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Antropologia Jurídica
Araguaína-TO
2021
Nome dos integrantes:
° Nathália Sena F. Morais
° Ana Júlia Prudente Barbosa
° Pedro Henrique Leite Santana Sandes
° Thainá Valéria Pereira Silva
° Suzana Pereira da Silva Marinho
° Kyara Rodrigues Ribeiro
° Savanna Rodrigues Ribeiro
° Kemelly Furtado da Silveira
° Alana do Carmo Nascimento
°Kaius Vinícius Barbosa Carvalho
°Jakeline Rodrigues Guimarães
Introdução
Para contextualizar, autor decide retomar o tema da sua tese de doutorado sobre a
imparcialidade devido o fato da divergência que se instalou no campo jurídico sobre a postura
do ex-Juiz Sergio Moro na condução dos processos da operação Lava Jato, especialmente
após as repercussões do vazamento de suas conversas com o coordenador da força-tarefa,
DeltanDallagnol,divulgadas pelo periódico The Intercept, a partir de junho de 2019.
Dizer que a imparcialidade é algo imprescindível para bem exercer a carreira jurídica é
algo que todo estudante de Direito ouve, mas não somente, os demais cidadãos também têm
consciência de que só serão bem julgados por um indivíduo sem parcialidade, conforme a lei,
isso é o que deveria acontecer, mas na prática a realidade é outra.
Para Barbosa Moreira dizer que o juiz deve ser imparcial é dizer que ele deve conduzir
o processo sem inclinar a balança, ao longo do itinerário, para qualquer uma das partes. Outra
coisa é pretender que o juiz seja neutro, no sentido de indiferente ao êxito do pleito, que o
processo leve a desfecho justo.
Já para Martins, o juiz para ser imparcial deve estar atento ao mundo ao seu redor, a
desumanização seria uma exigência da neutralidade, mas não da imparcialidade, porque o juiz
possui opiniões pré-formadas sobre determinados âmbitos da realidade, que podem constituir-
se objeto de seu julgamento.
A fala de uma juíza, relata que “ falar em imparcialidade é muito complicado porque
todos nós possuímos opiniões diferentes sobre algo. “Você não é um quadro em branco, que
decide só com a argumentação que as partes informam no processo’’.
As leis são objetivas em seus sentidos, e foram criadas para sanar qualquer lacuna
sobre a problemática trabalhada, porém, existem casos que a lei não consegue suprir sua
verdadeira necessidade, que através da lei não é possível alcançar a justiça devida, e na
verdade, a verdadeira justiça nem sempre se resume em seguir a Lei.
Nesse sentido, surge a dúvida da imparcialidade dos juízes, segundo o texto, baseado
nas entrevistas com profissionais da área com experiência, muitos não acreditam nesta
imparcialidade, mas defendem em isso ser algo bom, o juiz segue a vontade dele diante um
caso, ele vai se esmerar, procurar argumentos para justificar a sentença, que ele queria,
provavelmente desde o início.
Esse tipo de resultado transparece a humanidade que é inevitável, o juiz não pode
ignorar a lei, aliás, deve sempre a seguir, mesmo que não concorde, mas, existe sempre
aqueles que vão “puxar daqui e dali”, para fazer uma justiça que não se expressa na Lei.
A afirmativa de que “os juízes fazem o que eles querem” tem também outro sentido
nesta tese: o de que eles fazem as suas escolhas segundo sua percepção pessoal sobre o que é
justo. E, portanto, pensar em um sistema neutro ou imparcial é idealizar e sublimar o que a
empiria revela ser inviável. É transformar em crença um discurso que não tem
correspondência empírica. “Fazer o que quer” significa decidir segundo uma convicção
pessoal sobre o que parece ser o mais justo diante de determinada situação. E isto é permitido
porque o sistema não está permeado por padrões, protocolos e consensos. Cabe, a cada um,
individualmente, e contraditoriamente, preencher de significados e representações o conteúdo
da lei, da prova, dos fatos, da doutrina, do processo, da verdade.
De acordo com a percepção de cada um, você pode dar uma interpretação diferente. E
tal ato não irá mudar, nem com súmula vinculante, nem com outra normal qualquer, afinal, o
direito é formado através da realidade geral e é durante o caso concreto que o direito se
particulariza . A percepção de quem tá julgando nunca vai ser igual. E esse pluralismo de
ideias é bom. Essa mistura de coisas, divergências de pensamento, tudo isso é muito bom. E
cada caso é um caso, faz parte do sistema.
Considerações finais
Sobre a postura do ex-Juiz Sérgio Moro, comprometida por suas convicções pessoais
e sensos particularizados de justiça, apontando, sua relação pessoal com o ministério público,
que é recorrente no sistema de justiça. Sentenças proferidas por juízes comprometidos por
moralidades e intenções particulares que interferem na jurisdição prestada. As práticas
judiciárias e as decisões são orientadas por percepções subjetivas dos operadores e por suas
interpretações pessoais sobre a lei, os fatos e as provas produzidas. O trabalho revela que os
magistrados transitam em um sistema de crença na sua própria imparcialidade. E que os
resultados dos processos judiciais estão comprometidos com os sensos de justiça particulares
dos profissionais do direito que os conduzem. Os dados comprovam que os juízes conduzem e
decidem os processos judiciais a partir de moralidades que servem mais para justificar a
parcialidade que exercem do que propriamente para reforçar o seu papel de julgador
imparcial.