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UAECSA

GRADUAÇÃO EM DIREITO

ÁREA DE CONHECIMENTO:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL I

PROFESSOR:
PHILLIPE CUPERTINO SALLOUM E
SILVA
1
ATOS DO JUIZ, DAS PARTES E DOS AUXILIARES DE JUSTIÇA
(SEGUNDA PARTE)
+
PRESSUPOSTOS PARA O DEBATE

● Sentimento de distribuição desigual de justiça impõe a falta de


segurança jurídica e o descrédito do Poder Judiciário ante a população;

● Sentimento profundo de injustiça e impunidade.

● Para que uma decisão seja justa, é preciso que ela seja reconhecida como
tal, especialmente pelos que se submetem a ela.
+
PRESSUPOSTOS PARA O DEBATE

● O juiz tem a atribuição concedida por lei, e assim entendida pela


doutrina:

- de decidir livremente sobre os conflitos de interesses levados a sua


apreciação;

- de iniciativa probatória,.

● Reforça-se sua autonomia decisória sobre o processo.


+
DESCRIÇÃO DO CAMPO JURÍDICO BRASILEIRO

● É um campo semiautônomo, integrado por iniciados em um saber com


características específicas que estão nele hierarquizados.

● No topo dessa hierarquia estão os juízes, que detêm o poder de


interpretar e decidir sobre o direito posto.
+
TRECHO DE ENTREVISTA COM JUÍZES:
DESCRIÇÃO DO CAMPO JURÍDICO BRASILEIRO +

● Doutrinadores:

- detentores de prestígio singular, são intérpretes das leis e das


práticas autorizadas pelo campo;

- função formadora e reprodutora do saber.

● Ministério Público:

- têm poder de seletividade, tanto na formação da opinio delicti como


nos casos que envolvem os interesses metaindividuais
DESCRIÇÃO DO CAMPO JURÍDICO BRASILEIRO +

● Defensores (as) públicos;

● Procuradores (as) dos estados e dos municípios - em atribuição simétrica


aos advogados da União;

● Auxiliares (as) da justiça - máquina burocrática;


DESCRIÇÃO DO CAMPO JURÍDICO BRASILEIRO +

● Advogados (as) - ocupa as hierarquias mais baixas e subalternas;

● Estagiários (as)

● Cidadãos, usualmente chamados de “partes” - lhes concede posição


quase invisível no campo, ainda que sem elas toda a máquina do
Judiciário ficaria paralisada e as importantes funções institucionais e os
papéis profissionais não teriam qualquer expressão material ou
simbólica.
SABER E PODER NO CAMPO JURÍDICO BRASILEIRO +

● O campo jurídico é constituído de um saber que é socializado a partir da


formação universitária;

● A doutrina detém um lugar privilegiado;

● A legislação brasileira não privilegia interpretações literais, nem


consensuais, tais características abrem espaço para variadas
interpretações doutrinárias.
SABER E PODER NO CAMPO JURÍDICO BRASILEIRO +

● A legislação brasileira vale conforme a interpretação que lhe é dada pela


autoridade judicial (KANT DE LIMA, 2004).

● O saber produzido pelos doutrinadores não orienta as decisões judiciais


prolatadas pelos julgadores, os quais, pela supremacia de suas posições
hierárquicas no campo, descartam de suas decisões o saber doutrinário,
segundo as entrevistas realizadas por Regina Mendes.
SABER E PODER NO CAMPO JURÍDICO BRASILEIRO +

● Quais são as representações dos juízes acerca de duas categorias que


são complementares:

- Princípio do livre convencimento motivado;

- Iniciativa probatória do juiz - produzir prova em um processo sob


seu julgamento, quando a parte interessada não o fizer,
prerrogativa que se justifica em nome do princípio da verdade real,
pois se o juiz não conhecer a verdade dos fatos, não será capaz de
julgar.
JUSTIÇA E VERDADE REAL +

● A descoberta da verdade é a finalidade do processo;

● Princípio da verdade legal: as fontes de prova estão pré-fixadas na lei,


ficando o juiz vinculado, de forma a não admitir a produção de meios
probatórios ali não previstos;

● Princípio da verdade real: livre é a escolha e a exploração das fontes de


prova, não prende o juiz a critérios legais de estimativa das provas, uma
vez que preconiza o julgamento secundum conscientiam.
JUSTIÇA E VERDADE REAL +

● O juiz só poderá fazer justiça se conseguir a reconstituição dos


acontecimentos pretéritos pela produção da prova, para que possa
formar o seu convencimento e julgar a causa;

● O sistema processual brasileiro é norteado pelo princípio da verdade


real, que atribui ao juiz a função de descobrir a verdade dos fatos
ocorridos para decidir, também no campo do processo civil e do processo
do trabalho;
JUSTIÇA E VERDADE REAL +

● Ponto pacífico no campo jurídico brasileiro: a concepção de verdade


real como verdade absoluta ocultada e esperando ser descoberta;

● A verdade real aparece como justificativa do livre convencimento do


juiz;

● O juiz não é obrigado a considerar todos os fatos que tenham sido


demonstrados no processo, mas a explicitar os fundamentos da
verdade em sua decisão.
JUSTIÇA E VERDADE REAL +
FUNÇÃO ATRIBUÍDA À ATIVIDADE JUDICIANTE +
● Não é administração de conflitos e nem a da entrega da prestação
jurisdicional ao cidadão nem de garantir a igualdade jurídica aos
jurisdicionados, pedra fundamental do estado democrático de direito
(FERRAJOLI, 2002);

● Mas a de descobrir a verdade real dos fatos e, a partir dela, fazer


justiça.

