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JURISTOCRACIA, INSEGURANÇA JURÍDICA E O DIREITO À

PAZ

JURISTOCRACY, LEGAL INSECURITY AND THE RIGHT TO


PEACE

Carla Simon1

SUMÁRIO: Introdução; 1. Direito à paz. 2. Da separação dos poderes à juristocracia.


3.Insegurança jurídica e o abalo ao estado de paz. Considerações finais. Referências das
fontes citadas.

RESUMO
O seu objetivo do presente trabalho consiste em verificar se Juristocracia se correlaciona
a insegurança jurídica e se tais ocorrências interferem no direito à paz? Com o intuito de
responder tal questionamento o trabalho foi divido em três capítulos. No primeiro
tratando do direito à paz. Das suas origens históricas até a as suas possíveis
conceituações, como proposto por Galtung, a paz negativa como ausência de guerra até
paz positiva como prevenção de conflitos. No segundo perpassando tanto a teoria da
separação dos poderes, como um limitador dos poderes do estado e consequentemente
garantidor das liberdades individuais, até a Juristocracia, termo proposto pelo jurista
Han Hirschl para definir as ditaduras constitucionais. No terceiro tratando da possível
Insegurança jurídica trazida ao ordenamento pátrio, pelas decisões ativistas da suprema
corte que afetam o regime democrático o subvertendo de democracia para Juristocracia,
de tal maneira que se vislumbra o plausível abalo ao direito à paz - ao estado de paz.
Nas considerações finais, apresenta-se relatório da pesquisa em que se considerou que a
Juristocracia torna-se uma ameaça à democracia e ao estado de paz que essa

1
Doutoranda em Ciência Jurídica pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência Jurídica –
PPCJ (CAPES - Conceito 6) da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), com apoio de Bolsa PROEX-
CAPES, em dupla titulação com a Università degli Studi di Perugia UNIPG/Itália. Mestre em Ciência
Jurídica pela Universidade do Vale do Itajaí, PPCJ (CAPES- Conceito 6). Bacharel em Direito pela
Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI. – Advogada inscrita na OAB/SC 49.250.
https://orcid.org/0000-0003-1896-1566, e-mail: carlasimonadv@gmail.com. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2251450947990814
2

proporciona, bem como é necessário o fortalecimento e respeito ao princípio da


separação dos poderes da autocontenção judicial, diálogo e harmonia entre os poderes,
para que o atual estado de coisas inconstitucionais seja revisto para que a tão clamada
democracia não seja apenas simbólica, seguidos da estimulação à continuidade dos
estudos e das reflexões sobre as consequências da Juristocracia sobre o direito à paz.

Palavras chave: Direito a paz. Juristocracia. Separação dos poderes.

ABSTRACT
The objective of this work is to verify if Juristocracy is related to legal uncertainty and
if such occurrences interfere with the right to peace? In order to answer this question,
the work was divided into three chapters. In the first dealing with the right to peace.
From its historical origins to its possible conceptualizations, as proposed by Galtung,
negative peace as absence of war to positive peace as conflict prevention. In the second,
permeating both the theory of separation of powers, as a limiter of state powers and
consequently a guarantor of individual freedoms, to Juristocracy, a term proposed by the
jurist Han Hirschl to define constitutional dictatorships. In the third, dealing with the
possible legal uncertainty brought to the national order, by the activist decisions of the
supreme court that fulfilled the democratic regime, subverting it from democracy to
Juristocracy in such a way that the plausible damage to the right to peace - to the state of
peace - is seen. In the final considerations, a research report is presented in which it is
considered that Juristocracy becomes a threat to democracy and the state of peace that it
provides, as well as the strengthening and respect for the principle of separation of
powers of judicial self-restraint. , dialogue and harmony between the powers, so that the
current unconstitutional state of affairs is reviewed so that the much-claimed democracy
is not just assisted, followed by the stimulation of continuity of studies and reflections
on the consequences of Juristocracy on the right to peace.

Keywords: Right to peace. Juristocracy. Separation of powers.


