CP. Nessa hipótese, não será necessária votação pela respectiva Casa (não se aplica o art. 55, § 2º
da CF/88). A condenação já tem o condão de acarretar a perda do mandato. O STF já adotou esta corrente no
julgamento do “Mensalão” (AP 470/MG, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 10 e 13/12/2012) (Info 692)
Congresso é quem cassa, decide STF ao condenar Cassol. A corte ainda definiu que cabe ao Congresso Nacional
decidir sobre a cassação do mandato de eleitos condenados criminalmente, alterando posição firmada no
julgamento da Ação Penal 470, o processo do mensalão. A mudança se deve à entrada dos dois mais novos
ministros na corte, Teori Zavascki e Roberto Barroso.
Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: VI – que sofrer condenação criminal em sentença
transitada em julgado. (...) § 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será DECIDIDA pela Câmara
dos Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de
partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
69
Logo, para esta primeira corrente, mesmo o Deputado Federal ou o Senador tendo sido condenado
criminalmente, com sentença judicial transitada em julgado, ele somente perderá o mandato se assim DECIDIR
a maioria absoluta da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal. O STF adotou esta corrente no julgamento
do Senador Ivo Cassol (AP 565/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 7 e 8/8/2013) (Info 714).
No julgamento dos embargos de declaração da AP 470, em setembro de 2013, o STF voltou a afirmar cabe ao
Supremo a decisão a respeito da perda do mandato, cabendo ao legislativo apenas cumprir a ordem.
5 – A concessão da liminar pelo Min. Barroso no caso do Deputado Donadon (setembro de 2013):
[...] uma interpretação individual do ministro Barroso deu novos ingredientes ao debate. O magistrado
concedeu uma liminar ao PSDB, suspendendo os efeitos da decisão da Câmara de preservar o mandato de
Donadon. O argumento de Barroso foi que o deputado presidiário não conseguiria progredir para o regime
semiaberto antes do término do mandato. A interpretação abriria brecha para que parlamentares condenados
ao regime semiaberto, no qual a pessoa pode trabalhar durante o dia, permaneçam com os mandatos. Crítico à
posição do colega, o ministro Gilmar Mendes alertou que essa possibilidade criaria o tal “mandato salame”. Ele
disse que a Constituição prevê como regra geral que cabe a cada uma das Casas do Congresso a decisão sobre a
perda do mandato do deputado ou do senador que sofrer condenação criminal. "Esta regra geral, no entanto,
não se aplica em caso de condenação em regime inicial fechado, por tempo superior ao prazo remanescente do
mandato parlamentar. Em tal situação, a perda se dá automaticamente, por força da impossibilidade jurídica e
física de seu exercício", disse o ministro. Como consequência, quando se tratar de deputado cujo prazo de
prisão em regime fechado exceda o período que falta para a conclusão de seu mandato, a perda se dá como
resultado direto e inexorável da condenação, sendo a decisão da Câmara dos Deputados vinculada e
declaratória.
• Se o Deputado ou Senador for condenado a uma pena em regime aberto ou semiaberto: a condenação
criminal não gera a perda automática do cargo. O Plenário da Câmara ou do Senado irá deliberar, nos termos do
art. 55, § 2º, da CF/88, se o condenado deverá ou não perder o mandato.
STF. 1ª Turma. AP 694/MT, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 2/5/2017 (Info 863). STF. 1ª Turma. AP 968/SP,
Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 22/5/2018 (Info 903).
#OBS: Você entendeu o motivo dessa conclusão? Não vamos decorar, vamos entender e ler a fundamentação:
Se o Deputado ou Senador for condenado a mais de 120 dias em regime fechado, ele deverá cumprir a pena em
penitenciária e não poderá sair para trabalho externo. Logo, não poderá frequentar o Congresso Nacional,
devendo, por consequência, perder o mandato com base no art. 55, III, da CF/88: Art. 55. Perderá o mandato o
Deputado ou Senador: (...) III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões
ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada; Esse inciso III prevê a perda do
mandato ao parlamentar que, em cada sessão legislativa, faltar a 1/3 das sessões ordinárias. Como a sessão
legislativa é anual (equivalente a 1 ano), 1/3 significa 4 meses (120 dias). Logo, se o parlamentar irá ficar preso
durante mais de 120 dias, ele não poderá comparecer às sessões neste período e, portanto, deverá ser
declarada a perda de seu mandato.
No caso deste inciso III, a perda do mandado é DECLARADA pela Mesa Diretora da Câmara ou do Senado: Art.
