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EXCELENTISSÍMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA

VARA DA COMARCA DE SÃO CAETANO, ESTADO DE PERNAMBUCO.

Processo n° xxx

LUIZ AUGUSTO ..., estado civil ..., comerciante, inscrito no CPF sob o n° ...,
com título de eleitor n° 123456, cidadão no gozo de seus direitos políticos, e-
mail ..., residente e domiciliado em ..., São Caetano/PE, por meio de seu
advogado, com endereço profissional na ..., vem, perante Vossa Excelência,
inconformada com a sentença proferida nos autos da AÇÃO POPULAR
(processo n° xxx) sendo requeridos o PREFEITO DE SÃO CAETANO/PE, Sr.
Jacinto Jacaré, estado civil ..., inscrito no CPF sob o n° ..., e-mail ...,
domiciliado em ..., São Caetano/PE, o MUNICÍPIO DE SÃO CAETANO,
pessoa jurídica de direito público, inscrito no CNPJ sob n° ..., sediada na ...,
São Caetano/PE e a ASSOCIAÇÃO DE COMERCIANTES LOCAIS –
ACSC/PE, pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ sob n° ...,
sediada na ..., São Caetano/PE, interpor o presente recurso de

APELAÇÃO

cujas razões espera que sejam recebidas e distribuídas a uma das Câmeras
Cíveis deste Tribunal, aguardando a reforma integral da sentença recorrida.

Além disso, cumpre demonstrar que o presente recurso é tempestivo, tendo em


vista que esse recurso foi interposto dentro do prazo de 15 (quinze) dias a
contar da intimação da sentença recorrida, bem como informar que não
recolheu custas recursais (preparo) nos termos do artigo 5°, inciso LXXIII da
CF/88 e do artigo 10 da Lei Federal n. 4.717/65.
Nestes termos,

pede deferimento.

São Caetano/PE, 06 de abril de 2020.

ADVOGADO(A)

OAB
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

DO ESTADO DE PERNAMBUCO.

RAZÕES DE APELAÇÃO

PROCESSO N° ...

Origem: Comarca de São Caetano/PE.

Apelante: Luiz Augusto.

Apelada: Prefeitura de São Caetano/PE, Município de São Caetano e


Associação de Comerciantes Locais – ACSC/PE.

I – DOS FATOS DO DIREITO

O apelante figurou como autor na ação popular, tendo por objeto a


discussão do ferimento ao princípio da obrigatoriedade de licitação, onde por
meio de decreto municipal nº 01/2019, o apelado Jacinto Jacaré transferiu a
cobrança do serviço de estacionamento em locais públicos, denominado “Zona
Azul”, para a também apelada Associação de Comerciantes locais
(Associação de Comerciantes de São Caetano – PE/ACSC ), cujo o presidente,
Senhor Sombra, é seu amigo pessoal e principal colaborador de sua campanha
eleitoral . Os pedidos do apelante, na ação de primeira instância, recaíram
sobre a nulidade do decreto municipal nº 01/2019 por se tratar de ato lesivo ao
patrimônio público, ferindo o princípio da obrigatoriedade de licitação, assim
como a devolução dos valores arrecadados indevidamente pela associação
aos cofres municipais.

II – DAS RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA

Conforme artigo 37 da CF/88 acerca dos princípios da administração


pública: “ administração pública direta e indireta de qualquer dos poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e
Eficiência”.

A situação verificada viola uma série de princípios constitucionais, pois,


sabe-se que o administrador público deve pautar sua atuação nos limites
ditados pela lei, Tendo sempre em vista a Supremacia do interesse público
sobre o privado, o zelo e a diligência no trato da coisa pública, a cautela e
prudência no gasto do dinheiro arrecadado com os tributos.
Ocorre que, o prefeito de Jacinto jacaré transferiu a cobrança do serviço
estacionamento em locais públicos, denominado “ Zona Azul “, para uma
associação de Comerciantes locais ( ACSC-PE ), curso Presidente, Senhor.
Sombra, é seu amigo pessoal e principal colaborador de sua campanha
eleitoral ele transferiu o serviço sem que fosse realizada a devida licitação,
modalidade impostas aos entes públicos para realizar a denominada
concessão de serviços públicos.

O ato é nulo e lesivo, diante da patente ilegalidade, consoante prescreve a


lei federal n° 4.717/65:

Artigo 2° são nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades


mencionadas no artigo anterior nos casos de:

(...)

C) ilegalidade do objeto;

(...)

Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as


seguintes normas:

(...)

C) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em


violação de lei, regulamento ou outro ato normativo;

Artigo 4° são também nos seguintes atos ou contratos, praticados ou


celebrados por quaisquer das pessoas ou entidades referidas no artigo 1°.

I- Admissão serviço público remunerado, com desobediência, quantas


condições de habitação, das normas legais, regulamentares ou
constantes de instruções Gerais.

Assim, incorreu o Prefeito em descumprimento de mandamentos


constitucionais que exigiam a realização de licitação para a concessão de
serviços públicos e da imoralidade da medida que o ato visava beneficiar os
seus conhecidos.

Contudo, o juízo a quo julgou a ação improcedente, para entender que não
seria necessário a realização de licitação, pois, na concessão, não houve
custo para o município, que não precisará pagar para Associação nenhuma
quantia pelo serviço de estacionamento “Zona Azul".

Além disso, fundamentou sua sentença na impossibilidade de o Poder


Judiciário poder controlar o ato administrativo do Poder Executivo, ferindo o
princípio da Separação dos poderes.
Tal entendimento não merece prosperar, pelos seguintes fundamentos:

Da obrigatoriedade licitação, é notório ferimento ao princípio da


obrigatoriedade haja vista que a Constituição Federal traz em seu artigo 37,
caput os princípios básicos da administração pública que devem ser
observados pelo administrador no Exercício da função administrativa.

“Art. 37. A administração pública direta e indireta de


qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:

A obrigatoriedade de licitar é princípio constitucional estampado no artigo 37,


XXI, da CF/88, aplicável, ressalvados os casos específicos, a todo ente da
administração pública direta ou indireta todo contrato de obra, serviço, compras
e alienações, bem como concessão e permissão de serviços públicos, deve ser
precedido de um procedimento licitatório.

Conforme o caso em análise, o prefeito descumpre o tal princípio, ao deixar de


realizar licitação para a concessão de serviços público.

Razão pelo que necessário a reforma da decisão apelada, no sentido de


declarar a nulidade do ato administrativo objeto da ação e determinar os
apelados devolução ao erário dos valores obtidos com o respectivo ato.

Nesse sentido, Segue o entendimento prevalecente dos tribunais:

EMENTA DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CÍVIL


PÚBLICA. DESAFETAÇÃO DE IMÓVEL EM DESCONFORMIDADE COM A
LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA. DANO AMBIENTAL. LEGITIMIDADE ATIVA DO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. CONTROLE DE LEGALIDADE DOS ATOS
ADMINISTRATIVOS PELO PODER JUDICIÁRIO. PRINCÍPIO DA
SEPARAÇÃO DOS PODERES. OFENSA NÃO CONFIGURADA. ACÓRDÃO
RECORRIDO PUBLICADO EM 15.10.2008.

Emerge do acordo que ensejou o manejo do recurso extraordinário que o


tribunal a quo Manteve a sentença que, ao declarar nula a concessão real
de uso sem a realização de licitação, condenou, ora agravante, abster de
qualquer atividade que possa alterar a situação física da área institucional, sob
pena de pagamento de multa diária de mil reais.(...). O exame da legalidade
dos atos administrativos pelo Poder Judiciário não ofende o princípio da
Separação dos poderes. Pretendentes. A jurisprudência desta corte é firme
no sentido da legitimidade do ministério público para propor ação civil pública
em defesa de direitos individuais homogêneos. Precedentes. Agravo regimental
conhecido e não provido. ( STF- AI: 788542 SP, Relator: Min. ROSA WEBER,
Data de Julgamento: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-101 DIVULG 27-05-2014
PUBLIC 28-05-2014) 9).

Razão pelo que necessária a reforma da decisão apelada, diante da notória a


possibilidade da atuação do judiciário sem que haja ofensa ao princípio da
Separação dos poderes.

Ante o exposto, requer que seja julgada procedente a presente


apelação para reformar a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau.

III – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer que seja o recurso CONHECIDO para, no mérito, seja
DADO PROVIMENTO a ele para REFORMAR a sentença recorrida,
JULGANDO PROCEDENTE a ação popular para

a) DECLARAR a NULIDADE do Decreto Municipal n. 01/2019;


b) CONDENAR a ASSOCIAÇÃO ... a restituir os valores indevidamente
recebidos a serem fixados em liquidação de sentença.
c) CONDENAR os requeridos a pegarem as custas processuais e
honorários sucumbenciais (art. 12 da Lei n. 4.717/65).

Nestes termos, pede deferimento.

São Caetano/PE, 06 de abril de 2020.

ADVOGADO (A)

OAB

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