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DIREITO CONSTITUCIONAL III

Ana Paula Cristina Cunha Nunes *1

Ø EXPLIQUE A DIMENSÃO ARISTOTÉLICA DO PRINCÍPIO DA ISONOMIA


PREVISTO NO ART. 5º DA CF, CITANDO UM EXEMPLO EM QUE O MESMO SE
UTILIZE.
O pensamento de Aristóteles referente à Isonomia se manifesta próxima da
ideia de justiça, tendo em vista que este conceito é bastante difuso. A ideia de cada um o que é
seu de acordo com suas desigualdades. Para Aristóteles, a igualdade era de suma importância
para a sociedade e, se era preciso haver igualdade, também era preciso haver justiça. E esta
seria promovida por uma força maior, a força da lei. O pensamento de igualdade para
Aristóteles. “Dá a cada um o que lhe pertence”.
O princípio da isonomia é a equalização das normas e dos procedimentos
jurídicos entre os indivíduos, garantindo que a lei será aplicada de forma igualitária entre as
pessoas, levando em consideração suas desigualdades para a aplicação dessas normas.
Isonomia significa igualdade de todos perante a lei, fefere-se ao princípio da
igualdade previsto no art. 5º, "caput", da Constituição Federal, segundo o qual todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. De acordo com tal princípio, os
méritos iguais devem ser tratados de modo igual, e as situações desiguais, desigualmente, já
que não deve haver distinção de classe, grau ou poder econômico entre os homens. isonomia
referida na constituição vem referir-se ao que está na legislação.
Tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida em que
eles se desigualam”. Analisando a célebre frase de Aristóteles, percebe-se o quão ela se faz
presente depois de atravessar séculos. Cada dia que passa, tal menção ganha mais força e se
faz ecoar mediante os problemas de desigualdade tão prementes em nossos dias.
A ideia transferida por esta frase se define como uma tática mais responsável e
compromissada ao senso de justiça, muito embora sabe-se que “justiça” é algo do

1* Graduanda do 5° Período do Curso de Direito Noturno na Faculdade do Maranhão


entendimento variável de cada indivíduo. E sabendo da ideia difusa de justiça, deve-se
também cuidar para a compreensão que se tem diante da Isonomia.
Entretanto, nessa perspectiva, o princípio da Isonomia surge quase que
sinônimo de igualdade, só que de maneira mais complexa. O mecanismo proposto se
configura numa espécie de ferramenta mais eficaz para a elaboração da “justiça”. Não cabe
seguir um critério absoluto de igualdade, tendo em vista que a sociedade é construída por
homens iguais por natureza, contudo, únicos em sua individualidade. Seria de uma injustiça
tamanha não tratar os mesmos desiguais de acordo com suas diferenças e limitações. Alguns
exemplos mais simples figuram bem essa ideia: Um idoso de mais de sessenta e cinco anos
de idade, não pode ser tratado como um jovem de 18 anos. Suas desigualdades devem ser
consideradas e relevantemente observadas. A “balança” da justiça para se manter
equilibrada deve e necessita ser livremente manipulada em seus “pesos”.
Ao entender a ideia de igualdade em sentido absoluto, as injustiças aparecem
com mais intensidade, pois sabe-se que todos, embora iguais na natureza humana, carregam
diferenças. Nessa perspectiva, deve-se entender que, assim como o conceito de isonomia deve
ser entendido de maneira equilibrada e mediado pela ideia de isonomia, as leis também devem
ser entendidas como tal. Cumprir a lei à risca em determinados casos pode muitas vezes levar
o operador do direito a cometer serias injustiças.
O positivismo “seco”, cega-nos à realidade. E a realidade é que, nem tudo a lei
poderá atingir, sendo necessário, então, criar artifícios mediadores para solucionar o problema
de injustiças, sem ter que necessariamente ferir a igualdade.
Um outro exemplo de isonomia nas nossas leis, é a Lei Maria da Penha (lei
nº 11.340/06) isonomia material, uma vez que a grande maioria dos casos de violência
doméstica ocorre com a mulher sendo vítima, o que fez com que o legislador criasse
mecanismos para defender essa parcela da sociedade que está mais vulnerável a esse tipo
de crime.

Ø DEFINA DIREITO ADQUIRIDO, COISA JULGADA E ATO JURÍDICO PERFEITO.