55 (...) § 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de
ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no
Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
#NÃOCONFUNDIR: Declaração não é o mesmo que deliberação (decisão). Assim, ocorrendo a situação descrita
no inciso III do art. 55, a Mesa da Casa respectiva não tem o poder de decidir se o Parlamentar irá perder ou não
o mandato. A Mesa é obrigada a simplesmente declarar (reconhecer, formalizar) que o Parlamentar perdeu o
mandato. Assim, no caso do inciso III, não há necessidade de deliberação do Plenário e a perda do mandato
deve ser automaticamente declarada pela Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.
2ª Turma do STF: NÃO. A perda não é automática. A Casa é que irá deliberar. O STF apenas comunica, por meio
de ofício, à Mesa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal informando sobre a condenação do
parlamentar. A Mesa da Câmara ou do Senado irá, então, deliberar (decidir) como entender de direito (como
quiser) se o parlamentar irá perder ou não o mandato eletivo, conforme prevê o art. 55, VI, § 2º, da CF/88.
Assim, mesmo com a condenação criminal, quem decide se haverá a perda do mandato é a Câmara dos
Deputados ou o Senado Federal. STF. 2ª Turma. AP 996/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/5/2018 (Info
71
904) (obs: o Relator Edson Fachin ficou vencido neste ponto). #IMPORTANTE
Se o STF condenar criminalmente um Deputado Federal ou Senador, haverá a perda automática do mandato
ou isso ainda dependerá de uma deliberação (decisão) da Câmara ou do Senado, respectivamente? A
condenação criminal transitada em julgado é suficiente, por si só, para acarretar a perda automática do
mandato eletivo de Deputado Federal ou de Senador?
1ª Turma do STF: DEPENDE 2ª Turma do STF: NÃO. A perda não é automática. A
Casa é que irá deliberar
• Se o Deputado ou Senador for condenado a mais de O STF apenas comunica, por meio de ofício, à Mesa da
120 dias em regime fechado: a perda do cargo será Câmara dos Deputados ou do Senado Federal
uma consequência lógica da condenação. Neste caso, informando sobre a condenação do parlamentar. A
caberá à Mesa da Câmara ou do Senado apenas Mesa da Câmara ou do Senado irá, então, deliberar
declarar que houve a perda (sem poder discordar da (decidir) como entender de direito (como quiser) se o
decisão do STF), nos termos do art. 55, III e § 3º da parlamentar irá perder ou não o mandato eletivo,
CF/88. • Se o Deputado ou Senador for condenado a conforme prevê o art. 55, VI, § 2º, da CF/88.
uma pena em regime aberto ou semiaberto: a
condenação criminal não gera a perda automática do Assim, mesmo com a condenação criminal, quem
cargo. O Plenário da Câmara ou do Senado irá decide se haverá a perda do mandato é a Câmara dos
deliberar, nos termos do art. 55, § 2º, se o condenado Deputados ou o Senado Federal. STF. 2ª Turma. AP
deverá ou não perder o mandato. STF. 1ª Turma. AP 996, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/05/2018
694/MT, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 2/5/2017 (obs: o Relator Edson Fachin ficou vencido neste
(Info 863). STF. 1ª Turma. AP 968/SP, Rel. Min. Luiz ponto).
Fux, julgado em 22/5/2018 (Info 903).
PODER: pode significar soberania (todo o poder emana do povo), órgão (são poderes da União o
Legislativo, o Executivo, o Judiciário) e função (O Poder Legislativo, Executivo etc).
Estrutura e funcionamento: opera por meio do Congresso Nacional, que é bicameral (Câmara e Senado).
O poder é um só e emana do povo. Existem funções do Estado que são identificadas desde de
Aristóteles: Função legislativa (fazer a lei / INOVAR A ORDEM JURÍDICA / ELABORANDO AS NORMAS JURÍDICAS),
função executiva e função judiciária (aplicação das leis para a solução dos conflitos). MONTESQUIEU trabalhou a
tripartição de funções em uma tripartição orgânica, para garantir a não-cumulação de poder num órgão.
A Constituição Federal normatizou em seu art. 2º o Princípio da Separação de Poderes – ou, como quer
parte da doutrina, separação das funções a cargo do Estado – estabelecendo a independência e harmonia entre
os Poderes. O próprio legislador constituinte atribuiu diversas funções a todos os poderes, sem, contudo,
caracterizá-las com exclusividade absoluta. Assim, cada um dos poderes possui uma função predominante ou
típica, que o caracteriza como detentor de parcela da soberania estatal, além de outras funções previstas no
próprio texto constitucional.
