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O que é Direito?
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Acadêmico do 3º Ano do Curso de Direito Matutino da Universidade Estadual de londrina. E-mails:
pedro_fmm@yahoo.com.br ou pedrofmm@pop.com.br.
1
http://www.imprensapopular.com/see.asp?codnews=1813
2
http://www.terra.com.br/istoe/politica/156026.htm
1
tentaram respondê-la, mas nenhum conseguiu fazê-lo de maneira que fosse
compartilhada e aceita por todos.
3
HABERMAS, Jürgen. Direito e Democracia: entre facticidade e validade – volume II. Rio de
Janeiro; Tempo Brasileiro: 1997. p; 193.
2
Direito é tudo aquilo que pode ser invocado pelo seu intérprete ou
operador, para a formação de sua convicção acerca do caso concreto,
visando sempre a Justiça Social e o Bem Comum.
4
BOBBIO, Norberto. Teoria do Ordenamento Jurídico. 6ª edição. Brasília; Editora Universidade de
Brasília, 1995. p. 49.
3
Já que todas as outras leis e decisões judiciais devem respeitar a
Constituição, devem também se subordinar aos seus princípios, ou seja, a
prevalência dos direitos humanos, a igualdade perante a lei, a honra, a
dignidade da pessoa humana, a liberdade de locomoção, a função social da
propriedade, o direito à vida, à paz, à democracia, à religião, à liberdade de
pensamento, dentre todos os outros princípios garantidos por ela.
4
Portanto, os elementos que forem contrários a princípios jurídicos e
direitos básicos, não são considerados por nós sequer componentes do
Direito, mas sim leis, jurisprudências, doutrinas ou valores “ilegais”,
estranhos ao Direito justo.
A aplicação do Direito.
Positividade Combativa.
5
Deve ficar claro que a Positividade Combativa se baseia em Kelsen apenas quanto à construção
da pirâmide normativa, para embasar a força jurídica da Constituição, repudiando totalmente sua
teoria positivista (extremamente legalista e antiquada).
5
terminologias criadas por Carnelutti. A segunda nos interessa em especial,
visto que possui muita similaridade com a Positividade Combativa: “consiste
na integração cumprida através do mesmo ordenamento, no âmbito da
mesma fonte dominante, sem recorrência a outros ordenamentos e com o
mínimo recurso a fontes diversas da dominante6”. A referida fonte dominante
é a Lei, sobretudo a Constituição.
6
BOBBIO, op. cit., p. 147.
7
Art. 161. (...) Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre
quem: (...) II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de
duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
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O primeiro, portanto, ficou restrito ao ordenamento jurídico, ou seja,
tão somente ao Direito positivado, empregando-se de dispositivos que se
tornam ilegais quando não aplicados em conformidade com princípios (o
artigo 161 do Código Penal é justo apenas quando aplicado àquele que
merece receber a punição prevista, por não ser obrigado a adentrar em
propriedade alheia para sobreviver). Indivíduos como este, defensores do
legalismo a todo custo, mesmo que em detrimento da justiça social, fazem
do Direito uma instituição conservadora do status quo. O segundo julgador,
contudo, foi além e julgou o caso com base na situação vivida pelos sem-
terra e em princípios, que apesar de expostos na Constituição, não são
conceituados pelo legislador e exigem uma interpretação além da usual. Ele
utilizou a Positividade Combativa para sentenciar o caso.
8
CARVALHO, Amílton Bueno de. Direito Alternativo – Teoria e Prática. Rio de Janeiro: Lúmen Júris,
2004. p. 60.
7
vê por que não devam ser normas também eles: se abstraio da espécie
animal obtenho sempre animais, e não flores ou estrelas9”.
9
BOBBIO, op. cit., p. 158.
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embora dificilmente operacional – deduzir e atender diretamente pretensões
com fundamento exclusivo nesses princípios jurídicos10” (grifo nosso). Desse
modo, além de imediato, o emprego dos princípios na interpretação do
Direito pode ser exclusivo, embasado tão somente neles. Embora isso seja
possível, faz-se necessário esclarecer que a melhor alternativa é a criação de
leis protetoras dos princípios, pois “sem tais, o princípio tende servir como
adorno (poucos ousam dar efetividade a eles sem normas infras). Daí porque
se tem como boa a legalidade 11”, pois ela apenas dá um rumo ao
pensamento jurídico, não sendo limitativa (ex: o Estatuto da Criança e do
Adolescente aborda apenas ramificações dos direito de cidadania e de
igualdade, sem defini-los taxativamente).
Mas e quanto aos princípios não agasalhados por lei infra; que não
possuem sequer um norte a ser seguido? Como aplicá-los? Não há lei que
conceitue ou disponha sobre a aplicação do princípio da dignidade da pessoa
humana. Segundo o artigo 6º da Declaração Universal dos Direitos do
Homem, claramente recepcionada pelo nosso Direito, “todo homem tem o
direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei”,
mas não há dispositivo algum que determine quais são as condutas que
reconhecem e as que não reconhecem o homem como pessoa perante a lei.
Este não é um defeito dos princípios exemplificados, mas sim uma
propriedade intrínseca a eles, pois mesmo os princípios abordados por leis
ainda possuem um alto grau de abstração.
10
ROTHENBURG, Walter Claudius. Princípios Constitucionais. Segunda tiragem. Porto Alegre;
Sergio Antonio Fabris Editor: 2003. p. 22.
11
CARVALHO, op. cit., p. 62.
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formalmente válido e vigente em dado momento. A mutação havida no
Direito é que substancia um novo entendimento a ser nele vislumbrado12”.
A nosso ver, tal opinião é muito extremista, pois considera como válido
para determinada época e lugar apenas um conceito sobre os princípios.
Consideramos que pode haver, sim, mais de uma definição para eles, visto
que são realmente muito abrangentes e, em grande parte, carentes de
legislação protetora. Entretanto, tais conceituações não podem ser
excludentes, ou seja, há limitações, pois é impossível que usemos o mesmo
princípio, como o do devido processo legal tanto para justificar como para
condenar condutas protelatórias (neste caso, apenas a condenação seria
válida). Desse modo, o aplicador do Direito tem de restringir a conceituação
e utilização dos princípios em vista da justiça, progresso social, bem comum,
direitos constitucionalmente garantidos (vida, lazer, trabalho...) e mesmo
outros princípios constitucionais.
12
ROCHA, 1994 apud ROTHENBURG, op. cit., p. 21.
13
CANOTILHO, 1993 apud ROTHENBURG, op. cit., p. 18.
10
Andrade). Falta conceituar aos três poderes o que é coerência, vergonha,
educação e bom senso, pois ao que tudo indica nenhum de seus membros
sabe o que tais palavras significam. Mas falta, principalmente, consciência
para a sociedade. Consciência do seu poder de exigir uma aplicação justa do
Direito, dentre outras milhões de reivindicações necessárias para mudar o
rumo da História.
BIBLIOGRAFIA
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