Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DIREITO PENAL
POLÍCIA
RIO GRANDE
DO SUL
CIVIL
PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR
SUMÁRIO
01 PRINCÍPIOS PENAIS
02 NORMAS PENAIS
03 O FATO PUNÍVEL
04 DOLO E CULPA
05 ANTIJURIDICIDADE
06 CULPABILIDADE
07 TEORIA DO ERRO
09 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
10 CONCURSO DE PESSOAS
11 CONCURSO DE CRIMES
12 TEORIA DA PENA
13 MEDIDA DE SEGURANÇA
14 PUNIBILIDADE
01 PRINCÍPIOS PENAIS
a) Legalidade estrita:
Por outro lado, para que este princípio seja cumprido em sua totalidade,
não basta que se observe a simples reserva de lei, fazendo-se também ne-
cessário o respeito à outra facetas da legalidade, sendo elas: “Lex praevia,
scripta, scricta e certa”.
Com isso, quer-se dizer que a lei Penal deve ser anterior aos fatos, pois
ninguém pode ser punido por fato que só foi incriminado em norma posterior
(é a ideia da anterioridade da lei Penal, prevista no art. 5º, XL da CF/88 e art. 2º,
§ único do CP – “Lex praevia”).
c) Lesividade:
d) Culpabilidade:
e) Insignificância:
f) Adequação Social:
O “ne bis in idem” conforma a ideia de que ninguém pode ser duplamente
punido por um mesmo fato. Tal premissa, fruto da legalidade Penal e da se-
gurança jurídica, é extraível também dos art. 8° e art. 42 do CP, bem como do
Pacto de São José da Costa Rica, ratificado pelo Brasil por meio do Decreto
n.º 678 de 1992.
Por fim, é de se ver que a própria Carta Magna proibiu expressamente al-
gumas modalidades de sanção Penal.
8 DIREITO PENAL PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR
São elas, de acordo com o art. 5º, XLVII da CF/88: pena de morte (salvo em
caso de guerra), penas perpétuas, trabalhos forçados, banimento e penas
cruéis em sentido amplo.
h) Humanização:
Assim, os direitos fundamentais que são inerentes a todo cidadão não po-
dem ser abandonados, seja na hora da criação da lei Penal, da sua aplicação
ou mesmo execução.
PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR DIREITO PENAL 9
02 NORMAS PENAIS
E não para por aí: entende a doutrina majoritária que as normas penais em
branco podem ser subdivididas em duas subcategorias: as homovitelinas e
as heterovitelinas.
REGRA: nos termos do art. 2°, caput do CP e art. 5°, inciso XL da CF/88,
tem-se que o tempo rege o ato (“tempus regit actum”). Ou seja, aplica-se a lei
Penal vigente à época dos fatos. E neste sentido, vale observar que a legis-
lação Penal entende que o tempo do fato é o do momento da conduta (ação
ou omissão delitiva), pouco importando o momento do resultado: adota-se,
pois, a Teoria da Atividade, nos termos do art. 4° do CP.
EXCEÇÃO: ocorre que, nos termos do art. 2°, § único do CP, advindo nova
lei Penal mais benéfica, após os fatos, esta deverá retroagir para agraciar o
réu: é a hipótese conhecida como “novatio legis in melius”. Por outro lado, en-
tende-se que uma nova lei Penal que prejudique o acusado de alguma forma
(“novatio legis in pejus”) não pode retroagir em hipótese alguma, sob pena de
violar o princípio da legalidade.
A pergunta que se faz agora é outra: onde a lei Penal brasileira deve ser
aplicada? E a resposta é ofertada pelas regras e exceções contidas nos arti-
gos 5° a 7° do Código Penal.
Anote-se, por fim, que no tocante à lei Penal no espaço, o legislador Penal
adotou a Teoria da Ubiquidade (nos termos do art. 6º do CP), que considera
como lugar do crime o local onde a conduta ou o resultado se realizaram (no
todo ou em parte).
EXCEÇÃO: por outro lado, há casos que se poderá aplicar a lei Penal bra-
sileira para um crime que não foi praticado no Brasil. Fala-se aí das exceções:
os casos de extraterritorialidade, que estão previstos no art. 7º do CP e no art.
2º da Lei 9.455/97 (Lei de Tortura).
Como são exceções, estão previstas em rol taxativo, e são orientadas pe-
los seguintes princípios: (1) princípio da defesa (nestes casos, o que justifica
a aplicação da nossa lei é o interesse nacional na apuração e punição do fato
– é a hipótese prevista no art. 7°, inciso I e §3° do CP); (2) princípio da universa-
lidade (o que justifica é a necessidade de ampla defesa contra o fato pratica-
do – é a hipótese do art. 7°, inciso II, alínea ‘a’ do CP); (3) princípio da naciona-
lidade (a defesa do sujeito – ativo ou passivo – justifica a extraterritorialidade
nestes casos – são a hipóteses do art. 7°, inciso II, ‘b’ do CP); (4) princípio da
bandeira (onde se busca evitar impunidades pelo fato – é o que se vê na hipó-
tese do art. 7°, inciso II, ‘c’ do CP).
Por fim, a última pergunta diz respeito à pessoa. Ou seja: para quem se
aplica a lei Penal brasileira? E aqui também temos uma regra e uma exceção.
Ocorre que um mesmo fato concreto não pode estar enquadrado em vá-
rias figuras típicas, sob pena de se possibilitar uma dupla e indevida punição
ao réu (o vedado bis in idem).
Assim, em tais casos, é necessário decifrar qual será a única norma apli-
cável à hipótese fática. E para isso, existe uma série de critérios que orienta-
rão o juiz na resolução do conflito:
Por outro lado, há quem diga que é sim viável a combinação de leis penais,
e o principal argumento segue no sentido de que: se o juiz pode retroagir o
todo, não impede que ele retroaja só uma parte; ademais, entendem que a
retroatividade de dispositivo mais benéfico é assegurada pelo art. 5°, XL da
CR/88.
Cabe anotar que a contagem no processo Penal não segue a mesma lógi-
ca do direito Penal material.
18 DIREITO PENAL PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR
03 O FATO PUNÍVEL
CRIMES CONTRAVENÇÕES
A ação Penal pode ser pública A ação Penal é sempre públi-
ou privada (art. 100 CP). ca incondicionada (art. 17 LCP).
Podem ser punidos, excepcio- Não podem ser punidas as
nalmente, os crimes cometi- contravenções cometidas no
dos no estrangeiro (art. 7° CP). estrangeiro (art. 7° LCP).
Admitem tentativa (em regra) Não se pune a tentativa em
– art. 14 CP. hipótese alguma (art. 4° LCP).
É punível com pena privativa É punível com pena privativa
de reclusão ou detenção (art. de prisão simples (art. 6° LCP).
33 CP).
O limite máximo para execu- O limite máximo é de 5 anos
ção da pena privativa é de 30 (art. 10° LCP).
anos (art. 75 CP).
O período de prova do sursis é O período de prova é de 1 a 3
de 2 a 4 anos (art. 77 CP) anos (art. 11 LCP).