O Poder Legislativo Federal é bicameral, e exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara
dos Deputados (Baixa Câmara) e do Senado Federal (Alta Câmara), sem que haja predominância substancial de
uma Câmara sobre a outra, sem embargo das críticas quanto ao impróprio papel reservado à Câmara dos
Deputados, de dar a palavra final nas matérias mais importantes, que são as iniciadas pelo Presidente da
República, STF e Tribunais Superiores, conforme art. 64.
73
Já os poderes legislativos estaduais, distritais e municipais são unicamerais.
Câmara: sistema proporcional. 513 deputados federais. Mínimo de 8 e máximo de 70 por Estado.
Território tem 4 deputados federais. Idade mínima: 21 anos.
Senado: sistema majoritário. 81 senadores. 3 senadores por Estado. Mandato de 8 anos, renovação de
1/3 e 2/3, de 4 em 4 anos. Idade mínima de 35 anos.
5 ORGANIZAÇÃO E ATRIBUIÇÕES
ESFERA FEDERAL
Congresso Nacional = Senado Federal (representante dos Estados) e Câmara dos Deputados
(representante do povo)
ESFERA MUNICIPAL
Câmara de Vereadores
Nos termos do art. 57, §4º, na eleição das mesas do Congresso Nacional, é vedada a recondução para o mesmo
cargo de seus membros na eleição subsequente. No entanto, tal dispositivo não é de reprodução obrigatória
para os Estados-Membros, pois não constitui um princípio constitucional estabelecido, já que não se trata de um
preceito sensível à organização dos Poderes do Estado. Deste modo, de acordo com o STF, em julgamento da
ADI 2.371-MC, de Rel. Min. Moreira Alves, tal competência se encontra inserida na capacidade de auto-
11
*A atuação da Procuradoria da Assembleia Legislativa deve ficar limitada à defesa das prerrogativas inerentes ao Poder
Legislativo. Em outras palavras, é possível a existência de Procuradoria da Assembleia Legislativa, mas este órgão ficará
responsável apenas pela defesa das prerrogativas do Poder Legislativo A representação estadual como um todo,
independentemente do Poder, compete à Procuradoria-Geral do Estado (PGE), tendo em conta o princípio da unicidade
institucional da representação judicial e da consultoria jurídica para Estados e Distrito Federal. No entanto, às vezes, há
conflito entre os Poderes. Ex: o Poder Legislativo cobra do Poder Executivo o repasse de um valor que ele entende devido e
que não foi feito. Nestes casos, é possível, em tese a propositura de ação judicial pela Assembleia Legislativa e quem irá
representar judicialmente o órgão será a Procuradoria da ALE. STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 25/10/2018 (Info 921).
74
organização conferida aos estados federados.
(*) ATUALIZADO EM 11/03/2022: IMPORTANTE. TEMA JÁ APRECIADO NO INFO 1030. Constituições estaduais
podem prever a reeleição de membros das mesas diretoras das assembleias legislativas para mandatos
consecutivos, mas essa recondução é limitada a uma única vez.
1.O art. 57, § 4º, da CF, não é norma de reprodução obrigatória por parte dos Estados- membros.
2. É inconstitucional a reeleição em número ilimitado, para mandatos consecutivos, dos membros das Mesas
Diretoras das Assembleias Legislativas Estaduais para os mesmos cargos que ocupam, sendo-lhes permitida uma
única recondução. STF. Plenário. ADI 6720/AL, ADI 6721/RJ e ADI 6722/RO, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados
em 24/9/2021 (Info 1031).
