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Princípios de Direito Penal

Trata dos princípios enumerados na Constituição Federal,

denominados de princípios constitucionais (explícitos e implícitos),

que servem de orientação para a produção legislativa, atuando como

garantias aos cidadãos.

Conceito de princípio

Etimologicamente, princípio significa o momento em que algo tem

origem; preceito, regra ou lei; fonte ou causa de uma ação.

No sentido jurídico, princípio indica uma ordenação, que se irradia os

sistemas de normas, servindo de base para a interpretação,

integração, conhecimento e aplicação do direito positivo.

Há princípios expressamente previstos em lei, enquanto outros estão

implícitos no sistema normativo.


Princípios regentes

O conjunto dos princípios constitucionais forma um sistema próprio,

com lógica e autorregulação.

Nota-se que há integração entre os princípios constitucionais penais

e os processuais penais, além do mais, o sistema de princípios

garante os direitos humanos fundamentais.

Estabelece o artigo 1º, III, da Constituição Federal:

“A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel

dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em

Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...) III – a

dignidade da pessoa humana”.

No artigo 5º, LIV, da Constituição Federal, dispõe:

“Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido

processo legal”.
O princípio regente da dignidade da pessoa humana é base e meta

do Estado Democrático de Direito, regulador do mínimo existencial

para a sobrevivência apropriada, a ser garantido a todo ser humano,

bem como o elemento propulsor da respeitabilidade e da autoestima

do indivíduo nas relações sociais.

O devido processo legal, também princípio regente, tem raízes no

princípio da legalidade, assegurando ao ser humano a justa punição,

quando cometer um crime, precedida do processo penal adequado,

o qual deve respeitar todos os princípios penais e processuais

penais.

Princípios de Direito Penal Constitucionais explícitos

São os princípios constitucionais explícitos, concernentes à atuação

do Estado:

Legalidade (ou reserva legal): previsto, expressamente, no artigo 5º,

XXXIX, da CF, bem como no artigo 1º do Código Penal, diz que os


tipos penais somente serão criados através de lei emanada do Poder

Legislativo, respeitado o procedimento previsto na Constituição;

Anterioridade: significa que uma lei penal incriminadora somente

pode ser aplicada a um fato concreto, caso tenha tido origem antes

da prática da conduta para a qual se destina, conforme estipula o

artigo 1º, do Código Penal, que não há crime sem lei anterior que o

defina, tampouco pena sem prévia cominação legal;

Retroatividade da lei penal benéfica: não se pode permitir a

retroatividade de leis, especificamente as prejudiciais ao acusado.

Poranto, quando novas leis entram em vigor, devem envolver

somente fatos concretizados sob a sua égide. É exceção à vedação

à irretroatividade quando se trata de lei penal benéfica, que pode

voltar no tempo para favorecer o agente, ainda que o fato tenha sido

decidido por sentença condenatória com trânsito em julgado (artigo

5º, XL, CF, e artigo 2.º, parágrafo único, do CP);

Humanidade: o direito penal deve pautar-se pela benevolência,

garantindo o bem-estar da coletividade, incluindo-se o dos

condenados, que não podem ser excluídos da sociedade por

infringirem a norma penal, tampouco tratados como se não fossem

seres humanos, mas animais ou coisas. Em razão deste princípio, a

Constituição determina que não haverá penas de morte (exceção


feita à época de guerra declarada, conforme previsão dos casos feita

no Código Penal Militar), de caráter perpétuo, de trabalhos forçados,

de banimento, cruéis (artigo 5º, XLVII), bem como que deverá ser

assegurado o respeito à integridade física e moral do preso (artigo

5º, XLIX).

São princípios constitucionais explícitos, concernentes ao indivíduo:

Personalidade ou da responsabilidade pessoal: a punição, em

matéria penal, não deve ultrapassar a pessoa do delinquente,

impedindo que terceiros inocentes e totalmente alheios ao crime

possam pagar pelo que não fizeram, nem contribuíram para que

fosse realizado;

Individualização da pena: a pena não deve ser padronizada, cabendo

a cada delinquente a exata medida punitiva pelo que fez. O justo é

fixar a pena de maneira individualizada, seguindo-se os parâmetros

legais, mas estabelecendo a cada um o que lhe é devido.

Princípios de Direito Penal Constitucionais implícitos

São princípios constitucionais implícitos, concernentes à atuação do

Estado:
Intervenção mínima e princípios paralelos e corolários da

subsidiariedade, fragmentariedade e ofensividade: significa que o

direito penal não deve interferir em demasia na vida do indivíduo,

retirando-lhe autonomia e liberdade. A lei penal não deve ser vista

como a primeira opção do legislador para compor conflitos existentes

em sociedade;

Taxatividade: as condutas típicas, merecedoras de punição, devem

ser suficientemente claras e bem elaboradas, de modo a não deixar

dúvida por parte do destinatário da norma;

Proporcionalidade: as penas devem ser harmônicas à gravidade da

infração penal cometida. A Constituição, ao estabelecer as

modalidades de penas que a lei ordinária deve adotar, consagra

implicitamente a proporcionalidade, corolário natural da aplicação da

justiça, que é dar a cada um o que é seu, por merecimento;

Vedação da dupla punição pelo mesmo fato: ninguém deve ser

processado e punido duas vezes pela prática da mesma infração

penal.

Por fim, é princípio constitucional implícito, concernente ao indivíduo:


Culpabilidade: ninguém será penalmente punido, se não houver

agido com dolo ou culpa, conforme estabelece o artigo 18 do Código

Penal.

Referências bibliográficas

BRASIL, CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO

BRASIL DE 1988. Disponível em:

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.

Acesso em: 31 de agosto de 2023.

BRASIL, Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código

Penal). Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-

lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 31 de agosto de 2023.

NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal: volume único.

19. ed.Rio de Janeiro: Forense, 2023.

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