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Teoria Jurídica do Direito Penal

Princípios fundamentais do Direito Penal


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Nesta webaula você conhecerá quais são os princípios fundamentais aplicáveis ao Direito Penal, eles são
importantes ferramentas de interpretação da lei e também exercem papel de destaque na elaboração das
normas, pois representam as conquistas políticas, históricas e sociais do Estado brasileiro. Estão previstos, em sua
maioria, na própria Constituição Federal (CF) e, muitas vezes, decorrem de Convenções e de Tratados
Internacionais de Direitos Humanos.

Princípios basilares do Direito Penal


Afirma Kaufmann (apud BATISTA, 2005, p. 61) que “toda legislação positiva pressupõe sempre certos princípios
gerais do direito”. É papel dos princípios auxiliar na compreensão e na interpretação do significado político,
histórico e social do sistema jurídico. Os princípios representam os limites mínimos para elaboração e aplicação
das normas penais de acordo com as premissas do Estado Democrático de Direito.

Vamos conhecer um pouco sobre alguns princípios basilares do Direito Penal: 

Princípio da reserva legal ou da legalidade 

Esse princípio é o núcleo de qualquer sistema penal que tenha como fim a racionalidade e a justiça, ou seja,
que aspire à segurança jurídica. Encontra-se previsto no art. 1° do CP e no art 5°, inciso XXXIX da CF, que
assim prevê: “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal” (BRASIL,
[2020(1988), s. p.]). No latim, nullum crimen nulla poena sine lege.

Princípio da intervenção mínima 

O Direito Penal, enquanto sistema formal de controle social do delito, deve ser reservado para os casos de
grave ofensa ou de ataque aos bens jurídicos considerados mais relevantes. Ou seja, o Direito Penal deve ser
a última medida adotada pelo Estado para coibir a prática de atos delituosos e proteger os bens jurídicos
(ultima ratio). Apenas na impossibilidade de os demais ramos do Direito protegerem o bem é que o Direito
Penal deverá ser acionado. Por sua vez, as perturbações leves da ordem jurídica devem ser objeto de outros
ramos do direito, pois a pena é o meio mais extremo de intervenção na liberdade do indivíduo. Portanto,
decorre deste princípio a subsidiariedade e a fragmentariedade do Direito Penal.

Princípio da lesividade ou ofensividade 

Segundo esse princípio, só poderá ser objeto de punição o comportamento que, no mínimo, coloque em
perigo bem jurídico relevante tutelado. Condutas internas ou individuais, embora sejam pecaminosas,
imorais, escandalosas ou diferentes do senso comum, estão destituídas de lesividade e, portanto, não estão
aptas a legitimar a intervenção penal.

Princípio da humanidade 

Decorre do mesmo processo histórico que originou os princípios da legalidade e da intervenção mínima e
tem como fim a racionalidade e a proporcionalidade da pena aplicada, devendo ser observado tanto na fase
de cominação e aplicação da pena quanto na fase de execução. Dispõe a Constituição Federal, em seu art. 5°,
inciso XLVII, que não haverá penas: “a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84,
inciso XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis” (BRASIL, [2020(1988),
s. p.]).

Princípio da culpabilidade 

De modo simples, pode-se dizer que o princípio da culpabilidade impõe uma análise subjetiva da
responsabilidade penal, isto é, se o resultado advém de dolo ou de culpa. Tal princípio consiste numa
vedação à responsabilidade penal objetiva, exigindo que a pena seja dosada conforme a reprovabilidade da
conduta em relação à lesão causada ao bem jurídico e nunca em razão de características pessoais ou
socioeconômicas do condenado. O princípio da culpabilidade exige, portanto, que a responsabilidade penal
seja subjetiva.

Princípio da intranscendência 

A pena não pode passar da pessoa do acusado. A responsabilidade penal é sempre pessoal (art. 5°, inciso
XLV, CF).

Princípio da individualização da pena 

É a individualização judicial, a obrigatoriedade de que a pena aplicada considere a pessoa individualmente e


concretamente, levando em consideração o comportamento, as experiências sociais e as oportunidades do
acusado ou do condenado quando em fase de cumprimento da pena. Portanto, a imposição da pena deve
levar em consideração critérios subjetivos, visto que os indivíduos praticam crimes imbuídos de sentimentos,
condições e características diversas, que devem ser ponderadas na dosimetria da pena.

Pesquise mais
Sugestões para aprofundar seus conhecimentos:
 
FOUCAULT, M. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. São Paulo: Vozes, 2001.

 BONESANA, C. Dos delitos e das penas. São Paulo: CD, 2002.

 ONU. Assembleia Geral das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos Humanos. [S. l., s. n.], 1948. (A
Declaração é composta por trinta artigos de fácil compreensão, que versam sobre o ideal comum a ser
atingido por todos os povos e nações para satisfação integral dos indivíduos).

A VIDA de David Gale. Direção: Alan Parker. Produção: Nicolas Cage e Alan Parker. Roteiro: Charles Randolph.
EUA: Universal Pictures: Paramount Pictures: UIP, 2003. (130 min), drama, son., color. (O filme auxilia na
reflexão sobre a pena morte, tão discutida atualmente).

Os princípios ocupam lugar de destaque na Constituição Federal e vários deles, dada a sua importância para a
humanidade, são reconhecidos no âmbito internacional, como é o caso da Declaração Universal dos Direitos do
Homem (ONU) e da Convenção Americana sobre Direitos Humanos. Nesta webaula, você pôde conferir um
resumo de alguns dos princípios basilares do Direito Penal.

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