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Modelos de justiça:

1) Conflitiva
Modelos de justiça:
2) Consensuada
Art. 28-A CPP. Não sendo o caso de arquivamento e tendo o investigado
confessado formal e circunstanciadamente a prática de infração penal sem
violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 anos, o Ministério
Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e
suficiente para a reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes
condições ajustadas cumulativa ou alternativamente:

(...)
Conceito e natureza jurídica
Tomado pelo espírito de justiça consensual, compreende-se o acordo de não
persecução penal como sendo o ajuste obrigacional celebrado entre o órgão de
acusação e o investigado (assistido por advogado), devidamente homologado
pelo juiz, no qual o indigitado assume sua responsabilidade, aceitando cumprir,
desde logo, condições menos severas do que a sanção penal aplicável ao fato a
ele imputado.
O ANPP é direito subjetivo do investigado?

E se o MP recusar ofertar o ANPP, injustificadamente?


Pressupostos do acordo de não persecução penal
a) existência de procedimento investigatório.

b) não ser o caso de arquivamento dos autos.

c) cominada pena mínima inferior a 4 (quatro) anos e o crime não for cometido
com violência ou grave ameaça à pessoa.

d) o investigado tiver confessado formal e circunstanciadamente a prática do


crime.
Cabe o ANPP após o recebimento da denúncia?
Condições do ANPP
I – reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-
lo;
II – renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público
como instrumentos, produto ou proveito do crime;
III – prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas;
IV – pagar prestação pecuniária; ou
V – cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério
Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada.

Rol taxativo?
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses:
I – se for cabível a transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos
termos da lei;
II – se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem
conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações
penais pretéritas;
III – ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da
infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional
do processo; e
IV – nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados
contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.
Crimes hediondos ou equiparados?
Crimes de racismo?
Crimes eleitorais?
Formalidade do acordo
O ANPP será formalizado nos autos do procedimento investigatório conduzido
pelo Ministério Público (PIC) ou do inquérito policial (IP), devendo conter a
qualificação completa do investigado, bem como as suas condições, eventuais
valores a serem restituídos e as datas para cumprimento. O ajuste deve ser
firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e seu defensor.
Percebe-se que a vítima não participa da solenidade, nem mesmo assinando o
documento. Contudo, manda a Lei (a exemplo da Res. 181/17 do CNMP), intimar
a vítima da homologação do acordo de não persecução penal e de seu
descumprimento (§9º.).
Análise judicial do acordo
O art. 28-A prevê verdadeira solenidade para julgamento do ANPP. O juiz marca
audiência para verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado
na presença de seu defensor, bem como sua legalidade. A “ratio legis” fica bem
clara. Confere-se ao juiz, com a oitiva do investigado (compromissário) e de seu
defensor, a salutar possibilidade de avaliar se o acordo foi ou não forçado, contra
a vontade do investigado. Daí porque, na audiência a que se refere o dispositivo,
não haver previsão quanto à presença do proponente do acordo (Ministério
Público), mas somente do indigitado e seu defensor. A legalidade do ANPP
também será objeto de análise judicial.
Ao analisar o ANPP, o juiz pode:

a) homologar o acordo de não persecução penal, devolvendo os autos ao


Ministério Público para que inicie sua execução perante o juízo de execução
penal (§6º.)
Ao analisar o ANPP, o juiz pode:

b) se considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas


no acordo de não persecução penal, devolver os autos ao Ministério Público
para que seja reformulada a proposta do acordo, com concordância do
investigado e seu defensor (§5º.). Tendo a concordância do investigado, a
hipótese é de retratação. Ou o Ministério Público reabre as negociações, ou
oferece a denúncia-crime.
Ao analisar o ANPP, o juiz pode:

c) se entender que não é caso de acordo, devolverá os autos ao Ministério


Público para análise da necessidade de complementação das investigações ou o
oferecimento da denúncia (§8º.). Mas e se o Ministério Público discordar do juiz
e insistir no ANPP já assinado? Surge um conflito entre o promotor de Justiça e
o juiz. E quem resolve o impasse?
Descumprimento do acordo de não persecução penal
Descumpridas quaisquer das condições voluntariamente ajustadas, o Ministério
Público comunica o juiz para que decrete sua rescisão, possibilitando ao titular
da ação o oferecimento da denúncia. Em que pese a redação do parágrafo, não
estamos diante de um simples comunicado, mas de verdadeiro requerimento
ministerial para que o juiz julgue rescindida a avença. A decisão judicial,
inclusive, tem natureza constitutiva negativa (e não meramente declaratória).
Detração
O art. 28-A determina que a execução do ANPP ocorrerá no juízo das execuções,
opção objeto de críticas, pois nele, acordo, não se pactua pena, mas condição
(medida despenalizadora). Certamente surgirá corrente lecionando ser possível,
em caso de rescisão do ANPP, a detração das condições parcialmente
cumpridas na pena ser imposta em eventual sentença condenatória.
Alerta o §11 que o descumprimento do ANPP pode ser utilizado pelo Ministério
Público, dentro do seu poder discricionário, para o eventual não oferecimento do
benefício da suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95).
Novação
A novação no ANPP parece possível. Trata-se operação jurídica típica do Direito
das obrigações, criando uma nova obrigação, substituindo e extinguindo a
obrigação anterior e originária. A novação pode evitar a rescisão. Por óbvio, sua
eficácia dependerá de homologação judicial, nos termos dos §§4º. e ss.
Cumprimento do acordo de não persecução penal
De acordo com o novel artigo (28-A), cumprido integralmente o ANPP, o juízo
competente decretará a extinção da punibilidade. O juízo competente, na linha da
opção do legislador na Lei 13.964/19, é o da execução penal.
Prescrição
Alterado o art. 116 do CP, IV, não corre a prescrição da pretensão punitiva
enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal.

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