CONCEITUAÇÃO
Vale destacar que o conceito atualmente adotado para definir um fato pu-
nível foi fruto de longa evolução histórica. E dentre os vários conceitos que
surgiram, é possível identificar três:
PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR DIREITO PENAL 19
1º) O conceito formal: partia da ideia de que o fato punível seria sim-
plesmente uma conduta tipificada; ou seja, um fato humano proibido pela lei
Penal. Neste momento, levava-se em conta unicamente a forma da conduta
(sua aparência externa), e assim, acreditava-se que a simples subsunção do
fato a norma geraria o fato punível.
CLASSIFICAÇÕES DOUTRINÁRIAS
1ª) Quanto à disposição legislativa: os crimes podem ser comuns
(aqueles que estão previstos no Código Penal – arts. 121 a 358-H) ou especiais
(previstos em legislação especial – ex: crimes de trânsito, crimes ambientais,
crimes de abuso de autoridade, etc.).
20 DIREITO PENAL PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR
15ª) Crimes habituais: aqueles que exigem, para sua consumação, a rei-
teração da conduta (ex: 230 do CP). Ou seja, os delitos habituais são caracte-
rizados por comportamentos idênticos e repetidos, que só se perfazem em
decorrência da ação reiterada do agente.
O FATO TÍPICO
Uma vez delineadas as premissas iniciais sobre o tema, faremos minu-
ciosa análise de cada um dos elementos que compõem um fato punível, a
começar pelo fato típico (o primeiro elemento analítico do crime).
A) Conduta Humana:
c) Força maior: são considerados atos da natureza, razão pela qual não
há que se falar em conduta humana.
Formas de conduta:
Por fim, resta observar que existem duas formas de conduta (ação e omis-
são), as quais geram duas espécies de crimes: os comissivos e os omissivos.
B) Resultado delitivo:
Delimitação geral:
(3) crimes de mera conduta (ex: porte ilegal de arma de fogo, omissão
de socorro, etc.).
C) Nexo Causal:
Conceituação:
Sobre o tema, a doutrina traz várias teorias que tentam explicar este
vínculo. Dentre estas, destacam-se as seguintes: (1) Teoria da Causalidade
Adequada: entende que causa é a condição mais adequada para produzir
o resultado; (2) Teoria da causa eficiente (entende que causa é a condição
da qual depende a qualidade do resultado); (3) Teoria da Imputação Objetiva
(a causa depende da criação de um perigo juridicamente desaprovado); (4)
Teoria da Equivalência dos Antecedentes (para esta teoria, causa é toda cir-
cunstância antecedente, sem a qual o resultado não teria ocorrido. Ou seja,
tudo o que concorre para a produção do resultado é a sua causa).
P Vale também anotar que dar causa não quer dizer, neces-
sariamente, que o sujeito será punido pelo crime, afinal, para
tal é imprescindível também que ele haja com dolo ou culpa
(traduzindo a ideia de previsibilidade e o elemento subjetivo).
PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR DIREITO PENAL 27
Concausas:
D) Tipicidade:
Conceito e delimitação:
São eles:
4ª) Teoria do Tipo Ideal: também conhecida como “tipo puro”, entende que
a tipicidade representa uma valoração puramente objetiva da ilicitude (MAX
WEBER).
Composição do tipo:
Toda figura típica é composta de alguns elementos, que podem ser es-
senciais ou não à sua caracterização.
30 DIREITO PENAL PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR
04 DOLO E CULPA
Como visto, dolo e culpa são elementos subjetivos do tipo legal. E este é
um tema de especial importância. Vejamos então algumas particularidades
dos crimes dolosos e culposos:
Ainda no que diz respeito ao crime culposo, algumas observações são re-
levantes. Vejamos:
05 ANTIJURIDICIDADE
Conceito:
Por outro lado, mesmo que a figura seja típica, se ela estiver autorizada ou
mesmo fomentada por outra norma jurídica, não se fala de ilicitude. Ou seja,
se a conduta estiver amparada por uma causa de exclusão da antijuridicida-
de (se ela estiver justificada), não há que se falar em fato punível.
a) Estado de Necessidade:
Ou seja, é a situação na qual se encontra uma pessoa que não pode ra-
zoavelmente salvar um bem, interesse ou direito, senão pela prática de um
ato que, fora das circunstâncias em que se encontra, seria criminoso.
São eles:
b) Legítima Defesa:
Entende-se que todo aquele que exerce um direito assegurado pelo orde-
namento jurídico, não atua de forma ilícita (art. 23, III, parte final do CP). Veja
que esta excludente não possui uma definição legal, mas ainda assim é uma
causa legal de justificação.
Mas veja que para se falar em estrito cumprimento, deve-se estar diante
de um direito amparado por Lei (ato normativo).
PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR DIREITO PENAL 37
e) Consentimento do ofendido:
06 CULPABILIDADE
Conceito e teorias:
P A teoria normativa pura (que foi adotada por nosso CP), sub-
divide-se em: “extremada” e “limitada”. Para a teoria extrema-
da, todas as hipóteses de descriminantes putativas figuram
como espécie de erro de proibição. Já para a teoria normativa
pura limitada, que é a teoria por nós adotada, há hipóteses de
descriminante que figuram como erro de tipo permissivo (art.
20, §1º do CP) e outras que figuram como erro de proibição (art.
21 do CP).
A) Imputabilidade:
07 TEORIA DO ERRO
ERRO DE TIPO
Previsto no art. 20, caput do CP, o erro de tipo ocorre quando o sujeito su-
põe a ausência de elemento ou circunstância do tipo incriminador (por isso a
doutrina o batiza de “erro de tipo incriminador”). Há, portanto, uma falsa per-
cepção da realidade fática (o agente erra sobre o próprio fato).
São casos de erro acidental: o erro sobre o objeto; erro sobre pessoa; e as
hipóteses de “crimes aberrantes”. Vejamos:
b.1) Erro sobre objeto (“error in objecto”): ocorre quando o sujeito supõe
que sua conduta recai sobre determinada coisa (res), sendo que na
realidade incide sobre outra.
PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR DIREITO PENAL 43
Veja que em tais casos, de acordo com o que dispõe o art. 20, §3º do CP,
se deve levar em conta, na aplicação da pena, as qualidades da pessoa que
pretendia atingir e não as da efetivamente atingida. Ou seja, responderá o
processo como se tivesse alvejado a pessoa que pretendia alvejar.
E se o erro for provocado por terceiro, nos termos do art. 20, §2º do CP,
responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
ERRO DE PROIBIÇÃO
Previsto no art. 21 do CP, é aquele no qual incide o agente que, por falso
conhecimento (ou mesmo desconhecimento), não tem a possibilidade de
saber que o seu comportamento é ilícito. E é possível verificar duas espécies
de erro de proibição:
44 DIREITO PENAL PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR
DESCRIMINANTES PUTATIVAS
Quando o sujeito, levado a erro pelas circunstâncias do caso concreto, su-
põe agir em face de uma causa excludente de ilicitude (supõe agir de forma
justificada).
Por isso, nestes casos aplicam-se as mesmas regras que regem o erro de
proibição do art. 21 do CP (até por isso a doutrina batiza esta hipótese de erro
de permissão): se vencível, só poderá reduzir a pena; se invencível, afasta a
culpabilidade.
