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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO

1. TEORIAS ACERCA DA JUSTIÇA


“Justiça e equidade são valores humanos essenciais. Respeitá-los é indispensável à paz e
ao progresso, já que sem eles podem surgir ressentimentos e ocorrer desestabilizações.
Embora as pessoas nasçam em circunstâncias sociais e econômicas bastante diversas,
grandes disparidades em suas condições ou oportunidades de vida constituem uma afronta
ao senso de justiça humano. Sempre que um grande número de cidadãos recebe tratamento
injusto ou tem seus direitos negados, e sempre que não se tente corrigir flagrantes
desigualdades, o descontento é inevitável e o conflito, provável. (...) Preocupar-se com a
equidade não é o mesmo que insistir na igualdade, mas requer ações deliberadas para
minimizar flagrantes desigualdades, lidar com os fatores que as causam ou perpetuam e
promover uma distribuição dos recursos mais justa. Um compromisso maior com a
equidade e a justiça é fundamental para que se aja de modo mais decidido, a fim de
diminuir as disparidades e realizar uma distribuição mais equilibrada de oportunidades
em todo mundo”. (Relatório da Comissão sobre a Governança Global)

Para Platão:
A filosofia em Platão segue uma orientação ética: ensina o homem a desprezar os prazeres, as
riquezas e as honras. A finalidade do homem em Platão é procurar transcender a realidade,
procurar um bem superior em relação àquele que perdeu. Para se atingir este bem o homem
necessita viver numa "cidade perfeita" – A República: a Callipolis. O homem mais feliz é o
justo; bem mais do que o injusto num mar de delícias.
O conceito de dar a cada um aquilo que lhe é próprio assume uma postura central dentro da
organização da república platônica.
Para Aristóteles:
"Trata-se de uma ética da virtude, ou seja, ele visa a um sistema de virtudes, entre as quais a
justiça é a virtude máxima, a virtude plena."
Para Kelsen:
Kelsen, na sua obra "O que é justiça?", considera a justiça "uma característica possível,
porém não necessária, de uma ordem social". E indaga: "mas o que significa ser uma ordem
justa? Significa essa ordem regular o comportamento dos homens de modo a contentar a
todos, e todos encontrarem sob ela felicidade. O anseio por justiça é o eterno anseio do homem
por felicidade. Não podendo encontrá-la como indivíduo isolado, procura essa felicidade
dentro da sociedade. Justiça é felicidade social, é a felicidade garantida por uma ordem
social". Observa Kelsen que o conceito de justiça passa por uma transformação radical: do
sentido original da palavra (que implica o sentimento subjetivo que cada pessoa compreende
para si mesma, de modo que a felicidade de um pode ser a infelicidade de outro) para uma
categoria social: a felicidade da justiça]. É que a felicidade individual (e subjetiva) deve
transfigurar-se em satisfação das necessidades sociais. Como ocorre no conceito de
democracia, que deve significar o governo pela maioria e, se necessário, contra a minoria dos
sujeitos governados.
Para Habermas:
O Direito é facticidade quando se realiza aos desígnios de um legislador político e é cumprido
e executado socialmente sob a ameaça de sanções fundadas no monopólio estatal da força. De
outro lado, o Direito é validade quando suas normas se fundam em argumentos racionais ou

Profa. Ma. Caroline Vargas Barbosa


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aceitáveis por seus destinatários. Ainda, para Habermas, a resolução dos conflitos será tanto
mais facilmente alcançada quanto maior for a capacidade dos membros da comunidade em
restringir os esforços comunicativos e pretensões de validade discursivas consideradas
problemáticas, deixando como pano de fundo o conjunto de verdades compartilhadas e
estabilizadoras do conjunto da sociedade, possibilitando que grandes áreas da interação social
desfrutem de consensos não problemáticos.

