Você está na página 1de 6

UNIVERSIDADE LICUNGO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO E PSICOLOGIA

CURSO DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

A PAZ COMO UMA VIRTUDE MORAL

Discente: Adelino José Araújo


Docente: Tiago Tendai Chigore

RESUMO

Para a elaboração do artigo cientifico usou – se o método de pesquisa bibliográfica, que


culminou com a consulta de obras e artigos científicos cujo teor esta relacionado com
metodologias de ensino aprendizagem do curso de gestão e administração escolar, de
modo a encontrar caminhos viáveis para realização do presente trabalho de forma clara
e objectiva, cumprindo com as normas estabelecidas no regulamento da instituição. O
artigo tem como objectivo central estudar tema sobre a paz como uma virtude moral,
sendo que as virtudes morais dizem respeito ao carácter e as intelectuais à sabedoria.
Porquanto dizemos que algumas virtudes são intelectuais e outras morais; entre as
primeiras temos a sabedoria filosófica, a compreensão, a sabedoria prática; e entre as
segundas, por exemplo, a liberalidade e a temperança. Com efeito, ao falar do carácter
de um homem não dizemos que ele é sábio ou que possui entendimento, mas que é
calmo ou temperante. No entanto, louvamos também o sábio, referindo-nos ao hábito; e
aos hábitos dignos de louvor chamamos virtudes.” “A virtude é, pois, uma disposição
de carácter relacionada com a escolha e consistente numa mediania, isto é, a mediania
relativa a nós, a qual é determinada por um princípio racional próprio do homem dotado
de sabedoria prática. E é um meio-termo entre dois vícios, um por excesso e outro por
falta;”
INTRODUÇÃO

O artigo versa sobre a paz como uma virtude moral, sendo que as virtudes são a nossa
essência como seres humanos. São os elementos do nosso espírito. O conteúdo do nosso
carácter.  Cultivá-las é parte central da nossa evolução como pessoa.

Para Aristóteles, a definição de virtude é de “hábitos dignos de louvor”. É uma


disposição para a prática do bem que se adquire com o hábito. Em outras palavras,
podemos dizer que virtudes são os hábitos que levam à excelência humana. Alguns
exemplos de virtudes do homem são a coragem, integridade, determinação, disciplina,
honestidade, respeito, justiça, lealdade, tolerância, paciência, otimismo, bondade,
perdão, alegria, gratidão, humildade, empatia, compaixão, amizade entre outras.

ENQUADRAMENTO TEÓRICO

A paz como uma virtude moral

Para o autor da Paz Perpétua, “não há, pois, objectivamente (na teoria), nenhum conflito
entre a moral e a política. Em contrapartida, há e pode haver sempre esse conflito
porque serve de pedra para afiar a virtude, cujo verdadeiro valor não consiste tanto, no
caso presente, em se opor com firme propósito aos males e sacrifícios que se devem
aceitar, mas em olhar de frente o princípio mau que habita em nós mesmos e vencer a
sua astúcia, princípio muito mais perigoso, enganador e traidor, capaz porém de
raciocinar com subtileza e de aduzir a debilidade da natureza humana como justificação
de toda transgressão” (KANT, 1995:163).

Kant considera que os princípios do direito têm realidade objectiva, isto é, podem levar-
se a cabo e, consequentemente, com eles lidar também o povo os Estados uns em
relação aos outros, seja qual for a objecção que a política empírica possa levantar.
Considera ainda que a verdadeira política não pode, pois, dar um passo sem antes ter
rendido preito à moral e, embora a política seja por si uma arte difícil, não constitui arte
contrária à sua união com a moral, pois esta corta o nó que aquela não consegue desatar,
quando entre si surgem discrepâncias. O direito dos homens deve considerar-se sagrado,
por maiores que sejam os sacrifícios que ele custa ao poder predominante; aqui não se
pode realizar uma divisão em duas partes e inventar coisa intermediária (entre direito e
utilidade) de um direito pragmaticamente condicionado, mas toda a política deve dobrar
os seus joelhos diante do direito, podendo, no entanto, esperar alcançar, embora
lentamente, um estádio em que ele brilhará com firmeza.