46 DIREITO PENAL PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR
O CAMINHO DO CRIME
É o conjunto das etapas pela qual a realização de um fato punível pas-
sa. Segundo entendimento doutrinário, um crime se realiza em quatro fases:
cogitação, preparação, execução e exaurimento. A primeira é a fase interna,
enquanto que as demais conformam a fase externa.
09 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
I. Crime Consumado:
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
De acordo com o art. 16 do CP, nos crimes cometidos sem violência ou
grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebi-
mento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será
reduzida de um a dois terços.
CRIME IMPOSSÍVEL
Nos termos do artigo 17 do CP, não se pune a tentativa quando, por ineficá-
cia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível
consumar-se o crime.
10 CONCURSO DE PESSOAS
DELIMITAÇÃO
Quando vários sujeitos se reúnem, em comunhão de esforços, para a prá-
tica de uma infração, fala-se em concurso de agentes.
FORMAS DE ATUAÇÃO
Três são as formas pelas quais um agente pode atuar numa empreitada
criminosa: como autor, como coautor ou como partícipe. E para diferenciar
a autoria (ou coautoria) da participação, várias teorias foram desenvolvidas,
dentre as quais se destaca: a “teoria restritiva” e a “teoria do domínio do fato”.
Segundo doutrina majoritária, a teoria restritiva foi adotada no Brasil após a
Reforma do CP de 1940, estabelecendo como critério definitivo a prática ou
não de elementos do tipo.
Mas esta não foi adotada de forma absoluta, visto que ela não resolve os
problemas inerentes a autoria intelectual e autoria mediata, hipóteses que
só são solucionadas com a adoção da teoria do domínio do fato. Assim, con-
sidera autores e coautores aqueles que possuem o controle do domínio do
fato, mesmo não realizando as elementares do tipo (veja que tal ideia permiti-
ria a punição do mandante do crime como autor). Já o partícipe é aquele que
contribui, sem ter domínio algum sobre o fato delitivo.
PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR DIREITO PENAL 51
Mas vale ressaltar que, se para o agente que pretendeu praticar o crime
menos grave, fosse previsível a ocorrência do resultado mais grave, a pena
dele será aumentada da metade (é o que diz a parte final do aludido artigo
29, §2º do CP).
AUTORIA COLATERAL
Casos de pessoas que concorrem para um mesmo resultado delitivo,
mas uma sem saber da atuação da outra. São casos em que estão presentes
todos os requisitos do concurso de agentes, menos um: o liame subjetivo.
Assim, não há que se falar na aplicação da regra do art. 29 do CP nestas hi-
póteses, razão pela qual cada um dos agentes responde pelo resultado que
causou.
DELAÇÃO PREMIADA
Traduz a ideia de imputar a outrem, que também atuou na empreitada,
a responsabilidade pelo crime, mas sem olvidar sua parcela de culpa pelo
mesmo.
A delação tem por objetivo tentar conseguir do Juízo algum benefício le-
gal, mesmo que seja uma simples redução da pena. E há previsão expressa
de delação premiada em alguns diplomas legislativos, tal como ocorre com:
o art. 8°, parágrafo único da Lei 8.072/90 (crimes hediondos); o art. 16, pará-
grafo único da Lei 8.137/90 (crimes contra ordem tributária); o art. 1°, §5° da Lei
9.613/98 (crimes de lavagem de capital); o art. 41 da Lei 11.343/06 (crimes de
drogas); os arts. 13 e 14 da Lei 9.807/99 (proteção de vítimas e testemunhas);
ou mesmo na hipótese do art. 159, §4° do CP (extorsão mediante sequestro).
54 DIREITO PENAL PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR
11 CONCURSO DE CRIMES
CONCEITUAÇÃO E ESPÉCIES
b.1) Formal perfeito: quando há uma única vontade por parte do agen-
te; ou seja, ele tem um único desígnio criminoso, quer produzir um só
crime.
Note que para haver um concurso formal de crimes, não é necessário que
os vários delitos sejam de uma mesma espécie.
Já nos casos de exasperação, o Juiz aplica somente uma das penas ao réu
(dentre os vários crimes cometidos, o julgador pegará somente uma delas),
sempre a mais grave (o crime de pena maior), e sobre esta ele procederá uma
majoração (que pode variar de 1/6 a 1/2 ou de 1/6 a 2/3, dependendo do caso).
12 TEORIA DA PENA
FINALIDADE DA PENA
Ao longo da história, a doutrina Penal fez questão de firmar várias justifica-
tivas para a existência e aplicação de uma pena. Neste afã, o discurso oficial
(aquele que é propagado pelos códigos) produziu três grandes teorias sobre
o tema: absolutas, relativas e mistas.
Ainda neste tocante, vale observar que o art. 53 do CP delimita que “as
penas privativas de liberdade têm seus limites estabelecidos na sanção cor-
respondente a cada tipo legal de crime”. Ademais, conforme aduz o artigo 54
do CP, “as penas restritivas de direitos são aplicáveis, independentemente de
cominação na parte especial, em substituição à pena privativa de liberdade,
fixada em quantidade inferior a um ano, ou nos crimes culposos”.
PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR DIREITO PENAL 59
Por fim, de acordo com o artigo 58 do CP, “a multa, prevista em cada tipo
legal de crime, tem os limites fixados no art. 49 do CP e seus parágrafos”. E
mais: “A multa prevista no parágrafo único do art. 44 e no § 2º do art. 60 do CP
aplica-se independentemente de cominação na parte especial” (é o que diz o
parágrafo único do art. 58 CP).
4ª) Quanto à fiança: nos casos em que a fiança é cabível para que o
acusado responda ao processo em liberdade, entende-se que a au-
toridade policial somente poderá conceder fiança para as infrações
cuja pena máxima não ultrapasse 4 anos (ou seja, para a maioria dos
crimes punidos com detenção); sendo certo que, nos demais casos
(via de regra, os crimes punidos com reclusão), somente o Juiz poderá
arbitrar o valor – nos termos do art. 322 do CPP (já com a redação da
novel Lei 12.403/11).
7ª) Nos casos de concurso de crimes: como visto, primeiro deve ser
cumprida a pena mais grave (reclusão) e depois a menos grave (deten-
ção ou prisão simples).
ii) Perda de bens e valores (art. 45, §3° do CP): a perda de bens e va-
lores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação
especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá
como teto o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo
agente ou por terceiro, em consequência da prática do crime (o que for
maior).
C) Pena de multa:
Mas vale anotar que o valor máximo da multa pode ser majorado, em ca-
sos de abundante situação econômica do réu (art. 60, §1° CP). Assim como
Leis penais especiais podem disciplinar valores diferenciados.
APLICAÇÃO DA PENA
Inicialmente, vale lembrar que o Juiz do processo deve individualizar a
pena em casos de condenação (nos termos do art. 5°, inciso XLVI da CF/88),
visto que o legislador prevê apenas limites mínimos e máximos em abstra-
to, os quais servem apenas de parâmetro para a quantificação em um caso
concreto. O critério que o Juiz seguirá para realizar a dosimetria da pena é
batizado de “critério trifásico”, que está definido no art. 68 do CP: inicialmente,
fixa-se a pena base; após, analisa as agravantes e atenuantes; por fim, as
causas de aumento e diminuição da pena.
