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Universidade Federal do Ceará

Faculdade de Direito

Everson Pereira Duarte - 513867


Anderson Duarte Barboza - 363211

TRABALHO DIREITO PROCESSUAL PENAL I

Fortaleza

2021
1ª Questão:
O princípio do juiz natural está previsto no Art 5º da Constituição Federal de 1988 na qual, em
complemento à previsão de que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
prevê: "XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção"; "LIII – ninguém será processado nem
sentenciado senão pela autoridade competente".
Segundo a doutrina, o princípio supramencionado refere-se à proibição de juízos extraordinários ou
tribunais de exceção constituídos após os fatos a serem julgados. Dessa forma, fica assegurado ao
acusado o direito de ser julgado por autoridade competente no momento do ato, sendo vedado a
instituição de juízo posterior ao fato sob investigação.
Ademais, o princípio da identidade física do juiz se relaciona em complemento ao princípio do juiz
natural, pois prevê que o juiz que preside a fase de instrução deverá ser o mesmo que sentenciará o
acusado. Sendo assim, esse princípio está intimamente ligado aos subprincípios da oralidade,
imediatidade1, e da concentração dos atos (LOPES JR., 2015, p. 379). Este último, ratifica a relação
direta com o princípio constitucional acima mencionado.
Sobre a hipótese levantada na questão sobre se houve violação ao princípio da identidade física do
juiz na prolação da sentença por juiz que não presidiu a instrução, cabe ressaltar que a doutrina e a
jurisprudência entendem que mesmo em vacatio legis, deve haver a aplicabilidade da norma mais
benéfica ao réu, a fim de se evitar afronta ao princípio constitucional de que a lei penal não
retroagirá, salvo para beneficiar o réu (CF, art. 5º, inc. XL).
No caso apresentado, a fase de instrução criminal com a colheita de provas em contraditório foi
toda ela realizada durante o período de vacatio legis da Lei nº 11.719, mas o ato sentencial foi
realizado com a nova lei em vigor, na qual prevê o princípio da identidade física do juiz. Cabe
lembrar, que tal princípio está subordinado ao verbo “deverá” positivado o § 2º do Art 399 do CPP.
No campo processual penal, o princípio tempus regit actum é previsto no art. 2º do CPP: “A lei
processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a
vigência da lei anterior.”. Sendo assim, na lei processual penal não caberia a retroatividade, como
explica Hélio Tornaghi2.
Entretanto, a retroatividade e a aplicação imediata da lei penal e processual tem como pressupostos
o referencial temporal do ato. Explicando, a retroatividade da lei penal leva em conta o ato
delituoso, já a lei processual leva em conta o momento da prática do ato processual.
Cabe levantar também, que o enunciado da questão não informa o motivo da mudança de juíz no
caso. Isso porque caberia uma análise diante da jurisprudência consolidada de que em casos de
afastamento de qualquer natureza, a obrigação determinada no § 2º do Art 399 do CPP, pode ser
flexibilizada em analogia subsidiária o Art 132 do Código de Processo Civil, como pode-se
exemplificar em acórdão (STF, RHC 120.414/SP, DJe 27.04.2014).
Diante do exposto, entendemos que há violação do princípio da identidade física do juiz, pois a
sentença prolatada por juiz diverso daquele que presidiu toda a fase instrutória, com toda a sua

