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PROCESSO PENAL E OS DIREITOS HUMANOS

O código de processo penal brasileiro é, porque teve como base o regime


jurídico-penal na ideologia fascista de Mussolini e no nazismo de Hitler.

É um grande paradoxo, ante à Constituição cidadã de 1988 e os instrumentos


de Direitos Humanos ratificados pelo governo brasileiro, onde o sistema
constitucional-penal deve ser democrático, conforme instituído pela República
Federativa do Brasil, por encontrar adesão aos princípios da legalidade, isonomia,
dignidade da pessoa humana, humanidade, boa-fé, pro homine, da superioridade
ética do Estado, e do saneamento genealógico.

Os direitos humanos são os direitos e liberdades básicas que devem gozar


todos os seres humanos, pressupondo o acesso às condições elementares para o
gozo de uma vida digna, além de garantir a liberdade de pensamento e de
expressão e a igualdade perante a lei. São direitos humanos básicos: direito à vida,
à liberdade de expressão de opinião e de religião, direito à saúde, à educação e ao
trabalho.

Aplica-se o conceito sem distinção alguma, seja de raça, cor, sexo, idade,
língua, nacionalidade, opiniões políticas ou outras crenças, ou práticas culturais,
situações econômicas, nascimento ou situação militar, origem; étnica ou social, ou
capacidade física; define, assim a Declaração dos Princípios Básicos de Justiça
Relativos as Vítimas da Criminalidade e de Abuso de Poder (ONU/1985), com
relação ao direito à integridade pessoal e às garantias judiciais.

Nesse sentido, trazemos algumas dessas garantias individuais,


começando por um princípio que a partir dele muitas outras normas foram criadas e
outras encontram suporte, o princípio constitucional da legalidade, previsto no art.
5º, inciso II, da Constituição, representando o norte de todo o ordenamento jurídico,
menor em dimensão apenas do que o princípio da dignidade da pessoa humana e
que por meio dele: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei” (BRASIL, 1988), representando talvez o maior limite
constitucional ao poder do Estado, a fim de que este não persiga e nem puna de
forma arbitrária os seus cidadãos.

Da mesma forma, o inc. XXXIX, do art. 5º, guarda relação com o


princípio da legalidade, alertando que “não há crime sem lei anterior que o defina,
nem pena sem prévia cominação legal" (Ibid.), de forma que só pode ser
processado e consequentemente preso pelo Estado quem for acusado de uma
conduta a qual a lei e somente a lei em sentido estrito defina como crime e atribua
uma pena à mesma.

Outra garantia individual presente em nossa Constituição nos mostra a


preocupação do legislador em não se contradizer, uma vez que se o processo penal
visa aplicar a lei penal para punir os crimes contra o patrimônio jurídico penal do
indivíduo, não se justifica que um acusado seja submetido a tortura e a tratamento
degradante, de acordo com o previsto no inc. III, do art. 5° (Ibid.): "ninguém será
submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante", da mesma forma
que o indivíduo preso, cumprindo pena, deve ter sua integridade física e moral
preservada, nos termos do art. 5°, inciso XLIX, CF/88 (Ibid.), uma vez que que a
pena objetiva a privação da liberdade, não da dignidade humana.

Mais um princípio constitucional que representa uma garantia


individual, o princípio do devido processo legal, previsto no art. 5°, inciso LIV (Ibid.):
"ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal",
que constitui aquela que talvez seja a norma de maior relação com o processo
penal.

Da mesma forma, a Constituição determina que: "aos litigantes, em


processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes" (Ibid.), uma
vez que em um Estado democrático, é medida de justiça permitir que os acusados
possam de defender, usando de todos os recursos possíveis, em igualdade de
condições com a acusação.
Por fim, aquela garantia individual que representa a essência da
limitação do poder estatal na perspectiva do sistema processual acusatório, o
princípio da presunção de inocência, ou do estado de inocência, como alguns
juristas preferem, posto que se "todos os seres humanos nascem livres e iguais em
dignidade e em direitos" (ONU, 1948), o estado natural do ser humano é a inocência
e não a culpa, que deve ser comprovada, segundo o que prevê o disposto no inc.
LVII, art. 5º: “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de
sentença penal condenatória" (BRASIL, 1988).

Contudo, sabemos que a política criminal no país sempre se apresentou como


palco de injustiças e de perpetuação da violência estatal contra o seu próprio
cidadão e que o processo penal é o campo principal onde se trava essa batalha
diária pela manutenção das garantias individuais do mesmo, de forma que o
processo penal constitui o elo mais frágil da corrente que representa toda a política
criminal.

Neste liame, podemos concluir que os direitos fundamentais individuais


precisam ser ampliados e não restringidos. A soberania da lei penal, em conjunto o
direito público no âmbito interno e externo compõem a proteção global dos Direitos
Humanos. O direito penal na atualidade é subsidiário dos Direitos Humanos, este é
o modelo de globalização penal viável para proteger os valores fundamentais
independentemente de nação, território ou de indivíduo. São normas jurídicas
aplicáveis e controladas pelos Direitos Humanos, em outras palavras, pelos Direitos
Humanos Fundamentais.

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