*(Atualizado em 27/01/2023) #DEOLHONAJURIS - (i) a eleição dos membros das Mesas das Assembleias
Legislativas estaduais deve observar o limite de uma única reeleição ou recondução, limite cuja observância
independe de os mandatos consecutivos referirem-se à mesma legislatura; (ii) a vedação à reeleição ou
recondução aplica-se somente para o mesmo cargo da mesa diretora, não impedindo que membro da mesa
anterior se mantenha no órgão de direção, desde que em cargo distinto; (iii) o limite de uma única reeleição ou
recondução, acima veiculado, deve orientar a formação da Mesa da Assembleia Legislativa no período posterior
à data de publicação da ata de julgamento da ADI 6.524, de modo que não serão consideradas, para fins de
inelegibilidade, as composições eleitas antes de 7.1.2021, salvo se configurada a antecipação fraudulenta das
eleições como burla ao entendimento do Supremo Tribunal Federal. ADI 6688/PR, ADI 6698/MS, ADI 6714/PR,
ADI 7016/MS, relator Ministro Gilmar Mendes, julgamento finalizado em 7.12.2022. ADI 6683/AP, ADI 6686/PE,
ADI 6687/PI, ADI 6711/PI, relator Ministro Nunes Marques, julgamento finalizado em 7.12.2022. (Info 1079 -
STF)
*(Atualizado em 28/02/2021) #DEOLHONAJURIS Não é possível a recondução dos presidentes das casas
legislativas para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente, dentro da mesma legislatura, sendo
permitido em caso de nova legislatura. Não é possível a recondução dos Presidentes da Câmara dos Deputados
e do Senado Federal para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente, dentro da mesma legislatura.
Por outro lado, é possível a reeleição dos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal em caso
de nova legislatura. Ex: o mandato de Presidente da Câmara e de Presidente do Senado é de 2 anos. Cada
legislatura tem a duração de 4 anos. Imagine que João foi eleito Deputado Federal para a legislatura de 2013 a
2016. Suponhamos que ele foi escolhido para ser Presidente da Câmara no período de 2013-2014. Significa que
João não poderá ser reeleito como Presidente da Câmara para o biênio de 2015-2016. Isso porque seria uma
reeleição dentro da mesma legislatura. Ex2: Pedro foi eleito Deputado Federal para a legislatura de 2013 a 2016.
Suponhamos que ele foi escolhido para ser Presidente da Câmara no período de 2015-2016. Em 2016, ele foi
reeleito Deputado Federal para a legislatura de 2017 a 2020. Significa que Pedro poderá ser novamente
Presidente da Câmara para no biênio de 2017-2018. Isso porque seria uma reeleição para nova legislatura. O
75
fundamento para isso está no art. 57, § 4º da CF/88: § 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões
preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e
eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na
eleição imediatamente subsequente. Havia uma tentativa de se dar interpretação conforme e dizer que o § 4º
do art. 57 da CF/88 foi derrogado pela Emenda Constitucional nº 16/97, que permitiu uma reeleição para os
cargos do Poder Executivo. O STF, contudo, não concordou com a alegação e manteve a literalidade do art. 57, §
4º. STF. Plenário. ADI 6524, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/12/2020 (Info 1003).
*(Atualizado em 11/12/2021): É permitida apenas uma reeleição (ou recondução) sucessiva ao mesmo cargo da
mesa diretora de assembleia legislativa estadual, independentemente de os mandatos consecutivos se
referirem à mesma legislatura. Teses fixadas pelo STF:
I) a eleição dos membros das mesas das assembleias legislativas estaduais deve observar o limite de uma única
reeleição ou recondução, limite cuja observância independe de os mandatos consecutivos referirem-se à mesma
legislatura;
II) a vedação à reeleição ou recondução aplica-se somente para o mesmo cargo da mesa diretora, não
impedindo que membro da mesa anterior se mantenha no órgão de direção, desde que em cargo distinto; e
III) o limite de uma única reeleição ou recondução, acima veiculado, deve orientar a formação das mesas das
assembleias legislativas que foram eleitas após a publicação do acórdão da ADI 6.524, mantendo-se inalterados
os atos anteriores. STF. Plenário. ADI 6684/ES, ADI 6707/ES, ADI 6709/TO e ADI 6710/SE, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/9/2021 (Info 1030).
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal.
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em
76
cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.
§ 1º - O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será
estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no
ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de
setenta Deputados.
§ 2º - Cada Território elegerá quatro Deputados.
Representantes do povo;
A Lei Complementar 78/93, que disciplina a fixação do número de deputados, estabeleceu que o
número de deputados federais não ultrapassará 513 (quinhentos e treze) representantes. Esse número
deve ser distribuído por Estado e pelo Distrito Federal, proporcional à sua população, cujos dados
devem ser fornecidos pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no ano anterior às
eleições, para a atualização estatística demográficadas unidades da Federação.
Deputados Federais devem ser maiores de 21 anos; nenhum Estado ou DF terá menos de 8 ou
mais de70 deputados.
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o
princípio majoritário.
§ 1º - Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.
77
§ 2º - A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos,
alternadamente, por um e dois terços.