Temos ainda a noção:

JUSTIÇA RETRIBUTIVA: JUSTIÇA COMPENSATÓRIA JUSTIÇA DISTRIBUTIVA:

Punição para aqueles que Compensação para os que Distribuição de cargas e


desrespeitam as leis ou sofreram danos ou injúrias benefícios na sociedade
desconsideram normas sociais (bens sociais e recursos
e morais geralmente aceitas materiais)

Podendo ainda ser (decorrem das ideias de construções sócio-políticas de Estado –


Estado Liberal, Social, Bem-estar social, Democrático de Direito):

Justiça como Liberdade contratual Igualdade social Bem estar coletivo


proporcionalidade
natural

(VI a XVII) – Direito Direitos humanos civis Marxismo (produzir Socialismo


natural: natureza e e políticos (estado em função de sua democrático (direitos
Deus liberal) capacidade e receber negativos do estado
de acordo com sua liberal e direitos
necessidade. positivos: econômicos,
sociais e culturais –
educação, saúde,
aposentadoria,
emprego)

2. COMO AVALIAR O QUE É JUSTO?

DEVER SER (DEONTOLOGIA) FINALIDADE / CONSEQUÊNCIA


(TELEOLOGIA)

Ato em si Consequência do ato


3. ESCOLAS:

a) JUSTIÇA COMO ORDEM (HOBBES): Sucintamente, encontra-se na obra de Hobbes o


entendimento segundo o qual a única fonte do Direito é a vontade do soberano, de modo que a
Igreja não constituiria, pois, um poder de caráter estatal, porque seu ordenamento jurídico não se

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identifica com essa concepção. Thomas Hobbes, nos dois clássicos de sua autoria, Leviatã e De
Cive, assevera que a justiça, na condição de valor perpétuo a ser sempre ambicionado pelo homem,
é representada ou é consolidada pela realização plena da segurança, da vida e da propriedade. Nesta
medida, após o estado de natureza, quando os homens renunciam à sua liberdade em prol do
soberano, a fim de que este lhes garanta a segurança física e a propriedade privada, Hobbes afirma,
com isso, que o valor justiça se concretiza pela consecução da ordem.

b) UTILITARISMO: Acredita que a justiça deve ser avaliada pelas consequências empíricas de
ações e princípios. A difusão da autonomia e da liberdade individual deverá resultar na maior
felicidade para um maior número de pessoas, pois se admite a possibilidade de um equilíbrio
racional entre os interesses individuais e os interesses coletivos. A felicidade da maioria pode
justificar o sacrifício dos direitos e liberdades dos indivíduos. Não importa a distribuição da
felicidade entre as pessoas (indiferença distributiva). A respeito da justiça distributiva, a teoria
utilitarista propõe a quantificação de benefícios e encargos para depois escolher a prática que
maximize os primeiros e minimize os segundos (custo e benefícios).

c) JUSTIÇA COMO IGUALDADE: Todas as pessoas são iguais e merecem igual tratamento
frente à lei. A concepção de justiça como equidade, embora muito antiga, foi formulada e
sistematizada por John Rawls, em 1971. Rawls se pergunta como devem ser feitos os acordos entre
os sujeitos morais (autônomos) para alcançar uma sociedade “Bem -ordenada”. A teoria rawlsiana
afirma que sobre a base do sujeito moral é possível conceber uma sociedade bem-ordenada, regida
por princípios de justiça (coletivamente consensuais e racionais a partir da perspectiva do acordo
original) e constituída por indivíduos que se consideram a eles mesmos e a outrem como sendo
livres e iguais nas relações políticas e sociais. De acordo com Rawls, uma sociedade não pode ser
considerada justa a menos que certos valores sociais básicos sejam igualmente distribuídos entre
todos (Princípio de Igualdade) e que, no caso de ser necessária uma distribuição desigual de algum
ou de todos estes valores sociais, a desigualdade deverá redundar em benefício para os mais
necessitados (Princípio de Equidade)

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A ideia central desta teoria da justiça baseia-se na necessidade de considerar como


valores básicos de distribuição as coisas que um homem racional (em sua condição de cidadão livre
e igual ) considera necessárias durante toda uma vida, não importa o que mais ele deseje num
determinado momento.

d) JUSTIÇA COMO LIBERDADE: Pode-se dizer que a liberdade moral é a liberdade dos
impedimentos que provem de nós mesmos, por exemplo, as inclinações, as paixões e os interesses;
já a liberdade jurídica é a libertação dos impedimentos que provêm dos outros, é a libertação
exterior, ou seja, alcançar a esfera de liberdade que possibilite o meu agir segundo meu talento, sem
ser perturbado pela ação de outrem. Logo, não basta que ordenamento jurídico estabeleça a ordem
ou mesmo garanta a igualdade; é necessário, ainda, que todo o grupo usufrua da mais ampla
liberdade, a qual, todavia, deve ser compatível com a própria existência deste grupo. A liberdade
aqui referida é a liberdade de não-impedimento.

⇒ Para refletir:

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