3

INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objeto a análise do fenômeno da
Juristocracia, insegurança jurídica e o direito à paz
O seu objetivo científico consiste em verificar se Juristocracia se
correlaciona a insegurança jurídica e se tais ocorrências interferem no direito à paz.
A escolha do tema fundamenta-se pela realidade, pois o fenômeno da
Judicialização tem crescido consideravelmente nas últimas décadas, tanto em
importância quanto em fama, de tal maneira que algumas questões de ampla
repercussão política estão sendo definidas pelo poder judiciário, e não mais pelas
instâncias políticas tradicionais, a ponto de tal fenômeno ser tratado como mudança de
regime – Juristocracia.
Por outro lado, tem-se o direito à paz, direito de todos os povos, lançado
na qualidade de direito universal do ser humano, mas muitas vezes esquecido.
expressão de uma ideia.” (PASOLD, 2015, p.39); a técnica do Conceito
Operacional, que Diante tal contesto levanta-se o seguinte questionamento, Juristocracia
se correlaciona a insegurança jurídica e se tais ocorrências interferem no direito à paz?
Para tanto, o artigo está dividido em 03 (três) itens. No primeiro tratando
do direito à paz. Das suas origens históricas até a as suas possíveis conceituações, como
proposto por Galtung, a paz negativa como ausência de guerra até paz positiva como
prevenção de conflitos.
No segundo perpassando tanto a teoria da separação dos poderes, como
um limitador dos poderes do estado e consequentemente garantidor das liberdades
individuais, até a Juristocracia, termo proposto pelo jurista Han Hirschl para definir as
ditaduras constitucionais.
No terceiro tratando da possível Insegurança jurídica trazida ao
ordenamento pátrio, pelas decisões ativistas da suprema corte que afetam o regime
democrático o subvertendo de democracia para Juristocracia de tal maneira que se
vislumbra o plausível abalo ao direito à paz - ao estado de paz
4

O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as Considerações


Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos destacados, seguidos da
estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre as consequências da
Juristocracia sobre o direito à paz.
Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase de
Investigação “[...] momento no qual o Pesquisador busca e recolhe os dados, sob a
moldura do Referente estabelecido [...].” (PASOLD, 2015, p. 87), foi utilizado o
Método Indutivo que consiste em “[...] pesquisar e identificar as partes de um fenômeno
e colecioná-las de modo a ter uma percepção ou conclusão geral.” (PASOLD, 2015, p
91), na Fase de Tratamento de Dados o Método Cartesiano 2 e, o Relatório dos
Resultados expresso na presente Monografia é composto na base lógica indutiva.
Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as Técnicas do
Referente que segundo o professor PASOLD (2015, p. 58) é a explicitação prévia do(s)
motivo(s), do(s) objetivo(s) e do produto desejado, delimitando o alcance temático e de
abordagem para a atividade intelectual, especialmente para uma pesquisa.”; a técnica da
Categoria pode ser definida como uma “[...] palavra ou expressão estratégica à
elaboração e/ou à por sua vez é definida pro PASOLD (2015, p.39) como “[...] uma
definição para uma palavra ou expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita
para os efeitos das ideias que expomos [...]”; e por fim da Pesquisa Bibliográfica que
consiste na “Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas
legais (PASOLD, 2015, p.39).

1 DO DIREITO À PAZ
O Brasil não está, ou não é um país aliado em uma guerra, há mais de 78
anos. Portanto, estamos em estado de paz. Ledo engano, superficialmente o não estado
de guerra é apenas como antítese da paz. Mas sabe-se que, assim como a palavra guerra,
o vocábulo Paz possui vários significados, ou pelo menos várias noções, concepções ou
mesmo ideais.
O verbo guerra, a etimologia ensina que diferentemente de grande parte
do nosso vocabulário, não tem origem nem grega e nem latina, procede do

2
Sobre as quatro regras do Método Cartesiano (evidência, dividir, ordenar e avaliar) veja LEITE,
Eduardo de oliveira. A monografia jurídica. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p. 22-26.
5