64 DIREITO PENAL PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR
2ª Regra: Existe uma ordem cronológica das fases, a qual não pode
ser olvidada pelo Juiz, sob pena de nulidade da individualização da
pena (art. 564 do CPP).
4ª Regra: Existem limites abstratos para fixação da pena (ou seja: mí-
nimos e máximos previstos pelo próprio legislador). Estes limites, que
poderão estar previstos no caput (preceito secundário da norma) ou
em parágrafos do tipo legal, servirão de patamar para o início da dosi-
metria. Fala-se, assim, de três figuras: a simples, a qualificada e a pri-
vilegiada.
a) Pena base:
Para que o Juiz encontre a pena basilar, deverá analisar uma gama de cir-
cunstâncias conhecidas como circunstâncias judiciais, as quais estão pre-
vistas no rol taxativo do art. 59 do CP: culpabilidade, antecedentes, conduta
social e personalidade do agente; motivos, circunstâncias e consequências
do crime; bem como o comportamento da vítima.
Nota-se que o Código Penal não delimita quanto será o acréscimo ou re-
dução por cada circunstância judicial, ficando a cargo do Juiz fixar tal pata-
mar, em operação que deve ser sempre motivada (art. 93, IX da CF/88).
Por outro lado, é certo que o Magistrado deverá partir de algum patamar, e
este será (segundo corrente majoritária) o mínimo legalmente previsto para
o crime. Assim como ele deverá respeitar os valores mínimos e máximos pre-
vistos abstratamente pelo legislador, nos termos definidos pela Súmula 231
do STJ.
PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR DIREITO PENAL 65
b) Pena intermediária:
Para que o Juiz encontre a pena intermediária, deverá analisar uma gama
específica de circunstâncias, chamadas circunstâncias legais, que são as
agravantes e atenuantes da pena. Sobre o tema, vale anotar que elas são de
incidência obrigatória (ressalvada eventuais hipóteses de bis in idem).
Ademais, cabe ressaltar que o rol previsto no Código Penal (arts. 61 a 66)
não é taxativo, pois Leis penais especiais podem trazer outras hipóteses
(como ocorre, por exemplo, com os arts. 14 e 15 da Lei 9.605/98). Por outro
lado, é certo que o Magistrado não pode inovar o rol das agravantes (sob
pena de ferir o princípio da legalidade – art. 1° do CP), embora possa inovar
em relação às atenuantes, por expressa autorização do art. 66 do CP.
Veja, uma vez mais, que o Código Penal também não delimita quanto será
o acréscimo ou redução por cada circunstância legal, ficando a cargo do Juiz
uma vez mais tal definição. Mas é certo que, aqui, ele também deverá respei-
tar os patamares abstratos mínimos e máximos firmados em Lei (nos termos
da Súmula 231 do STJ). Ademais, deve observar que o art. 67 do CP firma algu-
mas circunstâncias como preponderantes.
66 DIREITO PENAL PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR
Veja que para fins de reincidência não importa qual tenha sido a pena an-
teriormente imposta ao réu, nem mesmo se o crime foi doloso ou culposo,
desde que a mesma esteja devidamente comprovada nos autos. Por outro
lado, é certo que a reincidência não acompanha o agente por toda a sua vida.
Isso porque, existe um prazo limite para sua caracterização: um lapso tempo-
ral de 5 anos, contados da data da extinção da primeira pena, que é chamado
de “período depurador”.
Ademais, por força do disposto no art. 64, II do CP, não se presta a confi-
gurar reincidência, as condenações anteriores por crimes políticos (definidos
no art. 2° da Lei 7.170/83) e militares próprios (previstos no Código Penal mili-
tar). Ainda, por força do disposto no art. 7° do Decreto-lei 3.688/41 (LCP), não
se fala em reincidência se a infração anterior foi uma contravenção Penal e a
posterior for um crime.
Por fim, vale observar o teor da Súmula 444 do STJ: inquéritos policiais e
ações penais ainda em curso não se prestam a configurar a reincidência e
nem mesmo maus antecedentes (em homenagem ao princípio da presun-
ção de inocência).
c) Pena Definitiva:
Mas veja que nesta última etapa da dosimetria, como é o próprio legisla-
dor quem delimita o quantum de aumento ou diminuição, não se aplica o teor
da Súmula 231 do STJ.
Por fim, anota-se que uma vez fixado o quantum da privativa de liberdade,
deve o Juiz firmar o regime inicial para o cumprimento da pena (o que será
trabalhado no capítulo pertinente da execução Penal).
REGIMES PRISIONAIS
Noções gerais:
4ª exceção - Crime de tortura: nos termos do art. 1º, §7º da Lei 9.455/97,
o condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º (“Aquele
que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las
ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos”), iniciará o
cumprimento da pena em regime fechado.
DETRAÇÃO PENAL
Nos termos do art. 42 do Código Penal: “Computam-se, na pena privati-
va de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no
Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qual-
quer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior”.
E nestes casos, se ele vier a ser condenado a uma pena privativa de li-
berdade, todo o período em que ele permaneceu em cárcere provisório será
considerado como tempo de pena cumprido, inclusive para a obtenção
de eventuais benefícios da execução que dependam do tempo (como, por
exemplo, o livramento condicional e progressão de regime).
LIMITES DA PENA
De acordo com o art. 75 do Código Penal, ninguém poderá ficar preso mais
do que trinta anos. E vale destacar que esse é um limite para a execução da
pena (e não para a aplicação).
Aqui, importante também resgatar o teor da Súmula 715 do STF: “A pena
unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado
pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros
benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de exe-
cução”.
PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR DIREITO PENAL 71
13 MEDIDA DE SEGURANÇA
SISTEMAS DE MS
É comum distinguir dois sistemas de MS: o sistema do duplo-binário e
o sistema vicariante. Para os defensores do primeiro sistema, é possível a
aplicação cumulativa de pena e medida de segurança (ou seja, um mesmo
caso poderia ser sancionado com pena + MS); já os defensores do sistema
vicariante entendem que não é possível a aplicação cumulativa de sanções,
de modo que o acusado receberá uma pena ou uma medida de segurança
(nunca as duas juntas). Veja que o Código Penal, após a Reforma de 1984,
encampou o sistema dualista vicariante, face à proibição do bis in idem.
Quanto aos prazos de duração, verifica-se que a Lei Penal não traz pre-
visão de um prazo máximo para duração da medida de segurança. Todavia,
existe um prazo mínimo de duração firmado no art. 97, §1° do CP, de 1 a 3 anos
(a critério do Juiz).
DIREITOS DO INTERNADO
Para além dos direitos gerais que são assegurados a qualquer cidadão,
bem como aqueles previstos na Lei de execuções penais, é de se ver que o
art. 99 do CP prevê que “o internado será recolhido a estabelecimento dotado
de características hospitalares e será submetido a tratamento”.