1
A regra da identidade física do juiz na reforma do Código de Processo Penal, artigo publicado no Boletim do
IBCCRIM, nº 200, julho de 2009.
2
“A norma de Direito Judiciário penal tem a ver com os atos processuais, não com o ato delitivo. Nenhum ato do
processo poderá ser praticado a não ser na forma da lei que lhe seja anterior, mas nada impede que seja posterior à
infração penal. Não há, nesse caso, retroatividade da lei processual penal, mas aplicação imediata. Retroatividade
haveria se a lei processual nova modificasse ou invadisse atos processuais praticados antes de sua entrada em vigor”.
Instituições de processo penal. São Paulo: Saraiva, 1977, p.174.
oralidade e concentração dos atos, prejudica o processo penal e o direito do réu de ser julgado pelo
juiz natural. Tal entendimento reforça-se com o previsto no Art 155 do CPP, no qual institui a
convicção do juiz se formará diante da apreciação das provas produzidas em contraditório judicial.
2ª Questão
A Constituição Federal de 1988, por meio de compreensão aberta dos princípios e regras
positivados em seus dispositivos, consolida a adoção do sistema acusatório como o modelo a ser
seguido no sistema processual penal brasileiro. Evidencia-se essa afirmação tendo como
fundamentação a nomeação do Ministério Público como órgão privativo na promoção da ação penal
pública (art 129, inciso I, CF/88), sendo este o titular da ação penal e na previsão do princípio do
juiz natural, como órgão privativo na função julgadora. Dessa forma, a Carta Magna deixa nítida a
separação nas funções de acusar, defender e julgar, conferindo às partes igualdade de condições na
relação processual.
O sistema acusatório está fundado na existência de vários atores processuais com funções distintas e
tem por características principais: a oralidade, a separação entre juiz e acusação, a paridade entre a
defesa e a acusação e a publicidade e é conduzido pelos princípios da presunção de inocência,
contraditório, ampla defesa e publicidade. Tais princípios são fundamentais para a busca da verdade
judicial3 preconizada pela doutrina. Sendo assim, o órgão julgador atua de forma equidistante das
partes e analisa as provas em busca do livre convencimento motivado, ou seja, o mesmo não pode
ter atribuição investigativa4.
Originariamente, o Código de Processo Penal teve caráter inquisitório, porém vários dispositivos
foram alterados a fim de mudá-lo para o caráter acusatório, como se pode verificar nos art 212 e
403, dando maior protagonismo às partes e deixando ao magistrado sua atuação complementar e
pontual a fim de dirimir dúvidas para a construção de seu convencimento.
O art 156, inciso I do CPP, resgata a figura do juiz inquisidor, pois sua atuação na produção de
provas, antes mesmo do início da ação penal, usurpa as funções do Ministério Público de órgão
acusador e atinge sobremaneira sua imparcialidade, pois o mesmo deverá posteriormente analisar
sobre instrumento que ele mesmo produziu.
É claro que o juiz não pode adotar uma postura passiva diante do processo, ele tem papel
preponderante na garantia dos direitos individuais e na condução do devido processo legal a fim de
evitar julgamento de exceção. A Constituição cidadã consolida o caráter democrático e a
importância da preservação dos direitos individuais, afirmando que todos são iguais perante a lei.
Diante do exposto, evidencia-se clara violação constitucional no dispositivo previsto no art 156,
inciso I do Código de Processo Penal, na qual possibilita o juiz determinar de ofício a produção de
provas antes mesmo do início da ação penal.

3
“não existir nenhuma verdade judicial que não seja uma verdade processual”(PACELLI, 2017, pág 20).
4
“o Poder Judiciário, em um sistema processual penal acusatório, isto é, em um sistema no qual as funções de acusar
(daí acusatório) e de julgar são atribuídas a órgãos distintos, não tem poderes investigatórios” (PACELLI, 2011, pág 18)
3ª Questão
Conforme explanado na questão anterior, o sistema processual penal brasileiro, originariamente
inquisitório, sofreu alterações que mudaram primordialmente para o modelo acusatório, no qual as
partes possuem igualdade de condições perante os procedimentos processuais. Tal condição atende
os princípios constitucionais da ampla defesa, do contraditório, da igualdade perante a lei e do
devido processo legal.
Ao possibilitar a manifestação do Ministério Público, após arguição de preliminares por parte da
defesa do acusado, o magistrado compromete o exercício do contraditório e da ampla defesa
previsto no art 5º, inciso LV da CF/88, que em entendimento jurisprudencial do STF pressupõe a
manifestação do acusado sempre após manifestação ou apresentação de novos fatos pelo parquet5.
Cabe ressaltar que não há previsão legal para tal procedimento jurisdicional, e pode-se afirmar que
tal foi proposital, pois o legislador prevê a manifestação do MP apenas nos casos de rito do júri e se
a defesa juntar documentos ou arguir preliminares. Portanto, isso demonstra que o legislador
realmente quis que no rito comum ordinário o último a se manifestar deverá ser a defesa do
acusado.
Ou seja, se o Ministério Público se manifesta e rebate as teses levantadas pela defesa do acusado em
arguição preliminar, seja ela peremptória ou dilatória, e após isso os autos voltam ao magistrado
para prosseguimento da ação penal ou absolvição sumária, sem que a defesa tenha a oportunidade
de realizar nova vista e apresentar réplica às novas manifestações do parquet e que influenciarão na
decisão do magistrado, acaba violando o princípio da ampla defesa e fere a lógica processual, pois o
MP se torna a última parte a se manifestar, tornando o processo nulo (STJ, HC 128.591/DF, DJe
01/03/2010).

