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FACULDADE DE DIREITO
FILOSOFIA DO DIREITO
Data: 2022
Prof. Msc. António Rafael
O positivismo jurídico
Noções introdutórias
Para esta escola, o direito é entendido como sinônimo de lei. Apenas a lei positiva,
isto é, a legislação editada pelo Estado, é que pode ser chamada de direito. O direito,
então, não é o justo, não é a natureza e não é o espírito do povo, mas, sim, o resultado
do poder estatal.
Para muitos autores, Hobbes é o pai do positivismo jurídico, em virtude da afirmação de
que “é a autoridade, e não a verdade, que faz as leis”. Tal afirmação é tomada como
uma crítica em relação ao jusnaturalismo, que considerava a conformidade com as
verdades da razão o critério para se dizer o que era ou não o direito.
Hobbes quer dizer que não é a justiça, não é a conformidade com determinada ideia que
faz uma prescrição ser direito, mas, sim, o fato de tal prescrição ser emanada por uma
fonte de autoridade, ou seja, uma fonte de poder legítimo. Tal fonte só pode ser o
Estado. É ele a única fonte do direito.
Apesar disso, o positivismo jurídico só se constitui realmente como doutrina no século
XIX. Ele propõe a adoção do método das ciências naturais pela ciência do direito, o que
resultou na recusa da metafísica no direito, que deveria adotar explicações meramente
causais. A ciência jurídica deveria explicar os fenômenos por suas causas sociológicas,
pois o direito só deriva de fontes sociais, e não da justiça.
Podemos dizer ainda que o modelo que o positivismo jurídico busca instituir é o de uma
teoria formal do direito. Isso significa que o positivismo é uma teoria que estuda o
direito em sua estrutura normativa, independentemente dos valores a que serve essa
estrutura e do conteúdo que ela encerra.
Segundo Dworkin (2002, p. 27-28), podemos resumir a concepção positivista nos
preceitos expostos a seguir:
a) O direito de uma comunidade é um conjunto de regras utilizado direta ou
indiretamente com o propósito de determinar qual comportamento poderá sofrer uma
coação exercida pelo poder público. Essas regras podem ser identificadas como
jurídicas com o auxílio de critérios que não têm a ver com seu conteúdo, mas com a
maneira pela qual foram adotadas ou formuladas. A esse critério Kelsen dá o nome de
norma fundamental, Hart chama de regra de reconhecimento, outros ainda falam em
teste de pedigree. Esses instrumentos são utilizados para distinguir normas jurídicas
válidas de inválidas e também quais regras pertencem ao direito e quais pertencem à
moral.
b) O conjunto dessas regras jurídicas e o direito são uma mesma coisa. Assim, se o
caso de alguma pessoa não estiver claramente coberto por uma regra dessas, ele não
pode ser decidido mediante a aplicação do direito.
Neste caso, o aplicador deve ir além do direito para encontrar algum outro tipo de
norma que o oriente na confecção de nova regra jurídica ou na complementação de uma
regra já existente.
c) Dizer que alguém tem uma obrigação jurídica é dizer que seu caso se enquadra em
uma regra jurídica válida que exige que ele faça ou se abstenha de fazer alguma coisa.
Na ausência de uma tal regra jurídica válida não existe obrigação jurídica.