14 PUNIBILIDADE
Toda vez que alguém infringe uma norma jurídico-Penal nasce para o
Estado a possibilidade de exercer, no plano concreto, o seu poder punitivo
contra o infrator. Contudo, cabe destacar que em determinadas situações,
previstas expressamente em Lei, o Estado pode abrir mão (ou mesmo perder)
o seu poder de punir o infrator da norma: fala-se então das causas de extin-
ção da punibilidade, as quais estão previstas no rol exemplificativo do art. 107
do Código Penal.
a) Morte do agente:
E não só isso: a morte deve estar devidamente comprovada nos autos por
documento hábil (certidão de óbito oficial), nos termos do art. 62 do CP.
c) Abolitio criminis:
d) Decadência e perempção:
Trata-se de ato unilateral (não depende de mais ninguém, que não a pró-
pria vítima) e que pressupõe a vontade de não mover a ação contra o infrator
da norma, podendo ser expressa (art. 50 do CPP) ou tácita (art. 104, § único
do CP).
Já o perdão, como o próprio nome está indicando, é o ato pelo qual a víti-
ma perdoa o infrator. Mas este só é cabível nos crimes de ação Penal privada,
pois pressupõe que o processo já tenha sido inaugurado (já tenha oferecido
a queixa-crime) – conforme dispõe os arts. 105 e 106 do CP e arts. 51 a 59 do
CPP.
f) Retratação do agente:
g) Perdão judicial:
h) Prescrição Penal:
Ocorre que o STJ aprovou a Súmula 438, para rechaçar a hipótese de extin-
ção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento
em pena em perspectiva ou hipoteticamente considerada.
80 DIREITO PENAL PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR
1. Crimes imprescritíveis: nos termos do art. 5°, XLII e XLIV da CF/88, exis-
tem duas hipóteses delitivas que não se submetem às regras de prescrição.
São eles:
INTRODUÇÃO
Antes de iniciar essa abordagem, cabe ressaltar que esta apostila não
visa trabalhar com todos os crimes da parte especial e suas particularidades
intrínsecas (até porque, o espaço seria demasiado restrito para todas as pos-
síveis premissas).
HOMICÍDIO
Classificação jurídica:
Trata-se de crime de forma ou ação livre (pode ser praticado por qualquer
meio), comissivo (pressupõe uma ação; ou então, para quem está na posição
de garante, uma abstenção: casos de comissão por omissão), comum (não
exige qualidade especial alguma do sujeito ativo), material (exige o resultado
naturalístico para a efetiva consumação: morte do sujeito passivo), de dano
(exige lesão ao bem tutelado: a vida), instantâneo (seu resultado ocorre ins-
tantaneamente, sem prolongar-se no tempo; embora suas consequências
subsistam eternamente quando consumado – por isso, inclusive, a doutrina
diz que ele é um crime “instantâneo, mas de efeitos permanentes”), unissub-
jetivo ou de concurso eventual (admite cometimento por uma só pessoa ou
várias, em concurso) e plurissubsistente (seu iter permite fracionamento).
Em regra, é um crime doloso, mas admite a figura culposa (art. 121, §3°); e é
certo que nesta última hipótese o Juiz poderá conceder o perdão judicial ao
acusado (art. 121, §5º).
Veja, por fim, que a Lei nº 12.720, de 27 de setembro de 2012 (que dispôs
PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR DIREITO PENAL 85
É uma figura pouco explorada nas provas, razão pela qual se recomenda
simples leitura do dispositivo legal.
Classificação jurídica:
Trata-se de crime de forma ou ação livre (pode ser praticado por qualquer
meio), próprio (requer qualidade especial do sujeito ativo: deve ser praticado
pela parturiente), material (consuma-se com o resultado naturalístico: morte
do filho), de dano ou lesão (exige lesão ao bem tutelado), instantâneo de efei-
tos permanentes (seu resultado ocorre instantaneamente, sem prolongar-se
no tempo; embora suas consequências subsistam perenemente), unissub-
jetivo ou de concurso eventual (admite cometimento por uma só pessoa ou
várias, em concurso) e plurissubsistente (seu iter permite fracionamento).
Classificação jurídica:
São crimes de forma ou ação livre (podem ser praticados por qualquer
meio); segundo corrente majoritária, será crime de mão-própria na hipótese
do art. 124 do CP (pois só a gestante pode cometê-lo, e mais ninguém ) e co-
mum nas figuras dos arts. 125 e 126 (qualquer um pode realizar); são também
crimes materiais (consuma-se com o resultado naturalístico: morte do feto),
de dano ou lesão (exige lesão ao bem tutelado), instantâneos de efeito per-
manente (seu resultado ocorre instantaneamente, sem prolongar-se no tem-
po; embora suas consequências subsistam perenemente), unissubjetivos ou
de concurso eventual (admite cometimento por uma só pessoa ou várias, em
concurso) e plurissubsistentes (seu iter permite fracionamento).
Por fim, tem-se que o art. 127 do CP traz figuras qualificadas para o aborto
provocado por terceiro, nos casos em que o fato resulta em lesão corporal ou
morte da gestante.
88 DIREITO PENAL PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR
(a) para salvar a vida da mãe (casos em que, inclusive, não há neces-
sidade nem mesmo do consentimento dela; são os casos de “aborto
necessário”);
(c) contudo, se ele pagar alguém para realizar o aborto, mesmo com
o consentimento da namorada, a jurisprudência dominante entende
que ele passa a responder pelo crime previsto no art. 126 do CP (afinal,
sem a sua atuação, o médico não teria praticado o fato);
(d) a grávida que tenta suicídio, e sendo o suicídio frustrado, caso haja a
morte do feto ela responderá pelo auto-aborto (art. 124 do CP).
Classificação jurídica:
Trata-se de crime de forma ou ação livre, comum (vez que não se exige
qualidade especial do sujeito ativo), material, de dano ou lesão, instantâneo
(seu resultado ocorre instantaneamente, sem prolongar-se no tempo), unis-
subjetivo e plurissubsistente (seu iter permite fracionamento). Trata-se de
um crime em regra doloso, mas que também admite a figura culposa (art.
129, §6°), na qual, inclusive, se permite a concessão do perdão judicial (art. 129,
§8°). Há a previsão de qualificadoras se a lesão corporal for considerada de
natureza grave ou gravíssima (art. 129, respectivamente nos §1° e §2° do CP),
se resultar em morte da vítima (art. 129, §3° do CP – caso de crime preterdo-
loso), ou se tratar de lesão decorrente de violência doméstica (art. 129, §9°).
Ademais, há a previsão de causas especiais de diminuição da pena (art. 129,
§4°) e de causas especiais de aumento (art. 129, §7° e §§10° e 11° do CP). Por fim,
há casos de lesão leve em que o Juiz pode substituir a pena de detenção pela
pena de multa (art. 129, §5°).
Veja que a novel Lei nº 12.720, de 27 de setembro de 2012 (que dispôs sobre
o crime de extermínio de seres humanos), trouxe nova majorante para o cri-
me, no art. 129, §7º do CP (verbis): “Aumenta-se a pena de um terço se ocorrer
qualquer das hipóteses dos §§ 4º e 6º do art. 121 do CP (se o crime for pratica-
do por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança,
ou por grupo de extermínio)”.
