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Prof. Talles D.

Filosofia do Direito
Filosofia, Ciência e Direito
OAB/FGV – Exame de Ordem | Filosofia, Ciência e Direito

“O termo Filosofia do Direito pode ser empregado em acepção


lata, abrangente de todas as formas de indagação sobre o valor
e a função das normas que governam a vida social no sentido do
justo, ou em acepção estrita, para indicar o estudo metódico dos
pressupostos ou condições da experiência jurídica considerada
em sua unidade sistemática. Os temas ou assuntos
fundamentais da Filosofia do Direito referem-se ao conceito de
Direito, à ideia e à respectiva integração no plano histórico.”
(Miguel Reale)

Pode-se concluir que a Filosofia do Direito nada mais é que a própria Filosofia geral,
com o foco voltado para o estudo das questões básicas e últimas do Direito.
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As dificuldades de conceituação do Direito

A palavra “direito” deriva da palavra directum, que apareceu na língua latina no século IV.
Directum deriva de diregere, que é particípio do verbo “dirigir”. Essa análise leva a ideia de
que o direito é uma ordem que dirige a sociedade, que estabelece regras para a sociedade
se desenvolver. Cada corrente realça um aspecto do direito em detrimento de outros.

Ordem necessária: o Direito é uma exigência da vida em comunidade, onde existe


sociedade necessariamente existe o Direito.

Regra de conduta: o direito é uma norma, que se encontra num plano que é chamado de
“plano do dever ser/plano normativo”. A norma prescreve o comportamento ideal. O plano
do “dever ser” funciona de forma distinta do plano “ser”.
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Perspectiva histórica do Direito

• A jurisprudência romana: o Direito Romano é a principal base do ordenamento jurídico


da Europa Continental e de muitos países de colonização europeia, como o Brasil.
Existiram 3 fases do Direito Romano: Arcaico, Período Clássico e Tardio.
a) Arcaico: as normas eram embasadas nos costumes e as autoridades judiciais eram
os “pontífices”;
b) Período Clássico: os costumes, as leis e as normas criadas pelos pretores eram a
base do sistema, com os pretores, juízes e árbitros como autoridades judiciais. Foi
nesse período que apareceram as primeiras noções de jurisprudência;
c) Tardio: as leis eram editadas pelos imperadores, mas havia a jurisprudência. Nessa
época, os delegados do imperado e os juristas eram as autoridades.
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• Os glosadores: nesta, o Direito assume uma posição autônoma no conhecimento, pois


se volta ao estudo específico. Fio influência dos glosadores que surgiram as primeiras
universidades no Ocidente, como a Universidade de Bolonha (a primeira – que serviu
como modelo de ensino para as demais instituições).

• O jusnaturalismo moderno: destaca-se desse modelo, entre outras, a ideia de que


poderia haver um direito reconhecido por todos os povos (Teoria de Grócio –
fundamento para o Direito Internacional). Hugo Grócio é considerado o fundador.
Thomas Hobbes, Samuel Pufendorf e John Locke também são destaques.

• A Escola histórica do Direito: foi a escola que se preocupou em negar o jusnaturalismo.


Entendia que a base do conhecimento jurídico seria alcançada através do estudo de
como o Direito se formava nas sociedades, e não através de uma simples indagação.
Savigny é o autor mais importante desta Escola, diz que a fonte mais importante do
Direito é a cultura da comunidade.
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• Positivismo jurídico: a norma jurídica (lei) é o objeto único de pesquisa. Hans Klesen foi
primeiro filósofo moderno que buscou transformar o Direito em ciência. As ideias do
autor são embasadas nos conceitos matemáticos, físicos, etc. Ciência tem ligação estrita
com a “certeza”, auge do positivismo. Não há espaço para concepções além da realidade
natural.
Para Kelsen existe uma hierarquia normativa, onde uma norma para ser válida deve estar
de acordo com uma norma superior, e assim sucessivamente formando um efeito cascata, a
pirâmide kelsiana.
i. Kelsen x Platão: Kelsen critica o conceito de Justiça de Platão, dizendo que é uma
concepção autoritária, antidemocrática, pois leva a um Estado que visa regular
tudo, sem respeitar a vontade das pessoas.
ii. Kelsen x Aristóteles: em relação a concepção da Justiça Clássica de Aristóteles “dar
a cada um o que é seu”, Kelsen diz que é uma definição vazia, sem conteúdo.
Afirma que é muito relativa. Critica também a “virtude”, afirmando que é definição
fraca, temporária, não responde questões através do tempo.
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• Personalismo jurídico: teria surgido na França, por volta de 1930. Tem como base o
cristianismo, o existencialismo e o socialismo. Não se firmou como um sistema, mas
enquanto uma filosofia que parte da concepção de pessoa não como um objeto, mas
sim como um ser que está e se afirma no mundo. Um ser que conhece a si mesmo em
um constante processo de autocriação realizado em sociedade. Daí pode-se dizer que
embrião da ideia de pessoa como centro das preocupações do Direito pode ser
verificada desde tempos imemoriais. Grave-se que o movimento está intimamente
ligado com a noção de “dignidade da pessoa humana”.

• Tridimensionalismo jurídico: a Ciência Jurídica é uma realidade cultural. A partir disso,


ocorre um elemento axiológico e um elemento normativo. Tridimensionalismo
específico assinala um momento ulterior no desenvolvimento dos estudos, pelo
superamento das análises em separado do fato, do valor e da norma, como se tratasse
de gomos ou fatias de uma realidade decomponível.
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• Teoria Egológica do Direito: idealizada pelo argentino Carlos Cossio – discípulo de


Kelense – , a Teoria Egológica preconiza que a Lei não é o principal elemento da ciência
jurídica, mas sim seu principal meio de conhecimento. Para o teórico, a conduta do
individuo e a interação do seu ego com a sociedade é mais importante do que a Lei.
No ensinamento de Cossio, a norma é a via pela qual o jurista toma conhecimento da
conduta humana, esta assim o verdadeiro substrato no qual se erige o Direito.

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