Sua existência se deve à forma federativa de Estado, em face da necessidade de, nos Estados
Federais, as ordens políticas regionais (os Estados-membros e o DF) serem representados no órgão
legislativo do governo central (União).
Na Câmara dos Deputados vige o princípio proporcional porque a quantidade de deputados varia de
acordo com a população dos Estados. Já Senadores têm número fixo.
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão
tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.
Quórum para deliberações: as deliberações de cada Casa ou do Congresso serão tomadas por maioria
de votos, presente a maioria de seus membros, salvo disposição constitucional em contrário (art. 47). Em casos
expressos, a Constituição contempla hipóteses de deliberação por maioria absoluta (lei complementar, veto
etc.), por três quintos dos membros da Casa (emenda constitucional), por dois terços dos membros da Casa
(autorização, pela Câmara, de processo contra o Presidente da República, Vice-Presidente e Ministros de Estado;
condenação, pelo Senado, do Presidente da República e outras autoridades, por crime de responsabilidade).
Maioria absoluta é mais da metade dos membros, constitui-se a partir do primeiro número inteiro acima da
metade, sendo erro considerá-la como metade mais um.
ESQUEMATIZANDO
Maioria Simples 50% + 1 dos presentes (quórum para aprovação das deliberações, via de
78
regra).
50% + 1 do número total de membros (quórum exigido para a realização das
Maioria Absoluta deliberações, bem como aprovação de determinadas matérias, como lei
complementar).
Exige-se um quórum acima de 50% + 1 do total de membros. Ex. 3/5 (60%)
para a aprovação de emendas ou 2/3 (66,6%) da Câmara dos Deputados para
Maioria Qualificada
autorizar a instauração de processo contra o Presidente da República, o Vice,
ou os Ministros de Estado.
Esse dispositivo regula o quorum inicial dos trabalhos: somente com maioria absoluta dos seus
membros poder-se-á iniciar os trabalhos, com um número menor, não pode haver sessão. Por simetria
constitucional essa regra se aplica ao Legislativo Estadual e Municipal. Se a sessão começar com o quorum certo
e no meio saírem os parlamentares, ela será derrubada, encerrando-se os trabalhos. Podem existir sessões
somente de pronunciamento, nas quais não há exigência de quorum.
A regra de aprovação é de MAIORIA SIMPLES ou MAIORIA RELATIVA, que é a maioria dos PRESENTES.
Assim, não tem um número fixo (a MAIORIA ABSOLUTA sempre tem um número fixo). Mas pelo texto
constitucional há previsões excepcionais:
B) EMENDA CONSTITUCIONAL:
O Congresso Nacional não faz só leis. José Afonso da Silva divide as atividades em cinco grupos:
a) Atribuições legislativas;
79
e) Atribuições constituintes.
1) pedidos de informação, por escrito, encaminhados pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal aos Ministros de Estado ou a quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à
Presidência da República, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não-atendimento no
prazo de trinta dias, bem como declarações falsas;
3) controle externo, com o auxílio do Tribunal de Contas e da Comissão mista permanente a qual
se refere o art. 166, §1º, e que compreende todas as atribuições contidas nos arts. 71 e 72 da
Constituição (Seção IX, da Fiscalização contábil, financeira e orçamentária), culminando com o
julgamento das contas prestadas anualmente pelo Presidente da República;
4) fiscalização e controle dos atos do Poder Executivo , incluídos os da administração indireta (art.
49, X); e
5) tomada de contas pela Câmara dos Deputados , quando o Presidente não as prestar no prazo de
sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, ou seja, até 15 de abril (arts. 51, II, e 84, XXIV).
80
ATRIBUIÇÕES DE JULGAMENTO DE CRIMES DE RESPONSABILIDADE: no julgamento do
Presidente e Vice-Presidente da República, dos Ministros de Estado e Comandantes da Marinha, do Exército e
da Aeronáutica (nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles), a Câmara dos Deputados funciona como
órgão de admissibilidade do processo e o Senado Federal como tribunal político, sob a presidência do
Presidente do Supremo Tribunal Federal. O Senado Federal julga também (sem o prévio juízo de admissibilidade
pela Câmara dos Deputados) os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de
Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da
União.
#OBS: a autorização da Câmara, como condição de procedibilidade, em relação aos Ministros de Estado, se
limita aos crimes comuns e de responsabilidade CONEXOS com os da mesma natureza imputados ao Presidente
da República. Quando os crimes não forem conexos com os imputados ao Presidente da República, os Ministros
de Estado podem ser processados por eles independentemente de autorização da Casa Popular. Assim, sendo
autônomos (não conexos), devem ser processados e julgados pelo Supremo Tribunal Federal.
