Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
De fato, o Código de Processo Penal e a Lei 9.099/95 não impõem nenhum empecilho para o
oferecimento do acordo de não persecução penal ou para a suspensão condicional do
processo nos crimes processados mediante ação penal pública incondicionada, ação penal
pública condicionada à representação ou mesmo ação penal privada.
Vale destacar, por oportuno, que nos crimes processados mediante ação penal privada o
legitimado à propositura do ANPP, em regra, seria o querelante, todavia o Ministério Público
poderia propor caso aquele não o fizesse.
"Na ação penal de iniciativa privada, cabem transação penal e a suspensão condicional do
processo, mediante proposta do Ministério Público (XXVII Encontro, Palmas, TO).
Na doutrina, há quem admita o acordo de não persecução penal para os crimes de ação
penal privada, ausente vedação legal, podendo inclusive o Ministério Público propor a
avença, como fiscal da lei.
"...2ª) Cabe ANPP aos processos de ação privada? Sim. Cabível o ANPP por ausência de
vedação legal aos crimes de ação privada que tramitam na Justiça comum desafiando o rito
especial (art. 519 a 523, CPP) ou que tramitam no JECRIM, mas o querelante não tem direito a
transação, nem a sursis processual. Inclusive, pensamos que esse debate seguirá o mesmo
rumo que no passado existiu em torno da transação penal.
Para a primeira audiência de tratativas perante o Ministério Público deverá também a vítima
ser intimada para comparecimento, com vistas a exemplo do que ocorre na transação penal,
participar da audiência e discutir as condições. Caso não compareça ou se negue a oferecer o
acordo isso não impede o membro do Parquet o proponha, na qualidade de custos legis..."
Disponível em: https://www.conjur.com.br/2020-mar-06/limite-penal-questoespolemicas-
acordo-nao-persecucao-penal - acesso em 29 de março de 2021.
Enfim, além de não existir vedação legal ao acordo de não persecução penal em ação
privada, e, por questão de simetria ao tratamento dispensado à transação e à suspensão
condicional do processo, em princípio não há óbice ao cabimento do acordo de não
persecução penal nos crimes de ação penal privada.
E como o Ministério Público exerce a função de fiscal da lei na ação penal privada, nos
termos do art. 45, do Código de Processo Penal, nada impede que supra a omissão dos
querelantes e proponha o acordo de não persecução penal, uma vez preenchidos os
requisitos objetivos e subjetivos elencados no art. 28-A, do Código de Processo Penal. (...)
REPRESENTAÇÃO:
1ª A corrente doutrina que considera analogia in malam partem, visto que ao incluir o
companheiro o rol de legitimados, estaria sendo alargado o rol de legitimados capazes de
iniciar a persecução penal em face do auto do crime, o que seria maléfico em relação ao réu.
Há divergência na doutrina sobre a inclusão do companheiro no rol do art. 31 do CPP. Em que
pese o art. 226, 3º da CF, a inclusão do companheiro nesse rol produz efeitos diretos no direito
de punir do Estado, uma vez que quanto menor o número de sucessores processuais, maiores
as chances de se operar a decadência e consequente extinção da punibilidade. Nesse sentido,
trata-se de matéria de direito material, não podendo utilizar a analogia "in malam partem". Há
doutrina respeitada nesse sentido, como Renato Brasileiro.
* PROCESSO JUDICIALIFORME
A ação penal sem demanda era a chamada Ação de Ofício, ou processo judicialiforme, onde o
juiz poderia dar início a um processo de ofício, sem ser provocado, o que não restou
recepcionado pela Constituição Federal de 1988.
Até o advento da Constituição Federal de 1988, era possível que o órgão jurisdicional desse
início a um processo penal condenatório de oficio (processo judicialiforme). Era o que ocorria
nas hipóteses estabelecidas na Lei n°4.611/65 (crimes culposos de lesão corporal ou de
homicídio) e nos casos de contravenções penais: vide arts. 26 e 531 (o art. 531 teve sua
redação alterada pela Lei n°11. 719/08). Consistia o processo judicialiforme, assim, na
possibilidade de se dar início a um processo penal através de auto de prisão em flagrante ou
por meio de portaria expedida pela autoridade policial ou judiciária, daí por que era
denominado de ação penal ex officio (sem provocação).
