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Teoria Jurídica do Direito Penal

Princípios do Direito Penal


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A partir do estudo dos princípios fundamentais, você pôde compreender os pilares do Direito Penal e suas
consequências práticas para a aplicação das normas penais. Nesta webaula, você continuará conhecendo e
aprendendo sobre outros princípios aplicáveis ao Direito Penal.

Princípio da lesividade ou ofensividade 

Esse princípio impõe que, para a punição de uma conduta, esta deve ser efetivamente gravosa, ou seja, deve
ofender e provocar uma lesão real e concreta ao bem jurídico tutelado. Sua previsão no ordenamento
jurídico é implícita. Ademais, somente poderá ser objeto de punição o comportamento que afronte o direito
de outros indivíduos. Não cabe ao Direito Penal, e muito menos está ele legitimado a isso, a educação moral
dos indivíduos. Trata-se de um importante instrumento para os operadores do direito, pois permite adequar
a norma ao caso concreto, evitando que as imperfeições legislativas repercutam no caso concreto. Mas
também é postulado que limita a atividade do legislador.

Princípio da insignificância ou bagatela 

Trata-se de uma criação do doutrinador alemão Claus Roxin no ano de 1964, mas que apenas há poucas
décadas passou a ser aceita pela jurisprudência brasileira. Não havia previsão expressa em nosso
ordenamento jurídico para esse princípio, devendo ser aplicado de acordo com as características do caso
concreto. Está sedimentado no pressuposto da tipicidade penal material, isto é, será insignificante aquela
conduta que não lesionar um bem jurídico penalmente protegido. Portanto, a natureza jurídica do princípio
da insignificância é de causa supralegal de exclusão da tipicidade material (CUNHA, 2020, p. 83).

Princípio da proporcionalidade

Segundo esse princípio, a pena não pode ser maior que o grau de responsabilidade previsto na norma penal
para a prática do fato criminoso. Implica dizer que para cada tipo de crime há um tratamento previsto e que,
ao aplicar a pena, o juiz deve considerar todas as peculiaridades do caso concreto. Isso é reflexo da
intervenção mínima e da fragmentariedade, as quais exigem que todos os instrumentos do Direito Penal
sejam dotados de proporcionalidade (adequação + necessidade + proporcionalidade em sentido estrito).
Portanto, a proporcionalidade pode ser entendida como um sinônimo de justa retribuição. Dessa forma, a
pena não pode ser excessiva, mas também não pode ser insuficiente (SANTOS, 2017, p. 29).

Princípio da igualdade 

Previsto no caput do art. 5° da CF, ele determina que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...]” (BRASIL, [2020, s. p.]).

Princípio do estado de inocência 

Também oriundo da Constituição (art. 5°, inciso LVII), prevê que “ninguém será considerado culpado até o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória” (BRASIL, [2020, s. p.]). Tal princípio também é conhecido
como princípio da presunção de não culpa. A partir dele, o cidadão que comete um crime ou é acusado da
prática só será efetivamente considerado culpado após o término do processo e tendo sido esgotados todos
os recursos possíveis. Antes da condenação transitada em julgado, o acusado é considerado inocente e sem
antecedentes criminais.

Princípio do in dubio pro reo 

Em caso de dúvida do aplicador diante do caso concreto, opta-se pela absolvição a fim de evitar que um
abuso seja praticado contra um inocente.

Princípio do ne bis in idem 

Impõe a proibição de dupla condenação e acusação. Isso significa que uma pessoa não pode ser acusada por
fato que já foi julgado em definitivo por sentença absolutória. E também não poderá ser perseguida
criminalmente em dois processos distintos baseados na mesma imputação. Não se deve confundir a
impossibilidade de dupla punição do princípio em análise com os casos de reincidência delitiva, ou seja,
quando o agente pratica o mesmo tipo de crime por diversas vezes (vários furtos em circunstâncias
distintas). 

Princípio da aplicação da lei penal mais favorável 

Encontra-se previsto no art. 5°, inciso XL, da CF, e no art. 2° do Código Penal (CP). Possui dois
desdobramentos: irretroatividade da lei mais grave e retroatividade da lei mais benéfica: “Art. 5° [...] XL - a lei
penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu” (BRASIL, [2020, s. p.]). Em síntese, havendo conflito de leis,
será sempre aplicada a lei penal mais favorável ao acusado.

Pesquise mais
Sugestões para aprofundar seus conhecimentos:

Para saber mais sobre como funciona o Tribunal do Júri, acesse o documento indicado a seguir. São de
competência do Tribunal do Júri os seguintes delitos: homicídio doloso, infanticídio, participação em suicídio,
aborto – tentados ou consumados – e seus crimes conexos. O procedimento adotado pelo Júri é especial e
possui duas fases: 1ª fase – judicium accusationis ou juízo de acusação; 2ª fase – judicium causae ou juízo da
causa.

O TRIBUNAL do Júri. Brasília: TJDFT, [s. d.]. Disponível em: https://bit.ly/3hAkEpr. Acesso em: 23 maio 2021.

Para saber mais sobre os princípios constitucionais penais. 


FLORENCE, R. C. B. Princípios constitucionais penais. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 18, n. 3710, 28 ago
2013. 

Veja também o filme a seguir: 


RISCO duplo. Direção: Bruce Beresford. Roteiro: Douglas S. Cook e David Weisberg. EUA: Paramount Pictures,
2000. (105 min). (O filme auxilia na reflexão sobre o princípio do ne bis in idem. Após ser acusada e
condenada e ter de cumprir pena pelo assassinato de seu marido, a protagonista parte em busca da
verdade). O filme deve ser entendido sob a ótica do direito brasileiro.

Nesta webaula, você conheceu outros princípios aplicáveis ao Direito Penal. Como você pôde perceber, há
inúmeros princípios aplicáveis ao Direito Penal e todos eles se entrelaçam, buscando sempre a segurança jurídica
e a efetividade das premissas que compõem o Estado Democrático de Direito.

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