90 DIREITO PENAL PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR
3. Estatuto do torcedor: a Lei 12.299/10, em seu art. 41-B, pune com re-
clusão de um a dois anos quem pratica violência em evento esportivo ou nas
proximidades do estádio em dia de jogo (raio de 5km). Embora não haja juris-
prudência farta sobre o tema, melhor entendimento é de que, em havendo a
lesão, o crime mais grave absorve o mais leve.
Classificação jurídica:
Distinções:
A calúnia (art. 138) e a difamação (art. 139) consagram uma ofensa à honra
objetiva (aquilo que a coletividade pensa sobre o indivíduo; ou seja, sua re-
putação, o bom nome que possui perante o grupo social), enquanto a injúria
(art. 140) consagra uma ofensa à honra subjetiva (aquilo que o indivíduo pen-
sa sobre si, seus atributos físicos, morais ou intelectuais).
92 DIREITO PENAL PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR
4. Veja que o crime de injúria permite o perdão judicial (art. 140, §1°
CP), vez que a injúria pode ter sido provocada pelo ofendido diretamente ou a
ofensa tenha decorrido de reação imediata (o revide).
PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR DIREITO PENAL 93
É de se ver que a pena, em todas estas hipóteses previstas pelo art. 154-A
do CP será majorada de um terço à metade se o crime for praticado contra: o
Presidente da República, governadores e prefeitos; o Presidente do Supremo
Tribunal Federal; o Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal,
de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa do Distrito Federal
ou de Câmara Municipal; ou contra o dirigente máximo da administração di-
reta e indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal.
Classificação jurídica:
5. O furto privilegiado (art. 155, §2°) é direito subjetivo do réu que preen-
che os requisitos legais: ser primário e ser a coisa de pequeno valor (o que
não pode ser confundido com valor “insignificante”).
7. O que justifica a maior quantidade de pena nas hipóteses do art. 155, §4°
do CP (furto qualificado), é a maior danosidade do fato, ou ainda, o maior
desvalor na conduta do agente.
9. Aquele que arromba o vidro do automóvel para subtrair objetos que estão
dentro, comete furto simples ou qualificado? Parte da jurisprudência diz
que é furto qualificado, pois há violência sobre a coisa (é a corrente que predo-
mina no STF); mas há quem diga que tal situação não permite a qualificadora,
pois afrontaria o princípio da proporcionalidade (é o que predomina no STJ).
11. Furto de coisa comum (art. 156 do CP): anote-se que nestes casos, a
ação é pública condicionada à representação.
Classificação jurídica:
3. Roubo majorado pelo emprego de arma (art. 157, §2°, I do CP). Aqui,
pode ser arma de fogo ou arma branca (ex: faca). Mas se o agente simula o
emprego da arma, não incide a majorante (torna-se um roubo simples).
Agora, se a arma não foi apreendida, mas outros meios de prova dão cabo
de sua existência e efetiva prestabilidade, poderá incidir a majorante (é o en-
tendimento majoritário nos Tribunais, que se pautam no art. 167 do CPP). Por
fim, se somente um dos agentes utiliza a arma, mas os outros têm ciência de
tal fato, a majorante incidirá para todos (art. 30 do CP).
7. Competência para julgar o latrocínio: por ser crime patrimonial, não vai à
Júri. Fica a cargo, pois, do Juiz criminal comum (Súmula 603 do STF).
Classificação jurídica:
2. O art. 159, §4° prevê uma hipótese de “delação premiada” para a extorsão
mediante sequestro.
Classificação jurídica:
Classificação jurídica:
Classificação jurídica:
Imunidades Absolutas:
São hipóteses:
Imunidades Relativas:
Por outro lado, o art. 182 do CP prevê hipóteses em que a ação Penal trans-
muda para pública condicionada à representação.
São hipóteses:
Por fim, o art. 183 do CP disciplina que aquelas imunidades não se aplicam
nas seguintes hipóteses:
Também são crimes de pouca incidência, razão pela qual a simples leitura
do texto de lei já trará boas bases. São eles: “Ultraje a culto e impedimento ou
perturbação de ato a ele relativo” (art. 208), “Impedimento ou perturbação de
cerimônia funerária” (art. 209), “Violação de sepultura” (art. 210), “Destruição,
subtração ou ocultação de cadáver” (art. 211), “Vilipêndio a cadáver” (art. 212
do CP).
PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR DIREITO PENAL 107
Classificação jurídica:
Trata-se de crime de ação livre (pode ser praticado por qualquer meio),
comum (não exige qualidade especial alguma do sujeito ativo ou mesmo do
sujeito passivo: que pode ser homem ou mulher), material (exige o resultado
naturalístico para a efetiva consumação: depende da conjunção carnal ou
outro ato libidinoso), de dano (exige lesão ao bem tutelado: a dignidade se-
xual), instantâneo (seu resultado ocorre instantaneamente, sem prolongar-
se no tempo), unissubjetivo ou de concurso eventual (admite cometimento
por uma só pessoa ou várias, em concurso) e plurissubsistente (seu iter per-
mite fracionamento). Por fim, é de se ver que é um crime punido exclusiva-
mente a título doloso.
Trata-se de crime de forma ou ação livre (pode ser praticado por qualquer
meio), próprio (pois exige que o agente seja superior hierárquico ou que haja
ascendência inerente ao exercício de emprego, cargo ou função), formal, ins-
tantâneo, unissubjetivo e exclusivamente doloso.
PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR DIREITO PENAL 109
Classificação jurídica:
1. Conceito de vulnerabilidade:
(c) vítima que não pode oferecer resistência, por qualquer outra causa
(ex: se a vítima está em estado elevado de alcoolemia).
Classificação jurídica:
Mas veja que o sujeito ativo do crime é sempre o lenão (e não o destina-
tário do ato; esta figura não quer punir aquele que satisfaz a própria lascívia).
E é de se ver que tal conduta não foi abolida, pois hoje consta do art. 244-B
da Lei 8.069/90 (ECA).
Ação Penal:
Frente à nova redação do art. 225 do CP, vê-se que os crimes contra a dig-
nidade sexual agora são, em regra, de ação Penal pública condicionada à re-
presentação do ofendido.
Nos termos do art. 226 do CP, a pena será aumentada nos crimes contra
a liberdade sexual e contra vulnerável em duas situações: (a) aumentada da
quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de duas ou mais pes-
soas; (b) aumentada da metade, se o agente é ascendente, padrasto ou ma-
drasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empre-
gador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade sobre ela.
O art. 227 traz o crime de “mediação para servir a lascívia de outrem”; o art.
228 traz o crime de “favorecimento da prostituição ou outra forma de explora-
ção sexual” (induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de explo-
ração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone); o art.
229 traz o crime de “casa de prostituição” (manter, por conta própria ou de ter-
ceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito
de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente); o art. 330 o crime
de “rufianismo” (tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamen-
te de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem
a exerça); o art. 331 o crime de “tráfico internacional de pessoa para fim de
exploração sexual” (promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de
alguém que nele venha a exercer a prostituição ou outra forma de exploração
sexual, ou a saída de alguém que vá exercê-la no estrangeiro); e o novo art.
331-A do CP traz o crime de “tráfico interno de pessoa para fim de exploração
sexual” (promover ou facilitar o deslocamento de alguém dentro do território
nacional para o exercício da prostituição ou outra forma de exploração se-
xual). Aconselha-se simples leitura do texto de lei em relação a estas figuras.