● Embora a doutrina defenda que o processo civil é norteado pelo


princípio da verdade ficta ou formal, valendo para a decisão somente o
que estiver provado pelas partes nos autos.
FUNÇÃO ATRIBUÍDA À ATIVIDADE JUDICIANTE +
FUNÇÃO ATRIBUÍDA À ATIVIDADE JUDICIANTE +

● A função do depoimento aparece no discurso como uma possibilidade de


o julgador “descobrir” a verdade;

● Representação da celeridade como empecilho à oralidade;

● Dar-se importância à presença da parte no processo, no entanto, essa


participação serve para trazer elementos para o juiz decidir.
+
CONCENTRAÇÃO DA INSTRUÇÃO PROBATÓRIA NA AUDIÊNCIA DE
INSTRUÇÃO E JULGAMENTO E O PRINCÍPIO DA ORALIDADE

● A proximidade temporal é elemento decisivo para a preservação


das vantagens do princípio da oralidade.

● Finalidade (na ótica dos juízes) do processo é descobrir a verdade


real para fazer justiça;

● Reduzir a instrução probatória a um único ato seria reduzir as


oportunidades de chegar à verdade (dos fatos) e fazer justiça.
+
CONCEITO DE VERDADE NA ATIVIDADE JUDICIANTE

● Verdade absoluta e única (finalidade do processo).

● Não lê a verdade processual como a comprovação da


verossimilhança daquilo que foi alegado como razão do pleito
deduzido (nos autos);
+
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O PAPEL DO JUIZ NA PRODUÇÃO DA VERDADE NO PROCESSO
CIVIL

● Poderes instrutórios do juiz tem caráter marcadamente


inquisitorial da atividade judicante;

● Solidariedade entre as ideias de verdade e justiça;

● Verdade é, sobretudo, revelada pela formação do livre


convencimento do juiz.
O PAPEL DO JUIZ NA PRODUÇÃO DA VERDADE NO PROCESSO CIVIL
+

● A questão da mentira, das partes ou das testemunhas, na


formação do convencimento do julgador;

● A pesquisa empírica observou a preocupação dos juízes em


discernir se o que eles estão ouvindo das partes ou das
testemunhas é verdade ou mentira;

● Ora, a preocupação com a mentira de uma das partes deveria


estar na esfera de preocupação da parte contrária.
O PAPEL DO JUIZ NA PRODUÇÃO DA VERDADE NO PROCESSO CIVIL
+
O PAPEL DO JUIZ NA PRODUÇÃO DA VERDADE NO PROCESSO CIVIL
+

● Sem o exercício da iniciativa probatória – ainda segundo os


depoimentos dos juízes –, é impossível atingir a verdade real por
eles buscada, condição indispensável, segundo sua representação,
para a realização da justiça;

● Na fase do exercício do livre convencimento motivado, o juiz


necessariamente é levado a questionar a prova que está nos autos,
pois, segundo sua representação, ele só poderá fazer justiça se
souber a verdade real.
CONCLUSÕES DA AUTORA REGINA MENDES
+

● As decisões, dada a variação de entendimentos relativos ao livre


convencimento acerca da verdade real do caso concreto,
geralmente provocam a distribuição desigual de justiça para
jurisdicionados, que experimentam conflitos semelhantes em suas
vidas cotidianas;

● Não contribui para a credibilidade do Judiciário na sociedade.


CONCLUSÕES DA AUTORA REGINA MENDES
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● As garantias e os direitos fundamentais, particularmente aqueles que
asseguram o direito do cidadão ao processo, são, por sua vez, frágeis em
efetividade de modo geral;

● A presença do cidadão no processo judicial é praticamente invisível, já


que ela só se manifesta quando e se autorizada ou requisitada pelo juiz.

● A sua oralidade direta é suprimida, uma vez que o que consta dos autos
não é o seu depoimento literal, e sim aquilo que o juiz dita para o
escrivão.
CONCLUSÕES DA AUTORA REGINA MENDES
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● Discussões sobre a natureza do processo ser acusatória ou inquisitória;

● Essa separação não se verifica na prática, a natureza inquisitória é


aplicada no Processo Civil;

● A busca da verdade real, disponibilidade da iniciativa probatória do juiz,


tem supremacia sobre o contraditório e sobre o princípio dispositivo;

● Na e na lei, o ônus da prova cabe às partes.

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