germânico/frânico werra (de onde virá igualmente o war inglês), ambas significavam
combate ou luta.3
Assim, a primeira reação ao se ouvir a palavra Guerra, se imagina
conflito armado entre dois países. Mas o termo em questão se estende para além, por
exemplo, pode ser uma guerra interna - guerra civil, ou mais adiante, áreas dentro do
limite territorial do estado em que o próprio Estado não governa, áreas sob o comando
do tráfico, como exemplo os morros do Rio de Janeiro são nacionalmente conhecidos
por serem estados de exceção em que a guerra entre traficantes impera. Isso não é
nenhuma novidade para o cidadão médio brasileiro.
O mesmo ocorre com o vocábulo Paz, que além de ser entendido como o
oposto de guerra, a Paz possui várias concepções. O estado de Paz. A Paz como um bem
jurídico é concebido por BONAVIDES (2008, p. 83) como direito imanente à vida,
“sendo condição indispensável ao progresso de todas as nações, grandes e pequenas, em
todas as esferas.”
A palavra paz, como mencionado alhures, usualmente é a ausência da
guerra. Os termos guerra e paz seriam, nesse caso, opostos, antônimos. São, portanto,
situações extremas. Apesar de, de fato estarem em polos opostos, entre uma e outra
extremidade existem situações e estágios intermediários.
Na tentativa de definição da palavra paz, Johan Galtung (1995) aponta os
conceitos de uma paz negativa e de uma paz positiva.
A paz negativa, segundo Galtung, é a mera ausência da guerra, o que não
elimina a predisposição para ela ou a violência estrutural da sociedade. A paz positiva,
por outro lado, implica ajuda mútua, educação e interdependência dos povos, é
entendida como “integração da sociedade humana” (GALTUNG, 1964, p.2).
A paz positiva, muito próxima da prevenção de conflitos, vem a ser não
somente uma forma de prevenção contra a guerra, mas a construção de uma sociedade
melhor, na qual mais pessoas comungam do espaço social (SILVA, 2002, p. 36-43).
O direito à paz é o direito natural dos povos, “este direito esteve em
estado de natureza no contratualismo social de Rousseau ou que ficou implícito como
um dogma na paz perpétua de Kant.” (BONAVIDES, 2008, p.91).

3
De acordo com o dicionário etimológico. Disponível em:
https://www.dicionarioetimologico.com.br/guerra/. Acesso em: 19 out. 2022.
6

O direito à paz, anteriormente se quer mencionado, com o


desenvolvimento do direito internacional passou a ser entendido com como um direito
universal do ser humano.
Karel Vasak, foi precursor ao colocá-la no rol dos direitos da
fraternidade, ou seja, da terceira geração. No plano internacional, pode-se citar como
direitos de terceira geração o direito ao desenvolvimento, o direito à paz, o direito de
comunicação, o direito de autodeterminação dos povos.
Paulo Bonavides, destoando dos demais doutrinadores, constatou que a
paz estaria localizada em uma única geração, que denominou de quinta geração dos
direitos fundamentais. A paz teria uma dimensão única por ser o direito supremo de
toda a humanidade, assim foi elevado a direito de quinta geração pelo doutrinador:
Tão característico e idôneo quanto a liberdade o fora em relação aos da
primeira geração, a igualdade aos da segunda, a democracia aos da quarta e
doravante a paz há de ser com respeito aos da quinta. (BONAVIDES, 2008,
p.85)
No que tange a positivação o primeiro documento em que a paz foi
entendida e estabelecida como direito constou da célebre Resolução 33/73, aprovada na
85ª sessão plenária da Assembleia Geral de 15 de dezembro de 1978.
Assembleia Geral da ONU estabeleceu nessa declaração que “toda nação
e todo ser humano, independente de raça, convicções ou sexo, tem o direito imanente de
viver em paz, ao mesmo passo que propugna o respeito a esse direito no interesse de
toda a humanidade.” (BONAVIDES, 2008, p. 83)
Ressalta-se que logo após a resolução da ONU, foi aprovada uma
Resolução pela OPANAL durante a Conferência Geral celebrada em Quito, no Equador,
e “diz que compartilha o critério adotado na Resolução 33/73 da Assembleia Geral das
Nações Unidas, de 18 de dezembro de 1978, de que todas as pessoas, os Estados e a
humanidade têm o direito a viver em paz.” (BONAVIDES, 2008, p. 83).
Também, a Declaração sobre o Direito dos Povos à Paz, proclamada pela
ONU, a través da Resolução 39/11 de 1984, expressa:

A Assembleia Geral,
Ao reconhecer que a manutenção de uma vida pacífica para os povos é tarefa
sagrada de cada Estado,
1. Solenemente proclama que todos os povos do nosso planeta têm o
direito sagrado à paz;
2. Solenemente declara que a preservação do direito dos povos à paz e a
promoção de sua implementação constituem obrigação fundamental de cada
Estado.4

4
Resolução nº 39/11 da ONU de 1984 declara o direito dos povos à paz.
7

Nesta sequência a Resolução nº 53/243, referente à Declaração sobre


uma Cultura de Paz, foi aprovada também pela Assembleia Geral da ONU em 1999,
como expressão de profunda preocupação com a persistência e proliferação da violência
e dos conflitos nas diversas partes do mundo, reconhecendo a necessidade de se
eliminar todas as formas de discriminação e manifestação de intolerância. 5
No que tange a legislação pátria a Constituição da República Federativa
do Brasil de 1988 estreia seu texto pelo Preâmbulo, que apesar de não ser mandamental,
apresenta a nossa sociedade como sendo fundada na harmonia social e comprometida,
na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, sob a
proteção de Deus.
Neste sentido, a Constituição também não admite a guerra entre nações
sob o mandamento de que façamos a “defesa da paz” (art. 4º, VI). Não só dispõe sobre a
“solução pacifica de conflitos” como também determina que seja repudiado o
terrorismo.6
Além da paz externa, a carta magna de 1988 reconhece o direito à paz de
ordem interna. Essa conclusão não é mera retórica, mas como exposto acima, decorrente
da positivação constitucional como objetivo fundamental da república promover o bem
de todos.7
Todavia, a paz doméstica se realiza por intermédio da segurança, não só
física como jurídica, aliás a segurança física de cada indivíduo está precipuamente
legada a segurança jurídica de uma nação.
E a segurança jurídica está indissociável do respeito às leis, as normas e
princípios constitucionais. O primeiro e mais central elemento formador é a separação
dos poderes como instrumento limitador do poder do Estado e por via de consequência
garantidor das liberdades individuais, como se verá nos itens seguintes.

5
Resolução nº 53/243, referente à Declaração sobre uma Cultura de Paz, foi aprovada também pela
Assembleia Geral da ONU em 1999.
6
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 20 jan. 2023.
7
LEAL, Saul Tourinho. O direito a Paz. 2022. Disponível em:
https://www.migalhas.com.br/coluna/conversa-constitucional/371275/o-direito-a-paz-na-constituicao.
Acesso em: 09 ago. 2022. Acesso em: 10 jan. 2023.
8

2 DA SEPARAÇÃO DOS PODERES À JURISTOCRACIA.

Como explicitado no capítulo anterior, o direito a paz além de direito


natural positivado no ordenamento internacional e doméstico é inerente ao
desenvolvimento humano. Até porque, não existe paz na desorganização, na anarquia,
em última análise na selvageria e na barbárie, ambientes esses inférteis para a evolução
humana e de total insegurança.
Neste sentido, a separação dos poderes em uma República, ou em
qualquer outro regime não ditatorial, além do sentido clássico proposto por
MONTESQUIEU (2014, p.230): “para que não se possa abusar do poder, é preciso que,
pela disposição das coisas, o poder limite o poder”, a separação é necessária pois:

[...] Quando, na mesma pessoa ou no mesmo corpo de magistratura, o poder


legislativo está reunido ao poder executivo, não existe liberdade; porque se
pode temer que o mesmo monarca ou o mesmo senado crie leis tirânicas
para executá-las tiranicamente. Tampouco existe liberdade se o poder de
julgar não for separado do poder legislativo e do executivo. Se estivesse
unido ao poder legislativo, o poder sobre a vida e a liberdade dos cidadãos
seria arbitrário, pois o juiz seria legislador. Se estivesse unido ao poder
executivo, o juiz poderia ter a força de um opressor. Tudo estaria perdido se
o mesmo homem, ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do
povo exercesse os três poderes e o de julgar os crimes ou as querelas entre os
particulares. (MONTESQUIEU,2014, p.230)

Do exposto fica clara a importância ou melhor a indisponibilidade de tal


princípio, que há um olhar mais distraído talvez não se reconheça a sua crucial
necessidade. Neste ponto é necessário um adendo.
O princípio da separação dos poderes como dito, preceitua que o poder
legislativo deve criar as leis; o poder executivo deve executar as leis criadas pelo
legislativo; e o judiciário deve apenas julgar os crimes, da teoria da tripartição de
poderes do Barão de Montesquieu:

Há em cada estado três tipos de Poderes, o poder legislativo, o poder


executivo das coisas que dependem do direito das nações e o poder
executivo daqueles que dependem do direito civil. Pelo primeiro, o príncipe
ou o magistrado faz leis por um tempo ou para sempre, e corrige ou ab roga
aqueles que são feitos. Pelo segundo, ele faz paz ou guerra, envia ou recebe
embaixadas, estabelece segurança, evita invasões. Pelo terceiro, punha os
crimes ou julga os diferentes indivíduos. Este último será chamado de poder
judicial; e o outro, simplesmente o poder executivo do estado.
(MONTESQUIEU, 2014, p.181)

Da concepção inicial da tripartição de poderes para que o judiciário possa


fazer valer as leis, principalmente as normas constitucionais, foi necessário criar
9

mecanismos, para que fundada na supremacia constitucional, haja um controle de


constitucionalidade, que no sistema brasileiro é misto8.
Explica-se, o controle de constitucionalidade tem o condão de filtrar as
normas infraconstitucionais para que não haja no ordenamento nenhuma lei que seja
contraria as normas constantes na Constituição.
Assim, é necessário que um órgão exerça essa função fiscalizadora, no
Brasil quem exerce essa função é o Supremo Tribunal Federal, sendo um tribunal a
priori, técnico, como inicialmente pensou Hans Kelsen.
No mesmo período em que Kelsen propôs e defendeu no sistema
concentrado a figura de uma corte constitucional em que esta corte teria um trabalho
técnico, surge o posicionamento de Carl Schimdt no qual preconiza que o guardião da
Constituição deve ser um ente político e não técnico.
Segundo Schmitt, a corte constitucional não teria como ser um poder
técnico e neutro, acabaria sendo um tribunal político que, além de tudo seria contrário
ao princípio democrático, tornando-se o que ele de denominou de “aristocracia da toga” 9
com a consequente politização da justiça (SCHMITT, 183, p.130)
Propõe, então, Schimitt, a diferenciação entre Constituição e leis
constitucionais em que somente as leis constitucionais seriam passíveis de controle
judicial, enquanto a Constituição passaria pela proteção política. Deste modo, para
Schmitt o guardião da Constituição deveria ser o Presidente, ou seja, entendia em
sentido oposto ao de Hans Kelsen, pra ele o órgão que deveria exercer essa função
deveria ser eminentemente político.
Sendo assim, Schimitt já antecipava algumas das críticas que hoje são
atribuídas ao poder Judiciário em termos de Judicialização da Política e Ativismo
Judicial.
Em que pese Carl Schimitt já alertar para o problema de se ter um órgão
fora da esfera política realizando o filtro de constitucionalidade em 1983. O tema

8
“Tem-se o controle de constitucionalidade concentrado que permite o controle da norma in abstrato
por meio de uma ação de inconstitucionalidade prevista formalmente no texto constitucional. O
controle difuso é exercido pelo juiz competente para conhecer e julgar a ação, portanto caso concreto,
ou seja, pode ser feito por qualquer juiz ou tribunal que verificar a inconstitucionalidade de uma norma,
tanto Federal, estadual ou municipal frente à Constituição Federal.” SIMON, Carla. A judicialização
da política: a atuação dos governadores por meio de ações de controle de constitucionalidade
junto ao supremo tribunal federal sob a constituição de 1988. 2019. 157 f. Dissertação (Mestrado) -
Curso de Direito, Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, 2019. p. 110.
9
“Aristokratie der Robe”
10

somente foi estudado com profundidade por Ran Hirschl, em 2007, na obra Towards
Juristocracy: The Origins and Consequences of the New Constitutionalism.
Nesta obra o autor traz um amplo e internacional estudo sobre
constitucionalização de direitos em quatro países, a saber: Canadá, Israel, Nova
Zelândia e África do Sul.
Em apertada síntese o autor constata que na ampla maioria dos países em
que se constitucionalizaram um amplo rol de direitos houve uma judicialização da vida:
O constitucionalismo significou a adoção, por diversos países, de uma carta
de direitos, formal, escrita, que na prática, serviu para possibilitar a revisão
judicial de todos os aspectos da vida nela documentados.” (HIRSCHL, 2020,
p.14)
Ao se judicializar a vida, o resultado não podia ser outro, se não, abrir
largas avenidas para o ativismo judicial, que hoje já rompeu sua própria barreira, o
gigantismo judicial reorganizou as estruturas do poder modificando até o regime de
Estado de democracia para Juristocracia.
De acordo com Hirschl, o ativismo judicial evoluiu para uma nova ordem
política:

O que tem sido vagamente denominado de “ativismo judicial evoluiu para


além das convenções existentes encontradas na doutrina do direito
constitucional. Uma nova ordem política – a Juristocracia - vem se
estabelecendo rapidamente em todo o mundo. (HIRSCHL, 2020, p.367)
Com efeito, no afã de efetivarmos direitos constitucionais, quando
respaldamos a judicialização de toda esfera individual, a partir de parâmetros ativistas,
em verdade, contribuímos para demolir os alicerces de nossa democracia
constitucional. No local do nosso edifício democrático, erigimos um regime de
Juristocracia (ABBOUD , 2016, p.225-254)
Neste sentido, no ano de 1996 já alertava Georges Abboud:

A Juristocracia não é apenas uma modificação interpretativa do direito, mas


uma transformação da própria engenharia constitucional mediante uma
invasão sem limites da esfera individual pelo Estado, mais especificamente,
por suas decisões judiciais. (ABBOUD ; TÓMAS DE, 2013, p.13)
De fato, modifica-se toda a engenharia social de relação do indivíduo
com o estado, toda a contenção que a separação de poderes havia imposto ao estado é
esvaziada diante de um super poder. Super poder este que impõe suas decisões a
qualquer indivíduo só que agora sem qualquer restrição, visto que as normas
constitucionais são interpretadas pelos mesmos que decidem e, obviamente, darão uma
11

interpretação a norma que respalde a sua própria decisão. O que é inadmissível em um


regime que se diz democrático.

3 INSEGURANÇA JURÍDICA E O ABALO AO ESTADO DE PAZ

Em um cenário de Juristocracia, ou seja, onde as decisões ativistas se


tornam maioria. Tem-se, então, decisões em que o poder judiciário, por meio de um juiz
ativista, relega o jurídico a um segundo plano, decidindo de acordo com suas
predisposições políticas, religiosas, econômicas ou mesmo de acordo com suas próprias
convicções.
Ora, se o jurídico é relegado, como pode o cidadão saber exatamente o
que é proibido ou permitido? Se a lei que deveria nortear, em última análise, toda a vida
em sociedade não é mais respeitada. Se no fim das contas o que vale é a vontade do
julgador.
Diante dessa realidade, não há segurança jurídica e se não há segurança
jurídica não há, de certo, segurança alguma. Pode-se afirmar, então, que toda a estrutura
que sustenta uma sociedade organizada se encontra à beira do colapso.
A prima facie as palavras acima soam exageradas, mas basta um olhar
mais atento para o passado recente de decisões da Suprema Corte brasileira essa
impressão se desfaz.
Pode-se citar como exemplo de decisões flagrantemente ativistas e por
via de consequência, diante da quantidade, a instalação da Juristocracia em nosso
ordenamento; a) criação do Conselho Nacional de Justiça na Reforma do Judiciário
(ADI 3367)10; b) pesquisas com células tronco embrionárias (ADI 3510/DF) 11; c)
interrupção da gestação de fetos anencefálicos (ADPF 54/DF) 12; d) restrição ao uso de
algemas (HC 91952/SP e Súmula Vinculante nº 11)13; e) demarcação da reserva