112 DIREITO PENAL PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR
O art. 233 traz o crime de “ato obsceno” (praticar ato obsceno em lugar
público, ou aberto ou exposto ao público); e o art. 234 traz o crime de “escrito
ou objeto obsceno” (fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda,
para fim de comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, dese-
nho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno). Também se aconselha
simples leitura do texto de lei em relação a estas figuras.
Segredo de justiça:
O crime de “Abandono material” (art. 244 – Deixar, sem justa causa, de pro-
ver a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de dezoito anos ou inapto
para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de sessenta anos, não
lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de
pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem
justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo).
Este é um crime próprio, doloso, omissivo, formal (ao menos na modalidade
de não cumprimento da obrigação alimentícia), de perigo concreto, de forma
livre, permanente, unissubjetivo e plurissubsistente.
E aqui, vale anotar que se incluem entre os produtos a que se refere este
artigo os medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os
cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico.
Tais crimes, em regra, são de menor incidência, razão pela qual indica-se
a simples leitura do texto legal: “Incitação ao crime” (art. 286); “Apologia de
crime ou criminoso” (art. 287); e a “Constituição de milícia privada” (art. 288-A).
Por outro lado, a nova figura típica é classificada como um crime vago,
porquanto o sujeito passivo, titular do bem jurídico agredido pela prática da
conduta delitiva, corresponde à coletividade (número indeterminado de pes-
soas). Além disso, trata-se de crime plurissubjetivo (considerando que seria
ilógico pensar em “organização paramilitar, milícia particular, grupo ou es-
quadrão” compostos por uma única pessoa).
NOÇÕES GERAIS
Neste tocante, destacam-se os seguintes grupos delitivos: crimes de
“moeda falsa” (art. 289 a 292 do CP); da “falsidade de títulos e outros papéis
públicos” (arts. 293 a 295 do CP); da “falsidade documental” (arts. 296 a 305
do CP); “outras falsidades” (arts. 306 a 311 do CP); e a novidade, “das fraudes
em certames de interesse público” (art. 311-A do CP, trazida pela Lei nº 12.550
de 2011).
Noções introdutórias:
Veja então que estes crimes tutelam, de uma forma direta ou indireta, a fé
pública (a confiança que as pessoas depositam no documento, seja ele pú-
blico ou particular). Façamos então uma análise mais minuciosa sobre cada
um destes crimes.
118 DIREITO PENAL PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR
Mas vale lembrar que a falsificação deve ser apta a iludir a vítima (afinal,
trata-se de crime contra a fé pública). Assim, caso a falsificação seja grossei-
ra, inapta para causar a ilusão, não se fala em crime (nestes casos, estare-
mos diante da figura do crime impossível - art. 17 do CP -, ou mesmo diante de
um crime de estelionato, a depender do caso).
Ademais, nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir (art. 297,
§3º):
P Veja que tais hipóteses (art. 297, §§3º e 4º do CP) foram trazi-
das pela Lei n. 9.983 de 14 de julho de 2000, e são de especial
relevância.
A lógica é semelhante à firmada para o crime do art. 297 do CP, salvo pelo
objeto material sobre o qual recai a conduta: afinal, aqui, o documento deve
ser particular (na acepção jurídica da palavra). Por exemplo: aquele que forja
uma comprovação de vínculo empregatício para auxiliar outrem na obtenção
de benefício previdenciário mediante emprego de documentação alterada.
Ou então aquele que forja uma nota fiscal.
Por fim, cabe observar que a novel Lei 12.737, de 30 de novembro de 2012 (a
qual dispôs sobre a tipificação criminal de delitos informáticos), trouxe uma
cláusula de equiparação aos documentos particulares: a “falsificação de
cartão”. Assim, o art. 298 do CP passou a conter um parágrafo único, com a
seguinte redação: para fins do disposto no caput, equipara-se a documento
particular o cartão de crédito ou débito.
FALSIDADE IDEOLÓGICA
Noções introdutórias:
Ao contrário do que ocorre com os crimes dos art.s 297 e 298 do CP, que
prevêem uma falsidade de natureza material (ou seja, tem-se um documento
físico alterado ou falsificado), a falsidade constante no art. 299 do CP é de
cunho estritamente ideológico. Isso quer dizer que o documento, em si, é per-
feito (em sua forma), mas a ideia nele lançada é falsa. Assim, define o art. 299
do CP: “Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele de-
via constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que
devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a
verdade sobre fato juridicamente relevante” (Pena - reclusão de um a cinco
anos e multa, se o documento é público; e reclusão de um a três anos e mul-
ta, se o documento é particular).
Classificação do crime:
Trata-se de crime comum (pode ser praticado por qualquer agente), do-
loso (pressupõe a intenção de iludir a fé pública, e também o especial fim de
agir, já mencionado supra), comissivo ou omissivo (a depender da conduta
perpetrada), de forma livre (pode ser praticado por qualquer meio), instan-
tâneo (a consumação ocorre num único instante: quando é lançada a in-
formação ideologicamente falsa), unissubjetivo (pode ser praticado por um
agente, independente de concurso) e plurissubsistente (seu iter criminis é
fracionável). Ainda em relação à falsidade ideológica, é certo que se o agente
é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a
falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a
pena de sexta parte.
Trata-se de crime próprio no que diz respeito ao sujeito ativo (só o médico
pode cometer), doloso (não se pune a forma culposa), comissivo (pressupõe
uma ação do agente), de forma vinculada (ao menos segundo doutrina ma-
joritária), instantâneo (seu momento consumativo é único: quando é ofertado
o atestado falso), unissubjetivo (pode ser praticado por um agente, indepen-
dente de concurso) e plurissubjetivo (pois seu iter é fracionável).
Ou seja, o que se pune aqui não é aquele que falsifica o documento, mas
sim quem usa um documento sabidamente falsificado.
Trata-se de crime comum (pode ser praticado por qualquer agente), dolo-
so (não se pune a forma culposa), comissivo (pressupõe uma ação), de forma
livre (pode ser praticado por qualquer meio), instantâneo (se consuma em
um único momento: quando o documento falso é empregado), unissubjeti-
vo (pode ser praticado por um agente, independentemente de concurso) e
plurissubsistente (pois seu iter é fracionável).
Veja que o art. 304 não traz uma pena específica para o crime de uso de
documento falso, devendo recair sobre o agente a pena do crime originário
(ex: aquele que usa um documento particular falso, deverá ser punido com a
pena do art. 298 do CP).
SUPRESSÃO DE DOCUMENTO
Por fim, aduz o art. 305 do CP: “Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício
próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular
verdadeiro, de que não podia dispor” (Pena - reclusão de dois a seis anos e
multa, se o documento é público; e reclusão de um a cinco anos e multa, se
o documento é particular).
Trata-se de crime comum (pode ser praticado por qualquer um), doloso
(não se pune a forma culposa), comissivo (pressupõe uma ação), de forma
livre (pode ser praticado por qualquer meio), instantâneo (nas modalidades
destruir e suprimir) e permanente (na modalidade ocultar), unissubjetivo (por
ser praticado por um agente, independente de concurso) e plurissubsistente
(seu iter é fracionável).