5
“pressupõe o direito de a defesa falar por último, a fim de poder, querendo, reagir à opinião do Parquet. Afinal, na
lição velha e clássica de Joaquim Canuto Mendes de Almeida, contraditório é a ‘ciência bilateral dos atos e termos
processuais e a possibilidade de contrariá-los’, ou seja, ordem que implica possibilidade estrutural de realizar ações
linguísticas ou reais de contradição, a título de reação regrada a ações de outra parte” (STF, HC 87.926, DJe
24.04.2008).
4ª Questão

O sigilo das comunicações, inclusive telefônicas, é protegido pela Constituição da República


Federativa do Brasil, 1988 (CF/88), a qual estabeleceu, no inc. XII do art. 5º, que qualquer
interceptação só pode ocorrer “por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer
para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”. A lei que regula a atividade de
interceptação, por sua vez, é a Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996. Em seu artigo 3º, o texto legal é
cristalino ao afirmar que:
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de
ofício ou a requerimento:
I - da autoridade policial, na investigação criminal;
II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução
processual penal.

Observando-se o disposto no texto da Portaria, pode-se dizer que houve violação ao princípio do
promotor natural. Tal posição se fundamenta no fato de que a autorização para ingresso na
Investigação Preliminar nº 2000.00.00.00000-0 deu-se a pedido e por iniciativa dos próprios
promotores, os quais alegaram especialização em crimes de tráfico de entorpecentes. Não há, no
entanto, registro de formalização de grupo especializado do Ministério Público instituído
anteriormente. Caso houvesse tal grupo, a atuação conjunta seria lícita, como se vê no Recurso
Ordinário em Habeas Corpus, julgado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ):

3. É consolidado nos Tribunais Superiores o entendimento de que a atuação de promotores


auxiliares ou de grupos especializados (GAECO) não ofende o princípio do promotor
natural, uma vez que, nessa hipótese, amplia-se a capacidade de investigação, de modo a
otimizar os procedimentos necessários à formação da opinio delicti do Parquet. (STJ- RHC
0045934-20.2016.8.19.0000 RJ 2016/0276559-8)