Confederação De Estados Republicanos Como Garantia De Manutenção Da Paz

Kant propõe a confederação de Estados republicana para a manutenção da paz. Deste


modo, é necessário fazer a análise dos artigos definitivos da Paz Perpétua. De acordo
com o segundo artigo definitivo para a paz perpétua, “o direito das gentes deve fundar-
se numa federação de Estados livres” (Kant; 1995:132). Este ideal proposto por Kant
em 1784, quando na sua obra “A Ideia de uma História Universal” apontou a
necessidade jurídica de se estabelecer repúblicas livres, cujo problema em instituir uma
Constituição civil perfeita depende, por sua vez, do problema de uma relação externa
legal entre os Estados.

Deste modo, Kant convoca os Estados a “saírem do estado sem leis e ingressar numa
liga de povos, onde cada Estado, inclusive o mais pequeno, poderia aguardar a sua
segurança e o seu direito, não do seu próprio poder ou da própria decisão jurídica, mas
apenas dessa federação de nações, de uma potência unificada e da decisão segundo as
leis da vontade unida” (Kant, 2006:98).

Assim como ocorreu com os indivíduos que, abandonando o estado de natureza,


ingressaram numa Constituição civil, o mesmo deve ser feito pelos Estados, os quais
devem abandonar este estado de guerra permanente e ingressar numa Constituição
cosmopolita. Deste modo, somente com a submissão dos Estados aos direitos das
gentes, fundados em leis públicas apoiadas no poder será possível pôr-se fim à guerra e
assegurar-se a independência e propriedades dos Estados.

Kant propõe a criação de um Estado Universal de povos, a cujo poder devem sujeitar-se
livremente todos os Estados para obedecer as suas leis, sugerindo para tanto, a criação
de um Estado jurídico de federação, segundo o direito das gentes em comum.
Kant defende uma federação com a função de simplesmente manter e garantir a paz de
um Estado para si mesmo e, ao mesmo tempo, para os outros Estados federados. Ele
afirma que esta federação não pode tornar-se um Estado mundial e reafirma o princípio
da igualdade dos Estados, bem como a autodeterminação dos povos. A criação da ONU,
por exemplo, foi inspirada no federalismo internacional kantiano.
Habermas, contudo, entende contraditório pretender que exista uma federação de
Estados e que estes mantenham a sua soberania. A defesa de Habermas de um poder
executivo mundial que interfira nos governos nacionais (2002:166) é claramente
intervencionista e demonstra a dificuldade desse pensador em operar com os dados
básicos do poder na sociedade internacional. Enquanto Kant conclui que um governo
mundial geraria pelo menos a tirania mundial, Habermas prefere imaginar uma
protecção global dos direitos.

Segundo Arendt (1993:69), a “paz duradoura só pode ser obtida pelo acordo entre as
nações”. Acredita ainda que as pessoas podem resolver os conflitos por meio da palavra,
isto é, do diálogo intersubjectivo. Para tal, é necessário um espaço, que ela chama de
público, em que as pessoas ou nações se encontram em igualdade para falar, ouvir,
persuadir ou ser persuadido.

Segundo Fukuyama, a paz resulta da natureza pacífica da legitimidade democrática e da


capacidade de satisfazer as aspirações humanas do reconhecimento.

O comportamento pacífico das democracias sugere ainda que os Estados Unidos e


outras democracias têm, a longo prazo, o interesse de preservar a esfera da democracia,
sendo que a expansão sustentada do mundo pós-histórico será mais pacífica e próspera.
As democracias precisam de acreditar que os outros Estados com os quais elas irão
buscar relações pacíficas são igualmente democráticos. Isto significa que não basta que
os demais Estados se reconheçam democráticos, é preciso que a percepção dos cidadãos
daquela democracia seja neste sentido. A presença de mecanismos de construção dos
governos não é suficiente para assegurar a cooperação e a harmonia, é preciso que
aquele Estado democrático perceba a outra parte da relação como igualmente
democrática, para que haja confiança nas suas intenções pacíficas.

Baseado na perspectiva liberal, o sistema democrático apresenta vantagens no auxílio à


construção da paz, uma vez que estabelece um conjunto de regras legítimas que
imputam aos grupos políticos condições igualitárias na livre competição pelo poder e
administra as demandas sociais dentro de um jogo de barganha não violento (SISK,
2004:87). No entanto, a construção da democracia é um processo que precisa de tempo
para articular as forças sociais na maturação dos novos arranjos institucionais
(MANSFIEL e SNYDER, 1995:75).
A adequação dos esforços de democratização ao contexto social particular também é
decisiva na mobilização dos diversos sujeitos do processo político, promovendo uma
pluralidade de interesses que poderá contribuir positivamente na formulação de
propostas criativas. É enfático apontar, portanto, que a democratização é um movimento
gradual e complexo, devendo ser compreendido enquanto tal, por parte dos agentes que
tentam induzi-lo (BACHLER, 2004:38).