Dentre o rol dos direitos e garantias fundamentais, o artigo 5° da Constituição


assegura no inciso XXXVI que a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito
e a coisa julgada, vejamos um pouco sobre cada um destes itens:
Direito Adquirido
Segundo o art. 6º, § 2º, da LINDB, "consideram -se direitos adquiridos assim
os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo de
exercício tenha termo prefixo, ou condição preestabelecida inalterável a arbítrio de outrem".
Direito adquirido é aquele que a lei considera definitivamente integrado ao
patrimônio de seu titular. Assim, quando alguém, na vigência de uma lei determinada, adquire
um direito relacionado a esta, referido direito se incorpora ao patrimônio do titular, mesmo
que este não o exercite, de tal modo que o advento de uma nova lei, revogadora da anterior
relacionada ao direito, não ofende o status conquistado, embora não tenha este sido exercido
ou utilizado; por exemplo, o funcionário público que, após trinta anos de serviço, adquire
direito à aposentadoria, conforme a lei vigente, não podendo ser prejudicado por eventual lei
posterior que venha ampliar o prazo para a aquisição do direito à aposentadoria. O não
exercício do direito não implica a perda do direito adquirido na vigência da lei anterior,
mesmo que ele não seja exercitado
Coisa Julgada
A coisa julgada é um fenômeno processual. Majoritariamente, prevalece na
doutrina o entendimento de que a coisa julgada é uma qualidade da sentença (há quem afirme
ser uma qualidade dos efeitos da sentença) que torna seus efeitos imutáveis e indiscutíveis.
Divide-se, para fins de conceituação, a coisa julgada em formal e material, representando,
aquela, a impossibilidade de modificar-se a sentença, no mesmo processo em que ela foi
proferida, em razão de os prazos recursais terem precluído, enquanto esta é a imutabilidade
dos efeitos da sentença proferida no processo, devendo ser respeitada não apenas pelas partes,
como também por todos os juízes.
Ato Jurídico Perfeito
O artigo 5º inciso XXXVI, da Constituição da República, alberga a garantia de
segurança na estabilidade das relações jurídicas, na qual está inserido o ato jurídico perfeito.
Entende-se então que, ato jurídico perfeito é aquele que sob o regime de determinada lei
tornou-se apto para dar nascimento aos seus efeitos desde que seja feita a devida verificação
de todos os requisitos que lhe são indispensáveis.
Ao se analisar a Lei de Introdução ao Código Civil, percebe-se que ela não se
limita a uma lei introdutória ao Código Civil, mas, constitui sim, em uma lei de introdução às
leis. Prescreve o artigo 6º no seu parágrafo 1º, está elencado que; “Reputa-se ato jurídico
perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.’ Deve, este
parágrafo, ser entendido como se referindo aos elementos necessários à existência do ato, e
não às execuções ou aos seus efeitos materiais. Inexiste ato jurídico perfeito com base em atos
ou negócios inválidos.
Cada ato deve ser regido de acordo com o regime jurídico que lhe é peculiar,
mas numa interação com a totalidade do sistema, pois o direito há de ser sempre interpretado
num todo, especialmente com a Constituição Federal que é a norma fundamental para a
validade de todo o sistema.

Ø FAÇA UMA ANÁLISE SOBRE OS LIMITES DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO

A Constituição Federal ocupa a posição hierárquica suprema do


ordenamento jurídico é na própria constituição que está expresso os limites legítimos a
liberdade de expressão em seu Art. 5° por meio dos seguintes incisos: IV – é livre a
manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; V – é assegurado o direito de
resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à
imagem; e X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação.
A Constituição que estabelece alguns limites para a liberdade de
expressão, limites esses que se fundam em outros direitos constitucionais relevantes
resguardados e que são objeto de tutela do direito penal, por meio dos crimes de injúria,
calúnia e difamação; os conhecidos crimes contra a honra.
Quando ocorre há responsabilização de pessoas pelos excessos na
liberdade de expressão, não se trata, de forma alguma, de censura. Trata-se do
resguardo de direitos fundamentais tão relevantes quanto a liberdade de expressão e que
devem ser respeitados. É uma medida de ponderação do próprio direito, onde nenhuma
regra ou princípio são absolutos.
Não se condena ninguém, civil ou criminalmente, por meras opiniões,
visões de mundo ou por fazer humor, condena-se pelo abuso da liberdade de expressão
quando fere outros direitos fundamentais de outras pessoas que merecem igual proteção.
Injúria, calúnia e difamação são crimes que não pode se confundir com exercício de
liberdade de expressão.

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