Assim, entende-se que os promotores que solicitaram ingresso na referida investigação não estão na
condição de promotores naturais do caso em apreciação, visto que o motivo alegado pelos membros
do MP foi apenas a alegação de possuírem “especialização no assunto” e não de estarem de fato
encarregados do referido processo ou mesmo de constituírem grupo especializado formal e
previamente instituído.
5ª Questão
Em primeiro lugar, cabe destacar que a competência para julgamento dos prefeitos municipais é do
Tribunal de Justiça, conforme inovação trazida pelo inciso X do artigo 29 da Constituição Federal
de 1988.
Ao examinarmos o crime de dano qualificado ao patrimônio da União, há de ser considerado que o
crime de dano, previsto no artigo 163 do Código Penal, implica em “destruir (arruinar, extinguir ou
eliminar), inutilizar (tornar inútil ou imprestável alguma coisa) ou deteriorar (estragar ou corromper
alguma coisa parcialmente) coisa alheia” (NUCCI, 2020, p. 1055). A pena para esse tipo é de
detenção, de um a seis meses, ou multa.
Já a forma qualificada de que trata o enunciado, prevista no inciso III do parágrafo único, diz
respeito ao crime cometido “contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de
Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou
empresa concessionária de serviços públicos”. Neste caso, a pena é de detenção, de seis meses a três
anos, e multa, além da pena correspondente à violência. Tal qualificadora foi incluída por meio da
Lei nº 13.531, de 7 de dezembro de 2017. Vale ressaltar que, conforme Lima (2020, p. 216),
“devemos compreender “União” apenas como os órgãos da administração pública federal direta,
tais como ministérios, secretarias, conselhos, coordenadorias, inspetorias, departamentos, etc", não
se confundindo esta, para efeitos penais, com os órgãos da administração federal indireta, como os
demais entes citados no artigo.
Como a Constituição Federal, em seu artigo 109, inciso IV, afirma ser competência da Justiça
Federal o julgamento de “infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse
da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e
ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral”, no caso em tela, o prefeito
cometeu dano contra patrimônio da União, o que leva a crer, de acordo com a doutrina, que o caso
seria competência do Tribunal Regional Federal, conforme ensina Moraes (1996).
6ª Questão
A lei 13.432/17 disciplinou e limitou a atuação dos detetives particulares, definindo particularmente
sua natureza como não criminal (artigo 2º), ou seja, o detetive particular tem função de coleta de
informações de natureza não criminal, limitando-se ao “esclarecimento de assuntos de interesse
privado do contratante” e que, em princípio, se apresentem como irrelevantes penais.
Em consequência, a investigação criminal é atividade essencial e exclusivamente estatal, em
atenção ao princípio da oficialidade, no qual as funções de apuração dos delitos penais e de
procedimentos judiciários são exercidas pela polícia judiciária.
A atuação do detetive é meramente complementar, pois não pode realizar ações investigativas
coercitivas próprias da autoridade policial, como: oitivas, quebra de sigilos, infiltração comum ou
virtual e nem ações de inteligência, como: vigilância e entrevista.
Os recursos disponíveis ao detetive são comuns a qualquer outro cidadão, sem que possa atingir os
direitos fundamentais alheios, principalmente no que se refere ao direito à intimidade, à
privacidade, à honra e à imagem das pessoas. Sua atuação pode se dar pela sugestão de fontes de
prova, por meio do seu contratante, para a indicação de testemunhas, apontamento de dados,
localização de objetos e etc. A técnica de obtenção e produção de provas cabe, durante a fase de
investigação, à polícia judiciária.
Em outro lado, ressalto a previsão constitucional de inadmissibilidade de provas obtidas por meios
ilícitos (art 5º, inciso LVI, CF/88), que gerou a “teoria dos frutos da árvore envenenada” e que pode
ocasionar a nulidade daquela prova.
Diante do exposto, conclui-se que é ilegítima a juntada aos autos de prova obtida por meio de ação
de detetive durante a investigação criminal.
7ª Questão
Em primeiro lugar, antes de citar o caso concreto, é necessário fazer algumas breves considerações
sobre os precedentes históricos e pressupostos teóricos que culminaram na atual política sobre
drogas, existente a partir do advento da Lei nº 11343, de 26 de agosto de 2006. Tal legislação,
sancionada com o intuito de trazer ares progressistas à tal política, acabou por perpetuar a chamada
“guerra às drogas”. Esta foi a designação para a política desenvolvida a partir do início do século
XX e que se intensificou a partir da década de 1970, especialmente em 1972, quando o presidente
estadunidense Richard Nixon utilizou a expressão em tela e a elevou ao patamar de imposição
global. A juíza Maria Lúcia Karam (2013) assim explica o uso do termo: “A disseminada expressão
‘guerra às drogas’ deixa explícita, em sua própria denominação, a moldura bélica que dá a tônica do
controle social exercitado através do sistema penal nas sociedades contemporâneas”. Na mesma
esteira de pensamento e levando em consideração a questão econômica, sem moralismos, o juiz
Luís Carlos Valois é categórico ao criticar inclusive a ciência que auxilia na classificação de
determinadas substâncias como lícitas ou ilícitas:
A irracionalidade de um movimento militar contra pessoas que vendem e compram,
voluntariamente e espontaneamente, determinada mercadoria, seja para ficarem alegres,
tristes, terem prazer ou mesmo para sofrerem sem dor, além de revelar o caráter
eminentemente moral da guerra, demonstra como a ciência ainda não aprendeu o quanto
pode ser usada para fins perversos (VALOIS, 2016, p.187)

