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Plano de Aula 05
Processo Constitucional
Profa. Roberta Arcieri.
Plano de
Aula 05
1 Ação Direta de Inconstitucionalidade
As leis criadas pela Câmara e pelo Senado e os atos normativos editados pelo
presidente não podem contrariar os preceitos da Constituição Federal.
O mesmo acontece em cada estado: leis estaduais e atos normativos de governadores
devem seguir o que diz a respectiva constituição estadual.
Para garantir que isso aconteça, existe o chamado controle de constitucionalidade.
Ele pode ser difuso, quando é feito pela aplicação das leis por parte de juízes em casos
concretos; ou pode ser concentrado, quando o Supremo Tribunal Federal analisa a matéria
legislativa e decide se ela está ou não em consonância com a Constituição que a rege.
Obs.: De acordo com o STF, o Poder Legislativo, em sua função tipica de legislar, não
está vinculado às decisões de ADIn.
1.5 Interpretação conforme a CF e a
inconstitucionalidade parcial sem redução de
texto
Trata-se de uma técnica de decisão, muito utilizada pelo STF na fiscalização,
tanto abstrata como concreta, de constitucionalidade das leis ou atos estatais.
A interpretação conforme a Constituição somente se aplica em face de normas polissêmicas
ou plurissignificativas (normas que ensejam diferentes possibilidades de interpretação).
Assim, o órgão de controle elimina a inconstitucionalidade excluindo determinadas “hipóteses
de interpretação” (exclui um ou mais sentidos inconstitucionais) da norma, para lhe
emprestar aquela interpretação (sentido) que a compatibilize com o texto constitucional.
Essa técnica foi empregada, por exemplo, no julgamento da ADI 4.277, na qual o STF
reconheceu as uniões homoafetivas como entidades familiares, quando atribuiu ao
art. 1.723 do Código Civil interpretação conforme a Constituição para dele “excluir qualquer
significado que impeça o reconhecimento da união continua, pública e duradoura entre
pessoas do mesmo sexo como entidade familiar”.
Limites da técnica: segundo Gilmar Mendes, “não se deve conferir a uma lei com sentido
inequívoco significação contrária assim como não deve falsear os objetivos pretendidos pelo
legislador".
Há três espécies de interpretação conforme a CF:
a) Interpretação conforme com redução de texto. Nesta espécie se declara a
inconstitucionalidade de determinada expressão, possibilitando a partir dessa exclusão do
texto, uma interpretação compativel com a Constituição. Ex. ADIN 1.127-8 ( O STF excluiu a
expressão desacato do art. 7º, § 2º. do Estatuto da OAB concedendo à imunidade material aos
advogados, compatibilizando o dispositivo com o artigo 133 da C.F./88.
b) Interpretação conforme sem redução de texto. Nesta espécie o Supremo não suprime do
texto nenhuma expressão, conferindo à norma impugnada uma determinada interpretação
que lhe preserve a constitucionalidade. São exemplos: Adin 1371 ; ADI 1521-MC; AGA nº
311369/SP.
c) Interpretação conforme sem redução de texto, excluindo da norma impugnada uma
interpretação que lhe acarretaria a inconstitucionalidade. Ex. ADI 1719-9 (Rel. Min. Moreira
Alves)
2 A cautelar na
ADI
No controle concentrado, as medidas cautelares são possíveis na ação direta de
inconstitucionalidade, na ação declaratória de constitucionalidade e na arguição de
descumprimento de preceito fundamental.
Se uma lei ou ato normativo municipal viola a Lei Orgânica Municipal, “não estaremos diante
de controle de constitucionalidade, mas de simples controle de legalidade, cujas regras
deverão ser explicitamente previstas na Lei Orgânica de cada Município.” (LENZA,
Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 25ª ed., São Paulo: Saraiva, 2021, p. 525).
3.5 ADI Estadual - Efeitos da decisão
A decisão declaratória de inconstitucionalidade estadual possui, desde o momento em que é
proferida, eficácia erga omnes.
Isso implica dizer que os efeitos além das partes são alcançados pela própria decisão e não há
necessidade de manifestação de outro órgão político para tanto.
3.6 ADI Estadual - Simultaneidade
da Representação e da ADI
Ajuizamento simultâneo à lei estadual que viola ao mesmo tempo a CF e a CE.
Caberia, em tese, uma ADI perante o TJ local e uma ADI perante o STF.
ADI’s tramitariam ao mesmo tempo. O STF entende que não há litispendência, mas há uma causa especial de
estadual.
A ADI estadual fica suspensa, enquanto a ADI no STF é julgada.
Vejamos o seguinte exemplo em que havia em paralelo ADI Estadual e ADI no STF e a ADI
Estadual foi julgada primeiro, levando o STF decidir se a ADI do STF ficaria prejudicada ou
não com a decisão da ADI estadual:
4 Representação Interventiva
Também chamada de Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva.
Segundo a CF, art. 18, a organização político-administrativa da República Federativa do Brasil
compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos
(nenhum ente federativo deverá intervir em qualquer outro). Esta é a regra geral.