124 DIREITO PENAL PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR
OUTRAS FALSIDADES
Por fim, o Cógido Penal tras algumas modalidades complementares de
falsidade que afetam a fé-pública, como por exemplo:
Peculato:
Uma questão relevante sobre o tema diz respeito à possibilidade (ou não)
de aplicação do princípio da insignificância no crime de peculato. E aqui, ve-
rificam-se duas correntes:
P Nota: por fim, veja que nos casos de peculato culposo, a re-
paração do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue
a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena im-
posta (art. 312, § 3° CP).
Corrupção passiva:
Prevaricação:
De acordo com o art. 319 do CP, o crime se perfaz pela seguinte condu-
ta: “Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou prati-
cá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sen-
timento pessoal” (Pena: detenção, de três meses a um ano, e multa). É
crime próprio, formal, comissivo ou omissivo, doloso, instantâneo, unis-
subjetivo e unissubsistente ou plurissubsistente (a depender da conduta).
Aqui, o leitor deve dar especial atenção para os crimes de “resistência, de-
sobediência e desacato” (art. 329 a 331 do CP): na resistência, há violência
voltada contra o funcionário público para a não realização de um ato oficial,
enquanto no desacato, o fim é desrespeitar a sua função (independente de
violência). Já a desobediência é o caso do agente que não cumpre uma or-
dem legal emanada de funcionário público competente para tal.
Corrupção ativa:
Contrabando e descaminho:
Outros crimes:
Mas veja que o crime trata-se de reingressar, o que pressupõe que ele já
tenha sido legitimamente expulso e tenha saído do país. A consumação, in-
clusive, ocorre neste exato momento em que ele transpõe nossas barreiras
territoriais (sejam elas: físicas, aéreas ou marítimas). Trata-se de crime pró-
prio (somente o estrangeiro expulso do território nacional pode cometer), do-
loso (é necessária a intenção de reingressar ao território nacional; não sen-
do punível a forma culposa), comissivo (pressupõe uma ação), permanente
(segundo corrente majoritária, enquanto o estrangeiro estiver indevidamente
no território nacional o crime está em andamento), de forma livre, unissubje-
tivo (pode ser cometido por um agente, independentemente de concurso) e
plurissubsistente (pois seu iter é fracionável).
132 DIREITO PENAL PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR
O que o legislador quer punir, com este crime, é aquele que dá causa à
instauração (ou seja, que age de forma a ser iniciada) de uma investigação
policial ou administrativa, inquérito ou ação de improbidade contra outrem.
Veja que, neste caso, a vítima do crime não é a pessoa que foi denunciada,
mas sim a própria administração pública, que movimentará sua máquina in-
vestigatória contra um inocente.
Trata-se de crime comum (pode ser praticado por qualquer um), doloso
(não se pune a forma culposa; assim como não se pune alguém que dá a
notícia de um crime contra alguém que julga efetivamente suspeito), comis-
sivo (pressupõe uma ação), instantâneo (seu momento consumativo é único:
com a instauração da investigação), de forma livre (pode ser praticado por
qualquer meio), unissubjetivo (pode ser praticado por um agente, indepen-
dentemente de concurso) e plurissubsistente (pois seu iter é fracionável).
Veja também que o crime se consuma não com a notícia falsa, mas sim
quando há a instauração da investigação. Portanto, entende a doutrina que é
um crime que admite tentativa.
PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR DIREITO PENAL 133
Nos termos do art. 342 do CP: “Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a
verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em pro-
cesso judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral”.
Veja que o próprio caput do art. 342 arrola quem pode ser sujeito ativo do
crime: a testemunha, o perito, o contador, o intérprete e o tradutor (o rol é ta-
xativo). Ademais, vale anotar que a conduta prevista pelo tipo penal deve ser
levada a efeito em processo judicial, administrativo, inquérito policial ou juízo
arbitral (fora destes casos, não há crime).
Por outro lado, o fato deixa de ser punível se, antes da sentença no proces-
so em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade (o que é
uma causa de extinção da punibilidade, nos termos do art. 107, VI do CP).
Anote-se por fim, que a falsidade do testemunho deve recair sobre fato ju-
ridicamente relevante, não se configurando o delito se a falsidade for relativa
a fatos estranhos à matéria objeto da prova.
Veja então que a utilização da violência ou grave ameaça deve ser dirigida
finalisticamente no sentido de obter algum favorecimento de interesse pró-
prio ou alheio que esteja sendo considerado em processo judicial, policial,
administrativo ou juízo arbitral. E note que a conduta do agente é dirigida con-
tra a autoridade, parte ou contra qualquer pessoa que funciona ou é chama-
da a intervir no processo. (ex: peritos, escrivães, oficiais, jurado, etc.) Trata-se
de crime comum no que tange ao sujeito ativo (mas próprio em relação ao
sujeito passivo), doloso, comissivo, instantâneo, de forma livre, unissubjetivo
e plurissubsistente.
“Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora le-
gítima, salvo quando a lei o permite” (Pena - detenção, de quinze dias a um
mês, ou multa, além da pena correspondente à violência).
136 DIREITO PENAL PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR
Neste caso, a Lei penal pune aquele que resolve agir por conta própria, de
acordo com sua vontade, não solicitando a intervenção do Estado, responsá-
vel pela aplicação do Direito diante do caso concreto.
Por exemplo: o empregado despedido que, por não ter recebido verbas
indenizatórias que julgava ser cabíveis, acaba subtraindo bens da empresa
para quitar o valor.
Auxiliar significa ajudar, socorrer, prestar auxílio para que alguém se sub-
traia à ação da autoridade pública. Trata-se de crime comum no que tange ao
sujeito ativo (e próprio quanto ao sujeito passivo), doloso, comissivo, de forma
livre, instantâneo, unissubjetivo e plurissubsistente. Todavia, se o agente que
presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso,
ficará isento de pena (por inexigibilidade de conduta diversa).
É crime comum, comissivo ou omissivo, doloso (mas que pode ser culpo-
so, por força do §4º), instantâneo, de forma livre, unissubjetivo e plurissubsis-
tente.
g) Patrocínio infiel:
O crime visa punir aquele advogado que quebra a confiança que nele ha-
via sido depositada pelo cliente, prejudicando seus interesses perante o juízo.
i) Exploração de prestígio:
Por força do art. 357 do CP: “Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra
utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, fun-
cionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha” (Pena - reclu-
são, de um a cinco anos, e multa; e vale anotar que as penas aumentam-se
de um terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também
se destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo). É crime comum
(ou seja, não precisa ser funcionário público para cometer tal figura delitiva),
comissivo, doloso, instantâneo, de forma livre, unissubjetivo, podendo ser
unissubsistente ou plurissubsistente.
Por fim, temos o crime do art. 359, caput do CP: “Exercer função, ativida-
de, direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão
judicial” (Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa). É crime pró-
prio, comissivo, doloso, instantâneo, de forma livre, unissubjetivo, podendo
ser unissubsistente ou plurissubsistente.
PC/RS | ESCRIVÃO E INSPETOR DIREITO PENAL 141