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o
especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente
sobre: (COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DA UNIÃO).
Os artigos 49, 51 e 52 tratam de atos interna corporis que regulam competências não somente
legislativas, mas também administrativas (executivas) e julgadoras.
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou
compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei
complementar;
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência
exceder a quinze dias;
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer
uma dessas medidas;
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de
delegação legislativa;
VI - mudar temporariamente sua sede;
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37,
XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado
o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a
82
execução dos planos de governo;
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os
da administração indireta;
XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes;
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão;
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra
de riquezas minerais;
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e
quinhentos hectares.
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar
Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para
prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, importando crime de
responsabilidade a ausência sem justificação adequada. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão
nº 2, de 1994).
§ 1º - Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer
de suas Comissões, por sua iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa respectiva, para expor assunto de
relevância de seu Ministério.
§ 2º - As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar pedidos escritos de
informações a Ministros de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste artigo, importando em
crime de responsabilidade a recusa, ou o não - atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação
de informações falsas. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 2, de 1994).
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: (ATOS INTERNA CORPORIS)
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-
Presidente da República e os Ministros de Estado; (PROCESSO CRIMINAL COMUM OU DE RESPONSABILIDADE,
que não tem natureza criminal é de natureza-político administrativa) (IMUNIDADE FORMAL).
83
#OUSESABER: A imunidade formal prevista no art. 51, I, e no art. 86, caput, da CF/88 não se estende para os
codenunciados que não se encontrem investidos nos cargos de Presidente da República, Vice-Presidente da
República e Ministro de Estado. Certo ou errado?
CERTO! A imunidade formal prevista no art. 51, I, e no art. 86, caput, da CF/88 não se estende para os
codenunciados que não se encontrem investidos nos cargos de Presidente da República, Vice-Presidente da
República e Ministro de Estado. A finalidade dessa imunidade é proteger o exercício regular dos cargos de
Presidente (e Vice) da República e de Ministro de Estado, razão pela qual não é extensível a codenunciados que
não se encontrem investidos em tais funções. STF. Plenário. Inq 4483 AgR-segundo/DF e Inq 4327 AgR-
segundo/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgados em 14 e 19/12/2017 (Info 888).
Assim, de acordo com o STF, o regime de imunidades previsto na Constituição Federal, por se tratar de exceção
à norma de responsabilização por atos que afrontem regras dispostas no ordenamento jurídico positivo, não
admite interpretação extensiva, sendo legítima a incidência apenas nas restritas hipóteses elencadas pelo Poder
Constituinte. Portanto, se a Câmara dos Deputados impede o processamento da denúncia, isso vale,
exclusivamente, com relação ao Presidente da República, ao Vice-Presidente e aos Ministros de Estado
denunciados, sendo inviável a extensão dos efeitos de tal decisão, de natureza eminentemente política, a outras
pessoas que não se encontrem investidas nos referidos cargos. Além disso, a jurisprudência do STF é no sentido
de que, como regra, deverá haver o desmembramento dos processos quando houver corréus sem prerrogativa.
Apenas excepcionalmente será admitido que o STF julgue pessoas sem foro privativo, quando ficar demonstrado
que o julgamento em separado possa causar prejuízo relevante à prestação jurisdicional. No caso concreto, não
se verificou qualquer prejuízo no desmembramento dos autos em relação aos não detentores de foro por
prerrogativa de função no STF.
IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos,
empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os
parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998).
II -processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça
e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União
nos crimes de responsabilidade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de:
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;
c) Governador de Território;
d) Presidente e diretores do Banco Central;
e) Procurador-Geral da República;
f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão
diplomática de caráter permanente; (EMBAIXADOR E CÔNSUL).
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios e dos Municípios;
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder
Público federal;
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo
85
e interno;
IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios;
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do
Supremo Tribunal Federal;
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República
antes do término de seu mandato;
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos,
empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os
parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998).
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal
Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal,
à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais
sanções judiciais cabíveis.
Nos crimes de responsabilidade, não pode ser decretada a prisão preventiva do chefe do poder
executivo:
DIPLOMA DISPOSITIVOS
Constituição Federal Art. 44 a 58
7 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
- Direito constitucional esquematizado® - Pedro Lenza. – 19. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo: Saraiva,
2015);
- Anotações de aula;