Com a outorga da titularidade da ação penal pública ao Ministério Público pela Constituição
Federal, doutrina e jurisprudência já eram uníssonas em apontar que os arts. 26 e 531 (em sua
redação original) não haviam sido recepcionados pela Carta Magna de 1988. Com a reforma
processual de 2008, não há mais qualquer dúvida acerca da inaplicabilidade de tais
dispositivos: a uma, porque o art. 531 teve sua redação modificada, dispondo, atualmente,
sobre o procedimento sumário; a duas, porque o art. 257, I, do CPP, passou a prever de
maneira expressa que ao Ministério Público cabe promover, privativamente, a ação penal
pública, na forma estabelecida no CPP, revogando, tacitamente, o art. 26 do CPP.
Segundo Renato Brasileiro, a ação de prevenção penal é aquela ajuizada com o objetivo de se
aplicar ao inimputável do art. 26, caput, do CP, exclusivamente, medida de segurança.
1. AÇÃO PENAL PROPRIAMENTE DITA, tendo por finalidade a aplicação a pena privativa
de liberdade.
2. AÇÃO DE PREVENÇÃO PENAL, visando à imposição de medida de segurança. No
entendimento de Noberto Avena, a essa modalidade de ação penal, que
visa, exclusivamente, à absolvição com aplicação de medida de segurança
(denominada de absolvição imprópria) dá-se o nome de ação de prevenção penal.
Entretanto, para o Cebraspe, nas ações de prevenção é possível ter-se sentença declaratória,
como de extinção da punibilidade pela prescrição, que não se confunde com a de absolvição.
"Extingue-se a punibilidade:
pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
TIPICIDADE
Tipo – É um modelo genérico criado pelo legislador. Ex: redação do art. 121 CP
Tipicidade – É o juízo de subsunção pelo qual se afere se a conduta praticada na vida real se
encaixa no modelo de tipo penal criado pelo legislador
Elementos do tipo:
Tipo normal: é aquele que, além do núcleo, contém somente elementos objetivos.
Tipo anormal: é aquele que, além do núcleo e elementos objetivos, contém elementos
subjetivos e/ou normativos.
Obs.: Para o finalismo penal todo tipo é anormal (o dolo e a culpa estão no tipo penal).
Tipo fechado/cerrado: é aquele que contém descrição detalhada/completa/minuciosa da
conduta criminosa. Exemplo: homicídio simples; furto simples.
• Os tipos culposos estão contidos em tipos penais abertos, Exceção: receptação culposa (art.
180, §3º, CP). CP, Art. 180, § 3º. “Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se
obtida por meio criminoso: (
Tipo simples: é aquele que contém um único núcleo. Exemplo: homicídio (núcleo: matar),
furto (núcleo: subtrair).
Tipo misto: é aquele que contém dois ou mais núcleos e pode ser:
a) alternativo; crime de ação múltipla; ou crime de conteúdo variado: é aquele que contém
dois ou mais núcleos e a prática de dois ou mais desses núcleos contra o mesmo objeto
material caracteriza um único crime. Exemplo: tráfico de drogas – o art. 33, caput, da Lei
11.343/2016 possui 18 núcleos. Obs.: Se as condutas são praticadas contra objetos/matérias
diversos tem-se concurso de crimes. Exemplo: importar cocaína, guardar maconha e vender
heroína – nesse caso, são três crimes distintos.
b) cumulativo: contém dois ou mais núcleos e a prática de dois ou mais núcleos caracteriza
concurso de crimes. Exemplo: art. 242, CP - se o agente pratica dois ou mais núcleos desse
artigo, ele responde por todos eles em concurso de crimes. CP, art. 242, caput: “Dar parto
alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-
lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil:”
Tipo preventivo “crime obstáculo”. O crime obstáculo é aquele em que o legislador antecipa a
tutela penal por tipificar como crime autônomo um ato que isoladamente considerado
representaria a mera preparação de outro crime. Exemplo: porte ilegal de arma de fogo;
petrechos para a falsificação de moeda (art. 291, CP), associação criminosa (art. 288 do CP);
organização criminosa (art. 1º da Lei 12.850/13)
DOLO