São exceções à regra ou hipóteses de cabimento:
• Intervenção da União nos Estados, Distrito Federal (art. 34, CF) e nos Municípios
localizados em território federal (art. 35, CF);
• Intervenção dos Estados em seus municípios (art. 35, CF).
Assim, tem-se o procedimento da representação interventiva, como um dos pressupostos
para a decretação da intervenção federal, ou estadual, pelos Chefes do Executivo, nas
hipóteses contempladas na CF/88.
Importante destacar que nessa modalidade de procedimento, quem decreta a intervenção
não é o Judiciário, mas o Chefe do Poder Executivo.
Ou seja, o Judiciário não dá nulidade ao ato, mas apenas verifica se estão presentes os
pressupostos para a futura decretação da intervenção pelo Chefe do Executivo.
Ocorre, então, que o judiciário realiza um controle da ordem constitucional tendo em vista o
caso concreto que lhe é submetido.
A intervenção federal (IF) tem por objeto:
• lei ou ato normativo que viole princípios sensíveis;
• omissão ou incapacidade das autoridades locais para assegurar o cumprimento e
preservação dos princípios sensíveis, por exemplo, os direitos da pessoa humana;
• ato governamental estadual que desrespeite os princípios sensíveis;
• ato administrativo que afronte os princípios sensíveis;
• ato concreto que viole os princípios sensíveis.
Conforme a doutrina e o entendimento mais recente do STF, o objeto da ADI interventiva não
se limita a lei ou ato normativo que viole esses princípios constitucionais.
Dessa forma, conforme entendimento mais amplo, podem também ser objetos da ação a
omissão ou incapacidade de autoridades locais para assegurar o cumprimento e preservação
desses princípios, bem como atos governamentais estaduais, atos administrativos e atos
concretos que os violem.
Princípios sensíveis são aqueles que se infringidos ensejam a mais grave sanção
que se pode impor a um Estado Membro da Federação: a intervenção,
retirando- lhe a autonomia organizacional, que caracteriza a estrutura
federativa. Estão elencados no art. 34, VII, alíneas a a e, da Constituição
Federal.
São eles:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos
estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na
manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde
A ADIn Interventiva Possui três fases:
Representação Interventiva Federal ou ADI Interventiva Federal
O art. 36, III, da CF/88, primeira parte, estabelece que a decretação da intervenção dependerá
de provimento, pelo STF, de representação do Procurador-Geral da República, na hipótese do
art. 34, VII, quais sejam, os princípios sensíveis da Constituição.
Legitimidade ativa:
A legitimidade ativa para a propositura da ADIn interventiva estadual é conferida, no artigo
129, IV, da CRFB/88, ao Procurador-Geral de Justiça.
O artigo 36, III, da CRFB/88, outorga ao Procurador-Geral da República a legitimidade ativa
para propositura da ADIn interventiva federal.
Representação Interventiva Estadual ou ADI Interventiva Estadual (em resumo)
Conforme a Constituição Federal, a intervenção estadual é decretada pelo governador,
depois de provimento de representação pelo Tribunal de Justiça Local, e com o objetivo de
assegurar a observância dos princípios indicados na Constituição Estadual, bem como a
execução de lei, ordem ou decisão judicial.
O julgamento da ADI interventiva estadual obedecerá às regras da Constituição
Estadual e do Regimento Interno do TJ local. No entanto, deve haver simetria com o
modelo federal, com as devidas adaptações, como, por exemplo, quanto às fases da
intervenção, e os legitimados ativo (Procurador Geral de Justiça do Estado, chefe do
Ministério Público estadual) e passivo (Municípios).
Algumas Intervenções Federais:
IF 114 (07.02.1991): pedido de intervenção em razão de omissão do poder público no controle de linchamento
IF 4.822 (08.04.2005): pedido de intervenção no Centro de Atendimento Juvenil Especializado (Caje), com
base em deliberação do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH,) que condenou a sua
estrutura física e gerencial. A Min. Cármen Lúcia, “considerando o decurso do tempo, os termos em que
apresentado o pedido de intervenç aõ federal e a notı́cia, de domınio público, sobre a desativaç aõ e
demoliçaõ do antigo Centro de Atendimento Juvenil Especializado do Distrito Federal”, em 02.05.2018,
julgou prejudicado o pedido de intervenção federal por perda superveniente de objeto.
IF 5.129 (05.10.2008): pedido de intervenção formulado pelo PGR contra o estado de Rondônia, por
suposta violação a direitos humanos no presídio Urso Branco, em Porto Velho, que se encontra em
situação de “calamidade”. Segundo o então PGR, Antonio Fernando Souza, “... nos últimos oito anos
contabilizaram- se mais de cem mortes e dezenas de lesões corporais [contra presos], fruto de motins,
rebeliões entre presos e torturas eventualmente perpetradas por agentes penitenciários” (Noticias STF,
08.10.2008) (matéria pendente de julgamento pelo STF)
IF 5.179 (11.02.2010): pedido de intervenção por suposto esquema de corrupção no DF. Conforme relatado
a seguir, no mérito, o pedido foi julgado improcedente.
Articulação teoria e
prática
Plano de Aula 05
Processo Constitucional
Profa. Roberta Arcieri.