Por muitos anos, presumiu-se que a democracia não era um sistema governamental
adequado para aquelas sociedades divididas do pós-guerra. Acreditava-se que as
políticas de igualdade de competição, de liberdade de decisão, e outras implementadas
pelo sistema democrático eram ideais demasiadamente difíceis de serem alcançadas
pelas sociedades emergentes de conflitos (SISK, 2004:98). De facto, o processo de
democratização tende a sofrer reveses no curto prazo, apresentando resultados
completamente opostos aos pretendidos. Este fenómeno decorre da dificuldade em se
distribuir recursos do poder entre os grupos de interesse da sociedade.

O receio aos riscos do processo de democratização deveria ser superado com o maior
envolvimento da sociedade plural, imputando aos diversos grupos de interesse (e não
somente às elites) a capacidade de manifestar as suas propostas políticas através de um
sistema institucionalizado. Larry Diamond (1995:46) sintetizou esta perspectiva em
quatro pontos fundamentais ao sucesso da transição democrática: o reconhecimento das
identidades plurais; a protecção legal dos direitos dos grupos minoritários; a devolução
da capacidade de poder às várias localidades e regiões; a implementação de instituições
políticas que promovam barganha e legitimação do poder central. Neste sentido, a
construção de um sistema democrático deveria viabilizar a participação igualitária dos
diversos grupos sociais através da qualificação dos seus meios procedimentais de
decisão. A implementação destes programas provocaria uma redistribuição das forças
políticas, criando, assim, um contra-balanceamento à influência das elites, e maior
eficácia das instituições na transição política.

Embora tal mudança de perspectiva apresente, de facto, ganhos consideráveis ao


sucesso dos projectos implementados, a urgência em se resolver a dinâmica conflituosa
permaneceu constante por parte dos agentes de construção da paz. Apesar do processo
de democratização ter se tornado mais complexo, necessitando, da forma como foi
estruturado, de um auxílio presente por parte dos agentes externos (CALL, 2001:26), a
preocupação com a questão do tempo permanece diante da tensão imposta pelo
problema do financiamento das actividades. O resultado desta incongruência de
planificação (projectos que demandam tempo, mas que devem ser articulados no curto
prazo) se reflecte na ausência de sustentabilidade das propostas implementadas, assim
que os agentes interventores diminuem suas actividades.

A indução de um processo democrático de fora para dentro é notoriamente difícil; e se


agrava se a urgência na construção de estruturas acarreta a exportação de regras e
instituições prontas e insensíveis às diferenças nos contextos sociais (SISK, 2004:93).
Outro factor passível de acontecer é a excessiva concentração de esforços na
reconstrução do aparato estatal, em prejuízo das políticas públicas de mobilização,
participação e educação da população afectada pelo conflito (BACHLER, 2004:44).

Conclusão

Enfim, as virtudes, em especial as virtudes morais que são as responsáveis pela


formação do nosso carácter é o que realmente nos leva a felicidade, muito mais do que
bens materiais por exemplo. Como já falei aqui, a virtude da gratidão é uma das minhas
receitas de felicidade. E como se pode ver, muitas são as listas de virtudes. Não existe
um consenso de uma lista única e universal. O mais importante aqui é realmente
entender o conceito, escolher as mais relevantes para a sua vida e procurar praticá-las.
Cultivar virtudes é cultivar a excelência humana. É cultivar o que têm de bom em nós.

Referencia Bibliográficas
 Character Strengths and Virtues: A Handbook and Classification. Martin Seligman,
Christopher Peterson, 1st Edition.
 Dicionário de Filosofia, Nicola Abbagnano. Martins Fontes, São Paulo, 2007.
 Ética a Nicômaco, Aristóteles. Ed. Martin Claret.
 Licenciado em Ensino de Filosofia, professor de Filosofia na Escola Secundária
Armando Emílio Guebuza, no distrito de Catandica, Manica.
 Mestre em Educação em Ensino de Filosofia, docente na Universidade Pedagógica,
delegação da Beira. Área de pesquisa: Filosofia da Interculturalidade (Epistemologia
dos saberes locais e Filosofia política)..
 Toward perpetual peace. An philosophical project. (tr.: Mary Gregor). Em: KANT.
Practical philosophy. (org. Mary Gregor). Cambridge: Cambridge U.P., 1996.
[idem].

Você também pode gostar