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Anos depois, em 1995, foi editada a lei 9.099 para referendar a previsão
constitucional. A Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais introduziu mecanismos
que trouxeram mais agilidade ao sistema processual penal, como os institutos da
transação penal entre o Ministério Público e o auto do fato (art. 76), composição civil dos
danos com efeitos penais de extinção para alguns crimes (art. 74, parágrafo único) e a
suspensão condicional do processo (art. 89).
O ANPP, desde sua entrada no ordenamento jurídico vem sendo utilizado nos
tribunais de justiça e alcançando seus objetivos iniciais de dar celeridade e vazão ao
congestionamento do sistema judiciário.
O acordo de não persecução penal pode ser entendido como um instituto baseado
no direito negocial realizado entro o autor da Ação Penal, o Ministério Público e o
investigado, ou seja, é um negócio bilateral, que possui caráter extrajudicial, conquanto é
proposto antes do início do curso processual, tendo como fundamento precípuo a não
instauração da ação.
Conforme prevê a lei, esta confissão deve ser formal, ou seja, documentada e
assinada pelas partes e circunstanciada, explicada de forma minuciosa, detalhada e
integral, com todas as circunstancias do ato criminoso. Confissões genéricas não são
válidas para a propositura do benefício legal.
Quanto aos crimes em que cabem o ANPP, estes devem ter sido praticados sem
violência ou grave ameaça. Portanto, se o tipo penal descrito na norma tiver como
elementar esses itens, não é possível a realização do acordo.
A infração deve ter pena mínima em abstrato inferior a 4 (quatro anos). Devendo-
se necessariamente levar em conta para essa aferição de pena as causas de aumento e
diminuição presentes na situação concreta.
O §2º do art. 28-A dispõe sobre as hipóteses em que não é possível a proposta de
ANPP. Tratam-se de requisitos complementares, pois são uma projeção do trazidos no
caput. Segue a transcrição do parágrafo mencionado:
O ANPP também não será realizado se o indiciado for reincidente ou se, de acordo
com os elementos probatórios tenha a conduta criminosa como habitual, reiterada ou
profissional (Inciso II).
O inciso III veda o ANPP para aqueles que, num prazo de 05 (cinco) anos foram
beneficiados com acordo dessa natureza, transação penal ou suspenção condicional do
processo. Nota-se que a realização de qualquer desses institutos da justiça negocial possui
uma espécie de prazo de validade.
Os demais parágrafos do art. 28-A tratam das questões judiciais que envolvem o
ANPP e os respectivos efeitos provenientes de seu cumprimento ou não.
Firmado o acordo, o Ministério Público solicita que seja designada uma data para
realização da audiência para sua homologação. Neste ato o magistrado ouvirá o
investigado ora acordante, na presença de seu defensor, para verificar a voluntariedade
do negócio celebrado, bem como sua legalidade. Caso atenda aos requisitos legais, o
acordo é homologado e retorna ao Ministério Público para início da execução.
De outro modo, se o juiz entender que o acordo não foi firmado sob o manto da
lei ou que as condições nele estipuladas são inadequadas, insuficientes ou abusivas,
remeterá o acordo novamente ao Ministério Público para que, respectivamente, requeira
novas diligências ou ofereça denuncia, ou proceda com as alterações e reformulações das
condições anteriormente pactuadas.