A lei brasileira de drogas, já citada, instituída em 2006, pretendia se afastar do paradigma da guerra
às drogas, dando um tratamento humanista ao usuário de drogas ilícitas e, por outro lado, punindo
severamente o vendedor ou fornecedor dessas substâncias. Tal intenção fica explícita ao se
examinar a mensagem contendo as razões de veto ao artigo 71, em que se observa a seguinte
afirmação: “A idéia fundamental do novo tratamento legislativo e judicial exige, para sua
efetividade, um tratamento diferenciado entre o usuário/dependente e o traficante, objetos de tutela
judicial diversos”6. Entretanto, como não há objetividade na determinação da diferença entre o
“traficante” e o “usuário” das substâncias ilícitas, a determinação fica a cargo do juiz do caso que,
segundo o lacunar parágrafo 2º do artigo 28 do diploma legal em tela, “atenderá à natureza e à
quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às
circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente”, abrindo
espaço, principalmente, para a criminalização dos mais pobres, especialmente usuários e pequenos
vendedores, inclusive as chamadas “mulas”. Prova disso é que a população carcerária praticamente
dobrou entre os anos de 2006 e 2016, passando de 401,2 mil para 726,7 mil (MARTINS, 2018).
Felizmente, a jurisprudência tem atuado para corrigir distorções deixadas pelas lacunas da lei. No
ano de 2017, a 5ª turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que as chamadas “mulas” do
tráfico não são necessariamente integrantes de organização criminosa. (HABEAS CORPUS Nº
387.077 - SP, 20177). No mesmo sentido, já no ano de 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF)
decidiu que a quantidade de droga apreendida com “mula” não justifica a prisão preventiva,
especialmente se o acusado possui bons antecedentes e preenche outros requisitos que permitam a
aplicação de medidas cautelares diferentes de uma prisão preventiva (HC 195.990)8.
Assim, ante todo o exposto, somos pelo deferimento do pedido liminar de relaxamento da prisão
preventiva da acusada.

6
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/Msg/Vep/VEP-724-06.htm. Acesso em: 18
ago. 2021.
7
Disponível em: https://www.conjur.com.br/dl/mula-trafico-nem-sempre-integra.pdf. Acesso em: 18 ago. 2021.
8
Disponível em: https://www.conjur.com.br/dl/acusado-for-mula-quantidade-droga-nao.pdf. Acesso em: 18 ago. 2021.
REFERÊNCIAS
BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Problemas de direito intertemporal e as alterações
do código de processo penal. Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, 2021. Disponível em:
https://www.ibccrim.org.br/noticias/exibir/4597/. Acesso em: 15 de agosto de 2021.
BARTOLI, Márcio. A identidade física do juiz no processo penal. Boletim IBCCRIM, São
Paulo, ago. 2010.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
KARAM, Maria Lucia. Proibição às drogas e violação a direitos fundamentais. Law Enforcement
Against Prohibition–LEAP Brasil, 2013. Disponível em:
https://app.uff.br/slab/uploads/Proibicaoasdrogas_violacao_direitosfundamentais-Piaui-LuciaKaram
.pdf. Acesso em: 18 ago. 2021.
LIMA, Renato Brasileiro de. Competência criminal da Justiça Federal. In: LIMA, Renato Brasileiro
de; GAJARDONI, Fernando da Fonseca. Competência cível e criminal da Justiça Federal.
Salvador: Editora Juspodivm, 2020.
LOPES JR., Aury. Direito processual penal. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 379.
MARTINS, Helena. População carcerária quase dobrou em dez anos. Agência Brasil, 23 jun. 2018.
Disponível em:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-06/populacao-carceraria-quase-dobrou-em-dez-a
nos. Acesso em 18 ago. 2021.
MORAES, Alexandre de. Infrações penais cometidas por prefeito municipal. Instituto Brasileiro
de Ciências Criminais (IBCCRIM), 12 jan. 1996. Disponível em:
https://www.ibccrim.org.br/noticias/exibir/1699/. Acesso em 15 ago. 2021.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. 16ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020.
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de; FISCHER, Douglas. Comentários ao Código de Processo Penal
e sua Jurisprudência. 2 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 18.
PACELLI, Eugênio. Curso de processo penal. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
VALOIS, Luís Carlos. O direito penal da guerra às drogas. Belo Horizonte: Editora D’Plácido,
2016.

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