10
BRASIL, Supremo Tribunal Federal. ADI 3367. Disponível em:
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2260590. Acesso em: 10 abr. 2022.
11
BRASIL, Supremo Tribunal Federal. ADI 3510/DF. Disponível em:
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2299631. Acesso em: 10 abr. 2022.
12
BRASIL, Supremo Tribunal Federal. ADPF 54/DF.
https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=3707334. Acesso em: 10 abr.
2022.
13
BRASIL, Supremo Tribunal Federal. Súmula Vinculante n. 11. Disponível em:
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario.asp?sumula=1220. Acesso em: 20 mar. 2022.
12

indígena Raposa Serra do Sol (Pet 3388/RR) 14; f) legitimidade de ações afirmativas e
quotas sociais e raciais (ADI 3330)15; g) vedação ao nepotismo (ADC 12/DF e Súmula
nº 13)16; h) não-recepção da Lei de Imprensa (ADPF 130/DF) ( SIMON, 2019, p.103) dentre
várias outras.17
Sublinha-se que para além de todas as decisões ativistas acima, cita-se
como exemplo chocante a instalação do inquérito 4.781, instaurado em 2019, no
Supremo Tribunal Federal, pelo então presidente Corte, ministro Dias Toffoli e relatado
e/ou presidido pelo ministro Alexandre de Morais, o também chamado “inquérito do
fim do mundo”18 diante da sua inimaginável instalação.
O próprio ministro Alexandre de Morais se refere ao citado inquérito
como o que apura “fake News” 19. Não bastasse toda a discussão sobre a impossibilidade
de o Supremo Tribunal Federal abrir de oficio um inquérito, ser a vítima o próprio
julgador (posição do ministro que apura contra a si “ofensas”) há ainda a questão de que
o Crime de “fake News” não tem previsão legal no ordenamento jurídico pátrio.20
Não se coaduna com a propagação de notícias inverídicas sabidamente
falsas e, que com certeza, possuem o único intuito de confundir e gerar confusão social.
Todavia, ao se arvorar sobre competência de outros órgãos (Ministério
Público que possuí a legitimidade para a ação penal, e o poder legislativo, por sua vez, é
competente para a criação de leis com instituição de tipos penais), certamente o STF
não ajudou em nada, pelo contrário interditou o debate público legitimo, sobre a
possibilidade de criminalização de tal conduta.
Veja, se não bastasse todas as interferências acima elencadas, com esta
última ingerência o STF rompeu todas as barreiras chegando assim, diretamente a casa
14
BRASIL, Supremo Tribunal Federal. ADI 3388/DF. Disponível em:
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2265239. Acesso em: 10 abr. 2022.
15
BRASIL, Supremo Tribunal Federal. ADI 3330/DF. Disponível em:
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2251887. Acesso em: 11 abr. 2022.
16
BRASIL, Supremo Tribunal Federal. Súmula Vinculante n. 13. Disponível em:
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario.asp?sumula=1227. Acesso em: 11 nov. 2022.
17
Plenário do STF julga lista de 18 ADIs na última sessão de 2018.Na última sessão plenária do ano
judiciário de 2018, realizada na manhã desta quarta-feira (19), o Pleno do Supremo Tribunal Federal
(STF) julgou, em listas, 18 ações diretas de inconstitucionalidade sobre diversos assuntos. Disponível
em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=399132. Acesso em: 14 abr.
2022.
18
Termo cunhado pelo, então ministro das Suprema Corte, Celso de Mello, diante do seu diagnóstico de
ilegalidade na instalação e condução do citado procedimento.
19
Tradução literal: notícias falsas.
20
A saber existe um projeto de lei (PL 2.630/2020) que cria o crime de propagação de notícias falsas,
porém este projeto ainda não passou pelo processo legislativo, ou seja, ainda não foi aprovado muito
menos publicado, pelo contrário sua última movimentação na data de 30/03/2022 – consta como
Coordenação de Arquivo (Fonte: Agência Senado). Disponível em:
https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/141944. Acesso em: 10 mar 2023.
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de cidadãos brasileiros.21 Com efeito pior que a medida desarrazoada e não ter a quem
apelar “A pior ditadura é a ditadura do Poder Judiciário. Contra ela, não há a quem
recorrer.”22
Desta forma, instalada a Juristocracia alterou-se toda a engenharia de
poder do estado, a insegurança jurídica está instalada no país, com isso o direito à paz,
na acepção positiva proposta por Galtung também se encontra abalada.
Não é possível se afirmar viver em estado de paz diante da total
insegurança, assim como afirma Bonavides não há justificação para o estado reger a
sociedade sem o objetivo de se alcançar a paz:

Estuário de aspirações coletivas de muitos séculos, a paz é o corolário de


todas as justificações em que a razão humana, sob o pálio da lei e da justiça,
fundamenta o ato de reger a sociedade, de modo a punir o terrorista, julgar o
criminoso de guerra, encarcerar o torturador, manter invioláveis as bases do
pacto social, estabelecer e conservar por intangíveis as regras, princípios e
cláusulas da comunhão política. (BONAVIDES, 2008, p.91)

A Juristocracia também chamada de ditadura constitucional não deve e


nem pode ser aceita pelos demais poderes.
Urge uma reflexão sobre o atual estado de coisas com relação a premissa
de divisão dos poderes, como proposto por Montesquieu, para que de fato sejamos uma
República Democrática em estado de paz.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O direito à paz inicialmente entendido como de terceira geração – direito
a fraternidade, foi elevado a direito de quinta geração por seu principal expoente no
cenário nacional, Paulo Bonavides. O direito à paz passou a ser entendido como direito
imanente à vida, sendo condição indispensável ao progresso das nações, pequenas ou
grandes em todas as esferas
Significa dizer que o direito à paz é mais que um direito abstrato ou para
além do que se entende precipuamente como paz - antônimo de guerra. O direito a paz é
essencial para a realização de todos os demais direitos fundamentais.
Por outro lado, a Judicialização da política é um fenômeno que há algum
tempo vem sendo estudado de forma global e o Brasil não é uma exceção a este

21
Vide os mandados de busca e apreensão emitidos neste inquérito contra indivíduos, que tiveram suas
casas adentradas e vasculhadas pela Polícia Federal sob ordem do Ministro Alexandre de Morais.
22
Célebre frase do jurista Rui Barbosa.
14

fenômeno. Verificou-se que expansão Judicialização da Política proporciona o


desenvolvimento do Ativismo Judicial e consequente instalação do que se convencionou
chamar de Juristocracia.
Uma das consequências deste fenômeno é a insegurança jurídica diante
de decisões ativistas em que a corte passa a atuar como um ente político e, portanto,
atuando fora da sua esfera de atuação definidas pelo sistema de tripartição de poderes. O
que traz, indubitavelmente, insegurança jurídica, visto que as decisões não se balizam
mais pelo código jurídico, sendo então majoritariamente políticas.
Diante da imprevisibilidade das decisões e, pior, diante da inovação de
decisões com a criação inclusive de “novos direitos” ou “obrigações” o cidadão, a
sociedade como um todo, sente-se insegura sobre o próprio solo em que pisa. O direito à
paz inclusive a paz de espírito é tolhida de todos, ou melhor é tolhida da maioria. Mas
resta aos amigos da corte e ao seleto grupo que lhe compõe, o que é inadmissível.
Desta forma, a Juristocracia torna-se uma ameaça à democracia e ao
estado de paz que essa proporciona.
A reflexão proposta, é no sentido do fortalecimento e respeito ao
princípio da separação dos poderes da autocontenção judicial, diálogo e harmonia entre
os poderes, para que o atual estado de coisas inconstitucionais seja revisto para que a tão
clamada democracia não seja apenas simbólica.
Para que a República, se consolide em um estado democrático baseado
na paz e com o Respeito ao Direito à paz para que todos os direitos humanos
estabelecidos como direitos fundamentais possam ser respeitados.
Assim, encerra-se o presente trabalho alertando que a pesquisadora não
teve a intenção de esgotar a discussão do tema, mas pretendeu contribuir para a reflexão
do mesmo, estimulando novas pesquisas que contribuam para que a República, se
consolide em um estado democrático de direito de fato, baseado na paz e com o
Respeito ao Direito à paz para que todos os direitos humanos estabelecidos como
direitos fundamentais possam ser respeitados.

REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS


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Nova Separação de Poderes: entre a Interpretação da Constituição e as
modificações na engenharia constitucional. vol. 233, 2014.
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ABBOUD, Georges. Processo Constitucional Brasileiro. cit., n. 10.4, pág. 742 e segs.
Jorge Abboud e Nelson Nery Junior. O CPC/2015 (LGL\2015\1656) e o risco de uma
Juristocracia: a correta compreensão da função dos tribunais superiores entre o ativismo
abstrato das teses e os julgamentos do caso concreto. Revista Brasileira de Direito
Processual, n. 93,2016.
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